Por Pauline Machado
A qualidade de vida dos animais é uma preocupação crescente entre os familiares e profissionais da área da Medicina Veterinária, especialmente quando o animal enfrenta uma condição de saúde que o mantém acamado por longos períodos. Nesses casos, a imobilidade pode trazer uma série de complicações, sendo as escaras e feridas de pressão algumas das mais comuns e dolorosas.
Garantir o bem-estar desses animais exige cuidados específicos, que vão além do tratamento da doença de base e envolvem a prevenção ativa desses problemas secundários.
Felizmente, o avanço dos acessórios médicos voltados para o uso veterinário tem permitido que tutores e clínicas ofereçam suporte mais eficaz a cães e gatos em recuperação ou em cuidados paliativos.
Por isso, conversamos com a Médica Veterinária, Barbara Fonseca Tatsch, pós-graduanda em Clínica Geral de Pequenos Animais e Dermatologia Veterinária.
Nesta entrevista, ela nos ajuda a entender como esses acessórios podem ajudar a manter conforto e dignidade aos animais, seja no ambiente familiar ou hospitalar.
Acompanhe a entrevista e ao final da leitura, compartilhe com amigos e familiares!

Pet Med – Quais são as principais causas que levam cães e gatos a desenvolverem escaras ou feridas por pressão?
Barbara Fonseca Tatsc – Antes de listar as causas, é importante entender como essas lesões surgem: as úlceras de pressão, ou escaras de decúbito, resultam de compressão e/ou fricção mecânica prolongada sobre uma mesma região do corpo, principalmente em áreas de proeminência óssea (onde há pouca camada de tecido entre os ossos e a pele) como cotovelos, calcanhares, quadris e ossos sacrais. Essa pressão constante reduz a circulação sanguínea local, prejudicando a oxigenação e a nutrição do tecido.
Para facilitar o entendimento: Semelhante em nós, quando permanecemos por muito tempo apoiados sobre o cotovelo em uma superfície dura: inicialmente há desconforto, mas, se a pressão for mantida e rotineira, o tecido pode ser danificado, originando a ferida. O mesmo ocorre com pessoas hospitalizadas que permanecem sem troca de decúbito (troca de posição).
A presença frequente de dejetos do próprio animal (urina e fezes) em contato com a pele agrava o quadro, pois além de comprometer a integridade cutânea, provoca irritação e aumenta o risco de infecções.
Compreendido esse processo, seguem as principais causas: imobilidade prolongada, magreza excessiva (com menor proteção de tecido entre os ossos e a pele), ausência de mudança de posição, permanência sobre superfícies duras ou ásperas, higiene inadequada e exposição contínua à umidade por urina e fezes.
Trata-se de uma condição totalmente prevenível e, após esta leitura, você entenderá seu papel fundamental na prevenção dessas lesões.
Pet Med – Quais doenças ou condições predispõem esses quadros?
Barbara Fonseca Tatsc – Quaisquer doenças ou condições que promovam a redução da mobilidade ou consciência mental, por exemplo: artrites/artroses severas; displasias; câncer; incontinência urinária ou fecal; traumatismos; fraturas/luxações; obesidade; senilidade (idade avançada), e enfermidades sistêmicas debilitantes, em que o pet permaneça acamado ou em menor disposição e capacidade de trocar de posição.
Geralmente estas condições tornam o pet vulnerável ao surgimento das escaras pela necessidade de cuidados pelos tutores ou da equipe médica, quando internado, para troca de posição do animal, bem como a higiene e proteção mecânica (protetores absorventes, protetor para fralda, tatames e camas acolchoadas) deste.
Pet Med – Quais animais são mais vulneráveis ao surgimento dessas lesões?
Barbara Fonseca Tatsc – Os animais de maior vulnerabilidade a desenvolverem estas lesões, são em sua combinação ou ainda, isoladamente:
- Obesos: o excesso de peso aumenta a pressão exercida sobre os pontos de contato sob superfícies de apoio.
- Senis (Idosos) em idade avançada: geralmente pets idosos, têm redução de elasticidade da pele, menor espessura em gordura e músculo e aumento da fragilidade de vasos sanguíneos. Não somente, mas podem possuir comorbidades, que somadas à idade, corroboram para o surgimento destas lesões.
- Desnutrição grave: similar ao que ocorre com a pele do paciente idoso, a indisposição e a magreza em excesso também são fatores importantes.
- Pacientes no pós operatório ortopédico: tendo em vista a necessidade de imobilização prolongada.
- Pets com doenças crônicas debilitantes: como doenças neurológicas, articulares, neoplasias, doentes renais ou hepáticas graves.
- Cães das raças Doberman, Dogue Alemão, Mastiff e São Bernardo, dentre outros cães grandes e gigantes, devido ao peso corporal elevado, maior é a pressão exercida sobre uma superfície.
Pet Med – Como identificar os primeiros sinais de que uma escara está se formando?
Barbara Fonseca Tatsc – Excelente pergunta! Tutor, verifique algumas situações antes de qualquer coisa. Se pergunte, “tenho um pet que…”:
É acima do peso? É idoso? É um cão gigante? Apresenta alguma doença debilitante? Se movimenta normalmente ou depende de mim para posicioná-lo para dormir ou levantar? É um cão com tendência a displasias coxofemorais? (Como Pastor Alemão, Labrador…).
Se quaisquer das questões acima seja “Sim’, atente-se em especial para as áreas de apoio, como cotovelos, quadris, região sacral e calcanhar, sob os seguintes sinais:
- Vermelhidão e região “quente”, geralmente mais enrijecida
- Sensibilidade dolorosa
- Queda de pelos
- Coceira
E em estágios mais avançados, uma óbvia úlcera, tecido necrosado, visibilidade de estruturas como musculatura e ossos.
Pet Med – Qual é a diferença entre escaras, úlceras por pressão e feridas comuns? Todas exigem o mesmo tipo de atenção e tratamento?
Barbara Fonseca Tatsc – Vamos entender esta frase? : “Todas as escaras são feridas, mas nem todas as feridas são escaras.” Será que é isso mesmo?
Sim! A “escara” é um termo utilizado para se referir às úlceras de pressão, podendo assim dizer que são sinônimas. O que diferencia uma escara de uma ferida comum é principalmente a forma de desenvolvimento.
Enquanto as escaras surgem por pressão prolongada sobre uma região do corpo, comprometendo a circulação e oxigenação dos tecidos, as feridas podem surgir por mordidas, picadas de insetos, cortes, queimaduras, arranhões ou lacerações.
O tratamento de qualquer lesão é individual ao paciente. Entretanto, o uso de bandagens e protetores, somam para a cura do pet! Apesar de exigirem tipo de atenção e tratamento diferentes, têm-se em comum o manejo higiênico, proteção e o impedimento do desenvolvimento da ferida.
Pet Med – A falta de movimentação e a permanência em locais úmidos ou duros podem favorecer o surgimento dessas lesões. Como o ambiente pode ser um aliado ou vilão nesse processo?
Barbara Fonseca Tatsc – Um ambiente “vilão” neste processo, envolve principalmente superfícies de apoio duras, geladas, ásperas ou que propiciem a umidade. Já um ambiente “aliado”, incluem acessórios absorventes, protetores que absorvam umidade (pensando em contato da urina e/ou fezes com a pele do pet), camas macias e pisos com tatames, sendo essenciais para a prevenção e recuperação dos pets.
Pet Med – A rotina de higienização, troca de decúbito e pequenas movimentações diárias são suficientes para evitar escaras em casa? Que dicas práticas você daria aos familiares?
Barbara Fonseca Tatsc – Apesar de indispensáveis, como prevenção das escaras é recomendável o uso de acessórios somados aos demais cuidados, como: Protetores de fralda, almofadas de apoio e colchões especiais.
Algumas dicas práticas:
- Realize a mudança de decúbito, ou melhor dizendo, mude a posição do seu pet pelo menos a cada 2 a 4 horas! Experimente envolver a família no manejo, tanto da higiene quanto da troca de posição.
- Em casos de imobilidade ou mobilidade reduzida, busque produtos voltados ao cuidado do pet, como caminhas, produtos absorventes em que se evite a umidade, seja do ambiente ou da urina acumulada.
- Acompanhe diariamente as regiões do corpo de seu pet que mais tem tendência à formação das úlceras de pressão, massageando-as com a finalidade também de estimular a circulação no local (evitando massagens em lesões abertas).
- Evite que o animal lamba feridas (colar conforto, malhas protetoras ou bandagens adequadas).
- Respeite o tempo do seu pet, se aproxime devagar, evite estímulos bruscos e garanta momentos de calma.
- A higienização correta é indispensável para a prevenção das escaras. Pode ser realizada com shampoos hipoalergênicos e secagem eficaz de regiões sujas de urina, fezes e demais sujidades.
- Consulte um(a) Médico(a) Veterinário(a) de sua confiança para reduzir a dor crônica e as manifestações clínicas (sintomas), para promoção de qualidade de vida, antes mesmo do surgimento das escaras. E caso o seu pet já tenha desenvolvido, há como frear o avanço das escaras com o tratamento adequado, desde que procure ajuda profissional.
Pet Med – Como os acessórios certos ajudam a manter conforto e dignidade aos animais, seja no ambiente familiar ou hospitalar?
Barbara Fonseca Tatsc – Os acessórios certos e os demais cuidados básicos, não somente reduzem os riscos das escaras e suas complicações, mas também o risco de assaduras, promove bem-estar emocional, conforto e dignidade ao pet, além de versatilidade no manejo rotineiro do tutor ou em ambiente hospitalar. Em especial os acessórios laváveis que não perdem a qualidade após sucessivas lavagens, como os da Pet Med.
Pet Med – Como os Protetores Absorventes Pet Med ajudam a manter o pet seco e confortável, prevenindo assaduras e feridas em regiões sensíveis como quadris, cotovelos e flancos?
Barbara Fonseca Tatsc – Os protetores absorventes, como o próprio nome indica, absorvem a urina e a umidade, mantendo a pele seca e minimizando a chance de vazamento pela fralda, evitando o contato da urina com as regiões sensíveis. São indicados para pets com incontinência urinária ou para aqueles que urinam em si mesmos por não conseguirem se movimentar adequadamente.
Pet Med – Em pets com incontinência urinária, como o Protetor para Fralda Pet Med pode atuar na prevenção de irritações e infecções causadas pelo contato contínuo com urina e fezes?
Barbara Fonseca Tatsc – O contato prolongado da urina e fezes podem facilmente causar coceira, irritação, vermelhidão, maceramento da pele e aumentar o risco de infecções secundárias e dermatite de contato por irritação química, devido à composição presente em ambos. Com o uso do protetor para fralda, disponível para machos e fêmeas, há maior reforço da barreira contra umidade e redução da chance de escape da urina e fezes.
Pet Med – Em que casos o uso do Colar Conforto Pet Med ou do Colete Calm Pet também podem auxiliar, especialmente na redução de lambedura excessiva, coceiras ou estresse do animal imobilizado?
Barbara Fonseca Tatsc – O Colar Conforto, diferente do colar elizabetano tradicional, é confeccionado com material mais maleável e revestido por tecido, tornando-se mais tolerável para o animal, especialmente quando o uso é indicado por longos períodos. Sua função principal é impedir a mordedura ou lambedura de pontos cirúrgicos e feridas em tratamento, sem causar tanto incômodo.
Já o Colete Calm utiliza o princípio da compressão terapêutica (deep pressure therapy), que exerce uma pressão suave e constante sobre o tronco, simulando um “abraço”. Esse conceito, estudado tanto em animais quanto em humanos, foi amplamente descrito por Temple Grandin, pessoa com autismo e Ph.D. em Zootecnia, ao observar redução de ansiedade tanto em si quanto em bovinos submetidos a essa técnica.
Em alguns cães, esse efeito pode gerar sensação de segurança e diminuição da ansiedade, tornando o uso do colete indicado em situações potencialmente estressantes, como períodos de imobilização, viagens longas de carro ou durante a ocorrência de fogos de artifício.
Pet Med – Por fim, para os familiares que cuidam de pets acamados ou com mobilidade comprometida, com escaras ou feridas, qual é a mensagem principal sobre cuidado humanizado e qualidade de vida?
Barbara Fonseca Tatsc – O cuidado humanizado vai muito além do tratamento da ferida: é um conjunto de atitudes diárias que priorizam conforto, prevenção, controle da dor e dignidade. Mesmo quando o prognóstico é delicado, o objetivo é reduzir sofrimento, preservar função e garantir qualidade de vida. Para isso, as ações precisam ser simples, constantes e bem registradas e a família é peça-chave nesse processo.
recado pessoal: para o animal, não é fácil lidar com as limitações e a dor. Por isso, cada gesto de cuidado é uma forma de tornar esse momento mais leve e de fazer por ele o que, se pudesse, ele certamente faria por nós: amar, proteger e estar presente. Pode ser árduo e trabalhoso, então comemorem e valorizem as pequenas vitórias como uma ferida que está reduzindo de tamanho, uma diminuição da dor ou o retorno do apetite.
Seu pet acamado merece todo o conforto, dignidade e prevenção contra escaras e feridas. Cuidar de um animal com mobilidade reduzida exige dedicação, mas com os acessórios e as informações certas, você pode fazer uma enorme diferença na qualidade de vida dele. A Pet Med tem produtos desenvolvidos para garantir que cada momento seja mais confortável e seguro, tanto para o pet quanto para quem cuida.
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