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Comportamento: como ajudar o pet a lidar com o dia a dia após a perda de um companheiro?

Comportamento: como ajudar o pet a lidar com o dia a dia após a perda de um companheiro?

Por Pauline Machado

Hoje em dia é muito comum vermos grupos para as pessoas falarem e trabalharem a convivência com o luto seja de uma pessoa querida, um amigo, um familiar e, também de um pet.

No entanto, nos perguntamos se os cães e gatos também vivenciam o luto após perderem a convivência com outro animal de companhia ou com um ente da família.

Para nos explicar essas e outras questões relacionadas a como os animais lidam com a perda, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Rita Ericson, formada em 1994 pela Universidade Federal Fluminense, pós graduada em Etologia Clínica pelo Instituto Qualittas, no Rio de Janeiro e Mestre em Comportamento animal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Além de autora do site www.bichosaudavel.com e dos livros Latidos de Sabedoria e Miados de Sabedoria, Rita apresenta boletins diários sobre saúde e comportamento de cães e gatos na Rádio JB FM, no Rio de Janeiro, foi consultora de veterinária do Programa Encontro com Fátima Bernardes, de 2014 até 2021, e do podcast Bichos na Escuta do G1/Fantástico e desenvolveu uma websérie para o GShow, com 19 episódios sobre cães e gatos. 

É também, membro e fundadora do TanatoVet – um grupo de veterinárias e psicólogas, que estuda a finitude, a comunicação de más notícias e o luto na Medicina Veterinária, e certificada no Programa Fear Free, criado por especialistas em comportamento e medicina veterinária, focado em minimizar o medo, a ansiedade e o estresse dos animais durante visitas ao pet shop e procedimentos veterinários.

 Na área acadêmica, Rita é professora de comportamento animal no curso de pós-graduação da Universidade Tuiuti do Paraná e professora de pós-graduação PainCare da Escola Brasileira de Medicina Veterinária – Ebramev.

As considerações da especialista são muito importantes, acompanhe!

Pet Med – Muito falamos sobre a dor que as pessoas sentem quando perdem seus animais de estimação. No entanto, gostaríamos de saber como os próprios animais sentem a perda de um familiar mais próximo ou de um outro pet que tenha sido seu companheiro dentro da família. Cães e gatos sentem a dor do luto? 

Rita Ericson – Os dois trabalhos mais importantes que a gente tem publicados sobre isso – estamos falando sobre ciência, e não sobre o que a gente percebe no dia a dia – sendo um focado em cães e outro é focado em gatos, mostram que os humanos que responderam aos questionários sobre a mudança de comportamento dos seus animais após a perda de outro animal – porque os dois estudos foram feitos com a perda de um animal da mesma espécie que ele – mostram que eles sentem, que eles percebem alterações comportamentais, especialmente relacionadas a brincar menos, comer menos, redução de atividade, aumento da busca por atenção dos humanos e aumento da sonolência. Isso é o mais perceptível. No entanto, a gente precisa destacar questões que os dois trabalhos levantam, que é, se isso tudo não é muito interpretado pelos humanos que também estão enlutados. E, aí o que os trabalhos mostram também é que se esses animais tinham uma relação afiliativa, ou seja, se eram amigos, ou eram da mesma família, se eles tinham uma relação próxima, esses comportamentos alterados são mais facilmente percebidos do que quando os animais não têm uma relação afiliativa entre eles. E, também, sobre o tempo de convivência, eles perceberam que quando os animais tinham mais tempo de convivência as mudanças de comportamento ficam mais evidentes.

Pet Med – Como os familiares podem identificar se o(s) pet(s) da família pode(m) estar sofrendo com a perda de um familiar ou de um companheiro pet?

Rita Ericson – Observando de perto o seu comportamento. Conhecendo bem o seu animal, qual é o padrão dele de brincadeira, de alimentação, de atividade, de sono, a gente percebe quando isso está alterado. Os animais se beneficiam muito de rotina, então, quando existe uma rotina e essa rotina é saudável e se repete, a gente percebe quando ela sai do padrão. 

Pet Med – Diante dessa constatação, quais devem ser os cuidados com esse pet para que ele não viva triste ou desenvolva quadro de depressão ou outro tipo de problema de saúde?

Rita Ericson – Essa é uma questão importante, porque muitas vezes pode-se fazer uma confusão entre comportamentos parecidos com o do luto e o da depressão, e na verdade o animal está doente, então a gente tem que tomar muito cuidado para não considerar que é luto sem fazer um check-up de saúde. E aí, o que a gente pode fazer, considerando que o animal está saudável, que ele está triste, sentindo a falta do outro, é tentar melhorar a qualidade de vida dele o máximo que a gente puder, oferecendo sensações prazerosas, emoções positivas, sempre respeitando o espaço dele.

Pet Med – Muitas famílias tentam resolver essa ausência com a adoção de um novo cão ou gato para fazer companhia ao pet que ficou. Essa solução é uma boa opção? 

Rita Ericson – Essa questão é complexa, inclusive por conta do luto da família. Se a família está enlutada, muitas vezes a decisão de adotar um outro animal, naquele momento pode não ser muito boa e a mesma coisa vale para o pet. Às vezes é um pet idoso, e ele pode até estar sentindo a falta do outro que faleceu, mas pensar em conviver com um filhote cheio de energia e animado, por exemplo, pode ser muito pior do que ele se adaptar à nova realidade de não ter outro pet para conviver com ele.

Pet Med – E quando a falta é de um ente da família, o que pode ser feito para diminuir ou ajudar o animal a lidar com essa perda?

Rita Ericson – Como a gente não tem nenhuma pesquisa falando sobre o luto dos animais com relação à perda dos humanos, mas, a gente tem depoimentos e percepções de pessoas que convivem com os pets dizendo que o animal fica diferente, é mais ou menos a mesma estratégia da perda de um pet. É tentar fazer a vida de esse animal ficar boa, ser boa ou ser melhor do que era. Eu, pessoalmente, sem ter embasamento científico, porque eu nunca fiz uma pesquisa sobre isso, costumo recomendar que se evite ficar repetindo muito o nome da pessoa ou o nome do pet que não está mais presente, porque o que a gente sabe sobre a capacidade cognitiva dos animais, nos mostra que eles não têm o conceito da morte como um acontecimento. Eles não sabem que aquele animal ou aquela pessoa sumiu porque morreu, e sim, porque ele não está mais ali. O conceito da morte para os humanos, ele é muito profundo, porque a gente sabe que é definitivo. A gente tem esse conceito de que a morte é uma interrupção de um vínculo real, presencial e que a partir do momento em que o indivíduo morre você não terá mais essa possibilidade de convivência. Esse conceito de morte, os animais não têm, então, quando ele sente falta, ele está sentindo falta da companhia daquele animal ou daquela pessoa ali do lado dele.

Pet Med – Quais são as consequências para os animais quando sofrem esse tipo de perda, se essa dor não for levada em consideração e com atenção pelos familiares?

Rita Ericson – Eu acho que o maior risco é do animal estar doente e a pessoa considerar que ele está enlutado, porque se o animal realmente está enlutado, e a qualidade de vida dele estiver boa, ele provavelmente vai ficar normal, voltar para o comportamento dele normal dentro de algum tempo. O que a gente chama de luto complicado nos seres humanos, a gente não tem registro nos animais, nem existe registro de comportamentos semelhantes ao luto em cães selvagens, por exemplo. Em outras espécies a gente vê, nos elefantes, nos primatas, por exemplo, a gente vê, inclusive, alguns estudos e comportamentos diferentes depois que o animal morre, mas, nos cães selvagens não há esse tipo de comprovação.

Pet Med – Para finalizar, que outras informações você entende como importantes e que não tenham sido abordadas durante a entrevista?

Rita Ericson – É muito importante ressaltar que os dois estudos recentes, esse sobre os gatos, de 2024 – Is companion animal loss cat-astrophic? Responses of domestic cats to the loss of another companion animal, e sobre cães, de 2022, Domestic dogs (Canis familiaris) grieve over the loss of a conspecifc, mostram que é muito difícil separar o que essa família está interpretando no comportamento desse animal através do seu luto, porque essa família também está enlutada, e o que esse pet pode estar percebendo de diferente neste ambiente familiar em que ele vive por causa do luto dos humanos e não por causa do luto dele. Por exemplo: um animal que se aproxima do ser humano quando ele está inseguro. Nesse momento, esse ser humano é a segurança dele, ele se aproxima de você para te pedir ajuda, se você ser humano, está inseguro, não está bem, está  com raiva, triste ou vivendo uma emoção negativa, esse pet pode não se sentir seguro em pedir ajuda para uma pessoa que está assim, então, tem todas essas percepções que podem ser interpretadas pelos humanos que estão enlutados, e que transformam essa nossa percepção para com os animais. Isso tudo é importante considerar.


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Novembro Azul: como prevenir os animais do câncer de próstata

Novembro Azul: como prevenir os animais do câncer de próstata

Por Pauline Machado

Os cães e gatos também podem ser acometidos pelo câncer de próstata, assim como os homens. Por isso, a Campanha Novembro Azul também é muito importante para os pets e, embora a quimioterapia para os pets não tragam tantos malefícios quanto para os humanos, a prevenção ainda é a melhor opção. 

Para conversar conosco sobre todas essas questões, convidamos o Biólogo e Médico Veterinário, Carlos Eduardo Rocha, Mestre em Biologia Comparada, com especialização em Oncologia Clínica e Cirúrgica e diretor do HOVET WEST FARM, em Limeira, São Paulo.

Kadu Rocha, como é conhecido, é também, mentor e professor da pós-graduação em Oncologia Clínica e Cirúrgica da Faculdade Qualittas, sócio honorário da Sociedad Argentina de Oncologia Veterinária – SAOV, patrono da Oncologia pela ABVET, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e Reconstrutiva Veterinária e autor livro Oncologia em Pequenos Animais e Pets Exóticos do Diagnóstico ao Tratamento, publicado pela Editora Medvep 2022.

Acompanhe a entrevista.

Pet Med – Para começar, o que podemos entender pela Campanha Novembro Azul voltada para os pets?

Carlos Eduardo Rocha – Assim como a Campanha Outubro Rosa Pet que tem por objetivo a prevenção ao câncer de mama em cadelas e gatas, o objetivo do Novembro Azul é alertar e conscientizar sobre o Câncer Prostático que é uma enfermidade mais diagnosticada em cães. Em gatos os relatos, e consequentemente a  literatura, são bastante escassos. Os adenocarcinomas são reportados acometendo gatos idosos castrados.

Pet Med – O que leva os cães e gatos a desenvolverem câncer de próstata?

Carlos Eduardo Rocha – Entre as várias alterações que podem ocorrer na glândula prostática, as principais são: hiperplasia/hipertrofia prostática benigna, prostatites (aguda ou crônica), abcessos prostáticos, cistos prostáticos e paraprostáticos e neoplasias.

É importante dizer que não há qualquer correlação hormonal com o desenvolvimento do câncer. Machos castrados ou não podem desenvolver essa neoplasia

Geralmente é diagnosticada em cães idosos entre 8 e 13 anos. As metásteses são comuns o que torna essa enfermidade de prognóstico desfavorável.

Os tumores prostáticos podem se originar do tecido epitelial (carcinomas, adenocarcinomas, células transicionais e uroteliais), do tecido muscular (leiomiossarcoma) ou de estrututuas vasculares endoteliais (hemangiossarcoma).

Pet Med – No dia a dia, quais são os sinais que os familiares devem ficar atentos, ou seja, como saber se os machos podem ter desenvolvido câncer de próstata?

Carlos Eduardo Rocha – Os sinais clínicos variam com o tipo e a gravidade da afecção prostática, podendo em alguns casos passar despercebida aos olhos dos tutores. A prostatite aguda muitas vezes é a afecção relacionada a sinais mais evidentes.

Com a progressão da enfermidade neoplásica podemos observar: Tenesmo (dificuldade para defecar), Disúria, Poliúria, Polidipsia ,Hematúria, Corrimento uretral e Sintomas sistêmicos, como perda de peso, intensa algia, alteração da postura e marcha.

Pet Med – Quais devem ser os primeiros passos dos familiares ao observarem a possibilidade de os cães e os gatos estarem desenvolvendo câncer de próstata?

Carlos Eduardo Rocha – Procurar imediatamente ajuda do profissional Médico Veterinário e evitar o uso de qualquer medicação sem orientação profissional.

Pet Med – Quais são os meios de diagnosticar o câncer de próstata nos animais?

Carlos Eduardo Rocha – O diagnóstico deve iniciar por um histórico clínico bem feito. Exame físico, laboratoriais, imagens e coleta de material para citologia e biópsia complementam a base de um correto diagnóstico.

Pet Med – A partir da confirmação do diagnóstico, quais são os possíveis tratamentos do câncer de próstata oferecidos atualmente pela Medicina Veterinária?

Carlos Eduardo Rocha – Infelizmente não há tratamento eficaz para os casos de neoplasias prostáticas. Tratamentos paliativos e adjuvantes podem e devem ser utilizados.

A técnica cirúrgica de prostatectomia, mesmo quando realizada por mãos habilitadas dos cirurgiões tem pouco eficácia terapêutica. A Radioterapia deve ser empregada como terapia de escolha e pode ser associada a quimioterapia quando há evidência de doença metastática.

Terapias adjuvantes para o controle da dor, uso de laxantes e terapias integrativas oferecem ao paciente uma melhor qualidade de vida, mesmo que seja esta por breve tempo.

Pet Med – Para os machos que passam por quimioterapia, por favor, nos explique como é realizado este tratamento e como é a recuperação do animal?

Carlos Eduardo Rocha – Todo protocolo quimioterápico deve ser prescrito por um Profissional Medico Veterinário Oncologista.

Os tratamentos são estabelecidos através do Estadiamento da Enfermidade e das condições clínicas do paciente. Geralmente são sessões a cada 21 dias, podendo ou não ser alterada de acordo com a resposta clínica de cada paciente. 

Diferentemente da comparação com os tratamentos em seres humanos, as reações negativas em Pets não é tão observada. A quimioterapia, quando indicada deve ser sempre empregada, pois traz benefícios e não malefícios. 

Pet Med – De modo geral qual é o prognóstico para o câncer de próstata nos pets? 

Carlos Eduardo Rocha – Desfavorável

Pet Med – Neste aspecto, como prevenir, o que pode ser feito pelos familiares, a fim de evitar que o cão ou o gato venha a desenvolver câncer de próstata?

Carlos Eduardo Rocha – Prevenção é a palavra chave!!!

Avaliações periódicas principalmente para os Pets machos a partir dos 6 anos de idade, toque retal e exames de imagem, devem fazer parte da rotina .

Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.

Carlos Eduardo Rocha – Estamos acostumados e fomos educados academicamente falando para o tratamento das enfermidades. Está na hora de mudarmos a chave e focar nossos conhecimentos na prevenção.

Quando conseguimos conscientizar e trabalhar com nossos pacientes e seus tutores desde as primeiras vacinas sobre a importância da prevenção, dos exames periódicos e da visita regular ao profissional veterinário, criamos uma cultura de zelo e de amor ao Pet.

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Protocolo Vacinal para Pets: Garanta a Saúde do seu Cão ou Gato

Protocolo Vacinal para Pets: Garanta a Saúde do seu Cão ou Gato

Saúde: qual é a importância do protocolo vacinal para cães e gatos e como fazê-lo da forma correta para que o pet fique protegido?

Por Pauline Machado

Várias são as maneiras de mantermos os cães e gatos saudáveis. Uma delas é seguindo o protocolo vacinal recomendado.

Para conversar conosco sobre as formas corretas de vacinar para que cães e gatos fiquem protegidos, convidamos o professor de Medicina Veterinária da Universidade Guarulhos (UNG) e Mestre em Patologia Ambiental e Experimental, Raphael Grillo.

Durante a entrevista ele evidencia não apenas a importância de manter o protocolo vacinal em dia, mas, sobretudo da realização da avaliação clínica para se certificar de que o cão ou o gato estão aptos para receberem a vacina.

Imperdível entrevista!

Pet Med – Para começarmos, o que podemos entender como protocolo vacinal para os cães e para os gatos?

Raphael Grillo – O protocolo vacinal é um conjunto de orientações veterinárias sobre as vacinas necessárias para proteger os animais contra as principais doenças infecciosas, levando em consideração a prevalência das doenças e fatores de risco de cada paciente.

Pet Med – Qual é a importância de realizar e manter as vacinas em dia dos cães e dos gatos?

Raphael Grillo – Estar em dia com as vacinas é essencial para garantir a saúde dos animais e prevenir a disseminação de doenças graves. Além disso, essa medida desempenha um papel crucial tanto para o bem-estar dos animais quanto para a saúde pública.

Pet Med – Por quais motivos os cães e gatos devem passar por uma avaliação clínica antes de serem vacinados?

Raphael Grillo – A avaliação antes da vacinação é fundamental, pois o médico veterinário deve avaliar as condições de saúde do animal para receber a vacina, identificar doenças subjacentes, adequação do protocolo vacinal para cada animal e orientar os tutores sobre as possíveis reações adversas.

Pet Med – No caso dos cães, qual é o protocolo vacinal recomendado para um cão filhote e a partir de que idade pode iniciar?

Raphael Grillo – Em média, inicia-se a vacinação entre 6 a 8 semanas de idade, dependendo da saúde do animal, e as vacinas recomendadas geralmente são a polivalente como a v8 ou v10 que protege contra diversos agentes infecciosos, com 3 doses de reforço com intervalo de 28 dias entre elas, além da antirrábica, em dose única no final do protocolo. No entanto, outras vacinas podem ser recomendadas dependendo do ambiente e fatores de riscos que envolvem o animal.

Pet Med – E para os cães adotados já adultos, sem histórico, quando é recomendada a iniciação do protocolo vacinal?

Raphael Grillo – Assim que possível, pois os animais adultos também podem contrair as mesmas doenças. Importante ressaltar que os animais mais velhos devem ser submetidos a alguns exames antes das vacinações, para avaliar sua saúde geral, pois alguma doença já pode estar presente.

 Pet Med – Quanto aos gatos, quais são as vacinas recomendadas para os filhotes e a partir de que idade deve-se iniciar o protocolo vacinal, incluindo a proteção contra a Felv?

Raphael Grillo – Geralmente inicia-se entre 8 a 9 semanas de idade, sendo indicada a vacina tríplice (v3) ou quádrupla (v4). Vacinas antirrábica e contra a FeLV devem ser avaliadas pelo médico veterinário, frente ao tipo de exposição que o animal tem a esses agentes infecciosos.

Pet Med – E para os gatos adultos, sem histórico anterior, como os familiares devem agir no que tange às vacinações do pet?

Raphael Grillo – Inicialmente, levar ao médico veterinário para avaliar a condição de saúde geral do animal e também, para que o profissional avalie quais vacinas são necessárias para aquele paciente, com base em sua exposição e estilo de vida – domiciliado ou com acesso à rua.

Pet Med – Ainda quanto aos gatos. Os que moram em apartamento e não têm acesso à rua, eles também devem ser vacinados?

Raphael Grillo – Esses animais devem passar por uma avaliação ainda mais criteriosa do médico veterinário. Atualmente, para gatos sem acesso a rua ou sem contato com outros animais fora de casa, indica-se o reforço vacinal a cada dois ou três anos, pois os gatos podem desencadear uma reação inflamatória local na região da aplicação, sendo assim, necessário a avaliação para minimizar qualquer problema e garantir que a vacina seja benéfica ao animal.

Pet Med – Existe algum tipo de risco para os animais ao serem vacinados? 

Raphael Grillo – Sim, embora as vacinas sejam geralmente seguras e ofereçam proteção vital para os animais, existem alguns riscos potenciais associados à vacinação. No entanto, esses riscos são, na maioria dos casos, mínimos e superados pelos benefícios das vacinas. São exemplos: reações leves como dor e sensibilidade no local, reações alérgicas, sobrecarga imunológica e sarcomas em felinos, um tumor de baixa incidência (1-10 a cada 10.000 vacinados) que pode se desenvolver no local da aplicação, estando mais relacionado com fatores genéticos do indivíduo e vacinas que causam uma alta inflamação local para gerar a resposta imunológica, com a antirrábica. Por isso, a importância da avaliação do veterinário, para orientar os tipos de vacinas, locais de aplicação e períodos de reforço.

Pet Med – Em que situações os cães e os gatos não devem ser vacinados naquele momento?

Raphael Grillo – Quando apresentarem doenças subjacentes como diarréia, vômitos, problemas de pele, entre outros, assim como nos casos de animais com baixa imunidade.

Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.

Raphael Grillo – Tão importante quando as vacinas é levar o animal ao médico veterinário, pois o protocolo vacinal como quais vacinas, frequência de reforço e cuidados gerais, variam de indivíduo para indivíduo.

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Comportamento: benefícios do convívio com crianças para os animais

Comportamento: benefícios do convívio com crianças para os animais

Por Pauline Machado

Inúmeros estudos já comprovam os benefícios do convívio com os animais para a saúde e qualidade de vida das pessoas. No entanto, e o caminho inverso? Quais serão os benefícios do convívio com as crianças, por exemplo, para os cães e os gatos?

Para conversar conosco sobre essa questão, convidamos a Médica Veterinária, Cláudia Peterson, que também é psicóloga, ambientalista e etóloga, formada pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

Recentemente Claudia lançou o livro As patas que forjaram o meu caminho: os animais mudaram minha vida. Até onde podem mudar a sua?

Cláudia Peterson

A obra é um relato pessoal sobre respeito e empatia na convivência entre humanos e animais – tema a qual se dedica ao longo da sua trajetória.

Mais uma entrevista imperdível, acompanhe!

Pet Med – Para começarmos, há quanto tempo os cães e gatos passaram a ser vistos como companheiros das pessoas e não mais somente para fazer a guarda da casa ou para caçar os ratos? Mas, para os animais, este convívio com os humanos é benéfico? 

Cláudia Peterson – Há cerca de 30mil anos homens e lobos descobriram uma relação de auxílio mútuo, onde lobos menos ferozes e ariscos se aproximaram de caçadores a fim de obterem restos de suas caçadas. Estes, por sua vez, perceberam a utilidade e importância desses animais para proteção de seus grupos sociais, destravando assim a barreira entre as espécies. Essa tese está embasada em várias pesquisas e em achados arqueológicos facilmente encontrados na mídia.

Com o passar dos tempos, esses caçadores humanos nômades à época, tornaram-se agricultores e pastores, fincando raízes na terra em que viviam.

Efetuada a transição por parte dos humanos, estes começaram a selecionar animais menos agressivos e com maior capacidade de interação com os humanos para o auxílio no trabalho. Desde então, os canídeos foram, paulatinamente, sendo introduzidos e selecionados para as várias necessidades humanas.

Atualmente, temos cerca de 400 raças de cães, a maioria delas resultado de cruzamentos efetuados por humanos buscando preencher necessidades específicas de um segmento.

Quanto ao gato, sua “domesticação” seguiu-se a do lobo. Ocorreu cerca de 3 a 5 mil anos depois, quando os homens deixando de ser nômades, criaram núcleos familiares sedentários.

Ao se tornarem agricultores, começaram a acumular grãos e cereais, fato que trouxe consigo roedores. Consequência natural que felinos se aproximassem também. Assim ocorreu e os gatos passaram, gradativamente, a exercer a função de caça aos ratos para os humanos e alimentação para si próprios.

Este convívio com animais pode trazer inúmeros benefícios tanto às crianças como aos adultos e idosos, desde companhia para brincadeiras infantis, acalento para momentos difíceis, até reflexões sobre frustrações e a morte.

No entanto, deve-se pesquisar sobre as raças, verificar compatibilidades entre estilos e prováveis personalidades. Caso contrário, correrá o risco de ter um “destruidor de almofadas” enquanto assiste TV ou “puxar um tijolo” ao tentar andar de bicicleta com seu cão.

Entrando na seara da pergunta, acredito que comportamentos adquiridos permaneçam até que alguma grande revolução interna ou externa ocorra a fim de modificá-los.

De acordo com a raça, porte ou comportamento do cão tendo como contraponto a percepção quanto à espécime e antropocentrismo vigentes por parte do humano que o possua, esses animais não humanos vêm sendo utilizados como de “hábito”, alguns para guarda, outros para trabalhos variados como pastoreio e outros ainda como “chaveirinhos” ou “petinhos”, conforme explicado abaixo.

Pessoalmente, gostaria que – conforme melhor colocado em meu livro – aos animais fosse fornecido o direito natural de ser e existir como são, de poderem ser educados, contudo, demonstrar sua personalidade, conviverem com os de sua espécie e, principalmente, serem tratados e atuarem de acordo com sua essência animal. 

No entanto, bem poucos humanos possuem essa percepção e, ao invés disso, a mídia vigente por motivos variados, utiliza a emoção, os sentimentos dos seres humanos contra eles próprios, tratando de acentuar e referendar comportamentos como os de transformar seres sencientes, com vida própria em “chaveirinhos”, “petinhos” ou “monstros- feras”, frutos da desinformação humana ou pior, de informações equivocadas quanto às suas reais necessidades físicas e psicológicas.

Pet Med – E no caminho inverso: quando o convívio com os humanos passa a ser nocivo para os cães e gatos?

Cláudia Peterson – o convívio torna-se nocivo, caso a compreensão a respeito do modo como se tratar a espécie animal não humana em questão não seja devidamente conhecida e considerada.

Ao se humanizar, tratar com desrespeito, ou seja, esquecer necessidades básicas da espécie, ou crueldade a qualquer um deles.

Quanto aos gatos, uma visão mais tranquila e positiva, após a caça às bruxas.

Como diz o ditado, esses são os mais domésticos entre os selvagens e os mais selvagens entre os domésticos. Sendo assim, mantém suas características fundamentais quanto à sobrevivência e personalidade apesar das diferenças  e modismos temporais.

Por isso, levando em consideração o Dia Mundial dos Animais e o Dia das Crianças, em ambas as datas há de se pensar muito antes de presentear uma criança com um animal. Não se deve pensar apenas na diversão do hoje para a criança, mas que estará levando para casa um ser vivente, senciente, passível de ser acometido por doenças de ordem física e emocionais, além de problemas psicológicos graves acarretados pela convivência com os humanos. Sim. Isso ocorre!

Pet Med – Qual é o papel da família para que essa relação – cães e gatos e crianças seja amigável e saudável para todas as espécies envolvidas?

Cláudia Peterson – Depende. Se desejarem vários cães e gatos é fundamental que tenham orientações e informações prévias sobre raças e personalidades compatíveis, caso contrário será um grande perigo.

No mais, informação! Informar-se o melhor possível sobre o cão, a raça, a espécie, o ser vivo que está pensando em levar para sua casa, para conviver na família por, no mínimo 8 a 10 anos. A inclusão de um animal na família não deve ser uma decisão ao acaso como quem troca de roupa ou escolhe onde passará as férias – inclusive por que terá outro “ser” na casa. Pense, por exemplo, que um papagaio vive cerca de 80 anos!

Pet Med – E quanto aos cuidados no dia a dia, quais devem ser colocados em prática no dia a dia para que cães, gatos e as crianças da casa vivam em harmonia?

Cláudia Peterson – Para o dia a dia cuidados básicos podem ser indicados pelo Médico Veterinário que, evidentemente, deverá ser procurado assim que o animal for para casa. Mas, cães precisam de exercícios, disciplina, enriquecimento ambiental, alimentação controlada e amor – eu não disse mimo.

Os gatos precisam fundamentalmente de exercícios, alimentação livre, água de preferência em movimento, enriquecimento ambiental, locais altos para poder “supervisionar” os ambientes e amor.

Para ambas as espécies, recomendo que possuam coleira permanente de identificação, escovação três vezes por semana e o menor número de banhos possível!

Pet Med – Crianças e animais geralmente têm bastante energia. Quais seriam as recomendações ou sugestões para que juntos possam gastar energia e criar elos e vínculos de amizade?

Cláudia Peterson – Crianças e animais, caso possuam personalidades compatíveis não necessitam de ajuda para interagirem. Certamente se  entenderão e criarão elos indestrutíveis! Mas, para um melhor entrosamento, vínculo entre ambos e amadurecimento emocional da criança, é recomendável dar à criança a responsabilidade de cuidar da alimentação, escovação, passeio ou qualquer outra atividade diária ligada ao animal.

Pet Med – Que frutos colhem as crianças que convivem e crescem com os animais e os animais que passam a vida em companhia das crianças?

Cláudia Peterson – De maneira geral todos saem ganhando um amigo!

Crianças que crescem acompanhadas por animais, “no mínimo”, terão no futuro, mais compaixão pelo próximo e, consequentemente, pelos animais.

“No máximo”, não há limites para o quanto se pode aprender com os animais não humanos “teleguiados”, sem livre arbítrio, e, portanto perfeitos em sua natureza.

Por sua vez, os animais nos enxergam como verdadeiros deuses, não medindo esforços para nos agradar e salvaguardar dos perigos – sejam eles quais forem, e o que pedem em troca? Nada! Nada além do necessário para sua e a nossa evolução: exercício, disciplina, alimentação adequada e AMOR!

Pet Med – Quais são suas orientações finais sobre a relação dos animais com as pessoas de modo geral?

Cláudia Peterson – Animais não humanos habitavam este planeta antes da nossa chegada. Foi dito que o nosso dever, por sermos mais inteligentes, seria o de cuidarmos deles. 

Cuidar! E, cuidar não é o mesmo que escravizar ou matar. Cuidar implica em amar, alimentar, proteger e auxiliar em sua sobrevivência e evolução.

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Prevenção e Tratamento do Câncer de Mama

Prevenção e Tratamento do Câncer de Mama

Por Pauline Machado

O mês de outubro é lembrado pela Campanha Outubro Rosa, que visa informar e chamar atenção para os cuidados preventivos contra o câncer de mama nas mulheres. Na Medicina Veterinária, não é diferente, gatas e cadelas também podem sofrer com essa doença.

Para falar sobre este assunto, convidamos a Médica Veterinária, Aline Machado De Zoppa, coordenadora clínica do Complexo Médico Veterinário da Anhembi Morumbi e membro da Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários – ABHV.

Durante a entrevista, Aline, que há 30 anos atua na clínica cirúrgica e oncológica, nos explica como é possível prevenir e tratar o câncer de mama na Medicina Veterinária.

Informações importantes, acompanhe!

Pet Med – Para começar, o que podemos entender pela Campanha Outubro Rosa voltada para os pets?

Aline Machado De Zoppa – Outubro Rosa é uma campanha de orientação e conscientização da importância da prevenção do câncer de mama em cadelas e gatas, com a mesma semelhança do que acontece com as mulheres.

Pet Med – O que leva as cadelas e as gatas a desenvolverem câncer de mama? 

Aline Machado De Zoppa – O câncer de mama tem um caráter genético, mas existem tumores estimulados pelos hormônios sexuais como estrogênio e progesterona. Desta forma, é importante saber como o câncer se inicia para que possamos diagnosticar precocemente e tratar o mais breve possível.

Pet Med – No dia a dia, quais são os sinais que os familiares devem ficar atentos, ou seja, como saber se as fêmeas podem ter desenvolvido câncer de mama?

Aline Machado De Zoppa – O indicado é que os tutores aprendam a palpar as mamas, assim como as mulheres fazem em si próprias. Desta forma irão perceber nódulos diminutos, que com apoio do Médico Veterinário serão direcionados ao melhor tratamento.

Pet Med – Quais devem ser os primeiros passos dos familiares ao observarem a possibilidade de as cadelas e as gatas estarem desenvolvendo câncer de mama?

Aline Machado De Zoppa – Em casos de qualquer alteração na mama, nódulo avermelhado, aumento de temperatura, mudança de cor ou feridinha, deve-se buscar a avaliação do Médico Veterinário da família.

Pet Med – Quais são os meios de diagnosticar o câncer de mama nos animais?

Aline Machado De Zoppa – O método inicial é a palpação das mamas e identificação da lesão. Em alguns casos, a citologia é um exame indicado para saber qual o tipo de tumor. Exames de sangue, radiografias e ultrassom são realizados para certificar-se de que o tumor está localizado apenas na mama.

Pet Med – A partir da confirmação do diagnóstico, quais são os possíveis tratamentos do câncer de mama oferecidos atualmente pela Medicina Veterinária?

Aline Machado De Zoppa – Uma vez positivo para câncer de mama, vamos estadiar o paciente, ou seja, fazer exames para rastrear o tumor e confirmar que está restrito às mamas. Uma vez rastreado, a cirurgia sempre será a melhor escolha em formações localizadas e únicas. No entanto, há diferentes formas de realizar a remoção do tumor, sempre dependendo de características do paciente. Após a remoção, há pacientes que precisam complementar a terapia cirúrgica com quimioterapia. Vale ressaltar que a castração é realizada na maioria dos pacientes pensando sempre naqueles que possuem um tumor hormônio dependente.

Pet Med – Em que casos o tratamento deve ser cirúrgico e em quais deve seguir para a quimioterapia, por exemplo?

Aline Machado De Zoppa – A cirurgia é o tratamento de eleição, pois removemos as formações, e geralmente removemos também os linfonodos, que são estruturas que drenam a região do tumor e vai nos ajudar como prognóstico do mesmo. Quando o linfonodo está livre de células neoplásicas temos uma terapia menos agressiva do que se estiver comprometido. Aqui o comprometimento significa para nós, que o tumor não está mais localizado na mama, mas, que está espalhado no organismo e por isso precisamos de outra terapia auxiliar, no caso a quimioterapia seria a terapia auxiliar.

Pet Med – Para as fêmeas que passam por quimioterapia, por favor, nos explique como é realizado este tratamento e como é a recuperação do animal.

Aline Machado De Zoppa – A quimioterapia usualmente é realizada de forma injetável. A paciente fica no soro, com a medicação fornecida na veia. De acordo com o protocolo que vai depender do tipo de tumor de cada paciente, podemos fazer sessões a cada 21 ou a cada 28 dias. Há medicações para tomar em casa com pouco efeitos adversos. Nos animais a queda de pelo acontece de forma diferente. Algumas raças ficam com o pelame rarefeito e podem até mudar de cor – pelos brancos ficam amarelados. Efeitos adversos como vômito e diarreia podem estar presentes, mas usualmente usamos medicações na químio para impedir ou diminuir esta ocorrência.

Pet Med – De modo geral qual é o prognóstico para o câncer de mama nos pets? 

Aline Machado De Zoppa – O prognóstico é bom quando do diagnóstico precoce, pois conseguimos evitar que o tumor se alastre para outros órgãos. Em casos que já temos o tumor espalhado fazemos um bom controle com as medicações quimioterápicas, tendo uma sobrevida com muita qualidade de vida.

Pet Med – Neste aspecto, como prevenir, o que pode ser feito pelos familiares, a fim de evitar que a sua cadela ou a sua gata venha a desenvolver câncer de mama?

Aline Machado De Zoppa – A prevenção é sempre a melhor saída : Pets que não serão usados na reprodução recomenda se castrar as fêmeas após o primeiro cio – se possível antes do segundo cio, pois há trabalhamos mostrando que nesta época a chance de evitar o aparecimento dos tumores de mama é de 90%. A orientação sobre este aspecto protetivo deve ser disseminada por campanhas de orientação para proporcionar a oportunidade aos tutores de proteger suas fêmeas.

Pet Med – Por fim, que outras informações são importantes quando o assunto é prevenção do câncer de mama em cadelas e gatas?

Aline Machado De Zoppa – Acho importante orientar as pessoas, pois, mesmo com muita informação disseminada ainda é pequeno o número de tutores que buscam os hospitais para castrar ou para diagnóstico precoce de tumores de mama.

A visita anual ao Médico Veterinário, que realiza exame completo da paciente permite a detecção precoce e ação para que possamos falar em cura deste tipo de tumor. Portanto, acredito que esta seja a mensagem mais importante!

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Saúde: como prevenir e tratar osteoartrite felina

Saúde: como prevenir e tratar osteoartrite felina

Por Pauline Machado

Subir, descer, pular, correr, ficar em locais altos, tudo isso faz parte da essência e do dia a dia dos gatos e dos felinos de modo geral. No entanto, com o passar dos anos, é muito comum que a partir de determinada idade eles possam vir a desenvolver osteoartrite, o que pode comprometer a qualidade de vida deles. Mas este não é o único motivo que pode levar os gatos a terem osteoartrite.

Por isso, convidamos a Médica Veterinária Mariane B. Silva, formada pela Universidade de São Paulo em 2009, para conversar conosco e esclarecer algumas dúvidas sobre o tema.

Mariane é mestre em Ciências, também pela Universidade de São Paulo desde 2013, especializada em Medicina Felina desde 2015 e é professora de Clínica Médica da Universidade São Judas, além de coordenar o Núcleo de Medicina Felina do Instituto de Ensino e Pesquisa Ranvier.

Acompanhe a entrevista!

Pet Med – Para começar, por favor, nos explique o que é osteoartrite?

Mariane B. Silva – A osteoartrite em felinos é uma condição que afeta as articulações dos gatos, provocando dor e desconforto que podem impactar significativamente a qualidade de vida desses animais. 

Pet Med  – De que modo os gatos podem vir a ter osteoartrite?

Mariane B. Silva – Além da idade, pacientes obesos ou que sofreram algum trauma ortopédico em algum momento da vida podem vir a apresentar sinais de maneira mais precoce, além, claro da predisposição individual.

Pet Med – Quais são os riscos para a saúde dos gatos com osteoartrite? 

Mariane B. Silva – Ocorrer a degeneração da cartilagem articular de maneira lenta e progressiva com a formação de proliferações ósseas em locais não usuais das articulações. 

Pet Med – E quanto aos sinais? De que modo os familiares podem suspeitar ou identificar sinais de que o gato pode estar começando a ter osteoartrite?

Mariane B. Silva – Os sinais clínicos mais comuns incluem uma mudança no comportamento, como a redução da atividade e brincadeiras menos frequentes, auto higienização reduzida, animal apresentando pelo opaco, sem brilho, com presença de nós. Além disso, os gatos podem começar a evitar pular ou subir em locais altos de maneira direta, usando obstáculos intermediários para chegar em locais que antes chegaria num único pulo. Outros sinais podem incluir dificuldade ao caminhar, rigidez, e mudanças na forma como o gato anda ou se deita. 

Pet Med – Aliás, ainda sobre a pergunta anterior. Sabemos que os gatos escondem quando estão com problemas de saúde. Neste caso, quando a gente percebe o caso já pode estar avançado ou é possível perceber a chegada da doença ainda no início? 

Mariane B. Silva – Esta afecção é subestimada na espécie felina, pois, além do fato dos gatos serem capazes de esconder os sintomas por motivos evolutivos comportamentais, a estrutura corpórea é mais leve, facilitando com que ele consiga compensar os sinais clínicos por período prolongado.

Pet Med – Neste aspecto, a partir de que idade os gatos tornam-se mais suscetíveis a desenvolver osteoartrite?

Mariane B. Silva – A osteoartrite, por ser uma doença degenerativa, ocorrerá mais comumente em animais idosos – 90% dos gatos acima dos 12 anos possuem sinais clínicos da doença.

Como os sinais de início são muito sutis, o tutor deve estar atento a pequenas alterações de rotina no animal para que a doença seja percebida no início de sua evolução. 

Pet Med – Quais são as formas de diagnosticar a Osteoartrite em felinos?

Mariane B. Silva – Para o diagnóstico da osteoartrite em felinos, é necessário um exame clínico geral e ortopédico detalhado, que além de uma entrevista minuciosa com o tutor, pode incluir a realização de exames de imagem, como radiografias, para avaliar a condição das articulações. Radiografias podem revelar alterações típicas da osteoartrite, como a redução do espaço articular e a formação de neoformações ósseas. No entanto, é importante frisar que muitos gatos apresentam sinais clínicos importantes de dor articular antes de possuírem lesões significativas ao exame radiográfico, sendo assim, um raio-x “normal” não deve ser justificativa para se excluir a doença.

Pet Med – E, quanto ao tratamento, o que a Medicina Veterinária oferece atualmente?

Mariane B. Silva – A identificação precoce da condição é crucial para o gerenciamento eficaz da doença e para a implementação de um plano de tratamento adequado e propiciar qualidade de vida ao animal.

O tratamento da osteoartrite em felinos é geralmente multimodal e visa aliviar a dor e melhorar a função articular, uma vez que não há cura. Pacientes obesos devem ser submetidos a um programa de redução de peso, visando redução da sobrecarga articular. Suplementos alimentares como glucosamina e condroitina podem ser benéficas a alguns pacientes; medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos para modular dor crônica e suas agudizações, são frequentemente utilizados. 

Pet Med – Uma vez diagnosticada, o que os familiares devem e podem fazer em casa para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos gatinhos com osteoartrite? 

Há pouco tempo foi lançado no Brasil um medicamento baseado em anticorpos monoclonais que impedem a geração de compostos articulares que desencadeiam a dor. A medicina de reabilitação como fisioterapia, acupuntura, quiropraxia, liberação miofascial também podem ajudar a manter a mobilidade das articulações e a melhorar a qualidade de vida do gato. Alterações ambientais como adição de escadas próximas a sofás, camas, janelas e ambientes altos facilitam o acesso do paciente a esses locais sem sobrecarregar as articulações e gerar desconforto.

Pet Med – Por fim, no dia a dia, de que modo é possível prevenir as osteoartrite nos gatos?Mariane B. Silva – Finalmente, é importante que os tutores estejam atentos às necessidades e ao bem-estar dos seus felinos e façam consultas regulares ao veterinário para monitorar a condição das articulações. O manejo da osteoartrite é um processo contínuo que envolve ajustes no tratamento conforme a progressão da doença. Com um tratamento adequado e atenção aos sinais clínicos, os gatos com osteoartrite podem continuar a ter uma vida ativa e confortável, apesar dos desafios impostos pela condição.

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