O Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, nos convida a refletir sobre os efeitos nocivos do tabagismo para a saúde — não apenas para quem fuma, mas também para quem convive no mesmo ambiente, entre eles, os animais de estimação.
Especialmente, os cães e os gatos são expostos à fumaça do cigarro de forma passiva, constante e silenciosa e por isso, para eles, que têm o olfato e os pulmões muito mais sensíveis do que os humanos, o cigarro representa um risco maior e perigoso à saúde.
Por isso, nesta entrevista, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Rosiane da Silva, especializada em Clínica Médica de cães e gatos.
Entre outras orientações, a Dra.Rosiane nos conta como a fumaça do cigarro impacta a saúde respiratória, imunológica e até comportamental dos pets, além de discutir doenças associadas ao tabagismo passivo, como bronquite crônica, alergias, infecções recorrentes e até câncer.
A Médica Veterinária também alertou sobre os sinais que merecem atenção, as formas de proteger os animais e o papel essencial da conscientização nesse cuidado. Afinal, escolher parar de fumar pode ser um gesto de amor e proteção — não só com você, mas com quem compartilha sua vida, seu sofá, e até a sua cama!
Boa leitura!
Pet Med –Quais são os principais riscos que o cigarro representa para a saúde de cães e gatos?
Rosiane da Silva – Os principais riscos estão relacionados à exposição a uma infinidade de substâncias tóxicas presentes na fumaça. Para cães e gatos, isso se traduz em irritação das vias aéreas, danos aos pulmões, risco aumentado de problemas respiratórios e, a longo prazo, o desenvolvimento de doenças crônicas e até câncer, ou seja, a exposição constante compromete a saúde geral e a qualidade de vida.
Pet Med –De que forma a fumaça do cigarro chega até os pets e por que ela é tão prejudicial, mesmo sem contato direto?
Rosiane da Silva – De forma passiva: É a fumaça que o fumante exala ou que sai diretamente da ponta do cigarro aceso. Ela se espalha pelo ambiente e é inalada pelos animais.
De forma residual: Essa é a mais insidiosa e muitas vezes subestimada. São as partículas tóxicas que se depositam em superfícies, como pelos, móveis, tapetes e cortinas, mesmo depois que o cigarro foi apagado. Os pets entram em contato com essas partículas ao deitar, brincar ou, principalmente, ao se lamberem durante a higiene. É prejudicial mesmo sem contato direto porque as toxinas são liberadas no ar e se depositam em todo o ambiente, tornando-se uma fonte constante de contaminação para o animal, que respira o mesmo ar e se expõe às superfícies contaminadas.
Pet Med –Quais doenças podem ser causadas ou agravadas pela exposição à fumaça do cigarro nos animais?
Rosiane da Silva – As doenças mais comuns incluem:
Doenças respiratórias crônicas: bronquite, asma – especialmente em gatos, e inflamação das vias aéreas.
Infecções respiratórias recorrentes: pneumonia, infecções bacterianas e virais devido ao enfraquecimento das defesas locais.
Problemas dermatológicos e oculares como irritação nos olhos e na pele.
Doenças cardiovasculares, pois, em alguns casos, há um risco maior de problemas cardíacos.
Câncer, principalmente de pulmão e nasal em cães, sobretudo nos cães de focinho longo, e linfoma em gatos.
Pet Med –Existe diferença no impacto do tabagismo passivo entre cães e gatos?
Rosiane da Silva – Sim, podemos dizer que os gatos geralmente são mais afetados, especialmente da forma residual. Gatos são muito mais meticulosos em sua higiene, e ao se lamberem para se limpar, eles ingerem as partículas tóxicas da fumaça que se depositaram em seus pelos. Isso os torna mais suscetíveis a desenvolver linfoma, que é um tipo de câncer de células brancas do sangue e câncer de boca, além de problemas respiratórios como a asma felina.
Os cães também sofrem com problemas respiratórios e oculares devido à inalação da fumaça. Curiosamente, cães dolicocefálicos, como Collies e Dachshunds, parecem ter maior risco de desenvolver câncer nasal, enquanto cães com focinho curto, os braquicefálicos, tendem a ter mais problemas pulmonares e brônquicos. A forma como o ar é filtrado e onde as partículas se depositam varia conforme a anatomia do focinho.
Pet Med –A exposição à fumaça pode afetar o sistema imunológico dos animais ou aumentar sua vulnerabilidade a infecções?
Rosiane da Silva – Sim, a exposição à fumaça pode, sim, afetar o sistema imunológico dos animais. As toxinas presentes na fumaça irritam e danificam as células que revestem as vias respiratórias, que são a primeira linha de defesa contra microrganismos. Isso compromete a capacidade do corpo de remover partículas e combater infecções. Além disso, a inflamação crônica gerada pela fumaça pode sobrecarregar o sistema imune, tornando o animal mais vulnerável a infecções bacterianas, virais e fúngicas, e dificultando a recuperação de doenças.
Pet Med –Quais são os sinais clínicos que podem indicar que um cão ou gato pode estar sofrendo com os efeitos da fumaça do cigarro?
Rosiane da Silva – Os sinais são variados e, inicialmente, podem ser confundidos com outras condições respiratórias. Alguns dos mais comuns incluem:
Tosse crônica ou frequente, especialmente uma tosse “seca” ou irritativa.
Espirros persistentes.
Dificuldade para respirar como ofegar, respiração acelerada ou com esforço.
Secreção nasal ou ocular, olhos irritados ou avermelhados.
Pelo sem brilho, com odor persistente de cigarro.
Letargia, diminuição da energia ou disposição para brincar.
Perda de apetite ou emagrecimento, em casos mais avançados e chiado no peito, especialmente em gatos com asma.
Pet Med – Raças braquicefálicas, filhotes e animais com doenças crônicas respiratórias correm mais risco?
Rosiane da Silva – Com certeza. Raças braquicefálicas, de focinho curto, como Pugs, Buldogues, Shih Tzus e Gatos Persas, etc., já têm uma anatomia respiratória naturalmente comprometida. Suas narinas são mais estreitas, o palato mole é alongado e as vias aéreas são mais apertadas. A fumaça do cigarro agrava ainda mais essa condição pré-existente, causando maior inflamação e dificuldade respiratória, podendo levar a crises mais severas.
Já os filhotes têm o sistema respiratório e imunológico ainda em desenvolvimento, logo, a exposição precoce a toxinas pode causar danos permanentes aos pulmões e ao sistema imunológico, tornando-os mais suscetíveis a infecções e problemas crônicos ao longo da vida.
Os animais com doenças crônicas respiratórias, ou seja, aqueles que já sofrem de asma, bronquite crônica ou outras condições respiratórias, têm seus sintomas intensificados pela fumaça. A irritação agrava a inflamação existente e pode desencadear crises severas, necessitando de intervenção veterinária.
Pet Med – Além da inalação, a nicotina ou os resíduos tóxicos do cigarro podem ser absorvidos pela pele, pelos ou lambedura?
Rosiane da Silva – Sim, e essa é uma via de exposição muito importante, especialmente a da lambedura. A forma residual deposita partículas tóxicas em todas as superfícies, incluindo os pelos dos animais. Quando os pets se lambem para se limpar, eles acabam ingerindo essas substâncias nocivas. A nicotina e outros resíduos são então absorvidos pelo trato gastrointestinal. Em menor grau, a absorção pela pele também pode ocorrer se houver contato prolongado ou em grandes quantidades, mas a via oral (lambedura) é a mais relevante.
Pet Med –E, quanto ao real risco de câncer em pets associado ao ambiente com fumaça de cigarro?
Rosiane da Silva – Sim, o risco de câncer em pets associado ao ambiente com fumaça de cigarro é real e comprovado. As substâncias químicas presentes na fumaça do tabaco são carcinogênicas, ou seja, capazes de causar mutações nas células que podem levar ao desenvolvimento de tumores.
Em cães há um risco aumentado de câncer nasal (especialmente em raças dolicocefálicos, onde as partículas se depositam e irritam a mucosa nasal) e câncer de pulmão.
Nos gatos, há uma forte associação entre a exposição à fumaça e o desenvolvimento de linfoma – um câncer do sistema linfático, e câncer de boca. Isso se deve à ingestão das toxinas ao se lamberem, que irritam as mucosas do aparelho digestório.
A exposição crônica a esses agentes carcinogênicos leva à formação de tumores ao longo do tempo.
Pet Med –Fumar em outro cômodo ou perto de uma janela elimina o risco para os animais?
Rosiane da Silva – Não, não elimina o risco. Embora possa reduzir a concentração imediata de fumaça inalada, não é uma solução eficaz. A fumaça não respeita paredes ou janelas abertas. As partículas tóxicas se espalham pelo ar e conseguem entrar em outros cômodos. Mesmo com a janela aberta, parte da fumaça é sugada de volta para dentro ou se deposita nas superfícies do ambiente.
O resíduo tóxico nas superfícies ainda será um problema, pois as toxinas se depositam em todos os lugares, independentemente de onde o cigarro foi aceso. O único ambiente realmente seguro é aquele onde não há fumaça de cigarro em nenhum momento.
Pet Med –Que medidas práticas os familiares fumantes podem adotar para proteger seu pet da fumaça do cigarro?
Rosiane da Silva – A medida mais eficaz é parar de fumar completamente. No entanto, se isso não for possível imediatamente, algumas ações podem ajudar a minimizar a exposição, mas nunca a eliminar a exposição do pet à fumaça do cigarro, como por exemplo:
Fumar exclusivamente ao ar livre, longe dos animais e da residência: Essa é a única forma de evitar a exposição direta à fumaça.
Trocar de roupa e lavar as mãos após fumar e antes de interagir com o pet. Isso reduz a transferência de resíduos.
Não fumar dentro do carro com o pet presente.
Limpar frequentemente e rigorosamente o ambiente, incluindo as cortinas, os tapetes, as mantas, e limpar superfícies com frequência para remover as partículas tóxicas depositadas.
Evitar cinzeiros expostos. Os cinzeiros devem sempre estar limpos e fora do alcance dos animais, pois a ingestão de bitucas e cinzas é altamente tóxica.
Pet Med –Para finalizar, nos de um resumo, de como, de modo geral, a fumaça do cigarro impacta a qualidade de vida e a saúde dos cães e gatos.
Rosiane da Silva – De modo geral, a fumaça do cigarro impacta a qualidade de vida e a saúde dos cães e gatos de forma extremamente negativa. Ela os submete a um estresse crônico no sistema respiratório e imunológico, tornando-os mais propensos a doenças, infecções e, em casos mais graves, ao desenvolvimento de cânceres. Os pets acabam tendo menos energia e disposição, ficam doentes ou com dificuldade respiratória, não brincam, não se exercitam e não interagem como deveriam. A inflamação e as doenças respiratórias podem causar tosse constante, falta de ar, desconforto e dor. Animais expostos cronicamente à fumaça tendem a viver menos e com menor qualidade de vida. Em resumo, a exposição à fumaça transforma o lar em um ambiente de risco contínuo para a saúde do pet, comprometendo seu bem-estar físico e emocional.
Neste aspecto, gostaria de reforçar, ainda, a ideia de que a responsabilidade pela saúde do pet recai inteiramente sobre seus tutores. Muitas vezes, a relação entre o tabagismo do tutor e a saúde do animal não é imediatamente óbvia para as pessoas, e os sintomas podem ser atribuídos a outras causas. É fundamental que os veterinários eduquem os familiares sobre os riscos do tabagismo passivo, pois a conscientização é a primeira e mais importante ferramenta de prevenção.
Outro ponto importante é que não há um nível “seguro” de exposição à fumaça de cigarro. Mesmo a exposição ocasional ou em pequenas quantidades pode ter efeitos cumulativos e prejudiciais. Os animais, por viverem no mesmo ambiente que seus tutores e terem sistemas respiratórios mais sensíveis, são verdadeiras “sentinelas” da qualidade do ar doméstico. O que é prejudicial para nós, muitas vezes é ainda mais prejudicial para eles.
Por fim, é crucial lembrar que o bem-estar animal vai além da alimentação e do acesso a cuidados veterinários básicos, ele engloba um ambiente seguro e saudável. Proteger os pets da fumaça do cigarro é um ato de amor e responsabilidade que impacta diretamente na sua qualidade de vida e longevidade. Incentivar a cessação do tabagismo entre tutores de animais não é apenas uma questão de saúde humana, mas de saúde pública animal.
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O glaucoma é uma das doenças oculares mais silenciosas e perigosas que acometem, também, a visão dos cães e gatos, podendo levá-los à cegueira irreversível se não forem identificados e tratados a tempo.
Embora seja mais comum em algumas raças e idades, o glaucoma pode surgir de forma súbita ou secundária a outras condições, como uveítes ou luxação de cristalino. Por isso, na entrevista de hoje, vamos entender como os familiares podem, no dia a dia, reconhecer os sinais clínicos precoces. A Médica Veterinária, Natércia Ribeiro Silva, especializada em Oftalmologia e fundadora da Majstra Formulações Veterinárias, nos explica, também quais exames são essenciais para o diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis — desde colírios até intervenções cirúrgicas, sempre com foco na preservação da visão e da qualidade de vida dos animais.
Acompanhe a entrevista e compartilhe com seus amigos e familiares!
Boa leitura.
Pet Med – O que exatamente é o glaucoma e por que ele representa um risco tão grande à visão dos cães e gatos?
Natércia Ribeiro Silva – O glaucoma é aumento da pressão intraocular devido a não drenagem do humor aquoso – líquido que preenche a parte anterior do olho. Esse aumento vai levando a perda da visão gradativa irreversivelmente, pois ocorre perda das células da retina e degeneração do nervo óptico devido a pressão sobre esses tecidos. É uma das principais causas de cegueira em cães.
Pet Med – Quais são os principais tipos de glaucoma que acometem cães e gatos, e como eles se desenvolvem?
Natércia Ribeiro Silva – Classificamos o glaucoma em três formas: .
1 – O glaucoma pode ser primário ou secundário, de acordo com a sua causa;
2 – Agudo ou crônico com base na sua evolução;
3 – Com ângulo aberto ou fechado de acordo com a aparência do ângulo de drenagem.
Então, podemos ter:
Glaucoma primário com aumento da PIO não associado a outras doenças. Tem caráter hereditário, geralmente bilateral.
Glaucoma primário de ângulo aberto, devido às alterações metabólicas das células trabeculares.
Glaucoma primário de ângulo fechado, com alterações mecânicas no ângulo de drenagem.
Glaucoma secundário, associado a uma doença ocular prévia que obstrui o cais de drenagem do humor aquoso, geralmente unilateral, podendo ser bilateral.
Pet Med – Quais sinais clínicos devem acender o alerta de que um animal pode estar desenvolvendo glaucoma?
Natércia Ribeiro Silva – Quando a parte branca do olho fica vermelha, o piscar intenso, olho com aspecto azulado, pupila dilatada, perda da visão, e, em casos crônicos, aumento do globo ocular.
Pet Med – Os sintomas do glaucoma são sempre visíveis ou pode haver evolução silenciosa da doença?
Natércia Ribeiro Silva – É uma doença silenciosa, mas conforme vai agravando os sinais vão se manifestando.
Pet Med – Existe alguma predisposição racial ou genética conhecida em cães e gatos?
Natércia Ribeiro Silva – Sim, as raças caninas predispostas ao glaucoma primário são:
As fêmeas têm maiores chances de desenvolver devido apresentarem o ângulo iridocorneano menor.
Pet Med – Como é feito o diagnóstico do glaucoma na prática veterinária e quais exames são indispensáveis?
Natércia Ribeiro Silva – O diagnóstico é feito com equipamento específico que mede a pressão intraocular do olho. Esse equipamento se chama Tonômetro, podendo ser de aplanação ou de rebote.
Pet Med – Qual é o papel da tonometria e com que frequência ela deve ser realizada em animais de risco?
Natércia Ribeiro Silva – A tonometria faz parte da rotina da avaliação oftálmica. Em animais predispostos ou em tratamento controlado, o ideal é ser avaliado a cada seis meses.
Pet Med – Uma vez diagnosticado, o glaucoma tem cura ou o objetivo do tratamento é apenas controle?
Natércia Ribeiro Silva – O glaucoma é uma doença crônica, que não tem cura. O objetivo é tentar retardar a progressão para a perda da visão e aliviar a dor e desconforto do aumento da pressão e possíveis complicações devido aumento do globo ocular como ceratites e úlceras de córnea.
Pet Med – Quais são as opções de tratamento clínico disponíveis atualmente e como elas atuam?
Natércia Ribeiro Silva – O tratamento do glaucoma vai variar de acordo com o estágio da doença, etiologia e presença ou ausência da visão. Começamos com tratamento clínico com colírios antiglaucomatoso para controlar a pressão intraocular, associado a medicação injetável em casos de glaucoma agudo. Podendo associar medicamentos orais neuroprotetores, os nutracêuticos.
O objetivo seria diminuir a produção do humor aquoso e aumentar a drenagem do mesmo para resultar na diminuição da pressão intraocular. Os principais ativos utilizados são: Dorzolamida, timolol, latanoprosta, manitol, bimatoprosta e brinzolamida.
Pet Med – Em que situações o tratamento cirúrgico é indicado e quais são as técnicas mais utilizadas?
Natércia Ribeiro Silva – Olhos não responsivos ao tratamento clínico podemos direcionar para o tratamento com implantes de drenagem, criocirurgia, cito fotocoagulação, gonioimplates, iridencleise, trabeculectomia, ablação química intravítrea ou enucleação.
Pet Med – Quais são os maiores desafios no manejo do glaucoma em gatos, considerando seu comportamento mais reservado?
Natércia Ribeiro Silva – A aplicação dos colírios e a quantidade de vezes necessárias ao longo do dia podem ser fatores de estresse para os felinos. Assim como utilizar colar protetor em alguns casos. Felinos com hábitos de vida fora da sua casa podem ter mais chances de machucar olhos buftálmicos, ou seja, que tenham olhos com tamanho maiores.
Pet Med – Qual é a importância do acompanhamento contínuo e os riscos da perda de visão em cães e gatos com glaucoma?
Natércia Ribeiro Silva – Animais com glaucoma precisam ter acompanhamento frequente até o controle da pressão, depois acompanhamento pelo menos a cada dois a três meses até a PIO manter estável. Após esse período o ideal é acompanhar a cada seis meses. Não conseguimos prever o tempo para a perda de visão, apenas ir acompanhado a evolução com os exames clínicos. Sabemos que haverá essa perda, mas não conseguimos precisar o período, vai depender de cada organismo e sua reação ao tratamento, mas, animais sem tratamento evoluem muito rápido para perda da visão.
Pet Med – Qual é a importância de suportes, como por exemplo o Calm Pet, da Pet Med, para proporcionar uma melhor qualidade de vida emocional aos pacientes que estão perdendo a visão, dando-lhes mais segurança e conforto?
Natércia Ribeiro Silva – Se o pet for muito agitado e que impeça a aplicação dos colírios, o que implique em aumentar a pressão do olho por ficar pulando muito por exemplo, pode ser válido. Segurança e conforto serão mais em relação ao manejo, como exemplo não mudar móveis de lugar, isolar áreas de risco como escadas e piscina, andar com a coleira mais curta junto ao corpo, ver um pet para ser o cão guia desse animal que futuramente perderá a visão. Para perdas agudas da visão, o Calm Pet pode ajudar também, assim como a dedicação do tutor, que é outro fator muito importante para o sucesso do tratamento. Não é um tratamento fácil, nem barato, então, é importante o tutor conversar com o seu veterinário sobre a melhor estratégia de tratamento que vá garantir o melhor para o pet e seus familiares.
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Assim como nós, humanos, os animais também sentem dor, com a diferença de que, para identificar a dor em cães e gatos, o desafio é um pouco maior, uma vez que esses animais muitas vezes escondem seu desconforto instintivamente. Portanto, é fundamental que os familiares estejam atentos aos sinais sutis que podem indicar que eles estão sofrendo, e neste contexto, a observação cuidadosa e a compreensão do comportamento habitual de cada animal são essenciais para identificar a dor precocemente.
Para este assunto que envolve várias nuances, conversamos com exclusividade com o Médico Veterinário Álvaro José Chávez Silva, que dedica seu tempo e mantém sua rotina de estudos focada na dor crônica dos animais.
Álvaro é Doutor em Anestesiologia com ênfase em dor crônica pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC-BA; Mestre em clínica e cirurgia com ênfase em anestesiologia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM-RS, e segue seus estudos com as especializações em andamento em Comportamento Animal pelo Instituto de Saúde e Psicologia Animal – INSPA e em Fisioterapia animal pelo Instituto Brasileiro de Recursos Avançados – IBRA.
Acompanhe a entrevista que está super completa e aproveite para compartilhar com seus amigos e familiares.
Pet Med – O que caracteriza a dor crônica em cães e gatos, e como ela se diferencia da dor aguda?
Álvaro José Chávez Silva – Se pensarmos na dor, desde o ponto de vista da evolução ou da sua importância biológica, ela tem um propósito, uma função: a de preservar a vida, nos alertando sobre uma lesão existente, a fim de protegermos esta parte do corpo que se encontra lesionada e vulnerável, evitando assim, maiores lesões, enquanto o corpo faz a sua função de retornar a lesão à normalidade, devolvendo não só o aspecto de saudável, mas a sua funcionalidade. Assim, quando há uma ferida, por exemplo, na pele, esta área do corpo encontra-se sensível e dolorosa. Uma vez cicatrizada, o normal seria que a dor fosse embora junto com a lesão. No entanto, quando a lesão dura muito tempo em cicatrizar, quando a presença da dor persiste além do tempo de cura ou cicatrização da ferida, quando há evidência de lesão estrutural significativa de nervos, ou até quando não há uma evidência de lesão, mas existe presença de dor, muito provavelmente, encontramo-nos diante de uma condição dolorosa crônica.
Desta forma, a dor crônica caracteriza-se por estar presente por longo tempo, por não ter uma função biológica de proteção da lesão, como é o caso da dor aguda, por envolver alterações mais profundas do sistema nervoso que perpetuam e acentuam a percepção da dor, mesmo na ausência de dano tecidual real. Além, disso, caracteriza-se por ter uma resposta limitada aos tratamentos convencionais, como aos anti-inflamatórios, assim como por contribuir com o estado mental dos animais, alterando a qualidade do sono, gerando ansiedade, agressividade, isolamento, depressão, perda de peso, angústia, estresse crônico, etc.
Dito de outra forma, a dor aguda serve como sinal de existência de dano tecidual real, gerando comportamentos de alerta e de proteção para preservação da vida, bem como da recuperação do animal, ao passo que a dor crônica persiste para além do tempo normal de cicatrização, muitas vezes perde sua função protetora inicial e pode se tornar uma condição patológica em si mesma, levando a sofrimento, disfunção e redução da qualidade de vida do animal.
Pet Med – Como a dor crônica se manifesta em cães e gatos, e por que muitas vezes passa despercebida?
Álvaro José Chávez Silva – Nós humanos temos, quase sempre, a capacidade de expressarmos nossos sentimentos e pensamentos de forma oral, ao sentirmos fome, sede, sono, cansaço e até mesmo dor. Já os animais, por carecerem de capacidade de autorrelato, não conseguem nos dizer como se sentem, onde e quanto doi. Logo, cabe a nós, familiares, pais e mães de pets, veterinários, terapeutas, treinadores etc., identificar, localizar, quantificar, tratar, avaliar e reavaliar a presença de dor nos animais, de acordo com as nossas atribuições e capacidades.
A dor crônica, além do mais, é uma experiência individual, influenciada por diversos fatores internos e externos, por tanto, cada indivíduo pode vivenciá-la de formas diferentes dada suas circunstâncias de vida, experiências passadas, traumáticas, estado de saúde geral, fatores genéticos, alimentícios etc…, tendo assim, múltiplas formas da dor crônica aparecer e manifestar-se. No entanto, podemos dizer de forma geral, que a dor crônica pode-se observar por meio de mudanças físicas e do comportamento que impactam aspectos da vida dos nossos pets de formas insuspeitadas, como alteração do estado mental e de humor, padrões de descanso e sono, de alimentação, hidratação, eliminação, atividade física, socialização, conduzindo a ansiedade, depressão e estresse, sendo este último, um fator contribuinte relevante para o aparecimento de outras condições clínicas, que poderiam ser interpretadas como independentes da dor crônica.
Desta forma, não apenas a ampla diversidade e sutileza de possíveis manifestações de dor crônica nos nossos pets, mas a normalização ou associação de alguns destes sinais ao envelhecimento natural deles, tornam a identificação e tratamento pertinente da dor crônica muito desafiadora. Também, assumir que tais comportamentos são apenas normais e naturais naqueles pets com personalidades mais distantes, solitários, retraídos, tímidos e esquivos, faz com que tais sinais sejam passados por alto e não levados em consideração. É importante salientar que, é esperado que alguns cães e gatos tenham uma tendência por ocultar comportamentos associados à dor, por serem descendentes evolutivos de animais ferais que, na natureza, eram predadores, mas também presas. Diante disso, torna-se importante tentar desenvolver um olhar sensível e atento com os nossos pets, para assim buscar ajuda ou assistência de profissionais com preparo técnico adequado.
Pet Med – Quais sinais clínicos e comportamentais mais sutis podem indicar que um animal está com dor crônica?
A observação e o conhecimento atento, próximo e sensível aos nossos pets nos permite identificar ou ao menos suspeitar de que algo não está de acordo com o normal neles. Ao levar nossos pets ao veterinário, e quando conversarmos com ele/a, estaremos oferecendo informação valiosa que pode não ser percebida durante a consulta, mas que faz grande diferença na identificação de dor crônica. Os sinais clínicos que podem ser observados e aos que podemos estar atentos são: perda de peso corporal a expensas da massa muscular, perda do brilho e a densidade da pelagem, perda de áreas específicas de pelagem por lambido excessivo, claudicação, mudanças sutis no jeito em que caminham, dificuldade ou relutância em subir ou descer escadas, camas e sofás, postura arqueada o encurvada, relutância a esticar-se completamente, deitar-se exclusivamente de um lado, para aliviar a região dolorida, dificuldade em levantar-se ou deitar-se, diminuição ou perda do apetite.
Já os sinais comportamentais plausíveis de serem observados são alterações do comportamento normal ou conhecido dos nossos pets, bem como aumento ou diminuição excessivo de comportamentos normais, isto é, diminuição do investimento em atividades cotidianas que antigamente geravam muita alegria, isolamento, busca reduzida da companhia de humanos ou outros animais, busca incrementada de atenção por parte dos tutores, expressões faciais de angústia, reação de evitação ou agressão ao toque, vocalizações, embora menos frequente que nos casos de dor aguda, tremores espontâneos na pele, diminuição dos hábitos de higiene, especialmente em gatos, eliminação de xixi e cocô em lugares errados ou fora da caixa, constipação por evitar adotar a postura de defecação ou por dificuldade de acessar o lugar certo para fazer as deposições.
Estes sinais, podem facilmente serem associados a outras causas, que não condições dolorosas crônicas.
Pet Med – Como é feita a avaliação da dor crônica em pets? Existem escalas ou protocolos específicos para isso?
Álvaro José Chávez Silva – Ao percebermos que a dor crônica não é apenas um sinal da presença de uma lesão, como no caso da dor aguda, e sim uma doença em si mesma, com diferentes formas de manifestar-se, causada por muitas condições de diferentes naturezas, como traumas, câncer, quimioterapia, diabetes etc., é importante uma anamnese e um exame físico detalhado.
Mas, não somente fazer uma avaliação do que pode ser visto diretamente no momento da consulta clínica ou até mesmo pelos exames complementares, como os de sangue, ultrassom, raios-X etc…, mas, sim, uma avaliação inicial detalhada da vida do pet, para além da consulta. Ter informações sobre se ele faz atividades físicas diárias, alimentação, condições pré-existentes, padrões de sono, mudanças de comportamento social, desempenho cognitivo, mudanças na sua treinabilidade etc…
Seguidamente, é realizada a avaliação física, observando a marcha espontânea, quando possível, além da avaliação de todos os sistemas orgânicos, cardiorrespiratório, digestivo, nervoso, osteomuscular, com especial ênfase na mobilidade dos membros e articulações e a sensibilidade dolorosa.
A indicação de exames complementares é, por vezes, uma importante ferramenta na comprovação da presença de condições dolorosas crônicas. No entanto, além da disponibilidade e os custos econômicos de alguns destes, os exames complementares podem ir até um determinado ponto como ferramenta diagnóstica, e a ausência de sinais claros de dor com tais exames, não são necessariamente uma comprovação da ausência de dor nos nossos animais. Todavia, a identificação da dor crônica pode ser subjetiva e estar sujeita à interpretação do veterinário devido à incapacidade de comunicação verbal dos pets, a variações individuais na expressão da dor, à influência do ambiente, à interpretação humana e à natureza multifacetada da dor crônica, que além de componentes físicos, envolve componentes emocionais e comportamentais.
Felizmente, já existem ferramentas que auxiliam na redução da margem de erro na identificação de dor crônica, como escalas que atribuem um peso numérico a diferentes fatores físicos, emocionais e comportamentais, como Escala Facial Felina (FGS), especificamente para gatos, avalia expressões faciais sutis associadas à dor aguda e crônica; Escala de Dor Musculoesquelética da Universidade da Carolina do Norte (NCSU-CSM), focada na dor musculoesquelética em cães; Teste de Osteoartrite da Universidade de Montreal (MOAT), especificamente para avaliar a dor da osteoartrite em cães e a Escala de Dor da Universidade de Melbourne (UMPS), uma escala mais abrangente que avalia vários parâmetros comportamentais. Ao utilizar estas ferramentas e abordagens de forma combinada, é possível reduzir significativamente a subjetividade e aumentar a precisão na interpretação da dor crônica em cães e gatos, permitindo um manejo mais eficaz e uma melhor qualidade de vida para os animais afetados.
Pet Med – Por que os gatos têm maior tendência a esconder a dor, e como isso impacta o diagnóstico? E como demonstram estar sentindo dores?
Álvaro José Chávez Silva – Gatos são magníficos pets, com uma natureza comportamental muitas vezes incompreendida, por serem vistos como pequenos cães, porém mais solitários e independentes – um erro frequente, sustentado pela visão histórica a eles atribuída. É importante reconhecer as diferenças entre cães e gatos, uma vez que, para além de serem extremamente lindos, são animais com ancestrais evolutivos muito diferentes. Isto dita muito dos seus comportamentos, incluindo a forma em que expressam a dor, muito relacionada aos seus instintos de sobrevivência.
Na vida silvestre, os ancestrais evolutivos dos gatos eram predadores, mas também presa e ao serem animais menos sociáveis e não terem uma vida em matilha, as demonstrações de vulnerabilidade ou fraqueza podiam significar uma ameaça à vida, sendo assim necessário adotar posturas mais estoicas diante de lesões ou dor. Esse instinto de autopreservação é profundamente enraizado no repertório comportamental do gato doméstico. Somado a isto, sinais de dor podem passar despercebidos pela menor oportunidade de observação de comportamentos dos gatos, pois momentos de maior atividade acontecem durante períodos noturnos, em que os tutores dormem. Também, os gatos têm uma média de 12 a 16 horas de sono por dia, tendo ainda menor chance de expressarem comportamentos associados à dor de forma a serem vistos pelos tutores.
Os sinais de dor em gatos podem ser muito mais sutis e mais difíceis de serem identificados em comparação com os cães, que muitas vezes vocalizam (choram, gemem, latem) ou mancam de forma mais evidente quando estão com dor aguda. Os gatos tendem a expressar dor através de mudanças comportamentais mais discretas, com tendências a tornarem-se mais reclusos, esconder-se, terem menor interação social, menor engajamento em brincadeiras, menos saltos, maior tempo de sono, diminuição da higiene, a autolimpeza ou lambedura excessiva numa área específica, associada ou não ao local de dor, diminuição ou perda de apetite, desenvolvimento de seletividade alimentar. Podem também adotar posturas curvadas, andar rígido. Um dos principais meios de observar desconforto e dor em gatos, é por meio da avaliação da expressão facial, onde orelhas ligeiramente rodadas e olhos semifechados podem ser observados, assim como, testa franzida, focinho e vibrissas tensas e apertadas, cabeça baixa à altura das costas. É frequente deparar-se com gatos que desenvolvem sensibilidade aumentada ao toque e alterações nos hábitos de eliminação, recusando-se a usar a caixa de areia ou a área escolhida para tal finalidade.
Pet Med – E nos cães? Como eles demonstram ou escondem os sinais de dor?
Álvaro José Chávez Silva – Já nos cães, sinais de demonstração de dor são mais perceptíveis, pela sua natureza corporal e facial mais expressiva, podendo ser evidenciados por comportamentos de vocalização como ganidos, choros, uivos, alterações posturais como claudicação ou rigidez na marcha, deitar-se ou sentar-se apenas usando um lado para aliviar a pressão e dor na região acometida, colocar a cabeça baixa, diminuição ou perda de apetite e hidratação, letargia ou aumento do número de horas de sono, desenvolvimento de reações protetivas, evitativas ou até agressivas ao toque na área dolorosa, redução do entusiasmo por atividades físicas como brincadeiras, passeios ou outras atividades pelas que antes mostrava interesse e dificuldade em deitar-se ou levantar-se. Alguns cães podem lamber excessivamente a região dolorosa, levando à perda da pelagem naquela região, e mudanças no humor, tornando-se mais ansiosos, sensíveis aos sons, irritadiços e deprimidos. Apesar de serem naturalmente mais expressivos que os gatos, certos cães, podem ainda, por instinto, procurar ocultar sinais de fraqueza ou vulnerabilidade. Este comportamento pode ser mais evidente em cães de temperamento reservado ou em situações de estresse. Isto, indubitavelmente leva à supressão dos sinais de dor. Outros cães podem mascarar a dor, empregando outros grupos musculares como compensação e forma de adaptação, mantendo assim uma aparência funcional, que dissimula os sinais de dor aos tutores. Ainda, há cães que, por tentar agradar aos tutores, fazem esforços por manter as atividades em que são engajados, mesmo com dor, suprimindo sinais de desconforto nas sessões de interação. Ainda, não é estranho que sinais sutis de dor sejam confundidos com o processo natural do envelhecimento ou interpretados como atitudes “preguiçosas” pelos tutores, assim pequenas alterações na rotina diária ou interação social podem passar despercebidas.
Pet Med – Qual a importância de abordar a dor crônica precocemente, mesmo em casos leves ou sem sinais aparentes?
Álvaro José Chávez Silva – Ainda sobre as diferenças entre a dor aguda e crônica, uma vez que a dor aguda cumpriu a sua função de manter protegida a área acometida, para evitar lesões adicionais, esta some gradativamente, até o retorno da sensibilidade à normalidade, ao passo que a dor crônica persiste para além da resolução da lesão dos tecidos, tornando-se cada vez mais “inteligente”. A dor crônica vale-se da capacidade do sistema nervoso de alterar sua estrutura e função em resposta à experiência persistente da dor, por meio de um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. Assim, o sistema nervoso passa por uma série de mudanças mal adaptativas que contribuem para a manutenção e intensificação da dor, mesmo após a lesão inicial ter cicatrizado.
Quanto mais tempo passa, maiores e mais complexas mudanças acontecem no sistema nervoso, tanto periférica quanto centralmente, afetando não apenas o componente sensorial – a sensação física de desconforto, mas também estruturas nervosas associadas ao humor, memória, processamento das emoções, levando os nossos pets a experienciar estados emocionais negativos, em detrimento da sua qualidade de vida. Consequentemente, quanto mais tempo passa a dor sem ser tratada e mais mudanças estruturais acontecem no sistema nervoso, maior será o desafio de encontrar estratégias terapêuticas eficientes que contribuam à redução da dor nos nossos pets.
Pet Med – Que tipos de doenças estão mais associadas à dor crônica em cães e gatos, especialmente em animais mais velhos?
Álvaro José Chávez Silva – A dor crônica pode ser classificada, segundo sua origem, em três tipos, nociceptiva – aquela que resulta da ativação de receptores de dor devido a um estímulo nocivo ou a uma lesão tecidual real ou potencial; neuropática – aquela que acontece devido a uma lesão ou disfunção de nervos periféricos, medula espinhal e cérebro e a nociplástica – aquela que acontece apesar de não haver evidência clara de dano tecidual real ou ameaça de lesão. Assim, a dor crônica pode estar presente em animais que sofreram lesões traumáticas por pancadas, atropelamentos, fraturas, amputações, calor ou frio extremo, queimaduras químicas, interrupções do fluxo sanguíneo, bem como diante da presença de tumores, tratamento de quimioterapia, diabetes mellitus, que podem afetar animais de todas as idades.
No entanto, animais idosos encontram-se particularmente suscetíveis à dor crônica, em decorrência da presença de doenças da coluna vertebral, como doença do disco intervertebral e espondilose, luxações do quadril e do cotovelo, osteoartrite, síndrome da cauda equina, afecções orais crônicas, dor oncológica e por tratamento com quimioterápicos, neuropatias e estados de estresse persistente. Por tanto, a avalição da presença e nível de dor em animais idosos, precisam ser feitos, além do controle da causa ou condição primária, uma vez que esta pode ser negligenciada ou subestimada, em prejuízo da saúde e bem-estar de animais idosos.
Pet Med – De que forma a dor pode modificar o comportamento, a mobilidade ou até o humor do animal?
Álvaro José Chávez Silva – Humanos e animais não humanos, particularmente cães e gatos, compartilhamos de algumas estruturas nervosas associadas ao processamento da dor, o que, apoiado pela ciência, nos permite extrapolar alguns componentes da experiência dolorosa. Se lembrarmos ou imaginarmos o desconforto sentido pela presença constante e insidiosa de uma dor que nos acompanha há muito tempo, não seria difícil empatizar com a dor dos animais, e traríamos a nossa mente como esses estados persistentes de dor podem alterar nossa capacidade de lidar com atividades cotidianas como, sentar-se, levantar-se, deitar-se, comer, caminhar, ler, trabalhar, ou até mesmo ver luz e escutar sons.
Pessoas com dor crônica relatam uma perda do prazer de viver, de interagir socialmente, ir à rua ou sustentar uma conversa com pessoas amadas. Se considerarmos que a dor crônica tem a capacidade de alterar a estrutura e funcionamento de neurônios periféricos, da medula espinhal, mas também do cérebro, poderíamos dimensionar o impacto que a dor pode ter em regiões do cérebro associadas à regulação das emoções, modulação e percepção da dor, devido à hiperexcitabilidade e sensibilização, modificando a forma como os animais percebem e respondem ao seu ambiente. Essas alterações podem resultar numa percepção da dor aumentada, numa modulação da dor deficiente e num maior componente emocional associada à dor, como ansiedade, medo, depressão. O desempenho de atividades físicas pode ainda estar limitada, não apenas pela presença da dor em si mesma, mas pela diminuição da motivação em fazer atividades físicas, como consequência de estados emocionais negativos, o que contribui a um ciclo vicioso de inatividade, persistência da dor e apatia ou depressão.
O aparecimento de comportamentos indesejáveis não é uma rareza em animais que experimentam dor. Condutas destrutivas, como mecanismo de compensação da dor, eliminação inadequada, agressividade, apatia, isolamento, ansiedade, entre outras, são alguns exemplos de consequências da presença de dor crônica não tratada em cães e gatos.
Pet Med – Quais são os recursos atuais mais eficazes para o controle da dor crônica em pequenos animais?
Álvaro José Chávez Silva – Para podermos oferecer uma melhora significativa na experiência de dor e na qualidade de vida aos nossos pets, precisamos fazer uso de todas as alternativas ou modalidades terapêuticas possíveis e ao nosso alcance, desde que baseadas em evidência, com respaldo científico e prescritas por profissionais da área. Embora o uso de terapia farmacológica seja muitas vezes a primeira opção que nos vêm à mente, quando se trata de dor, algumas abordagens devem ser evitadas. A monoterapia, que se vale do uso de um único tratamento, está cada vez mais em desuso, pelas limitações que esta comporta. Por exemplo, perda do efeito terapêutico, necessidade de incremento da dose administrada para atingir o efeito desejado e aparecimento de efeitos adversos. Assim, o uso de terapias multimodais passa a ser mais adequado para o controle da dor crônica em cães e gatos, desde que prescritos e avaliados por médico veterinário qualificado.
Juntamente à abordagem farmacológica, devem ser incorporadas medidas que permitam a modificação e enriquecimento do ambiente, que promovam a redução do estresse e que permitam auxiliar aos pets na manutenção da funcionalidade e autonomia de movimentação, para uma melhora da qualidade de vida. Evidências corroboram com os inúmeros efeitos benéficos de manter a atividade física, de acordo com as capacidades e limitações dos animais, de uma alimentação adequada e balanceada e da relevância do sono qualidade em indivíduos com condições dolorosas crônicas.
Terapias complementares e alternativas (TCA) como cinesioterapia, terapias térmicas, laserterapia, eletroterapia, hidroterapia, magnetoterapia, oxigenioterapia hiperbárica, ozonoterapia, acupuntura, moxabustão, massoterapia e osteopatia, entre outras, são algumas das opções não-farmacológicas que podem contribuir na redução da dor nos nossos pets. Adicionalmente, dietas terapêuticas e suplementos anti-inflamatórios, antioxidantes, condroprotetores, desde que prescritos por um médico veterinário qualificado, assim como controle do peso, crucial para promover estados corporais adequados e evitar sobrecargas articulares, também podem ser estratégias terapêuticas que contribuem de forma relevante na melhora da qualidade de vida de animais em condições de dor crônica.
Pet Med – O que é analgesia multimodal e em que casos ela é recomendada?
Álvaro José Chávez Silva – Quando nos referimos à analgesia multimodal, fazemos referência ao uso de mais de uma estratégia terapêutica. A complexidade da natureza da dor crônica, que age por diferentes mecanismos moleculares, em diversas estruturas do sistema nervoso, torna muitas vezes, infrutífero ou limitado o alcance a partir do uso de terapias únicas, por exemplo, um único tipo de analgésico ou anti-inflamatório. A terapia multimodal visa atacar a dor em diferentes pontos do sistema nervoso e influenciar os vários fatores que contribuem para a experiência dolorosa. Os principais objetivos de terapia multimodal são permitir um melhor controle da dor, fazer uso de doses reduzidas de cada medicamento utilizado, potenciando efeitos benéficos sinérgicos ou aditivos e reduzindo o risco de efeitos adversos ou colaterais decorrentes do uso de doses mais altas de um único medicamento. Também, consideramos terapia multimodal a incorporação de terapias farmacológicas junto a terapias não-farmacológicas, como as mencionadas anteriormente.
Pet Med – Além de medicamentos, que medidas ambientais e de manejo podem ajudar animais com dor crônica?
Álvaro José Chávez Silva – Além das terapias medicamentosas, como analgésicos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, antidepressivos etc., existem medidas ambientais e de manejo que possibilitam uma melhora na qualidade de vida de pets com dor crônica. Tais medidas dependerão do tipo específico de dor crônica, o tempo que o animal convive com a dor, as limitações que a dor tem-lhe causado em termos de mobilidade e autonomia, e da identificação dos gatilhos da dor.
Oferecer camas confortáveis ou ortopédicas que aliviem a pressão sobre áreas dolorosas; superfícies seguras e antiderrapantes para evitar escorregões ou quedas; rampas ou escadas adequadas para facilitar o acesso a locais elevados como sofás, camas, carros, para reduzir o estresse nas articulações; bandejas sanitárias de fácil acesso para os gatos com laterais baixas para facilitar a entrada e saída da caixa, especialmente para gatos com problemas articulares; tigelas de comida e água elevadas ou acessíveis para animais com dores no pescoço o coluna, para reduzir a necessidade de se curvarem, diminuindo o desconforto; zonas de descanso seguras e tranquilas onde possam descansar sem ser perturbados, permitindo um sono reparador, essencial para o bem-estar e para lidar com a dor; manter a temperatura adequada dos locais que o animal frequenta, evitando temperaturas de extremo frio ou calor que possam agravar a dor em alguns animais, ou oferecendo cobertores aquecidos o mantas térmicas, sempre com supervisão; evitar estímulos aversivos como sons altos, abruptos, movimentos bruscos, ou outros estímulos estressantes que possam gerar ansiedade no animal.
Visitas regulares ao médico veterinário são de extrema importância para poder fazer avaliações do estado geral do pet, com ênfase na resposta aos tratamentos realizados, podendo, às vezes, ser necessários ajustes nas modalidades e doses terapêuticas, controle do peso, indicações de sessões de fisioterapia ou reabilitação.
Vale ressaltar a grande importância da interação e o vínculo do tutor com o seu pet, que devem ser sempre gentis prodigando amor e afeto, respeitando as limitações do animal. Os familiares devem ser pacientes para reduzir o nível de ansiedade do animal, gerando um ambiente acolhedor e seguro, onde possam se sentir à vontade. Não devemos subestimar o efeito reparador do amor como forma de suporte essencial para o bem-estar e a resiliência e como um componente fundamental do manejo humanizado da dor em cães e gatos.
Pet Med – Como o ambiente, a rotina e os cuidados diários podem influenciar positivamente na dor de longo prazo?
Álvaro José Chávez Silva – O ambiente, a rotina e os cuidados diários têm um impacto significativo no manejo da dor de longo prazo em animais, influenciando tanto a experiência individual da dor quanto o bem-estar geral dos nossos pets. Quando otimizados, podem reduzir a intensidade do desconforto e o sofrimento emocional, aumentar o prazer pela realização de atividades lúdicas ou rotineiras e a interação social, tanto recebendo como oferecendo afeto aos membros da família.
O cuidado atento dos fatores ambientais, a rotina e os cuidados diários podem melhorar significativamente a qualidade de vida e até mesmo diminuir a necessidade de altas doses de medicamentos, particularmente relevantes em animais idosos.
Em resumo, um ambiente enriquecido e adaptado, uma rotina previsível e consistente, e cuidados diários atenciosos e personalizados são pilares fundamentais no manejo da dor de longo prazo em animais. Essas medidas não apenas complementam os tratamentos médicos, mas também promovem o bem-estar físico e emocional, contribuindo significativamente para uma melhor qualidade de vida, ao passo que fortalecem o vínculo afetivo entre o animal e o tutor. Embora o fortalecimento do laço afetivo entre tutores e animais seja visto de forma positiva, por vezes, este mesmo vínculo e a empatia pelo sofrimento do animal pode ser uma fonte de sofrimento para o tutor, pela observação e entendimento do estado do seu pet. Desta forma, níveis reduzidos de dor e sofrimento, e estados emocionais positivos, podem também ser fonte importante de tranquilidade para os tutores de animais que convivem com condições dolorosas crônicas.
Pet Med – É comum a dor crônica ser confundida com envelhecimento ou mudanças de temperamento?
Álvaro José Chávez Silva – Sim, é muitocomum a dor crônica e o envelhecimento ou mudança de comportamento serem confundidas entre si, devido ao aparecimento sutil e gradual dos sinais de dor, à incapacidade de autorrelato dos animais e às características da dor crônica, descritas como sensação de queimação, formigamento, choque elétrico, agulhadas, pontadas, peso ou pressão, rigidez, difusa ou mal localizada, câimbras ou espasmos musculares, entre outras, podemos imaginar que os animais possam, por um lado, mascar alguns comportamentos de forma consciente ou inconscientemente, pela diminuição da qualidade, quantidade e amplitude da mobilidade ou, por outro lado, apresentar comportamentos inusuais, indesejáveis, destrutivos, auto destrutivos, agressivos ou ansiosos como mecanismos de compensação ou expressão da dor. Estas manifestações podem variar significativamente entre indivíduo, dependendo da causa subjacente e da personalidade e temperamento do animal, chegando em alguns casos a ser limitante ou incapacitante.
Desta forma, animais idosos com menos energia, mobilidade reduzida, maiores tempos de descanso ou sono e alterações no humor e problemas de comportamento, podem ser mal interpretados como apenas velhos, o que seria esperado diante do processo normal de envelhecimento, quando na verdade, podemos estar diante de possíveis sobreposições de sinais de dor e envelhecimento. Independente da cronologia do aparecimento ou da causalidade, a dor deve ser tratada de acordo com as circunstâncias do animal.
A incompreensão e mal interpretação destes comportamentos ou sinais de dor, pode ser fonte de frustração do proprietário levando a negligenciar a dor e o sofrimento do animal, podendo gerar ruptura do vínculo afetivo, maus tratos, abandono e no pior dos casos à eutanásia, embora pouco frequente no Brasil. Por tanto, é imprescindível fazer uma correta diferenciação de forma atenta e holística, considerando múltiplos fatores.
A dor crônica pode estar melhor representada pela redução específica de atividades como subir e descer escadas, saltar, brincar, passear, enfim, atividades que antes eram prazerosas, mudanças na marcha com rigidez após o descanso que melhora com o movimento leve, claudicação intermitente ou constante ou passos mais curtos, posturas anormais, curvadas, cabeça baixa e transferência de peso, irritabilidade ao ser tocado em certas áreas, evitar carícias ou manipulação, dificuldade em encontrar uma posição confortável, sono interrompido; lambedura excessiva, focada em uma área específica do corpo; gemidos ou choros ocasionais ao se mover. Por sua vez, o envelhecimento, pode se apresentar como uma diminuição geral da energia e da velocidade, com lentidão mais generalizada, sem evitar atividades específicas devido à dor. Pode haver alguma rigidez matinal, que geralmente melhora rapidamente com o movimento, menor interesse em atividades de alta intensidade, mas ainda participa de atividades mais leves. Outro fator a considerar na diferenciação entre dor crônica e envelhecimento é baseado na função física. Na dor crônica, haverão limitações específicas na amplitude de movimento, dificuldade em realizar movimentos que exigem flexão ou extensão de certas articulações, enquanto que no envelhecimento pode haver diminuição geral da flexibilidade e da força, mas sem dor óbvia associada ao movimento. A resposta a analgésicos (teste terapêutico), pode ser uma ferramenta valiosa na diferenciação entre dor crônica e envelhecimento, uma vez que uma melhora significativa no nível de atividade, humor e mobilidade após a administração de analgésicos devidamente prescritos pelo veterinário sugere fortemente a presença de dor e diante de envelhecimento ou mudanças de temperamento, geralmente, não há melhora significativa com analgésicos.
Pet Med – Que mensagem você deixaria para tutores que acreditam que “ficar mais quieto” é apenas sinal de envelhecimento, e não de dor?
Álvaro José Chávez Silva – Eu gosto de pensar que realizar atividade física é uma forma de envelhecer com dignidade, não para evitar ficar velho. Ficar mais quieto não deveria ser uma atitude ou um comportamento normalizado associado ao envelhecimento nem em nós humanos, nem nos nossos pets. Ainda que velhos, humanos e animais, e porque não juntos, deveríamos evitar “ficar mais quietos”. Se ao tentarmos induzir a atividade física em nossos pets, percebermos que há desconforto, relutância ou ausência do desfrute da atividade, atenção! Talvez seja hora de procurar o médico veterinário, para avaliar a presença de dor crônica. Infelizmente, não há uma cura única e exclusiva ou um tratamento milagroso para a dor crônica. Ao invés de cura, tratamos de buscar maneiras de oferecer aos nossos pets uma melhora significativa da sua qualidade de vida, de forma que possam viver com dignidade e sejam capazes de receber ou oferecer amor, tendo o prazer de experienciar a vida com mais tempos de alegria que de angústia.
Pet Med – Para os cães com diagnóstico de dor crônica, de que modo o uso de suportes como os protetores de membros e o colete Calm Pet da Pet Med, podem ajudar a proporcionar a eles uma melhor qualidade de vida e longevidade?
Álvaro José Chávez Silva – Ao se tratar destas questões relevantes sobre o manejo da dor crônica, é importante salientar a necessidade do uso de abordagens terapêuticas embasadas em evidências científicas sólidas e na individualização do tratamento para cada paciente.
Em relação ao uso de suportes como os protetores de membros da Pet Med para animais com dor crônica, é importante considerar que estes produtos podem desempenhar um papel coadjuvante no manejo da dor, especialmente em casos específicos. Em situações onde a dor crônica está associada a problemas articulares, calos de apoio ou higromas, os protetores podem oferecer proteção mecânica e suporte adicional. Ao reduzir o atrito, a pressão e o impacto sobre as áreas afetadas, eles podem auxiliar na manutenção da mobilidade e reduzir a dor induzida pelo contato.No entanto, é crucial ressaltar que a eficácia destes suportes dependerá da etiologia específica da dor crônica, da localização e da extensão das lesões, e devem ser integrados a um plano de manejo mais amplo, que pode incluir farmacoterapia, fisioterapia e outras abordagens.
No que concerne ao Calm Pet e seu papel em animais com alterações de comportamento devido à dor crônica, é fundamental entender que a dor persistente pode gerar ansiedade, irritabilidade e alterações no padrão de sono, impactando significativamente o bem-estar emocional do animal. Coletes de compressão como o Calm Pet, baseados no princípio da pressão profunda, podem teoricamente promover uma sensação de segurança e calma em alguns animais, através da estimulação do sistema nervoso parassimpático. Contudo, assim como os suportes de membros, a sua eficácia provavelmente variará significativamente entre indivíduos, dependendo da causa subjacente da dor, da intensidade do desconforto e da natureza específica das alterações comportamentais. É essencial considerar os produtos como uma ferramenta complementar dentro de uma estratégia de manejo comportamental mais abrangente, que pode envolver a identificação e o tratamento da causa primária da dor, modificação ambiental, técnicas de dessensibilização e, em alguns casos, intervenções farmacológicas específicas para o comportamento.
Em ambos os cenários, a avaliação clínica individualizada e a compreensão da etiologiae da apresentação específica da dor crônica em cada paciente são pilares fundamentais para determinar a aplicabilidade e o potencial benefício destes produtos. A decisão de incorporar suportes de membros ou o Calm Pet no plano de tratamento deve ser baseada em avaliações clínicas criteriosas e na observação da resposta individual de cada animal, sempre considerando a sua integração com outras modalidades terapêuticas comprovadamente eficazes no manejo da dor crônica.
Pet Med – Por fim, quais são suas considerações finais para os nossos leitores?
Álvaro José Chávez Silva – A abordagem terapêutica da dor deve ser humana e realista. Fazer uso dos conhecimentos mais recentes, consistentes e baseados em evidência científica é importante para encontrar aquelas terapias que melhor se adaptam ao contexto do animal e à realidade do tutor. Oferecer soluções esdrúxulas, excessivamente otimistas com promessas de cura, não são apenas irreais, mas também injustas e antiéticas com os tutores, e correm risco de negligenciar outras terapias que poderiam oferecer melhor resultado no tratamento. Finalmente, o tratamento da dor deve ser multimodal, holístico e sensível. Entender e tratar a dor em animais é um alto sinal de evolução humana, indica amor e compaixão pelos mais vulneráveis, aqueles que nos têm sido confiados e sem interesse egoísta nos oferecem o seu amor.
O Dia Nacional de Prevenção da Alergia (7 de maio) é uma data importante para conscientizar a todos sobre a saúde dos seus animais de estimação, especialmente no que diz respeito às reações alérgicas que podem afetar cães e gatos.
As alergias em pets têm se tornado cada vez mais comuns, e muitos tutores desconhecem como esses problemas podem se manifestar. Por isso, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária, Fernanda Almeida Porto Cardoso Araújo, que atua como clínica geral e é especializada em Dermatologia de cães e gatos.
Ela ressalta que essas reações podem ser desencadeadas por diversos fatores, incluindo alimentos, pólens, ácaros e produtos de limpeza, resultando em desconforto significativo para os animais, e que, portanto, é fundamental que os tutores estejam atentos aos sinais de alergia e busquem orientação veterinária o quanto antes, para garantir uma vida saudável e feliz para seus companheiros.
Acompanhe a entrevista e compartilhe com amigos e familiares!
Pet Med – O que caracteriza uma alergia em pets e por que ela é considerada uma condição crônica que exige atenção constante?
Fernanda Araújo – A alergia é uma resposta desregulada do sistema imunológico a alérgenos, que podem ser ácaros, pólens, grama, alimentos e parasitos.
Pet Med – Quais são os tipos mais comuns de alergia em cães e gatos, e como cada uma pode se manifestar?
Fernanda Araújo – Os tipos mais comuns de alergia em cães e gatos são a dermatite atópica, que está relacionada intimamente aos alérgenos ambientais; alergia à presença de ectoparasitas, como pulgas, carrapatos, ácaros e mosquitos, ou reações adversas aos alimentos, em geral à proteínas.
Pet Med – Além da coceira intensa, que outros sinais o tutor deve observar que podem indicar um quadro alérgico?
Fernanda Araújo – Sem dúvida a coceira intensa é o sinal clínico mais frequente, mas também é comum animais apresentarem otites, lambeduras de patas, queda de pelo, meneios de cabeça e até mesmo vômito e diarreia.
Pet Med – Alergia é apenas um problema de pele ou pode afetar outros sistemas do organismo do animal?
Fernanda Araújo – Não, a alergia não é apenas um problema de pele. A alergia pode sim, afetar outros sistemas, como gastrintestinal, causando vômitos e diarreia; oftálmico, ocasionando blefarite, úlcera de córnea, nas orelhas, as otites, podendo levar até à alterações neurológicas, quando a otite se agrava.
Pet Med – Como as alergias impactam o bem-estar emocional, o comportamento dos animais e a qualidade de vida de todos da família, incluindo o pet?
Fernanda Araújo – Quando a alergia não é controlada, os sintomas se intensificam e causam desconforto, tanto para o animal, quanto para a família. O animal não para de se coçar, inclusive durante a noite, podendo ficar irritado e agitado. Pode sentir dor e se tornar até agressivo. O odor da pele e das orelhas se intensifica e gera mal-estar, principalmente em animais que dormem nas camas ou ficam nos sofás de casa, e por isso, alguns tutores optam em deixar o animal mais isolado, sobretudo quando recebem visitas.
Pet Med – Que raças ou perfis de pets são mais predispostos a desenvolver doenças alérgicas? Há influência genética?
Fernanda Araújo – Algumas raças com predisposição a alergias são Shih-tzu, Bulls, Yorkshire, Lhasa apso, Golden Retriever, Dachshund e Beagle.
Pet Med – De que maneira o ambiente doméstico pode contribuir para o surgimento ou agravamento das alergias?
Fernanda Araújo – O ambiente doméstico é sim um fator relevante e merece bastante atenção. A poeira doméstica contendo ácaros é um dos principais deflagradores de crises. Podemos incluir também a poeira de obras.
Pet Med – Quais são os erros mais comuns no dia a dia quando os familiares tentam lidar com a alergia sem diagnóstico veterinário?
Fernanda Araújo – Com base na minha rotina, posso dizer que dentre os erros mais comuns no dia a dia estão repetir receitas sem a orientação do médico veterinário, comprar medicações por conta própria, buscar soluções mágicas pela internet e achar que produtos de limpeza são os maiores causadores de alergia. Esses equívocos podem acabar piorando o quadro alérgico ou até mesmo colocar a vida do pet em risco. Por isso, é de extrema importância que seu pet seja examinado por um médico veterinário, especializado em dermatologia, para orientar toda a conduta.
Pet Med – Por que é tão importante investigar a causa da alergia ao invés de apenas tratar os sinais clínicos?
Fernanda Araújo – Se a causa da alergia não for identificada, teremos quadros recorrentes com frequência e com o tempo a alergia se intensifica e o quadro se agrava, como por exemplo, otites de repetição, podendo levar o animal a apresentar perda de audição e/ou sintomas neurológicos. É fundamental investigar a alergia e sempre identificar a causa base para que assim as crises sejam evitadas. Não tratamos sintomas, tratamos a doença.
Pet Med – Quais são os recursos modernos e eficazes disponíveis hoje para o tratamento das alergias em cães e gatos?
Fernanda Araújo – O primeiro passo é identificar qual alergia o pet tem e a partir daí , de acordo com cada caso, traçar a melhor estratégia. Não existe uma receita de bolo. Mas hoje em dia temos excelentes opções de tratamento que vão desde shampoos até imunoterapia alérgeno específica, as vacinas de alérgenos. Estamos em constante avanço, hoje já temos no mercado medicações orais, injetáveis e excelentes rações hidrolisadas.
Pet Med – Que medidas simples os familiares podem adotar para prevenir ou reduzir os riscos de crises alérgicas?
Fernanda Araújo – Não há nada que possa impedir o cão ou o gato a ter uma predisposição alérgica, mas é possível sim criar hábitos que possam prevenir as crises, como por exemplo a dermatite alérgica à picada de parasitas. Nesses casos, as crises podem ser evitadas fazendo uso de preventivos de ectoparasitos de uso regular. A limpeza do ambiente também é muito importante.
Pet Med – Para finalizar, qual mensagem você deixa para conscientizar os familiares sobre o impacto real das alergias na vida dos pets?
Fernanda Araújo – É importante compreender que a dermatite não tem cura, requer tratamento e pode ser sim controlada, por isso é fundamental o acompanhamento com profissional especializado em dermatologia veterinária. Por isso, ao perceber algum desses sinais que falamos, agende o quanto antes uma consulta com o médico veterinário da sua confiança. Lembre que a saúde e bem estar do seu pet é muito importante e cuidar dele é sua função também, então, não espere ver seu animal perder qualidade de vida para procurar ajuda de um profissional especializado em dermatologia.
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Manter a qualidade de vida de cães e gatos vai muito além da alimentação adequada e visitas regulares ao Médico Veterinário. Assim como para nós, a atividade física regular é um pilar essencial para o bem-estar físico e mental dos pets, que ajuda a prevenir doenças, a melhorar o comportamento e a fortalecer ainda mais o vínculo com seus familiares.
Para explicar detalhadamente a importância da atividade física não apenas para os cães, mas, também para os gatinhos, conversamos com a Médica Veterinária, Marcela Squillaro Rubo Spadoni, nutricionista, fisiatra e pós graduada em fisioterapia e reabilitação animal.
Acompanhe a entrevista e compartilhe com seus amigos e familiares, assim, mais pessoas terão acesso a informações precisas sobre como o exercício físico influencia a saúde de cães e gatos em todas as fases da vida, afinal, assim como nós, os animais também precisam se mover para viver melhor!
Boa leitura!
Pet Med – Para começarmos, por favor, nos explique o que podemos entender por qualidade de vida para animais de estimação, especificamente para cães e gatos.
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Qualidade de vida para animais domésticos está relacionada ao bem-estar geral do animal, ou seja, o quanto ele está saudável, feliz, confortável e livre de sofrimento físico e emocional. Vou detalhar alguns exemplos:
Cuidados veterinários regulares, como vacinas, vermifugação, exames de rotina, alimentação adequada e balanceada, exercícios físicos, entre outros estão ligados à saúde física.
Ambiente livre de estresse, medo ou ansiedade, que tenha estímulo mental como brinquedos, atividades, interações, companhia, estão ligados à saúde e ao bem-estar emocional, assim como viver em um espaço limpo, seguro e confortável, com temperatura e iluminação adequadas, com áreas para descanso, alimentação e higiene, como as caixas de areia para gatos.
A qualidade de vida também tem a ver com o vínculo com os tutores, que deve ser baseado em respeito e afeto, atenção e tempo de qualidade juntos, comunicação clara e não punitiva.
Todos esses aspectos influenciam na saúde e na qualidade de vida dos animais.
Pet Med – E, de que maneira a atividade física contribui para a qualidade de vida dos cães e gatos?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – A atividade física contribui muito para a qualidade de vida dos animais, pois, melhora a saúde física com redução de peso, fortalecimento muscular e articular, assim como melhora o funcionamento do coração e dos pulmões. Também ajuda a prevenir doenças, reduzindo o risco de obesidade, diabetes, problemas articulares e cardiovasculares.
A atividade física também atua como um estímulo mental quando os os pets fazem caminhadas, quando brincam, quando sentem novos odores. Todas essas experiências ajudam na prevenção do estresse, da ansiedade e de comportamentos destrutivos e, como consequência, temos o aumento da longevidade, uma vez que passam a viver melhor e por mais tempo, mantendo um corpo e uma mente saudáveis.
Pet Med – Quais são os benefícios mais importantes da atividade física regular para a saúde dos animais?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – A atividade física diária traz vários benefícios importantes para os animais. Além dos que eu citei acima, podemos destacar o controle de peso, que ajuda a prevenir obesidade, que pode causar diabetes, problemas cardíacos e articulares. Fortalecimento muscular e ósseo, mantendo os músculos e ossos fortes, especialmente importante em animais idosos. A atividade física melhora a circulação e sistema cardiovascular, aumentando a resistência e o melhor funcionamento do coração, além de estimular o sistema digestivo e ajudar a evitar problemas como a constipação.
No campo emocional, a atividade física ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade e o tédio, sobretudo em cães e gatos que ficam muito tempo sozinhos. Melhora, também, a socialização, ajudando os animais a se tornarem mais sociáveis e confiantes com outros animais e humanos.
Em resumo, animais ativos vivem mais e com mais qualidade de vida.
Pet Med – Cães e gatos têm necessidades diferentes em termos de exercícios físicos?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Sim, cães e gatos têm necessidades bem diferentes.
Os cães são animais sociais, acostumados a viver em grupo e a se movimentar bastante, logo, necessitam de estímulos físicos e mentais regulares por cerca de 30 minutos a 2 horas. Essa variável vai depender da raça, idade e saúde, mas, de forma geral, os cães saudáveis tendem a gostar de caminhadas, corridas, brincadeiras de buscar objetos, agility e trilhas.
Já os gatos são mais independentes, predadores solitários, com picos curtos de energia, sendo mais ativos ao amanhecer e ao anoitecer. As necessidades de exercício vão variar de 10 a 20 minutos algumas vezes ao dia. Eles costumam gostar de brincadeiras que imitam caça, com varinhas com penas, laser, ratinhos, escaladas em prateleiras ou arranhadores, e, também, de esconder petiscos.
Pet Med – Existe uma quantidade mínima recomendada de exercício diário para cães e gatos?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – O tipo de atividade física ideal varia conforme a raça, idade, porte e nível de energia do cão. Vou citar alguns exemplos de acordo com faixa etária e grupo de raças:
Filhotes (até 1 ano):
Exercícios curtos, leves e frequentes, evitando impacto nas articulações que ainda estão em crescimento;
Brincadeiras com brinquedos macios, pequenas corridas, socialização com outros cães e pessoas.Pode ser atividades de caça ao petisco, escondendo pela casa ou quintal; pode ser comandos básicos com reforço positivo e caminhadas leves, desde que sejam curtas e controladas.
Adultos (1 a 7 anos):
Aqui os cães estão no auge da energia e precisam de mais estímulo.
Cães ativos e atléticos (Border Collie, Pastor Alemão, Labrador, Husky)
• Caminhadas longas
• Corridas, trilhas, natação
• Agility, frisbee, busca de bolinha, jogos de faro
Cães de porte médio/calmo (Bulldog, Shih Tzu, Basset)
• Caminhadas moderadas
• Brincadeiras leves no quintal ou em casa
• Enriquecimento com brinquedos interativos
Cães pequenos/energéticos (Poodle, Jack Russell, Spitz)
• Caminhadas curtas e frequentes
• Brincadeiras com obstáculos baixos
• Jogos com petiscos e brinquedos de caça
Cães idosos (a partir dos 7 a 9 anos, dependendo da raça):
Nesta fase da vida, as atividades devem ser mais calmas e de baixo impacto, cujo foco deve ser sempre em manter a mobilidade e saúde mental. Caminhadas curtas e regulares, a natação, se o cão gostar e estímulos mentais com brinquedos de estratégia ou comandos simples são excelentes formas de manter a atividade f[isica para os idosos.
Dicas extras por tipo de cão:
• Raças de trabalho (Border, Pastor, Doberman): precisam de tarefas como treinos, jogos de faro e obediência avançada.
• Cães de companhia (Lhasa, Maltês, Chihuahua): preferem interações humanas, jogos curtos e enriquecimento em casa.
• Cães braquicefálicos (Pug, Bulldog): cuidado com calor e esforço, as atividades devem ser feitas com cuidado e preferencialmente em horários frescos, com curta duração e com pausas.
Pet Med – Quais são os riscos para a saúde dos cães quando não fazem atividades físicas diariamente?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Cães que não fazem atividade física diariamente correm vários riscos para a saúde, tanto física quanto mental.
Eles podem ficar obesos, pois, sem atividade, o cão consome mais calorias do que gasta, o que leva ao acúmulo de gordura e, consequentemente, à obesidade, e isso pode gerar outros problemas como diabetes, dificuldade respiratória e doenças cardiovasculares. É importante ressaltar que cães que não se exercitam têm maior risco de desenvolver problemas no coração e na circulação sanguínea.
Os cães sedentários também podem desenvolver problemas nas articulações e nos músculos, tendo maior tendência a terem atrofia muscular, rigidez nas articulações e displasias agravadas, como a de quadril ou cotovelo.
Além de problemas físicos, a falta de atividade física também pode trazer problemas comportamentais como ansiedade, agressividade, destruição de objetos, latidos excessivos e depressão. Sem falar no envelhecimento precoce, pois, a falta de exercício pode acelerar o envelhecimento do cão, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida.
Pet Med – E para os gatos?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – A falta de atividade física para gatos também pode levar a uma série de problemas de saúde e comportamento. Sendo um dos riscos mais comuns, o sedentarismo, que faz com que os gatos tenham mais tendência a ganhar peso, o que pode desencadear outras doenças como o Diabetes Mellitus, o diabetes tipo 2 em gatos.
Assim como nos cães, o sedentarismo contribui para a rigidez e dores nas articulações, especialmente em gatos mais velhos. A falta de exercícios também pode enfraquecer o coração e afetar a circulação. Vale ressaltar que os gatos precisam de estímulo mental e físico, e, portanto, a inatividade pode levar ao tédio, ansiedade e até depressão.
Quando entediados, sem gasto de energia, os gatos podem desenvolver comportamentos indesejados pelos humanos, como arranhar móveis, agressividade ou miados excessivos.
Além disso, o sedentarismo pode levar os gatos a terem problemas digestivos, como prisão de ventre, por exemplo, pois a movimentação no dia a dia ajuda o sistema digestivo.
Pet Med – Como os familiares podem identificar se seus animais de estimação estão fazendo atividade física adequadamente?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Identificar se seu pet está fazendo exercícios suficientes envolve observar o comportamento, o corpo e a saúde geral dele. Aqui vão alguns sinais para ajudar a avaliar:
Nível de energia
• Suficiente: Ele parece relaxado e calmo em casa, mas animado na hora do passeio ou brincadeira.
• Pouco exercício: Fica agitado, hiperativo, late muito ou destroi objetos.
• Excesso de exercício: Parece exausto, relutante a se mover, mancando ou dormindo excessivamente.
Condição corporal
• Boa: Você sente as costelas facilmente, mas sem vê-las, e ele tem uma “cinturinha” visível.
• Falta de exercício: Sobrepeso, dificuldade de se levantar, respirar ofegante com facilidade.
• Excesso: Perda de massa muscular ou emagrecimento exagerado.
Comportamento
• Bem equilibrado: Interage bem com as pessoas e outros animais, não apresenta comportamentos destrutivos.
• Pouco exercício: Mostra tédio, ansiedade, late ou mia sem motivo, morde objetos.
• Excesso: Pode ficar irritado, evitar brincadeiras, ou parecer dolorido.
Sono e descanso
• Normal: Dorme bem, mas está ativo durante o dia.
• Pouco exercício: Pode dormir muito por tédio, mas ainda parecer “inquieto”.
• Excesso: Dorme em excesso por exaustão, parece lento ou apático.
Saúde geral
• Bem exercitado: Tem bom apetite, fezes normais, respiração e batimentos cardíacos estáveis.
• Pouco ou muito exercício: Pode apresentar problemas digestivos ou respiratórios
Pet Med – Para os casos em que os cães apresentam algum tipo de problema de mobilidade, de que modo o uso de suportes que ajudam a reduzir os impactos nas lesões ou nas articulações, podem ajudar a manter a rotina de atividade física em dia proporcionando mais qualidade de vida e longevidade aos animais?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – O uso de suportes pode ser bom para a qualidade de vida de animais com problemas de mobilidade, especialmente durante a atividade física. Os suportes como os protetores de membros da Pet Med, ajudam a reduzir o impacto sobre articulações, dando suporte e mantendo o animal ativo com segurança. É muito importante que esse suporte seja de qualidade e avaliado pelo veterinário fisiatra ou ortopedista. Eles podem reduzir a sobrecarga nos outros membros, ajudar no processo de reabilitação e ainda permitem movimento mais seguro.
Outras estratégias que complementam os suportes são exercícios na água, como a hidroterapia, pois movimenta com baixo impacto. O uso de tapetes antiderrapantes em casa, que evita escorregões e quedas, assim como rampas ou escadas baixas para facilitar acesso a sofás, camas ou carros, e, como disse, sessões curtas e frequentes de atividade.
Pet Med – E para os casos em que os animais são medrosos, não se sentem confortáveis com os passeios na rua?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Muitos animais sentem medo de passear na rua. Esses, podem se beneficiar muito do uso de produtos como o colete Calm Pet, da Pet Med, que é uma linha de produtos calmantes naturais que ajudam a reduzir ansiedade, estresse e reatividade em situações desafiadoras, como o passeio.
O Calm Pet pode ajudar a reduzir a ansiedade antecipatória, as reações exageradas a estímulos e a tornar o aprendizado mais fácil pois ficam mais calmos. O ideal é usar o Calm Pet em conjunto com a rotina de passeio, colocando o colete no animal cerca de 20 a 30 minutos antes do passeio.
Pet Med – Para finalizar, como os familiares podem e devem incorporar a atividade física na rotina diária de seus cães e gatos?
Marcela Squillaro Rubo Spadoni – Incorporar atividade física na rotina dos cães e gatos é uma tarefa simples e funcional.
Para os cães
Os familiares devem incluir os passeios na rotina da manhã ou final do dia, o que pode incluir jogar bola, brincar de esconde-esconde, fazer túneis e obstáculos com almofadas e caixas, treinar comandos, fazer atividades em família e levar o cão junto. Contratar dog walkers ou creches caninas são boas opções para famílias sem tempo.
Vale reforçar que para cães que moram em casa com quintal, o espaço extra é uma vantagem, mas ter um quintal não substitui a necessidade de exercícios estruturados e interação diária. Muitos familiares acham que “só por ter espaço”, o cão já está se exercitando, mas na verdade, muitos cães só ficam deitados, entediados ou andando pouco, se não forem estimulados.
Para esses casos, aqui vão algumas recomendações:
1. Brincadeiras ativas no quintal
• Jogar bola, frisbee ou brinquedos de puxar
• “Esconde-esconde” com petiscos ou brinquedos
• Corridas curtas com você ou entre obstáculos improvisados
2. Enriquecimento físico e mental
• Crie circuitos de obstáculos com cones, túneis que podem ser feitos de caixas, rampas.
• Esconda petiscos pelo quintal ou use brinquedos tipo “Kong” recheado.
• Alterne brinquedos para evitar que ele enjoe.
3. Treinamento diário
• Treinos curtos de comandos como sentar, dar a pata, buscar, etc…
• Isso gasta energia mental e fortalece o vínculo com você.
4. Caminhadas fora de casa
• Mesmo com quintal, levar o cão para passear na rua é importante:
• Estimula a mente com novos cheiros, sons e interações.
• Ajuda na socialização com pessoas e outros cães.
• Diminui o tédio e problemas comportamentais.
5. Interação com outros cães
• Se possível, promova encontros com cães vizinhos, mas sempre com supervisão. Lembre que socialização é uma forma de exercício físico e mental
Para os gatos
Gatos de apartamento também precisam de atividade física diária. Deve-se estimular o que seria o comportamento natural deles: caçar, explorar, subir, observar e brincar. Para isso, aqui vão algumas atividades físicas recomendadas:
1. Brincadeiras de caça simulada
• Varinhas com penas, fitas ou brinquedos com cordão que simulam presas em movimento.
• Luz de laser: ótimo para estimular o instinto caçador, mas, sempre finalize com um brinquedo físico para ele “capturar”.
• Ratinhos e brinquedos que se mexem sozinhos também funcionam bem.
2. Enriquecimento ambiental
• Arranhadores altos, torres ou estantes para que os gatos possam escalar, pular e observar.
• Caminhos elevados e prateleiras na parede ajudam a explorar verticalmente.
• Esconder petiscos pela casa ou em brinquedos interativos (tipo “Kong” de gato) para estimular a mente e o olfato.
3. Caminhadas com peitoral, se o gato for sociável e adaptado desde filhote, passeios com coleira e guia em locais seguros (como corredores de prédio ou varanda com tela) podem ser uma forma leve de exercício.
4. Caixas, sacolas e túneis
• Gatos adoram explorar esconderijos.
• Túneis de tecido, caixas de papelão ou até sacolas de papel (sem alça) incentivam o movimento.
5. Treinamentos com comandos
• Ensinar comandos simples como “senta”, “vem”, “dá a pata” com petiscos é ótimo para o corpo e o cérebro.