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Por Pauline Machado

Quem convive com gatos já deve ter se perguntado por que, justamente quando a casa silencia, eles parecem despertar com energia total. São saltos noturnos, miados insistentes e corridas pela casa! Todos comportamentos relatados por muitos tutores, mas, quando esse padrão passa do limite, é hora de atenção. 

A hiperatividade noturna felina não é apenas uma característica da espécie, ela pode refletir causas comportamentais, emocionais e até clínicas, exigindo um olhar cuidadoso e individualizado por parte dos familiares.

Nesta entrevista, a médica veterinária Julyenne Escrivani, Mestre em Medicina Felina e especialista em Psiquiatria Animal, explica as origens desse comportamento, como ele pode ser influenciado desde a gestação até o ambiente doméstico, e quais as principais estratégias para promover uma rotina mais equilibrada entre descanso humano e bem-estar felino. 

Acompanhe a entrevista e compartilhe com amigos e familiares apaixonados por felinos!

Pet Med – Para  começarmos, nos diga: é verdade que os gatos têm um relógio biológico diferente do nosso? Se sim, como isso influencia no comportamento noturno deles?

Julyenne Escrivani – Sim, os gatos são essencialmente crepusculares, o que significa que o pico de energia e maior atividade coincide com suas principais presas: início da manhã e início da noite, podendo perdurar até a madrugada, dependendo do gato. Por exemplo, se ele foi gerado por uma gata que tem hábitos mais noturnos – lembrando que 50% da genética é do pai, ele pode ter preferência por hábitos crepusculares-noturnos. A fase de socialização, que vai até o quarto mês de vida no máximo, também influencia no comportamento do gato como um todo, podendo influenciar nesses horários.

Em suma, os gatos podem já vir com preferências por horários devido a sua gestação e sua primeira infância, mas esse comportamento pode ser moldado ao longo da vida com técnicas certas que não punem o gato. 

Pet Med – E quanto a rotina dos tutores? Influencia diretamente na qualidade do sono dos gatos?

Julyenne Escrivani – Sim, os gatos estão inseridos no contexto doméstico, e a forma como os tutores levam a vida influencia diretamente nos hábitos dos felinos. Eles são atávicos ao seu ancestral, então, preferencialmente eles possuem picos de energia logo no início da manhã e ao entardecer, o que pode ser incômodo para muitos tutores. O ideal é tentar gastar a energia do gato nesses horários, e aos poucos ir modulando esses comportamentos com técnicas para que, de forma saudável, os horários deles vão se aproximando aos dos humanos sem ser sofrido. Um comportamentalista felino pode auxiliar nesse processo. 

Pet Med – Como diferenciar um comportamento felino normal à noite de uma hiperatividade que merece atenção?

Julyenne Escrivani – Normalmente, quando lançamos mão de brincar com o gato, em forma de caça, como se ele estivesse perseguindo o brinquedo nesses horários, fim de tarde  / início de noite, por exemplo, eles vão se acostumando a gastar essa energia nesses momentos. 

Eu sempre oriento a dar uma quantidade de alimento úmido importante depois, o que permite o gato a se acostumar com essa rotina. Agora, se mesmo assim, mais tarde da noite, ou até mesmo ao entardecer, o gato continuar mostrando agitação, miando muito, andando de lá pra cá em casa, procurando interagir com outros – e os mesmos não apresentando a mesma disposição, buscando atenção do tutor de uma forma atípica, diferente do que o tutor está acostumado, vale a pena ligar o alerta e procurar ajuda de um comportamentalista para avaliar e se ele não for veterinário clínico também, busque um especialista para descartar problemas clínicos associados, que não são incomuns. Na minha rotina eles sempre estão associados. 

Pet Med – Quais são os principais fatores ambientais ou emocionais que podem desencadear agitação noturna nos gatos?

Julyenne Escrivani – Disputa de recurso entre gatos: sabemos que os gatos possuem hábitos individuais, e que mesmo em convívio com mais gatos e até outros animais, ele depende de momentos solitários para executar comportamentos específicos a espécie, como por exemplo usar o banheiro, se esconder em um local seguro e até mesmo caçar/comer que para o gato é basicamente a mesma coisa. 

Problemas clínicos: algumas doenças como o hipertireoidismo e o hiperaldesteronismo por exemplo, cursam com vocalização noturna. Outros fatores como dor, alterações de temperatura onde moram, mobilidade reduzida entre outros podem influenciar também. Na dúvida, sempre que o gato muda um padrão é interessante consultar um veterinário especialista para ajudar. Como disse anteriormente, não é incomum os problemas clínicos estarem associados a alterações comportamentais – eu atendo isso todos os dias.

Portas fechadas influenciam muito: os gatos são territorialistas, e toda vez que não conseguem acessar um ambiente do seu território, eles entram em alerta, estresse e ansiedade por não conseguir atingir o objetivo, e muitas vezes se sentem frustrados com isso, podendo desenvolver comportamentos associados, como a vocalização. Isso se intensifica porque normalmente quando fechamos alguma porta, atrás dela tem algo ou alguém que faz barulho, movimento e isso chama a atenção do gato porque não pode ter acesso aquele pedacinho do seu território naquele determinado momento. 

Ansiedade, frustração e disfunção cognitiva: esses são os problemas emocionais que mais desencadeiam vocalização principalmente à noite, logo após aquele pico de energia que em muitas situações não foi gasto anteriormente. Percebe que cursa com os problemas clínicos? Por isso a clínica e o comportamento andam juntas e sempre é necessário avaliação de ambas para cuidar com sucesso do problema e ajudar o gatinho e sua família. 

Pet Med – Filhotes e gatos adultos apresentam esse comportamento por motivos diferentes? Como a idade interfere?

Julyenne Escrivani – Sim, normalmente os filhotes podem fazer isso por sentir falta de companhia da mãe e dos irmãos ou quando chegam em uma casa nova, ou ainda por motivos de introdução estruturada e precisam ficar tempos sozinhos – a falta de interação de forma estruturada (momentos crepusculares) para gastar energia e permitir que eles descansem mais e desde cedo entrem na rotina dos adultos da casa.

Já os mais velhos, podem desenvolver doenças comuns na fase senil, que cursam com vocalização como o hipertireoidismo e hiperaldesteronismo por exemplo, doenças que causem dor e desconforto como a doença articular degenerativa ou doença renal crônica, fora a disfunção cognitiva que afeta a percepção do ambiente.  

Pet Med – Então, problemas de saúde ou dor crônica podem se manifestar como inquietação à noite? Quais sinais merecem investigação?

Julyenne Escrivani – Sempre, não só a noite, mas piora à noite por conta da temperatura diminuir e em muitos casos, perceber que estão sozinhos também. Então eu costumo brincar com meus clientes e falo: gato não quebra protocolo, se ele mudou qualquer coisa, mesmo que sútil no comportamento, investigue, pois assim como para nós, todas as mudanças que envolvem o corpo e mente, causa estranheza, e, como gato é estoico, ou seja, tolera dor, desconforto ou sofrimento sem demonstrar sinais evidentes, as primeiras mudanças sutis são no comportamento, como uma boa espécie presa eles não podem demonstrar fraqueza (sinais), então qualquer alteração no padrão não espere para procurar ajuda especializada. Muitas vezes quando o gato demonstra sinais de dor ou qualquer outro problema, a doença em si já está instalada. Eu vivencio isso diariamente. 

Pet Med – Quais ajustes de rotina e ambiente podem ajudar a reduzir a hiperatividade noturna de forma natural?

Julyenne Escrivani – Estruturação diária. Entender que os picos de atividades são ao amanhecer e ao anoitecer, tentar coincidir esses horários com a rotina dos humanos e outros animais de casa para brincar/gastar a energia do gato nesses horários em torno de 30-40 min, de preferência sozinhos. Não podemos esquecer que eles caçam e comem de forma solitária, e logo após isso oferecer uma quantidade de alimento úmido (ainda separados) como recompensa positiva. Dessa forma, eles vão se condicionando a gastar energia de forma assertiva nesses horários e são recompensados depois. Em contrapartida, em outros momentos eles poupam a energia para gastar nesses momentos. 

Pet Med – Existe espaço para terapias integrativas, como fitoterápicos, homeopatia ou suplementação natural nesse contexto?

Julyenne Escrivani – Sim, inclusive trabalho com todas e o que NUNCA pode ser deixado de lado é que todas essas alternativas são associadas a terapias comportamentais. Ou seja, primeiro eu estruturo a rotina dos gatos, gasto energia deles, recompenso de forma positiva, me certifico de que não tenha conflitos entre os gatos na casa e disputa de recurso por exemplo, para aí sim, lançar mão de terapias que vão auxiliar nesse processo, pois somente utilizar as terapias e não compreender que o gato precisa de todo o resto, não vai resolver. Muito pelo contrário, pode até piorar em alguns sentidos. 

Pet Med – Quando é o momento certo de intervir com suporte terapêutico? E quais os riscos de ignorar o problema?

Julyenne Escrivani –  Assim que perceber qualquer mudança no comportamento do gato, mesmo que sutil, pois como afirmei anteriormente, os gatos não quebram protocolo, e se algo mudou, é preciso investigar o que fez com que aquele animal monótono lançasse mão de mudar de comportamento para se proteger, possivelmente. Ignorar isso, vai piorar o problema inicial, podendo desencadear problemas clínicos e comportamentais associados e tornar o problema original mais difícil de identificar e resolver. 

Pet Med – Para quem busca um equilíbrio entre descanso humano e bem-estar felino, o que seria uma “rotina ideal” para gatos mais tranquilos à noite?

Julyenne Escrivani – Como disse, compreender que eles têm picos de atividade síncronos com suas principais presas. Logo, o melhor horário para gastar a energia deles em forma de caça/brincadeira condiz com esses horários. Depois, oferecer sempre um volume interessante de alimento úmido como recompensa positiva desde filhotes, para que isso já seja associado a rotina do gato desde pequeno. 

Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.

Julyenne Escrivani – Seria legal comentar que o gato normalmente não vocaliza com outro gato como principal forma de comunicação, eles são silenciosos, então a principal forma de se comunicar entre eles é através do olfato, posturas corporais e visão. 

Como eles estão no contexto doméstico, eles aprendem a miar para se comunicar com os humanos, pois para tudo praticamente que eles fazem, nós falamos com eles, respondemos em forma de voz e isso serve de estímulo. Então, se você sempre responder aos miados conversando com os gatos, ou se for à noite e acordar para ver o que o gato quer, falar com ele e até mesmo dar comida, por exemplo, são as principais formas de intensificar esses comportamentos. 

Sim existem mais gatos vocais como os Siameses e Sialatas, mas todos aprendem que miando damos mais atenção e lançam mão disso. Tentar não responder sempre, e direcionar a atenção do gato quando ele estiver miando muito para um brinquedo por exemplo, ou um enriquecimento alimentar para que ele seja distraído e “esqueça” de miar naquele momento, isso durante o dia, pois quanto mais ele aprende a miar de dia, ele vai querer repetir isso a noite. Todo comportamento noturno que precisa ser modificado, o início do tratamento é de dia, e depois atuamos no momento da disforia noturna.

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