Seu gato está urinando pouco ou com dificuldade? Descubra os sinais de alerta da obstrução urinária em gatos e aprenda a prevenir essa condição dolorosa com dicas da especialista em felinos, Dra. Regiane Oliveira.
Por Pauline Machado
Os gatos são animais muito sensíveis e o estresse é um dos seus maiores inimigos.
Dentre os malefícios do estresse para os gatos, está a obstrução urinária. Por isso, para saber o que é possível fazer para prevenir a obstrução nos felinos, conversamos com exclusividade com a Regiane Oliveira, médica veterinária da Clinicão. Ela é portadora do CRMV/SP 67.428 e especialista em felinos.
Boa leitura!
Pet Med – O que podemos entender por obstrução urinária nos felinos?
Regiane Oliveira – Obstrução urinária ocorre quando se tem a interrupção da via urinária, seja em ureter ou uretra. A causa pode ser devido a um cálculo, plug/tampão, estenose, neoplasia, entre outros motivos.
Pet Med – Qual faixa etária e sexo são mais susceptíveis a sofrerem obstrução urinária?
Regiane Oliveira – Os machos são mais suscetíveis devido ao estreitamento da uretra peniana. Atinge principalmente os gatos jovens.
Pet Med – O que leva os gatos a terem obstrução urinária?
Regiane Oliveira – É multifatorial, geralmente devido à baixa densidade urinária, infecção urinaria (menos comum), espasmos uretrais, inflamação que pode ser primaria ou secundária a distúrbios comportamentais.
4 – Quais são as complicações para a saúde dos gatos quando são acometidos por obstrução urinária?
Regiane Oliveira – Cada quadro de obstrução gera um dano renal ao paciente, que pode predispor à doença renal crônica, além de distúrbios eletrolíticos com risco potencial de levar a óbito.
Pet Med – De que modo é possível fechar o diagnóstico da obstrução urinária nos felinos?
Regiane Oliveira – Alguns modos podem ser essenciais, como realização de anamnese, avaliação clínica com palpação abdominal – onde se observa distensão de vesícula urinária – e exames de imagem como ultrassonografia e radiografia. Esses são fatores que podem auxiliar o diagnóstico e identificar a causa da obstrução.
Pet Med – A partir do diagnóstico, quais são os possíveis tratamentos para este caso?
Regiane Oliveira – Para quadro de obstrução uretral, deve-se realizar cistocentese para alívio de dor, além da reidratação e, posteriormente, mudança no manejo, aumentando a ingestão de água, a quantidade de caixas sanitárias e reduzindo fatores estressantes. Além disso, a alteração dietética quando necessária, controle de dor e inflamação são importantes no processo.
Pet Med – E quanto ao prognóstico, qual é o mais comum?
Regiane Oliveira – Prognóstico reservado a ruim em casos crônicos, devido à grande chance de recorrência.
Pet Med – No dia a dia em casa, quais são os cuidados que os tutores devem ter pensando na prevenção dos casos de obstrução urinária?
Regiane Oliveira – No dia a dia, deve-se aumentar ingestão hídrica, oferecendo mais sachês além de potes de água em maior número e diversidade. Como prevenção também é importante aumentar a quantidade de liteiras e mantê-las sempre limpas com substrato inodoro. Reduzir ao máximo fatores estressantes ao gato e oferecer alimentos de boa qualidade também são igualmente necessários.
Pet Med – Como os familiares podem identificar em casa, que o gato pode estar com obstrução urinária?
Regiane Oliveira – O animal muda a postura na hora de urinar, aumenta a frequência com que vai até a caixa de areia, mas não urina em quantidade suficiente, ou vocaliza ao fazê-lo. Também sente dor ao ser tocado no abdômen ou região perineal. Pode apresentar inapetência, prostração e vômito.
Pet Med – A partir da suspeita identificada em casa, quais são os próximos passos que os tutores devem seguir para socorrer o animal?Regiane Oliveira – A família deve procurar o veterinário o quanto antes para estabilizar o paciente e iniciar o tratamento adequado.
Seu gato odeia mudanças? Descubra como preparar seu felino para uma mudança de casa tranquila, desde o transporte seguro até a adaptação no novo lar. Dicas da especialista em comportamento felino, Dra. Joelma Silveira Fabro.
Por Pauline Machado
Os gatos são animais exigentes e metódicos, gostam das coisas nos mesmos lugares, e, portanto, não são adeptos às mudanças, nem mesmo as simples do dia a dia, como por exemplo, a troca de um sofá do lugar.
O que diríamos então, sobre a relação dos gatos com mudanças de residência?
Muitas vezes as famílias precisam se mudar, mas, não sabem como fazer o manejo catfriendly neste momento. Por isso, conversamos com a Médica Veterinária, Joelma Silveira Fabro, graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Portadora do CRMV/SC: 09721, Joelma é pós- graduanda em clínica médica e cirúrgica de felinos e concluiu cursos na área de adestramento e comportamento felino.
Acompanhe!
Pet Med – De modo em geral como podemos compreender o comportamento dos gatos?
Joelma Silveira Fabro – Compreender o comportamento dos gatos requer uma análise de vários fatores, incluindo sua biologia, ambiente, socialização e experiências de vida. É primordial entender que os gatos têm características ainda muito fortes provindas de seus ancestrais, essas características precisam ser mantidas para que o gato se sinta bem de maneira geral – física e mental. Por isso, compreender o comportamento dos gatos é um campo multidisciplinar que abrange biologia, psicologia e medicina veterinária. É importante lembrar que comportamentos alterados também podem indicar problemas no manejo do ambiente, território, socialização incorreta de outros animais, mudanças entre outros fatores importantes. Observar o comportamento natural dos gatos, fornecer um ambiente enriquecedor e seguro, e garantir cuidados veterinários regulares são fundamentais para o bem-estar deles. Logo, comportamentos normais dos felinos incluem: brincar de caçar, exploração de lugares aéreos, autocuidado e marcação territorial, como detalhado abaixo.
Bem-Estar e Saúde Mental: O bem-estar físico e mental dos gatos é crucial, e o enriquecimento ambiental entra aqui. Fornecer brinquedos, arranhadores, oportunidades para escalada e exploração do território pode prevenir o tédio e comportamentos ansiosos ou destrutivos.
Saúde Física: Um dos mecanismos de proteção dos felinos é evitar mostrar sinais externos de fraqueza, dor ou doença. Infelizmente, esse importante comportamento de sobrevivência muitas vezes atrasa o reconhecimento de doenças por seres humanos e leva à impressão equivocada de que os gatos são independentes e não precisam de cuidados médicos regulares. É importante lembrar que dor, desconforto e doenças podem levar a mudanças de comportamento e que dietas inadequadas podem afetar a saúde física e o comportamento.
Pet Med –Quais são as características mais evidentes dos felinos?
Joelma Silveira Fabro – Podemos dizer que as características mais evidentes são:
Características físicas: flexibilidade, agilidade e garras, que permitem movimentos rápidos e ágeis, e as garras que podem ser retraídas, ajudando na escalada, caça e autodefesa.
Sentidos aguçados como visão noturna, audição apurada, podendo ouvir frequências mais altas do que os seres humanos, o que é útil para detecção de presas, e olfato sensível bem desenvolvido, além de usarem o órgão de Jacobson (vomeronasal) para detectar feromônios.
Comportamento instintivo: Gatos domésticos mantêm muitos comportamentos de seu ancestral selvagem, Felis lybica, o gato selvagem africano. Isso inclui: caça (perseguir brinquedos), marcação territorial (urina, arranhões) e autolimpeza (autocuidado).
Comunicação: Gatos usam uma variedade de métodos para se comunicar: vocalizações (ronronados), linguagem corporal (posição das orelhas) e feromônios. Uma curiosidade em relação à linguagem corporal é que existe na medicina veterinária uma escala chamada de Feline Grimace Scale, ela serve para avaliação de dor em gatos a partir das características da face.
4. Socialização: Os gatos são geralmente vistos como animais solitários, mas muitos podem formar laços sociais fortes com outros gatos e humanos, desde que sejam corretamente socializados nas fases iniciais de vida (primeiras semanas). Eles precisam ser expostos a diferentes estímulos e interações. No entanto, essa socialização deve ser realizada de maneira correta. Nesses casos é sempre interessante procurar um profissional da área de comportamento felino para evitar comportamentos indesejáveis na fase adulta e poder fazer uma socialização segura e eficiente.
Comportamento de brincar: Brincar é uma parte essencial do desenvolvimento e bem-estar dos gatos. Asimulação de caça é muito importante e envolve perseguição e captura. Essa prática ajuda a satisfazer os instintos de caça. Se você quer estreitar seus laços com seu gato, brinque mais com ele.
Pet Med –Como essas características e os comportamentos mais comuns, mais visíveis dos gatos podem impactar na rotina das famílias que dividem suas casas com eles?
Joelma Silveira Fabro – Ter um gato como parte da família pode trazer muitos benefícios, mas também implica em ajustes na rotina para atender às suas necessidades e comportamentos específicos. Aqui estão algumas maneiras pelas quais as características e comportamentos dos gatos podem impactar a vida das famílias:
Caça / Brincar: A família precisa se adaptar e tirar tempo de qualidade diário para brincar com o gato.
Ambiente seguro: A família precisa fornecer um ambiente seguro e ideal para o gato, para que ele se sinta bem e tenha suas necessidades de espécie sendo atendidas.
Marcação de território: Este comportamento pode afetar a rotina familiar, pois os gatos precisam marcar o território (arranhaduras nos móveis) que podem ser indesejadas para algumas famílias mas, que pode ser resolvido, ou marcação de urina, ou fezes em locais indesejados que podem já indicar problemas de comportamento ou saúde.
Pelos pela casa: Os gatos mais peludos precisam de escovação frequente, para evitar que o excesso caia pelo ambiente.
Caixa de areia: Deve ser limpa com frequência, para fornecer um banheiro ideal. Além disso, é importante lembrar que o local é um fator primordial para que eles acertem o local. O número de caixas também deve ser levado em consideração em relação ao número de gatos no ambiente.
Introdução de novas pessoas ou animais no ambiente: Podem impactar a rotina e trazer estresse ao gato. Fazer da forma correta vai evitar problemas e desarmonia ambiental.
Ajustar a rotina da família para acomodar um gato envolve fornecer estímulo mental e físico, manter a higiene e a limpeza, e criar um ambiente seguro e estável. Entender as necessidades e comportamentos dos gatos ajuda a promover um convívio harmonioso e satisfatório tanto para os humanos quanto para os felinos.
A consultoria de comportamento felino pode ajudar a nova família a lidar com estes aspectos, ajustar o que estiver em desarmonia e ajudar o tutor a entender como ele deve manejar o ambiente para que seu gato possa se expressar em seu território sem trazer aspectos negativos para a convivência. Buscar um profissional nessas situações é primordial.
Pet Med –Sendo eles animais metódicos, como podemos reduzir o estresse dos felinos quando é preciso fazer alguma alteração na rotina deles?
Joelma Silveira Fabro – Reduzir o estresse dos gatos durante mudanças na rotina pode ser desafiador, mas existem estratégias baseadas em estudos científicos em comportamento felino e medicina veterinária que podem ajudar:
Introdução Gradual: Alterações devem ser introduzidas de forma gradual. Isso permite que o gato se adapte a pequenas mudanças ao invés de enfrentar uma mudança abrupta. Por exemplo, se você precisa mudar o tipo de alimento, faça isso misturando gradualmente o novo alimento ao antigo.
Ambiente Enriquecido: Manter um ambiente enriquecido é crucial. Proporcione locais para esconderijo, brinquedos, arranhadores e espaços verticais. Esses elementos ajudam a reduzir o estresse e a proporcionar um ambiente mais seguro e interessante.
Feromônios Sintéticos: Utilizar produtos que imitam os ferormônios faciais dos gatos pode ajudar a reduzir o estresse. Esses produtos podem ser usados em difusores ou sprays no ambiente do gato.
Manutenção da Rotina: Mantenha o máximo possível da rotina diária. Alimentação, brincadeiras e interações devem ocorrer nos mesmos horários. Gatos são animais de hábitos e qualquer mudança significativa pode ser estressante.
Interação Positiva: Reforce comportamentos positivos com recompensas, como petiscos ou carinho, especialmente quando o gato se comporta bem durante a mudança.
Espaços Seguros: Proporcione espaços seguros onde o gato possa se retirar e se sentir protegido. Esses espaços podem ser caixas, camas elevadas ou áreas escondidas.
Música e Sons Calmos: Estudos indicam que música clássica ou sons calmantes podem ajudar a reduzir o estresse em gatos. Existem playlists específicas projetadas para animais de estimação.
Monitoramento Veterinário: Consulte um veterinário, especialmente se a mudança envolver saúde ou bem-estar físico do gato. O veterinário pode fornecer orientações adicionais e, se necessário, prescrever medicamentos para ajudar a controlar a ansiedade.
Enriquecimento Cognitivo: Jogos de puzzle e atividades que estimulem o cérebro do gato podem ajudar a desviar a atenção da mudança e proporcionar um estímulo mental positivo.
Implementando essas estratégias com paciência e observação cuidadosa, você pode ajudar a reduzir significativamente o estresse do seu gato durante alterações na rotina.
Pet Med –E quando as mudanças são de grandes proporções como mudanças de estado ou país, por exemplo?
Joelma Silveira Fabro – Nesses casos, o ideal é consultar um Comportamentalista Felino Veterinário. Em casos mais severos de estresse, um comportamentalista felino pode fornecer estratégias personalizadas para gerenciar o estresse do seu gato. Em mudanças de grandes proporções como esta, é importante entender todos os pontos fundamentais para que tudo ocorra de forma menos estressante possível para o felino em questão.
Antes da mudança é preciso fazer a preparação do transporte, treinar o gato para que ele goste da caixa de transporte, deixar a caixa no ambiente e positivar com petiscos é uma boa ideia nestes casos, dessa forma o gato pode entrar e sair livremente, pode usar a caixa como cama ou esconderijo.
Nesses casos, uma consulta veterinária é indicada. Para avaliação de saúde, agende com antecedência para dar tempo de realizar todo o trâmite burocrático que algumas situações demandam. Neste caso os feromônios sintéticos também auxiliam, trazendo um conforto e reduzindo a ansiedade.
No entanto, é fundamental que seja feito um planejamento da viagem, o que inclui a escolha da forma mais segura para o transporte do seu Pet, a procura por uma empresa com menor tempo de viagem, a certificação de que todas as regulamentações de transporte animal estejam cumpridas para não ter problemas, entre outras.
Pet Med –Quando falamos sobre mudança de residência na mesma cidade, parece ser mais simples. No entanto, muitas pessoas ainda têm muitas dúvidas sobre como lidar com os gatos da família em situações como essa. Diante disso, por favor, oriente nossos leitores sobre cada tópico abaixo:
– Qual é a importância da caixa de transporte neste processo?
Joelma Silveira Fabro – Ela precisa fazer parte da vida do gato, ele precisa ser treinado para gostar de ficar dentro dessa caixa, lembrando que os gatos gostam naturalmente de esconderijos e tocas fechadas, então elas são perfeitas e eles se sentem seguros. Mas é necessário não negativar a caixa de forma que o pet sinta medo. Um erro de muitos tutores é colocar o gato à força na caixa somente em situações vistas pelo gato como ameaçadoras ou ruins, como, por exemplo, mudanças, viagens ou idas ao veterinário. Por meio de técnicas de treinamento, é possível fazer com que esse gato goste dessa ferramenta fundamental na vida de qualquer gateiro.
A caixa fornece segurança no transporte, previne fugas, reduz o estresse (quando a caixa é conhecida e familiar), isola o felino de estímulos externos visuais e outros, manuseio simples, controle e segurança, pois, a caixa pode ser fixada com cinto de segurança, é considerado um espaço temporário seguro, manter o gato na caixa durante a introdução do novo ambiente sendo que ele pode explorar o novo ambiente caso se sinta confortável. É importante ressaltar a importância deste felino ser habituado a caixa de transporte antes da mudança.
– Os gatos devem / podem ver e participar dos momentos em que as coisas estão sendo embaladas, em que os móveis estão sendo desmontados ou isso causa ansiedade, medo e estresse a eles? O que fazer nesse sentido?
Joelma Silveira Fabro – De modo geral, a maioria dos felinos não tolera as mudanças de modo positivo. O evento de estímulos visuais, como ver as coisas sendo embaladas, pode trazer sentimentos de insegurança, estresse e medo.
O recomendado nestes casos é, antes de começar a embalar, criar um espaço seguro para o gato em um quarto tranquilo, longe da área principal de empacotamento e desmontagem. Inclua itens familiares, como cama, brinquedos, arranhadores e uma caixa de areia.
Feromônios Sintéticos: Utilize difusores de feromônios sintéticos no espaço seguro para reduzir a ansiedade.
Visitas Regulares: Visite o gato regularmente para oferecer conforto, brincar e garantir que ele esteja bem. Isso reforça a sensação de segurança e proporciona interação positiva.
– Na hora efetiva da mudança, os gatos já devem estar na casa nova ou ainda na casa atual?
Joelma Silveira Fabro – Espaço Seguro na Casa Atual: Como vendo dizendo, os gatos são animais sensíveis a mudanças e podem ficar extremamente estressados com toda a movimentação e barulho associados à mudança. Por isso, mantê-los na casa atual, em um ambiente familiar, ajuda a minimizar esse estresse. Para tanto, crie um espaço seguro em um quarto tranquilo, longe da área de movimentação, com cama, brinquedos, caixa de areia e comida. Use difusores de feromônios sintéticos e música clássica em volume baixo, pois podem ajudar a manter a calma.
Durante a mudança, portas e janelas frequentemente ficam abertas, aumentando o risco de fugas. Logo, manter os gatos em um ambiente seguro evita que eles escapem ou se machuquem. Além disso, a movimentação de móveis e caixas pode representar um risco de acidentes para os gatos. Mantê-los longe da atividade reduz esse e outros tantos riscos.
– Alguns gatos já percebem a movimentação diferente e já mudam o comportamento. Assim, alguns familiares não conseguem colocá-los dentro da caixa de transporte. Como deve ser feito esse manejo sempre pensando no menor estresse possível para os gatinhos?
Joelma Silveira Fabro – A maioria dos gatos vai entender a movimentação diferente, mesmo não vendo de fato as coisas acontecerem. Por isso, o planejamento da mudança é bastante importante para preparar o gato para este momento, de forma que a transição não seja assustadora e estressante. Seguindo as recomendações anteriores em relação ao treinamento para que o gato goste da caixa (por meio de estímulos positivos) e deixar a caixa no ambiente para que ele esteja familiarizado com ela, o felino estará em um ambiente separado dos demais, facilitando o manejo no momento de colocá-lo dentro da caixa de transporte para levar até a casa nova.
Para alguns perfis de comportamento felino, pode ser necessário o uso de suplementos calmantes que deve ser prescrito por um médico veterinário após avaliação de saúde e comportamento do paciente e devem ser começados bem antes do dia da mudança. Além disso, feromônios sintéticos costumam ser uma boa ferramenta quando associados às demais práticas e recomendações descritas.
Para pegar o gato você pode usar uma toalha grande, conhecida pelo gato, pode usar feromônios na toalha. Depois, enrole e acomode-o na caixa de transporte sem esquecer de cobrir a caixa por fora, para tirar todos os estímulos externos. Tente fazer o mínimo de barulhos possíveis neste momento e durante a viagem até a nova casa.
– Como deve ser o transporte dos gatos durante o trajeto até o novo endereço?
Joelma Silveira Fabro – O transporte deve ser calmo e tranquilo. Tente fazer silêncio e não converse com o gato neste momento, pois, isso, poderá trazer agitação. Coloque uma música calma em volume baixo (os gatos gostam disso), use feromônios na caixa de transporte e a cubra com uma toalha de cor clara (branca, azul-claro ou verde-claro) e também pode colocar feromônio sintético na toalha. Fixe a caixa em local seguro, evite movimentações bruscas e tente dirigir o mais tranquilo possível. Em viagens longas, você poderá fazer pausas curtas para avaliar se o felino está bem, porém, nunca deixe que ele saia da caixa de transporte, pois, pode acontecer de você não conseguir mais o pegar, causando uma dor de cabeça bem grande neste caso.
– Chegando na casa nova, quais são as recomendações para uma melhor e rápida adaptação dos felinos?
Joelma Silveira Fabro – Para ajudar os gatos a se adaptarem rapidamente à nova casa, siga estas recomendações:
Espaço Inicial Restrito: Inicialmente, mantenha o gato a um único cômodo que contenha todos os itens necessários (comida, água, caixa de areia, brinquedos, etc.). Isso ajuda a reduzir o estresse e permite que ele se acostume gradualmente ao novo ambiente.
Introdução Gradual: Aos poucos, permita que o gato explore outras áreas da casa. Isso deve ser feito de maneira controlada e supervisionada para evitar sobrecarga de estímulos.
Objetos Familiares: Utilize objetos familiares do gato, como camas, cobertores e brinquedos, para fornecer um senso de segurança e continuidade.
Rotina Consistente: Mantenha uma rotina alimentar e de interação consistente para ajudar o gato a sentir-se seguro e em controle.
Feromônios Sintéticos: Utilize difusores de feromônios sintéticos, para ajudar a reduzir o estresse durante a transição.
Interações Positivas: Dê atenção e carinho ao gato, mas permita que ele se aproxime e se acomode em seu próprio ritmo. Forneça brinquedos e atividades para mantê-lo mentalmente estimulado.
Essas práticas, baseadas em estudos de medicina veterinária e comportamental felina, ajudam a garantir uma adaptação mais tranquila e rápida ao novo lar.
– Quais são os comportamentos mais propensos a eles terem nos primeiros dias na casa nova?
Joelma Silveira Fabro – Comportamentos fora do normal irão acontecer, em alguns gatos mais sociáveis em menor proporção do que em gatos extremamente territoriais e que podem sentir em mais alta intensidade essa nova mudança. É preciso ser paciente e tentar mudar o foco do felino quando perceber esses comportamentos para algo que ele goste como petiscos, sachê e brincadeiras. Assim pode ser que ele se sinta mais tranquilo e possa assimilar o novo ambiente de uma forma mais leve.
Nos primeiros dias é possível que ocorram alguns dos comportamentos abaixo:
Esconder-se: Gatos frequentemente se escondem em locais escuros e fechados, como debaixo de móveis, para se sentirem seguros enquanto exploram o novo ambiente.
Redução de apetite: É comum que gatos comam menos nos primeiros dias devido ao estresse da mudança. Garantir que a comida e a água estejam facilmente acessíveis é essencial.
Exploração cautelosa: Gatos exploram geralmente o novo espaço de forma cautelosa, cheirando e investigando cada canto aos poucos.
Comportamento Defensivo: Alguns gatos podem mostrar sinais de comportamento defensivo, como silvos, rosnados ou postura agressiva, especialmente se se sentirem ameaçados.
Marcação de Território: Eles podem marcar o novo território com esfregões de rosto em móveis ou outros objetos para deixar seu cheiro e sentir-se mais seguros.
Alterações na Caixa de Areia: Pode haver uma mudança nos hábitos de uso da caixa de areia, incluindo acidentes fora da caixa devido ao estresse.
Menor Interação: Gatos podem evitar interações com humanos e outros animais no início, preferindo ficar sozinhos até se sentirem mais confortáveis.
Esses comportamentos são normais e geralmente diminuem à medida que o gato se ajusta ao novo ambiente. É importante proporcionar um ambiente tranquilo, com acesso a todos os recursos necessários, para facilitar essa transição.
– Quais cuidados devem ser tomados pelos familiares nos primeiros dias na casa nova, pensando em evitar riscos à saúde e à vida dos gatos?
Joelma Silveira Fabro – Primeiro ponto importante não forçar o gato a “explorar” o ambiente, eles têm um tempo, alguns dias deixe em um cômodo menor, após bem-adaptado, você pode abrir a porta e deixar que ele por si só escolha fazer a exploração.
Deixe sempre este ambiente aberto, pois a qualquer sinal de insegurança ele terá o seu local seguro para retornar. Se perceber que já passaram alguns dias desde a mudança e ele não está retornando ao comportamento normal, cogite a possibilidade de consultar um especialista veterinário para uma avaliação de saúde.
Vale reforçar que nos primeiros dias na casa nova, é importante tomar algumas precauções para garantir a segurança e o bem-estar dos gatos. Aqui estão algumas recomendações baseadas em estudos de comportamento felino e medicina veterinária:
Espaço Inicial Restrito: Limite o gato a um cômodo seguro inicialmente;
Segurança doméstica: Verifique a casa em busca de possíveis perigos, como janelas abertas, fios soltos, plantas tóxicas e objetos pequenos que possam ser engolidos. Certifique-se de que todas as portas e janelas estejam bem fechadas para evitar fugas.
Ambientação Gradual: Introduza gradualmente o gato a outras partes da casa. Deixe-o explorar um cômodo de cada vez, sempre supervisionando para garantir que ele não se machuque.
Manutenção da Rotina: Mantenha a rotina alimentar e de cuidados do gato o mais semelhante possível à anterior. Isso ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade durante a transição.
Atenção e paciência: dê tempo ao gato para se acostumar ao novo ambiente. Evite pressioná-lo a interagir e deixe que ele se aproxime no seu próprio ritmo.
Pet Med – Para finalizarmos, o que mais a senhora acha importante orientar aos leitores que precisam se mudar e em sua composição familiar existe a presença de gatos?
Joelma Silveira Fabro – Acredito que o sucesso de uma mudança de ambiente deve ser treinada bem antes dela de fato acontecer, para podermos ter uma redução de estresse. Na medicina felina sabemos que o estresse é um dos fatores que podem predispor a diversos problemas de saúde. Quando evitamos que o gato receba uma alta carga de estresse provinda deste tipo de situação podemos prevenir esses inconvenientes.
É importante, também, procurar um médico veterinário especialista em comportamento felino para ter orientações prévias sobre todos os eventos que possam acontecer nesta trajetória.
Vai viajar e não sabe o que fazer com seu pet? Descubra dicas essenciais para garantir o bem-estar do seu cão ou gato durante as férias, com conselhos do veterinário Bruno Alvarenga.
Por Pauline Machado
Julho é o mês das férias e férias, muitas vezes é sinônimo de viagens. Mas, e nas famílias que têm um cão ou um gato em casa e não pode levá-los? Quais são os cuidados que deve-se ter ao deixar os pets sozinhos em casa?
O Médico Veterinário e professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília, Bruno Alvarenga dos Santos, nos deu excelentes orientações.
Acompanhe!
Pet Med – Primeiramente, nos explique, por favor, se os cães e os gatos gostam de ficar sozinhos em casa.
Bruno Alvarenga dos Santos – É importante compreender que o gostar e o aceitar são coisas diferentes. Naturalmente, um animal que cria vínculo afetivo com seus familiares prefere estar próximo do que longe de seu responsável. Quando observamos os gatos, vemos que estes são mais independentes que os cães e geralmente lidam muito bem ao passarem os dias sozinhos. Porém, tendem a sentir muito mais mudanças em sua rotina que os cães. Ou seja, se forem mudar de ambiente, deixar de conviver com uma pessoa ou passarem a ficar sozinhos por longos períodos, podem se “desestabilizar” e acabarem adoecendo, cabendo sempre que possível um período de adaptação à nova realidade.
Já os cães, em geral, são menos suscetíveis a mudanças ambientais; todavia, a forma como lidam com a ausência de seus responsáveis varia conforme sua linhagem. Caso sejam de raças de guarda, estas normalmente ficam bem sozinhas, enquanto os cães de companhia sentem mais o distanciamento de seus responsáveis, sendo frequente observarmos indivíduos que deixam de comer, tomar água, que imunossuprimem e apresentam transtornos comportamentais pela separação.
Pet Med – Em que casos podemos deixar os animais em casa sozinhos?
Bruno Alvarenga dos Santos – Se tratando de animais saudáveis e acostumados a passarem o dia sozinhos, não há problema. Naturalmente, suas necessidades no período em que estiverem desacompanhados devem ser atendidas e o ambiente deve ser seguro.
Pet Med – Por quanto tempo máximo podemos deixar os cães sozinhos em casa ou sob a supervisão esporádica de um vizinho ou familiar?
Bruno Alvarenga dos Santos – Sendo animais acostumados, não há um período máximo. Porém, o ambiente deve permitir que o animal realize alguma atividade, propicie segurança e conforto, além de haver diariamente a limpeza do ambiente e a oferta de água e comida. Lembrando que deixar um cão acorrentado, sem água e comida ou em um ambiente sujo pode ser avaliado como uma situação de maus-tratos animais, e seu responsável poderá responder por este crime.
Pet Med – E os gatos, por quanto tempo podem ficar sozinhos ou sob a supervisão esporádica de alguém?
Bruno Alvarenga dos Santos – O manejo de gatos saudáveis e acostumados a ficarem sozinhos é semelhante ao dos cães. Não havendo um período máximo em que podem ficar sozinhos. Entretanto, diariamente é necessário a oferta de água, comida, limpeza de suas caixas sanitárias e verificação se está tudo bem com eles.
Pet Med – Pensando nos cães, como definir se a melhor opção deve ser levá-los, deixá-los em casa ou em algum hotel ou creche para cães? Bruno Alvarenga dos Santos – Os cães, em geral, são mais ligados a seus tutores do que a sua casa. Logo, se possível, é melhor viajarem com seus familiares. Caso não seja possível, o ideal seria deixá-los em hotéis, onde terão pessoas interagindo com eles e, muitas vezes, poderão interagir positivamente com outros cães. O mais relevante é ponderar qual ambiente propiciará mais bem-estar ao animal.
Pet Med – E, no caso dos gatos? Quando deixá-los em casa sob os cuidados de uma pet sitter e quando levá-los para um hotel de gatos?
Bruno Alvarenga dos Santos – Em geral, o melhor é sempre deixá-los em casa. Os gatos são indivíduos de hábitos e geralmente não gostam de sair de casa, de outros cheiros e de serem manipulados por pessoas desconhecidas. Caso possam permanecer em seu ambiente, em um local mais amplo, que já realizou suas marcações territoriais, que possui os cheiros que conhece e sua rotina já está estabelecida, será menos provável que adoeçam pelo estresse da mudança. Uma vez que já há o fato de seu(s) responsável(is) não estar(em) em casa e ainda por cima haver uma pessoa fora do habitual frequentando diariamente a casa para alimentá-lo. Agora, se for um gato bem sociável, acostumado a sair de casa e a mudanças de ambiente, existe a possibilidade de ir para um hotel de gatos ou acompanhar seu dono na viagem. Mas deve-se ter atenção redobrada com alterações comportamentais que podem indicar o surgimento de alguma doença, como não estarem se alimentando, tomando água ou eliminando adequadamente.
Pet Med – Diante da ausência dos seus familiares, os cães e os gatos podem sofrer algum tipo de estresse que faça mal à saúde deles?
Bruno Alvarenga dos Santos – A síndrome de separação é um distúrbio comportamental que cães podem apresentar quando ficam distantes de seus “familiares”, sendo mais expressivo nas raças selecionadas para companhia, como Maltês, Shih-tzu, Lhasa Apso, Yorkshire, Spitz e Poodle. São indivíduos que por vezes são tomados por quadros depressivos, onde passam o dia mais quietos, reduzem sua ingestão de água e comida, podem ter seu sistema imunológico debilitado e ficarem suscetíveis a várias doenças. Os gatos também podem apresentar a síndrome, embora seja menos comum, especialmente se mantidos em seu ambiente habitual.
Pet Med – E quanto aos possíveis acidentes domésticos? A que os familiares devem ficar atentos antes de sair em férias e deixar os pets em casa ou em apartamento?
Bruno Alvarenga dos Santos – Os cuidados são os mesmos quando saem de casa para trabalharem ou para alguma atividade de rotina. O ambiente tem que ser sempre seguro para o animal e capaz de suprir suas necessidades. O que muda é que, quando a família for viajar e o animal ficar em casa, uma pessoa deve estar responsável por ir diariamente até a casa para cuidar do animal, tantas vezes quanto necessário para atender aos cuidados requeridos. Por exemplo: um cão que não urina ou evacua dentro de casa e precisa de passeios 3 vezes ao dia para eliminar deve ter alguém que o leve para passear 3 vezes ao dia. Ou um animal que tome alguma medicação contínua deve ter alguém que administre os medicamentos nos horários corretos. Se não for possível que alguém forneça esses cuidados no domicílio da família, nem que o animal acompanhe seus responsáveis, o melhor é que fique hospedado em um local que possa realizar esse manejo.
Pet Med – Para finalizar, por favor, deixe um checklist para os tutores terem em mãos e conferirem antes de sair em férias.
Bruno Alvarenga dos Santos – Antes de fazer o cheklist é importante ressaltar que optando por deixar o pet em casa sob a supervisão diária de um conhecido, uma opção interessante é instalar uma câmera que permita o monitoramento a distância do animal nos momentos em que estiver sozinho.
Recomendo também informar ao veterinário responsável pelos cuidados do animal sobre a ausência e dar autonomia a outra pessoa para acionar e autorizar qualquer procedimento veterinário necessário para a manutenção da saúde do pet. Não é recomendado deixar animais doentes ou que necessitem de cuidados especiais sozinhos; para estes, é indicado hospedagem para garantir toda a assistência ou monitoramento necessários.
Sendo assim, aqui estão algumas informações cruciais ao sair em férias sem o pet.
• Para viajarem tranquilos, recomendo que façam um check-up em seus animais para saberem se estão saudáveis antes de os deixarem sob os cuidados de terceiros ou os levarem para viajar;
• Confirmem se há ração e, no caso dos gatos, substrato para as caixinhas, suficientes para o período de ausência;
• Quando optarem por deixá-los em casa, procurem pessoas de confiança que já conheçam o pet;
• Se optarem por viajar com o animal, atentem-se às documentações necessárias, como a carteira de vacinação com as vacinas válidas e o atestado de saúde;
• Procurem saber se há uma unidade de atendimento veterinário na cidade onde ficarão e se o hotel aceita animais;
• Se o animal enjoa facilmente, consultem um veterinário sobre a administração de medicação para prevenir vômitos;
• Se a viagem for de carro, sempre que pararem para abastecer, ofereçam um pouco de água e passeiem com o cão para que ele possa eliminar;
• Comuniquem ao veterinário que irão viajar e deixem o nome da pessoa que ficará responsável durante o período de ausência;
• Por fim, verifiquem se o destino possui cobertura de celular para garantir que terão notícias caso algo aconteça com o animal durante a ausência.
Em nosso dia a dia é importante fazer Check-up para verificarmos se está tudo bem com a nossa saúde. Para tanto, os médicos pendem, inicialmente, um exame de sangue, o Hemograma.
Na rotina clínica de cães e gatos não deve ser diferente, pois, este exame dá ao Médico Veterinário os primeiros sinais de como está a saúde dos pets. Por isso, hoje, conversamos com a Médica Veterinária, Gabrielle Moles da Cruz, portadora do CRMV/PR: 14.245.
Gabrielle é pós-graduada em Clínica Médica e Cirúrgica pelo Qualittas, participante do Programa de Aprimoramento em Patologia Clínica em 2020 pela Universidade Tuiuti do Paraná, pós graduanda em Hematologia e hemoterapia pela Universidade Federal do Agreste de Pernambuco e Head do Banco de Sangue do Laboratório Vetex, e vai nos orientar sobre a importância da realização do Hemograma para a saúde dos cães e dos gatos.
Acompanhe!
Pet Med – Para começar, por favor, nos explique o que vem a ser um Hemograma?
Gabrielle Moles da Cruz – Hemograma é um exame que avalia as células que compõe o sangue, podendo confirmar ou indagar diagnósticos como anemia, infecções, entre outras, auxiliando no monitoramento de diversas condições de saúde
Pet Med – Neste aspecto, o correto é falar somente hemograma ou se torna redundante falar hemograma completo?
Gabrielle Moles da Cruz – Falar hemograma e hemograma completo é a mesma coisa. Ambos são o mesmo exame.
Pet Med – O que é avaliado neste exame laboratorial?
Gabrielle Moles da Cruz – No hemograma são avaliadas células sanguíneas como glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas
Pet Med –Quanto à coleta, qual é a via correta para fazê-la?
Gabrielle Moles da Cruz – A via de coleta de sangue é indiferente desde que bem coletada, não tendo seu tempo de garrote prolongado, acesso para coleta íntegro e viável.
Pet Med – Qual é a importância do hemograma para o Médico Veterinário na busca pelo diagnóstico do paciente?
Gabrielle Moles da Cruz – O hemograma é indicado em casos de suspeita que o paciente tenha anemia, infecções, sangramentos, entre ou outros, além de nos dar um panorama geral da saúde do animal.
Pet Med – Que tipos de tecnologias e inovações temos atualmente na Medicina Veterinária, relacionadas ao melhor e mais precisa avaliação do hemograma?
Gabrielle Moles da Cruz – A medicina veterinária tem evoluído muito e tem trazido cada vez mais benefícios e melhores diagnósticos aos pacientes. Mas quando se trata de hemograma, embora tenhamos máquinas para auxílio no hemograma, a avaliação do exame ainda é mais fidedigna quando feita por um patologista clínico.
Pet Med – Por fim, o que podemos esperar de novas tecnologias e inovações neste exame que é tão importante para a rotina clínica de cães e gatos?
Gabrielle Moles da Cruz – Acredito que com o passar dos anos tenhamos ainda mais facilidades quanto a diagnóstico de doenças e tratamento aos pacientes. Assim como tivemos muito evolução em poucos anos, o acesso a tecnologia e maiores informações da medicina humana para a veterinária, conseguiremos oferecer melhor confortos aos pets.
Por Pauline Machado Junho é o mês em que lembramos e comemoramos o Dia do Meio ambiente. A data foi estabelecida em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemorado todo dia 5 de junho. Fato é que, quando falamos ou pensamos na fauna ligada ao meio ambiente prontamente os animais selvagens e exóticos vêm à nossa mente, mas, e os cães e os gatos? Eles também fazem parte do meio ambiente? Qual é ou seria o papel dos cães e dos gatos no Meio Ambiente? Para nos explicar essas e outras questões relacionadas ao tema, convidamos o Biólogo e Médico Veterinário, Luiz Ricardo da Silva, especialista em Educação Ambiental e Clinica de Animais Selvagens. Acompanhe!
Pet Med –Para começar, por favor, nos explique qual é a origem dos cães e dos gatos.
Luiz Ricardo da Silva – Os cães têm a sua origem nos lobos, pensava-se que somente dos lobos cinzentos, mas hoje sabemos que tiveram outras populações de lobos envolvidas na origem dos cães. Quanto aos gatos domésticos eles têm uma origem possível em gatos do continente africano em especifico o Felis silvestris lybicaou gato da Líbia.
Pet Med –Como se deu o avanço de ambas as espécies até chegarem ao convívio com o homem nas cidades brasileiras?
Luiz Ricardo da Silva – Estes animais começaram a se aproximar do homem primitivo há milhares de anos, incialmente para se alimentar com as sobras, e aos poucos foram sendo domesticados principalmente o cão, pois ambos homem e cão, tinham muito a ganhar com essa proximidade. Agora pensando nestes animais em nossas cidades isso tem muita ligação com a colonização do Brasil, com a vinda dos europeus para as Américas. Eles trouxeram estes animais nas embarcações.
Pet Med –Em que momento identificou-se o descontrole quanto ao número de cães e gatos sem famílias que moram nas ruas? Por quais motivos isso aconteceu e perdura até hoje?
Luiz Ricardo da Silva – Há algumas décadas já havia a preocupação nos grandes centros da crescente população destes animais. Não havia controle por parte dos governos nem dos cidadãos. Poucas pessoas faziam a castração e esses animais de rua ou somente com acesso, se reproduziam muito. Hoje isso não é mais um problema somente dos grandes centros, mas até das pequenas cidades.
Pet Med – Neste cenário, qual é o papel dos cães e dos gatos para o meio ambiente? Por quê?
Luiz Ricardo da Silva – Cães e gatos de vida livre ou mesmo somente com acesso a rua são preocupantes quando pensamos na questão das doenças. Por causa do seu comportamento, estes animais acabam transmitindo ou adquirindo diversas doenças inclusive algumas zoonoses.
Pet Med – Diante disso, qual é o impacto da presença das duas espécies para o meio ambiente?
Luiz Ricardo da Silva – A presença destes animais no meio ambiente pode trazer muitos impactos. Eles podem por extinto matar animais silvestres, chegando inclusive a levar a extinção espécies nativas como já aconteceu em alguns momentos históricos. Cães e gatos podem se tornar ferais, formar colônias, por exemplo, e atacar além dos animais locais e humanos. Inclusive, tenho feito um trabalho na contenção de cães em uma reserva em São Paulo para evitarmos esse problema. Faço a contenção, transportamos e tentamos doar para que eles tenham uma vida melhor.
Pet Med –Neste cenário, o que pode ser feito para preservar tanto o meio ambiente quanto as espécies felina e canina?
Luiz Ricardo da Silva – A melhor solução são as campanhas de castração em massa, doação e a punição para quem abandona estes animais. A culpa não é deles e sim nossa. Devemos fazer de tudo para dar qualidade de vida para estes animais.
Pet Med – E quanto ao futuro? Quais são as perspectivas para que tenhamos um equilíbrio na relação entre os cães e gatos e o meio ambiente?
Luiz Ricardo da Silva – Acredito que em longo prazo iremos conseguir chegar próximo a um equilíbrio. Mas, é importante conscientizar as pessoas sobre a castração, e que estes animais não devem sair para passeios sem o acompanhamento do responsável, principalmente gatos. Isso evita que eles procriem , entrem em atrito com outros animais, entre outros problemas.
Por isso, reforçoser muito importante a divulgação de informações sobre o impacto dos animais domésticos no meio ambiente e o quanto isso pode ser danoso, além dos riscos que isso pode trazer para a saúde do animal domestico, dos silvestres, e, inclusive, a nossa através das zoonoses. Cães e gatos devem ficar em casa sendo bem cuidados, e sempre que possível, levem seus animais para consultas mesmo quando estiverem aparentemente saudáveis.
O dia a dia com cães e gatos é muito mais feliz, no entanto, requer muita atenção, pois, podem acontecer alguns acidentes e os seus familiares precisam saber o que fazer, caso os pets precisem de primeiros socorros.
Para saber como agir em casos de emergências, conversamos com a Médica Veterinária Liana Barreto Dantas, portadora do CRMV/CE 1191.
Acompanhe, pois, as orientações são preciosas!
Pet Med – O que podemos entender por primeiros socorros?
Liana Barreto Dantas – Podemos entender como primeiros socorros aqueles pré-atendimentos que conseguimos fazer em casa, mesmo pelos familiares, sem ter profundo conhecimento técnico da medicina.
No entanto, vale ressaltar que os primeiros socorros são apenas para tirar o enfermo do risco, que em seguida, deve ser levado imediatamente até o hospital veterinário mais perto possível. O intervalo entre o primeiro atendimento em casa até o atendimento especializado deve ser menor possível.
Ressalto ainda, que deve ser levado a um hospital 24h por ter mais recursos do que uma clínica. Após estabilizado, aí sim, o animal deve ou poderá, de acordo com parecer do veterinário responsável pelo atendimento, ser transferido para dar continuidade ao tratamento pelo médico veterinário da família, que já atende o pet, que seja confiança da família, mas, na hora da emergência, a recomendação é ir até o hospital mais próximo para ter os primeiros atendimentos.
Pet Med – Como identificar uma situação de urgência e emergência em casa com os pets?
Liana Barreto Dantas – Não há receita para isso, o mais importante é que os familiares que moram com os pets estejam sempre observando e interagindo com eles, para que assim, consigam identificar o mais rapidamente possível qualquer sinal de anormalidade.
Pet Med – Quais são as situações emergenciais mais comuns, no dia a dia com cães e gatos?
Liana Barreto Dantas – No dia a dia as situações mais comuns que permitem agir com práticas de primeiros socorros são intoxicações, atropelamentos, feridas, ingestão de corpo estranho que resultem em engasgos, quedas, vômitos, diarreias, dificuldades para respirar, convulsões, entre outras.
Pet Med – Qual deve ser a primeira conduta diante de um animal passando mal?
Liana Barreto Dantas – Primeiramente é importante que os familiares se mantenham calmos para que possam agir rapidamente e racionalmente para ajudar o pet.
Quanto à conduta a ser adotada dependerá da enfermidade. Por exemplo, no caso de intoxicação ou envenenamento seria importante tentar descobrir o que o pet pode ter ingerido, a quantidadee há quanto tempo houve a ingestão.
Se houver vômitos, tire foto ou recolha um pouco da amostra para levar para avaliação do Médico Veterinário. Na maioria dos casos de intoxicação, é administrado carvão ativado, pois, ajuda a reduzir a absorção da toxidade pelo organismo. Então, com o produto que seja próprio para cães e gatos em mãos, siga as orientaçõesprescritas na bula. Em hipótese alguma tente provocar o vômito do pet, pois, pode causar engasgo e/ou piorar o quadro do animal.
Em casos de ferimentos, lave a região afetada com água corrente para diminuir o risco de infecções e em seguida com soro fisiológico. Depois, com um pano limpo e de preferência que não seja áspero como as toalhas, pressione a região lesionada a fim de manter o local seco e de controlar a hemorragia até chegar ao hospital 24 horas mais próximo.
Em casos de queimadura, não faça nada diferente de apenas cobrir a região com pano leve, limpo e úmido, de modo que não cole, não grude na ferida. Uma vez coberta a região, corra para o hospital veterinário 24horas mais perto.
Se o pet tiver sofrido quedas ou fraturas, tente imobilizar a região até mesmo com papelão e atadura, até chegar ao médico veterinário. Se for fratura exposta, apenas cubra delicadamente com pano limpo não abrasivo e leve-o imediatamente ao hospital veterinário 24h. Em hipótese alguma tente colocar o osso no lugar.
Se o pet estiver engasgado, a recomendação é abrir a boca e tentar retirar com o dedo o objeto que estiver causando o engasgo. Caso ele tente morder, tente dar alguns tapinhas de leve, mas, precisamente, nas costas, ali pela altura das patas dianteiras a fim de ajudar a expulsão do objeto. Se for um gato ou um cão de pequeno porte, tente segurá-los pelas patas da frente direcionando a cabeça para baixo e sacudindo com delicadeza até que o objeto possa sair pela boca.
Se for linha, não puxe em hipótese alguma, pois, alguns órgãos podem estar enrolados pelo fio e ao puxar, você poderá piorar o quadro e até levar o animal ao óbito. Neste caso, leve imediatamente o pet ao hospital veterinário 24 horas mais próximo.
Pet Med – E o que não deve ser feito em hipótese alguma? Por quais motivos?
Liana Barreto Dantas – A principal coisa que não se deve fazer, em hipótese alguma é medicar o animal sem prescrição médica, pois, alguns medicamentos, sobretudo de uso humano, podem ser tóxicos aos pets, sem falar na questão da falta de conhecimento pelo tutor sobre a dose ideal a ser administrada.
É importante saber também que em feridas não se usa álcool, desinfetantes ou qualquer outro produto que não seja soro fisiológico, assim como os olhos, que devem ser limpos somente com gaze embebecida de soro fisiológico e nunca por água boricada ou outro tipo de produto. Nem com algodão, pois, os fios podem causar inflamação ocular.
Os tutores devem evitar remover corpos estranhos perfurantes, como pregos, vidros ou algo do tipo. Nesses casos, o animal deve ser levado imediatamente até o hospital veterinário 24horas mais próximo.
Evitar manusear e fazer movimentos bruscos em casos de queda, situações de atropelamentos ou fraturas, também é uma das coisas que os tutores nunca devem fazer em casa sem a presença de um médico veterinário.
Pet Med – Por fim, quais devem ser os cuidados em casa para que tais situações não aconteçam?
Liana Barreto Dantas – Quem tem pet em casa é como se tivesse crianças em casa, então, é importante ter um kit de primeiros socorros sempre a postos. Por isso, recomendo sempre ter em casa:
Termômetro digital, de preferência com ponta flexível, atadura, gaze, algodão, esparadrapo, microporo, ampolas de soro fisiológico, tesoura sem ponta, cortador de unhas próprio para pets, seringa de 3ml, sabonetes ou solução antisséptica próprio para pets, cotonetes, luva de látex, se possível pinça de cabo longo, sabonete neutro sem perfume, lenço umedecido sem fragrância e carvão ativado próprio para cães e gatos, desde que siga as recomendações do fabricante. Esses são alguns itens fundamentais para ter em casa para os casos que seja preciso fazer um primeiro socorro no pet em casa.