Por Pauline Machado
Assim como para o nosso organismo, água é essencial para a saúde e o bem-estar dos cães e gatos. Ela desempenha um papel fundamental em diversas funções vitais, como a regulação da temperatura, a digestão e eliminação de toxinas, além de ajudar a prevenir problemas renais.
Por isso, neste mês de março, em que no dia 22 se comemora o Dia Mundial da Água, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária, Simone Regina Argenton-Perrella, especializada em Nefrologia e Urologia Veterinária e membro associado ao Colégio Brasileiro de Nefrologia e Urologia Veterinárias – CBNUV. Simone é, também, nutricionista humana com ênfase em Nefrologia.
Neste mês que também direciona a atenção para a prevenção do câncer de rim, a médica veterinária enfatiza ainda, que garantir que os cães e os gatos tenham acesso contínuo à água limpa e fresca não apenas previne problemas de saúde, como doenças renais e urinárias, mas também contribui para um comportamento mais ativo e uma vida mais longa e saudável.
Acompanhe!

Pet Med – Para começar, por que a água é tão importante para a saúde dos nossos pets?
Simone Regina Argenton-Perrella – A água é fundamental para a vida dos seres vivos no geral. Entre os animais mamíferos seu peso vivo varia de 60% a 90% em líquidos, sendo 90% água. A água corporal total é distribuída entre compartimentos: intracelular (cerca 40% do peso vivo, líquido que fica dentro das células); o resto se distribui nos compartimentos extra-celulares (15% do peso vivo, intersticial é o espaço que fica entre as células e em torno de 5% do peso do indivíduo no leito vascular- plasma). Também há um volume em torno de 2% nos compartimentos transcelulares (bexiga, rins, intestinos, glândulas, articulações entre outros).
O nosso organismo e dos nossos pets buscam manter-se em equilíbrio e realizam funções específicas para que isso ocorra, como transportes de íons e outras substâncias entre os compartimentos, funções fisiológicas, como digestão e respiração; reações metabólicas, como síntese de substâncias, eliminações de produtos tóxicos, entre outros. Esse equilíbrio mantém-se forma fluida e não estática e ocorre mesmo com alterações externas ao corpo. Assim, o equilíbrio hídrico é fundamental para a manutenção da vida.
Pet Med – Quais são as principais funções da água no organismo de um pet e como ela contribui para o seu bem-estar?
Simone Regina Argenton-Perrella – A água está diretamente relacionada à preservação da vida através das diversas reações químicas, transporte de substâncias através das membranas plasmáticas, equilíbrio geral, como temperatura, pH. Lembrando que mais de 60% do organismo é água, a homeostase, que é o conceito fisiológico de estabilidade corporal, se mantém graças à proporção adequada de água no organismo.
No entanto, ao falarmos de água, não podemos esquecer que não só a falta dela é prejudicial ao organismo, mas o excesso também. Assim, os responsáveis pelos pets precisam observar sempre seu amigo em relação ao consumo de água, se está diminuída ou aumentada. Animais podem consumir de forma exagerada a água. Esse fenômeno é chamado de polidipsia e isso ocorre quando há alterações fisiológicas, principalmente em algumas doenças como diabetes insípidus, diabetes mellitus, doença renal crônica, injúria renal aguda. A hiper-hidratação iatrogênica, causada pelo humano, também pode ocorrer tanto com a aplicação de fluidoterapia em excesso, em eventos adversos medicamentosos, desequilíbrio iônicos.
Pet Med – Os pets têm a mesma necessidade de ingestão de água que os seres humanos? Por quê?
Simone Regina Argenton-Perrella – O volume que um pet necessita de água para manutenção de seu equilíbrio hídrico não é igual ao do ser humano, já levando em conta o peso vivo, são próximos. Um humano precisa em torno de 30 a 50mL/Kg de água diariamente em temperatura amena e sem atividade física extenuante. O cão varia entre 48 a 70mL e de um gato entre 30 a 60mL/Kg. Essa água deve estar disponível para que o indivíduo a consuma durante as 24 horas do dia, independente da espécie. Infelizmente, nem todos os responsáveis pelos animais têm essa consciência. Pets que dormem no quarto com seus tutores e que não têm acesso às suas vasilhas de água por grandes períodos, podem desidratar-se.
Pet Med – Como as necessidades de hidratação variam de acordo com o tamanho, idade e raça do animal?
Simone Regina Argenton-Perrella – No geral há uma proporção de volume/ peso vivo. No entanto existem diferenças que devem ser levadas em consideração. As proporções de água variam nas faixas etárias, atividades e fisiologia do animal. Animais mais jovens e fêmeas prenhas têm um compartimento de líquido maior, às vezes perto de 90%, já nos idosos isso diminui, e os animais jovens que praticam atividades físicas, os animais de “serviço”, atletas, precisam de aporte hídrico maior.
Animais que tomam alguns medicamentos, estão em ambientes muito quentes, estressados, comem alimentos salgados, têm acesso à agua do mar, possuem determinadas doenças, têm mais necessidade de ingestão de água. Nesses casos o manejo deve ser corrigido e uma visita ao seu médico-veterinário se faz necessária.
Pet Med – De que formas os familiares podem perceber que seu pet não está bebendo água suficiente? Quais são os sinais de desidratação em cães e gatos?
Simone Regina Argenton-Perrella – A observação diária é fundamental, se está bebendo mais ou menos água que o habitual, mas, às vezes, as pessoas dessa família multiespécie não têm esse parâmetro de observação. Então, vão algumas dicas para saber o peso do animal e volume de água que esse animal ingere durante o período de 24 horas estão adequados.
Vasilhas devem ser lavadas diariamente e a água totalmente substituída, usar água filtrada ou mineral, colocar nos bebedouros um volume conhecido (usar algum recipiente graduado ou que se conheça o volume) e observar a temperatura local e umidade. Antes de substituir a água, mensurar o volume restante. Assim, saberá quanto o animal bebeu de água aproximadamente, pois, há evaporação, principalmente em dias quentes.
Pet Med – Existe uma quantidade mínima recomendada de água que um cão deve beber por dia? Qual seria para os filhotes, adultos e idosos? Como calcular essa quantidade?
Simone Regina Argenton-Perrella – Os cães devem tomar entre 48 a 70mL/Kg durante o dia, enquanto o gato varia de 30mL a 60mL/Kg. Para um cão de 10Kg adulto jovem fica em torno de 600mL , o equivalente a 3 copos americanos aproximadamente.
Filhotes necessitam, proporcionalmente, mais água que idosos, mas, esses precisam ser estimulados a beber água. Animais que praticam atividades físicas necessitam de mais água. Em algumas situações fisiológicas, como gestação ou de doenças, há aumento dessa relação. Devemos lembrar que em dias quentes ou em locais mais secos há maior evaporação e os animais necessitam mais água por peso.
A água fornecida deve ser filtrada ou mineral, desde que sempre potável. As vasilhas, tanto comedouros como bebedouros, devem ser adequadas às espécies, raça e idade, lavadas diariamente, inclusive mais de uma vez, o ambiente onde se encontram deve estar limpo, calmo, longe de odores desagradáveis ou fortes, longe dos “banheiros” dos animais e ser de material adequado àqueles pets.
Pet Med – Há diferença dessas quantidades para cães e gatos? Se sim, quais seriam as quantidades para os gatos?
Simone Regina Argenton-Perrella – Há diferença: os gatos devem ingerir entre 30 a 60mL/Kg. Os gatos são animais mais melindrosos com a ingestão de água, muitos não bebem a quantidade necessária. Sendo assim, alguns hábitos devem ser respeitados e cuidados instituídos. Os bebedouros não podem ser muito fundos, devem ser mais largos, por conta das vibrissas, os bigodes, devem ficar em vários pontos da casa, sempre longe das liteiras, para alguns longe dos comedouros e de passagem de pessoas. Bebedouros com água corrente são bem aceitos, desde que silenciosos.
Em lares com mais de um gato deve haver mais bebedouros que animais e ficarem distantes entre si. Por exemplo, um gato não obeso de 5Kg de peso deveria ingerir entre 150mL a 300mL/dia o que seria algo entre um e dois copos americanos de água. No entanto, devemos fornecer volumes maiores, várias vezes ao dia.
Pet Med – Além de água potável, a ingestão de outros líquidos como caldinho do sachê, frutas, pode substituir a água na hidratação dos pets?
Simone Regina Argenton-Perrella – Sim. Existem animais que adoram água de coco, por exemplo, outros que gostam de gelinhos nos bebedouros. Alguns animais têm dificuldade de ingerir água. Essa água pode receber sabores como adição de caldos elaborados a partir de rações úmidas ou mesmo peixes como sardinha.
No entanto é necessário entender os motivos pelos quais esse animal não quer apenas água. Algumas vezes é necessária a ajuda de um médico veterinário para investigar o motivo. Não podemos esquecer que tanto cão, quanto o gato possuem capacidade olfativa, ou seja, de sentir cheiro, muito apurada, e que odores que são bons para os humanos são desagradáveis para eles, que as vasilhas ficam normalmente no chão e muitos tutores chegam a desconhecer a necessidade da higienização adequada delas. Além disso cães e gatos também apresentam muitas alterações periodontais, como tártaro e gengivite, e isso tem mau cheiro, causa dor na ingestão de água gelada. Doenças inflamatórias como doença renal, doença inflamatória intestinal também causam gastrite e a ingestão de água se torna dolorosa. Tudo isso precisa ser avaliado.
Pet Med – Alguns pets, especialmente gatos, parecem não se interessar por beber água. Quais estratégias podem ser adotadas para incentivar a ingestão de água?
Simone Regina Argenton-Perrella – Primeiro, deve ser feito uma investigação se isso é uma doença, um capricho ou um hábito. Levando em conta que se trata só da característica da espécie, raça e/ou indivíduo, deve-se ofertar a água em local tranquilo, disponibilizar vários bebedouros espalhados pela casa. O material do bebedouro deve ser de louça ou metal, e o formato do bebedouro adequado ao tamanho da cabeça, focinho e vibrissas. A água deve ser corrente, e, manter a qualidade da água deve ser prioridade, em temperatura ambiente, deve ser inodora, insípida, incolor. A quantidade e limpeza dos bebedouros podem ser fortes aliados para o aumento da ingestão de água pelo pet.
Pet Med – Quais problemas de saúde podem surgir caso um pet não beba água suficiente?
Simone Regina Argenton-Perrella – O primeiro problema é a desidratação que pode ser leve a grave, podendo levar o indivíduo a morte. Sabemos que a água é fundamental para a manutenção da vida, para o metabolismo. Quando o indivíduo não recebe a quantidade de água necessária para manter a homeostase, o organismo tenta preservar órgãos vitais, principalmente o cérebro, mesmo assim o animal pode cursar com injúria renal aguda (IRA) por hipovolemia. Também pode aumentar a viscosidade do sangue predispondo isquemia e até trombose, hipotensão severa, alterações cardíacas, respiratórias, entre outros.
Quando desidratado, o indivíduo sente fraqueza, não consegue manter a temperatura adequada do organismo, secura de boca, enjoo, tontura, confusão mental. Após o animal ser hidratado pode ficar com sequelas, um das mais comuns é perda significativa dos néfrons, que são as unidades funcionais dos rins, e se tornar um doente renal crônico, por exemplo.
Pet Med – Água fresca é sempre a melhor opção para os pets?
Simone Regina Argenton-Perrella – O que é água fresca? Água fresca não é água gelada que cause desconforto. Cães e gatos preferem água próxima a temperatura de 15 a 20°C, enquanto as pessoas preferem água a partir de 8°C. No entanto há diferenças de acordo com a temperatura ambiente e gostos individuais. Existem animais que adoram morder pedras de gelo e outros que preferem a água com a temperatura mais próxima de 25°C.
A “água fresca” é aquela que lembre água corrente, principalmente para gatos, fornecidas em vasilhas de material agradável, como cerâmica, barro, aço inox, sempre limpas, em locais silenciosos, longe de fezes e urinas, muitas vezes longe da vasilha de comida, em vários locais da casa, na sombra, trocadas várias vezes ao dia.
Pet Med – Estamos chegando ao final da entrevista, então, quais são as suas orientações gerais você daria aos tutores para garantir que seus pets estejam sempre bem hidratados e saudáveis?
Simone Regina Argenton-Perrella – Os responsáveis pelos pets precisam entender que os animais são oniscientes, ou seja, sentem dor, medo, insegurança, tristeza, alegria, conforto, mas que muitas vezes não conseguem se fazer compreendidos. Assim, passar um tempo com seu pet vai ajudar a descobrir suas necessidades, sejam fisiológicas ou psicológicas. Os animais são excelentes companhias, trazem muitos benefícios para nossa família, fazem parte dela, mesmo que não acreditamos nisso. Tenho certeza que ao observar e cuidar da ingestão hídrica de seu pet, o tutor vai entender sua própria necessidade e de outros membros da família. Não importando como essa família é composta.
Pet Med – Para finalizar, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.
Simone Regina Argenton-Perrella – Gosto de comparar o fornecimento de água ao pet com o nosso próprio. Devemos tomar água quando sentimos sede, mas quantas vezes desistimos de um copo de água por estar longe, em uma temperatura desagradável, que pode ser muito quente ou muito gelada, sujo, com cheiro forte, em um ambiente desagradável, inseguro, com um material ruim, na correria do dia. O animal também “desiste” de seu “copo” de água se não for agradável ou ingere apenas o mínimo possível.
Dessa forma as vasilhas de materiais como metais, louças ou vidros, limpas, num ambiente seguro, sem distração, na temperatura agradável, insípida, inodora e incolor, à vontade ao longo de 24 horas para um animal saudável estimula a ingestão adequada.
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