Comportamento Pet: Os Animais tem sentimentos? Conversamos com aMédica Veterinária Comportamental Daniele Graziani sobre o assunto confira na integra.
Por Pauline Machado
Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre se os animais têm sentimentos como nós, humanos.
Então, convidamos a Médica Veterinária Comportamentalista, Daniele Graziani, portadora do CRMV/PR 13.752, para nos tirar essa e muitas outras dúvidas relacionadas aos sentimentos dos cães e dos gatos.
Acompanhe!
Pet Med – Para começar, por favor, nos explique o que podemos entender por sentimentos.
Daniele Graziani – Sentimentos são emoções que todos os animais podem experienciar.
Pet Med – Neste aspecto, podemos dizer que os animais também têm sentimentos?
Daniele Graziani – Certamente, pois são dotados de um sistema límbico, tal como nós. A área do cérebro responsável pelos sentimentos e emoções é o sistema límbico.
Pet Med – Que tipos de sentimentos os animais, especificamente os cães e os gatos, sentem?
Daniele Graziani – Até onde sabemos, os animais possuem os sentimentos menos complexos, semelhante a uma criança, como: raiva, medo, alegria, tristeza, repulsa e surpresa.
Pet Med – A partir dessa compreensão, qual é a relação dos sentimentos dos cães e dos gatos com as cinco liberdades dos animais?
Daniele Graziani – Quando pensamos que eles devem estar livres de estresse e medo, assim com livre de dor, lhe garanto que, com frequência, não somos bem sucedidos. É comum que suas emoções sejam subestimadas, por pura ignorância de nossa espécie. Até mesmo na veterinária, a dor é subestimada. Em minha rotina como Médica Veterinária Comportamental, atendo com frequência animais que apresentam alteração comportamental por sentirem dor, mas que, no dia a dia, parecem dispostos, com apetite e sem expressar claudicação ou vocalização, e assim a alteração comportamental não é considerada como sinal clínico, e o animal chega para tratamento do comportamento, quando na verdade o problema é clínico. Muitos desses casos há dor significativa, que passa despercebida. Imagine, então, suas emoções. Um animal que apresenta agressividade está expressando algo que ele não consegue explicar verbalmente, mas muitas vezes são vistos como “animais maus”.
Pet Med – No dia a dia com os animais, como os humanos podem compreender o que os cães e os gatos estão sentindo?
Daniele Graziani – Como os pais conseguem compreender um bebê? É estudando e observando. Animais se comunicam com vocalizações, comportamentos e linguagem corporal. Observar livre de julgamentos é importante, pois muita coisa errada é dita por ai, como por exemplo, dizer que um animal esta tentando se vingar. Essa frase não tem qualquer base cientifica.
Pet Med – Qual é a importância de nós humanos desenvolvermos essa habilidade de compreender os sentimentos dos animais, para um convívio mais saudável e em equilíbrio com eles?
Daniele Graziani – Quando escolhemos conviver com outra espécie, desejamos formar um vínculo com a mesma, certo? A base de qualquer relacionamento é uma boa comunicação. Se não formos capazes de entender o que a outra parte comunica como podemos criar vínculo? É preciso entender como eles se sentem, para sabermos se estamos agradando ou estressando.
Pet Med – Por fim, por favor nos oriente sobre como desenvolver a habilidade de compreender os sentimentos dos animais.
Daniele Graziani – Existem hoje muitos materiais teóricos mostrando linguagem corporal de cães e gatos. É preciso estudar.
Gato com rabo alto esta feliz em lhe ver, já o cão expressa essa emoção com rabo relaxado e balançante. Vale saber, que nem todo balançar de rabo em cães indica felicidade, tal como, nem todo sorriso é felicidade em humanos. É preciso compreender linguagem corporal e contexto.
Eles se comunicam com postura de cauda, orelhas, postura do corpo, expressão facial, vocalizações diversas. Um cão rosnando, por exemplo, está lhe informando que não esta confortável com algo, mas frequentemente as pessoas consideram errado um cão rosnar, interrompendo esse comportamento.
Um cão que não pode expressar desconforto faz o que quando sentir? Guarda pra si? É preciso compreender que um cão quando se sente ouvido, dificilmente morderá, pois, se ele é respeitado quando expressa desconforto, não verá necessidade em ser mais incisivo.
Maio é o mês das mães e para fechar com chave de ouro as entrevistas deste mês tão especial, conversamos com exclusividade com o coordenador Clínico do Hospital veterinário – DOK Guarulhos – clínica de pequenos animais e de animais silvestres e exóticos, o Médico Veterinário Fábio da Silva Chavier, portador do CRMV/SP: 35.341.
Acompanhe!
Pet Med – Qual é a importância dos cuidados com as mamães, visando a saúde das cadelas e gatas gestantes?
Fábio da Silva Chavier – É garantir assistência a essas fêmeas em todas as fases da gestação, desde o momento em que descobre a gravidez até os 42 dias após o parto, o puerpério. O acompanhamento engloba exames regulares e acompanhamento veterinário.
Pet Med – No dia a dia, como os familiares dos animais podem identificar se as cadelas e gatas estão prenhas?
Fábio da Silva Chavier – Os familiares dos animais podem identificar se as cadelas e gatas estão prenhas observando mudanças comportamentais, aumento de tamanho abdominal e possíveis sintomas como vômitos, letargia e aumento da ingestão de água.
Pet Med – Qual é o período de gestação das cadelas e das gatas?
Fábio da Silva Chavier – O período de gestação das cadelas é de aproximadamente 63 dias, enquanto o das gatas é de cerca de 65 dias.
Pet Med – De modo geral quantos filhotes nascem de uma gata e de uma cadela de porte médio, por exemplo?
Fábio da Silva Chavier – Em média, uma gata pode ter de 1 a 8 filhotes, enquanto uma cadela de porte médio pode ter de 4 a 6 filhotes. No entanto, isso pode variar bastante de acordo com a raça e outros fatores individuais.
Pet Med – Sobre mitos e verdades, nos explique se cada cor da pelagem diferente dos filhotes quer dizer que cada um foi de um pai diferente e se o número de filhotes se refere ao número de cruzas que as fêmeas caninas e felinas tiveram.
Fábio da Silva Chavier – A cor da pelagem dos filhotes não necessariamente indica que cada um teve um pai diferente. Na verdade, a cor da pelagem é determinada pelos genes herdados dos pais, tanto do pai quanto da mãe. Assim, mesmo que os filhotes tenham cores diferentes, eles podem ter o mesmo pai. A variação de cores pode ser resultado da combinação genética dos pais.
Quanto ao número de filhotes, ele se refere ao número de gestações que as fêmeas caninas e felinas tiveram, não ao número de cruzas. Cada gestação pode resultar em uma quantidade variável de filhotes, e isso pode depender de vários fatores, incluindo a idade da mãe, sua saúde, genética e outros aspectos. Portanto, não há uma relação direta entre o número de cruzas e o número de filhotes em uma gestação.
Pet Med – Durante a gestação, quais cuidados os familiares devem ter com as mamães?
Fábio da Silva Chavier – Durante a gestação, os familiares devem proporcionar uma alimentação adequada, realizar visitas regulares ao veterinário, garantir um ambiente tranquilo e confortável e oferecer os cuidados necessários conforme orientação do profissional do médico veterinário.
Pet Med – Como identificar se a gata ou a cadela entrou em trabalho de parto?
Fábio da Silva Chavier – Os sinais de que a gata ou a cadela entrou em trabalho de parto incluem inquietação, lambedura excessiva da região genital, contrações visíveis e a ruptura da bolsa amniótica.
Pet Med – O que fazer ao ver sua cadela ou gata em trabalho de parto?
Fábio da Silva Chavier – Ao ver a cadela ou gata em trabalho de parto, os familiares devem garantir um ambiente calmo e tranquilo, oferecer suporte à mãe e estar preparados para ajudar caso necessário, mantendo contato próximo com o veterinário.
Pet Med – Em que casos é preciso levar para fazer cesariana? Quais sinais clínicos devem ser identificados?
Fábio da Silva Chavier – A cesariana pode ser necessária em casos de distocia (dificuldade no parto), que podem ser identificados por sinais como a não progressão do trabalho de parto, presença de filhotes presos no canal de parto por mais de 30-60 minutos, ou sinais de sofrimento fetal.
Pet Med – E durante o período de amamentação?
Fábio da Silva Chavier – Durante o período de amamentação, os familiares devem garantir que a mãe tenha uma alimentação adequada, oferecer um ambiente tranquilo e limpo para amamentação, e estar atentos a possíveis problemas de saúde tanto na mãe quanto nos filhotes.
Pet Med – A partir de qual idade os filhotes de cães e de gatos podem ser desmamados e doados?
Fábio da Silva Chavier – Os filhotes de cães e gatos podem ser desmamados e doados a partir das 6 a 8 semanas de idade, quando já estão mais independentes e conseguem se alimentar sozinhos.
Pet Med – E quais são os cuidados com as mãeszinhas neste período de desmame? Durante o período de desmame, os familiares devem oferecer uma dieta adequada para os filhotes, garantir que a mãe tenha descanso e continue recebendo cuidados veterinários, e estar atentos a possíveis problemas de saúde nos filhotes.
Fábio da Silva Chavier –Pet Med – Para finalizar, quais são suas recomendações para que cadelas e gatas tenham uma gestação, um parto e pós parto saudáveis?
Fábio da Silva Chavier – As recomendações para uma gestação, parto e pós-parto saudáveis incluem alimentação adequada, acompanhamento veterinário regular, pré-natal, ambiente tranquilo e limpo, preparação para o parto e cuidados pós-parto tanto para a mãe quanto para os filhotes.
É importante lembrar também da importância da castração como forma de controle populacional e prevenção de doenças em cães e gatos, além de contribuir para o bem-estar desses animais.
Terapia com animais para auxiliar no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Por Pauline Machado
Sabemos o quanto o convívio com os animais faz bem para a saúde e o bem-estar dos humanos. Mas, os benefícios não param nesta relação do dia a dia.
As terapias com animais estão aí para comprovar o quanto os animais ajudam a melhorar a vida das pessoas, inclusive na terapêutica do Transtorno do Espectro Autista.
Para conversar conosco sobre esse tema, convidamos a Pedagoga, Letícia Pereira Marba Erran, que atua no Instituto TEA.
Letícia é psicomotricista, neuropsicopedagoga, pet terapeuta e equoterapeuta, aplicadora ABA (análise do comportamento aplicada) e pós-graduanda em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual.
Pet Med –O que podemos entender por Transtorno do Espectro do Autista (TEA)?
Letícia Pereira Marba Erran – Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento. Pessoas com TEA apresentam um desenvolvimento atípico e o espectro é muito abrangente, portanto, cada indivíduo é único e com características únicas.
Pet Med –Quais são os sintomas, as características de uma pessoa, seja criança, adulto ou idoso, com TEA?
Letícia Pereira Marba Erran – Como dito anteriormente, pessoas dentro do espectro podem possuir características diferentes uma da outra, porém, as mais “comuns” são: dificuldades em habilidades sociais, dificuldades em comunicação, sistema sensorial com alterações, atrasos ou desenvolvimento motor atípico, ecolalias, estereotipias, rigidez cognitiva ou rigidez comportamental, entre outras.
Pet Med – Nesta mesma linha, o que podemos entender por Intervenção Assistida por Animais (IAA)?
Letícia Pereira Marba Erran – As Intervenções assistidas por animais se dividem em três diferentes abordagens: a TAA Terapia assistida por animais, ou pet terapia, é uma abordagem que utiliza os animais como co-terapeutas para auxiliar no desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional de pessoas com deficiência, contendo planejamento e atendimento individualizado; a Educação assistida por animais tem como principal alicerce também o uso dos animais como facilitadores no processo educacional dos indivíduos, é geralmente utilizada em ambientes escolares e é realizada em grupo; a Intervenção assistida por animais é também utilizada nos processos de reabilitação tanto em ambientes hospitalares quanto em ambientes clínicos e escolares mas não possui um planejamento individualizado ou mesmo pensado para o grupo específico, essa abordagem acaba tendo como maior foco o contato em si com os animais, sem demandas específicas.
Pet Med – Neste sentido, qual é a importância da aplicabilidade da Intervenção Assistida por Animais (IAA) para casos de TEA?
Letícia Pereira Marba Erran – Mesmo sendo uma abordagem que surgiu no meio psicanalítico, está sendo possível e se mostrando cada vez mais evidente sua eficácia dentro da área comportamental. No ABA a TAA está sendo utilizada em sua essência, ou seja, com os animais como facilitadores. Muitos dos treinos dentro do ABA, por mais lúdicos que sejam, acabam ficando “cansativos” para um perfil de pacientes, sem falar na carga horária e rotina terapêutica que as nossas crianças precisam. Acrescentar uma hora ou mais por semana de TAA faz uma quebra nessa rotina clínica e muitas das vezes os pacientes nem ao menos percebem que aquele também é um momento terapêutico e que estão sendo feitos os treinos para as habilidades que eles precisam adquirir. Um dos pontos de maior ênfase da TAA no TEA é no que diz respeitos às habilidades sociais.
Um estudo conduzido na Universidade Estadual de Washington demonstrou que os cães podem chamar a atenção das crianças autistas. O estudo foi conduzido por François Martin e sua equipe, com a gravação em vídeo de três condições com as crianças: um terapeuta com uma bola, outro com um animal de pelúcia e o último com um cão. Foram 45 sessões em 15 semanas. As crianças olhavam o cão e conversavam com ele por maior período de tempo do que com as outras duas situações.
Pet Med – De que forma a IAA acontece na prática durante o tratamento?
Letícia Pereira Marba Erran – A prática vai variar conforme o ambiente, o paciente e a abordagem que o terapeuta optar por mais viável, levando em consideração todo o contexto. No meu caso, eu atuo diretamente com a TAA em ambiente clínico e dentro da Análise do comportamento aplicada, o ABA;
Pet Med – Em que casos a IAA é recomendada para o tratamento de TEA?
Letícia Pereira Marba Erran – A TAA é muito abrangente e pode ser recomendada para diversos casos, a depender da formação do profissional e da avaliação realizada por ele. Por exemplo: eu, como psicomotricista, posso aplicar os treinos da psicomotricidade dentro da pet terapia. Os casos mais comuns de serem indicados para a TAA são: casos de medo, pacientes com alterações sensoriais (profissional deve tomar muito cuidado com esse quesito e atuar sempre em conjunto com a T.O), pacientes com seletividade alimentar, pacientes com dificuldade em habilidades sociais, pacientes que demonstrem pouca intenção comunicativa, mas que tenham interesse por animais, entre outros.
Pet Med – E, em que casos a IAA não é recomendada?
Letícia Pereira Marba Erran – Casos de fobia, onde o terapeuta perceba que a exposição não será saudável, alergias graves e não acompanhadas, problemas respiratórios que possam ser agravados com o contato com os animais e agressividade extrema.
Pet Med – Quais são os resultados esperados e os geralmente alcançados a partir da IAA no tratamento de TEA?
Letícia Pereira Marba Erran – Os resultados esperados são um maior envolvimento do paciente com a terapia, facilitação na criação de vínculo, desenvolvimento das habilidades necessárias de forma lúdica, melhora nas habilidades de interação e comunicação, melhora na autoestima, melhora nas habilidades de autocuidado e independência.
Pet Med – Por quais motivos esses resultados são alcançados, ou seja, como os animais podem ajudar na terapêutica do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Letícia Pereira Marba Erran – O contato em si com os animais já causa liberações e regulações hormonais, como por exemplo, reduz os níveis de cortisol e aumenta os de dopamina. Atuar com reforçadores de alta magnitude e de forma lúdica, naturalística, transforma o ambiente de TAA rico em oportunidades de aprendizagem.
Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.
Letícia Pereira Marba Erran – Viso como importante atuar com multiespécies e não apenas o cão, que é mais comum no Brasil, pois se queremos trabalhar habilidades tão abrangentes e com algo que seja prazeroso para o paciente é imprescindível que esse paciente tenha oportunidade de escolha, até porque, nem sempre o paciente irá gostar do cachorro, talvez uma Barata de Madagascar seja mais eficaz neste caso.
Essa variação também é importante para o bem-estar do animal em si, visto que em momento algum é forçada a interação de forma que cause desconforto para o animal e quando o mesmo demonstrar não “estar afim” nós também o respeitamos. Para fazer o bem é preciso estar bem também, portanto a saúde e o bem-estar dos animais estão em primeiro lugar para um tratamento eficaz em TAA.
⠀⠀⠀Dia 20 de março, data que comemora-se internacionalmente o Dia da Felicidade, trouxemos aquela velha reflexão, mas de difícil ou fácil resposta: o que é a felicidade? O que nos faz felizes? ⠀⠀⠀Dentre as mais diversas respostas, eles sempre estão presentes: os animais e o convívio com eles. Para se ter uma ideia, um recente estudo realizado pela Associação Americana de Psiquiatria revelou que 86% dos tutores sentem que seus animais de estimação têm um impacto positivo em sua saúde mental e que cerca de 90% consideram o animal como um membro da família. ⠀⠀⠀Mas, por que será que o convívio com os animais traz felicidade para o dia a dia das pessoas? ⠀⠀⠀Para responder essa e outras questões sobre a relação da felicidade com o convívio com os animais, conversamos com exclusividade com a Mirian Nauck Dei Ricardi, Psicóloga com Formação em Terapia Sistêmica e Especialização em Gestão de Pessoas. ⠀⠀⠀Portadora do CRP 08/16853, Mirian é também palestrante, professora e facilitadora de treinamentos e desenvolve trabalhos voltados à Saúde Mental e Orientação Profissional desde 2014, em parceria com empresas, instituições de ensino e em seu consultório. ⠀⠀⠀Acompanhe!
⠀Pet Med – O que podemos entender por felicidade? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – Gosto de dizer que a Felicidade pode ser entendida como uma “trajetória”, na qual valorizamos nossas conquistas, o que temos e o que somos. Considero arriscado atribuir à Felicidade “um fim em si”, por exemplo: “serei feliz quando eu tiver adquirido determinado carro”. É fato que alguns benefícios poderão vir com este novo bem, mas não estaremos isentos de incômodos, como problemas mecânicos ou gastos com manutenção em geral. ⠀⠀⠀O dicionário nos diz que Felicidade, entre outros significados, quer dizer “Sensação real de satisfação plena; bem-estar; estado de contentamento, de satisfação; júbilo. Condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente; alegria.” Fato é que o que nos torna felizes é diferente para cada um de nós. Se estivéssemos num grupo com cinco pessoas e lançássemos essa pergunta, cada um poderia responder diferentemente. ⠀⠀⠀As pessoas se sentem felizes quando fazem algo que apreciam, quando recebem e demonstram afeto, quando se reúnem com outras pessoas, quando dançam ao som de uma música que gostam, quando viajam e conhecem lugares, quando assistem a um filme que aborda conteúdos agradáveis para ela. ⠀⠀⠀Circunstâncias tristes todos teremos que enfrentar, o que é diferente de viver infeliz, daí a importância de olharmos com apreço ao nosso redor.
⠀Pet Med – Qual é a relevância em termos um dia específico para mundialmente celebrarmos a felicidade, como o dia 20 de março? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – Acredito que é importante, pois nos convida a lançar um olhar para pensarmos e refletirmos sobre isso: felicidade. ⠀⠀⠀Atualmente, vários meses do ano recebem “cores diferentes” sobre determinado tema, o que acaba por promover ações de conscientização e cuidado. ⠀⠀⠀Sabe-se que, por exemplo, que no “Outubro Rosa” observa-se um aumento na procura pelos exames de mama, o que pode diagnosticar um câncer precocemente e, consequentemente, aumentará as chances de cura. ⠀⠀⠀Olhar para a “Felicidade” não é diferente, tem igual importância: é um convite para pararmos e pensarmos sobre o que nos faz bem, o que nos faz felizes, como temos nos sentido e como podemos nos sentir melhores.
⠀Pet Med – E a importância da felicidade no dia a dia das pessoas? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – No dia a dia, a felicidade poderá tornar as pessoas mais acolhidas e compreensivas – consigo mesmas e com os demais ao seu redor – em relação às dificuldades que enfrentam. Um abraço, um sorriso, uma mensagem de apoio, podem tornar o dia de uma pessoa mais feliz e isso é possível de colocarmos em prática. ⠀⠀⠀Pessoas felizes tornam o ambiente mais leve e compreendem melhor as circunstâncias da vida, transmitindo isso a quem é do seu convívio.
Mirian Nauck Dei Ricardi, Psicóloga com Formação em Terapia Sistêmica e Especialização em Gestão de Pessoas.
⠀Pet Med – Embora seja muito abstrato pontuarmos o que faz as pessoas felizes, já é comprovado cientificamente que para grande parte das pessoas o convívio ou mesmo estar na presença dos animais, ainda que momentaneamente, deixa as pessoas mais felizes. Por quais motivos isso acontece? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – Quando estamos em contato com pessoas que convivem com seus pets, eles são unânimes em dizer que seus animais de estimação lhe proporcionam companhia e, a partir daí, uma relação de afeto é construída. ⠀⠀⠀Já dizia a um trecho da música de Roberto Carlos “Meu cachorro me sorriu latindo”; não importa o seu humor, eles virão ao seu encontro, vão querer brincar, dar e receber atenção. ⠀⠀⠀É uma troca genuína, uma relação sem julgamento, que faz com que os animais se tornem parte integrante da família. As pessoas se sentem únicas quando estão com eles e isso faz com que elas se sintam felizes. ⠀⠀⠀Nos últimos anos, várias práticas terapêuticas passaram a inserir animais no tratamento de pacientes, o que inclui, por exemplo, desde visitas hospitalares a sessões de Equoterapia, cuidados esses que trazem resultados positivos na vida dos pacientes.
⠀Pet Med – No comparativo, quais são os diferenciais na vida de quem vive mais feliz das pessoas que não sentem felicidade dentro de si? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – Os motivos podem ser os mais diversos, desde perdas importantes, seja de um ente querido, perdas financeiras ou de um cargo que ocupava, até a conflitos familiares, profissionais ou conjugais, entre outros. ⠀⠀⠀As pessoas que não se sentem felizes, normalmente, demonstram pessimismo diante da vida, podem apresentar desde reclamações ou desavenças constantes a uma apatia diante das situações que a vida nos traz.
⠀Pet Med – Por fim, como psicóloga, há de se ter o hábito de observar, então, neste sentido, o que a gente consegue observar, ver de diferente, tanto na fala, no olhar, na expressão facial, no jeito de viver das pessoas que convivem com os animais e são felizes por isso? ⠀⠀⠀Mirian Nauck Dei Ricardi – Podemos observar que as pessoas que estão em convívio com animais tendem a mudar o tom de voz, seja para aproximá-los ou repreendê-los; tendem a mudar a expressão facial para interagir com eles e sorriem quando brincam ou passeiam com seus animais. Também, em casos de perda, por morte ou furtos, por exemplo, a expressão será de dor, angústia, choro e tristeza.
⠀⠀⠀O estresse cada dia mais vem fazendo parte do nosso dia a dia, seja nas pequenas coisas ou nas mais preocupantes. Mas, será que o estresse é realmente nocivo à nossa saúde? E para a saúde dos cães e dos gatos? Eles também ficam estressados? Se ficam, como os familiares podem identificar se seus animais de estimação estão ou são estressados? ⠀⠀⠀Para esclarecer todas essas dúvidas conversamos, com exclusividade, com a Msc Professora Simone Moreira Bergamini, Médica Veterinária Comportamentalista diplomada pelo Colégio Latino Americano de Bem-Estar e Comportamento, no México, e portadora do CRMV/RJ:4.589. ⠀⠀⠀Acompanhe!
⠀Pet Med –Primeiramente, o que podemos entender por comportamento animal? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – Quando a gente fala sobre o estudo do comportamento animal, temos que avaliar vários fatores. E esses fatores têm evoluído muito nos últimos anos devido às pesquisas e ao maior interesse que os pesquisadores estão tendo nessa área. ⠀⠀⠀Antigamente se dizia que o comportamento animal era inato, ou seja, que o animal age por instinto. Era como se ele já nascesse com um projeto daquilo que ele vai ser durante toda a vida dele. Hoje, devido aos estudos em relação à capacidade cognitiva e emocional do animal, em relação aos períodos de desenvolvimento comportamental dele, já se sabe que existem alguns comportamentos que são inatos, ou seja, que vão fazer o animal ter tendência a ter determinados comportamentos, como por exemplo um filhotinho que nasce e já vai procurar a mama da mamãe para se alimentar. No entanto, existem muitos outros fatores que vão interferir no comportamento do animal, como os genéticos, que podem influenciar, inclusive já com pesquisas feitas em ratos, que alterações que ocorrem com a mãe, como as de estresse que a mãe pode passar durante a gestação, podem já alterar o comportamento do filhote que ainda é um feto dentro da barriga da mãe. Então, a gente tem que considerar a relação com o ambiente que é muito importante, devido à influência nesse comportamento. ⠀⠀⠀Então, quando a gente pergunta o que é o comportamento animal, podemos dizer que é o conjunto de vários fatores: fatores genéticos, relacionados à espécies, fatores ambientais, fatores de desenvolvimento desse animal, das experiências de vida que esse animal teve, porque tudo isso contribui. Logo, a gente não consegue dizer que comportamento de uma pessoa, de um animal, é simplesmente causado por isso ou por aquilo.
⠀Pet Med – E sobre o estresse? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – Já o conceito de estresse, ele está relacionado às alterações que ocorrem em nosso organismo referente à alguma situação que tira esse organismo do equilíbrio. No entanto, é importante ressaltar que o conceito de estresse é muito usado como se fosse somente uma coisa patológica, como se fosse um estresse negativo. Mas, quando a gente fala em estresse, realmente, ele tem um conceito muito mais amplo do que isso, porque ninguém fica ou vive sem estresse o tempo todo. ⠀⠀⠀O nosso organismo, durante o dia, sofre variações para cima e para baixo, positivas e negativas, e ele vai tentando encontrar o equilíbrio, então, quando falamos sobre o conceito geral de estresse, nós temos estressores, agentes que causam estresse externos e internos, como a fome, por exemplo. Diante de um estado de fome, o organismo vai sinalizar, vai tentar criar mecanismos para equilibrar aquela situação, para a fome passar e ele poder voltar ao equilíbrio. Então, quando eu falo que nós temos flutuações de estresse diário, é o estresse que a gente pode considerar estresse normal. ⠀⠀⠀Agora, existe o que as pessoas utilizam com a terminologia de estresse negativo, é o que a gente chama de distresse, que com o tempo, vai levar o organismo à sofrer alterações. O estresse crônico causa problemas de saúde, mentais, estado de ansiedade, transtornos psiquiátricos, enfim, todos os problemas relacionados ao cortisol elevado que observamos nos pacientes com estresse crônico. Tudo isso a gente vai observar nesse distresse. ⠀⠀⠀E, quando a gente fala sobre estresse, esse estresse pode ser positivo, também. Por exemplo: se você recebe uma mensagem que você acabou de ganhar 200 milhões na loteria, você vai ter taquicardia e o seu organismo vai responder a uma situação de estresse momentânea. Você vai começar a suar, a gritar de alegria, então é uma situação de estresse também, mas só que positivo. ⠀⠀⠀Por isso, a gente tem que tomar muito cuidado, pois, apesar do termo estresse estar muito generalizado, é preciso entender que tipo de estresse estamos nos referindo.
⠀Pet Med –Neste caso, de que modo o estresse afeta a qualidade de vida e a saúde dos pets? Quais são os malefícios do estresse para o dia a dia dos cães e para os gatos? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – Como eu disse, quando a gente fala sobre estresse negativo, temos que avaliar vários fatores. Primeiro, para avaliar o comportamento do animal precisamos considerar o estilo de vida dele até agora. O que esse animal vivenciou? Que experiências esse animal teve até aquele determinado momento? Pois, quando a gente fala de estresse, essa percepção de estresse negativo vai variar muito de animal para animal e de acordo com a bagagem de experiência de vida que esse animal tem. ⠀⠀⠀Então, se é um animal que desde filhote sai para passear na rua, ele vê bicicleta, ele está acostumado com barulho, ele tem uma experiência de vida ampla e rica, e, portanto, terá muito mais capacidade para se adaptar ao estresse porque algumas situações podem não causar estresse para ele. Um cão que está acostumado a viajar, a ir para praia, a passar por um carro, por uma motocicleta, quando sair na rua, não terá estresse. Diferente dos cães que ficam em casa, que nunca saem e nunca tiveram essa experiência de vida. Quando eles tiverem contato com esses barulhos, para eles, aquilo será um fator estressante. ⠀⠀⠀Além disso, vai variar muito como cada indivíduo lida com o estresse, como essas situações que vão alterar o seu equilíbrio. Um animal que tem uma bagagem maior, a gente diz que ele vai ter mais estratégias de coping, que é uma capacidade para encontrar soluções para um problema. Então, um animal que tem uma experiência muito ampla, ele pode se afastar do problema e tudo bem. Ele sabe lidar com uma situação estressante mais facilmente. Um outro animal que tem pouca experiência na vida, ele vai ter poucas estratégias de coping, então, esse mesmo estresse pode ser muito maior, muito mais difícil de lidar, e esse animal possivelmente vai desenvolver problemas relacionados ao estresse crônico. Ele vai viver situações que se repetem, pois, ele não consegue resolver o problema, porque ele não tem uma plasticidade grande cerebral, mental, e, portanto, continuará preso no problema, no estresse a longo prazo e que pode levar a doenças. Se for, gato, por exemplo, poderá ter doenças urinárias, doenças autoimunes, então, tem uma série de doenças que podem vir do estresse. ⠀⠀⠀Além das doenças clínicas e orgânicas, nós temos, ainda, alterações mentais devido ao estresse. Logo, o animal pode ter problemas compulsivos, estereotipias, viver numa crise de ansiedade, e, aí, desencadeia uma série de alterações psíquicas e também orgânicas.
⠀Pet Med –Pensando nas Cinco Liberdades dos animais: ● 1- Livre de fome e sede. ● 2- Livre de desconforto. ● 3- Livre de dor, ferimentos e doenças. ● 4- Liberdade para expressar comportamentonormal. ● 5- Livre de medo e angústia.
⠀Pet Med – Que tipo de situações podem configurar maléficas por provocar estresse aos cães e aos gatos? Por quais motivos? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – Quando a gente fala sobre as Cinco Liberdades, estamos falando no mínimo que devemos oferecer para a gente garantir o bem-estar dos animais. Em relação a elas, todos os fatores: dor, capacidade de promover o comportamento normal, nutrição adequada, como eu falei anteriormente, se a família não oferecer pode ser causa de estresse. Se o animal não tem uma alimentação adequada, sente dor, é limitado e não pode exibir o comportamento natural dele, então, isso tudo pode fazer, a longo prazo, com que ele tenha aquelas alterações explicadas anteriormente.
⠀Pet Med – Neste aspecto, de que forma os familiares em casa podem, no dia a dia, identificar se os pets estão estressados ou não? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – Não é fácil perceber o estresse do animal, até porque normalmente os tutores não têm muita ideia sobre o comportamento normal do animal, o que seria o ideal esperado para aquela espécie. Há pessoas, inclusive, que vão achar que o comportamento normal é se comportar como ela mesma se comporta, então é difícil as pessoas terem a capacidade para identificar. ⠀⠀⠀Quando as pessoas conseguem identificar, normalmente, são porque os comportamentos já estão em estágios bem avançados ou quando esses comportamentos estão trazendo problemas para as pessoas. Por exemplo: quando o animal late muito, não come muito ou come muito, quando um animal é muito medroso, quando não quer sair de casa, um animal que seja muito grudado no tutor, quando o gato faz xixi fora da caixa higiênica, quando o animal está ou é agressivo, que está mordendo as pessoas ou outros animais, são vários sinais. Realmente é difícil, principalmente quando a gente fala de estresse crônico. Podemos ter ainda, até feridas que não cicatrizam como deveriam, gatos com cistites recorrentes, ou seja, várias doenças clínicas podem estar relacionadas ao estresse negativo.
⠀Pet Med –De modo geral, quais são os tipos de tratamento de cães e gatos que sofrem com o estresse em sua rotina diária? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – O tratamento do estresse depende da causa, então, primeiramente a gente tem que identificar essa causa. Para tanto, esse animal deve ser atendido por um Médico Veterinário Comportamentalista, para que possa ser avaliado o estilo de vida desse animal, assim como para identificar os fatores estressantes, melhorar a qualidade de vida dele e trabalhar no enriquecimento ambiental, se for o caso. Dependendo do nível de problema que esse animal tiver, a gente tem que trabalhar com uma terapia comportamental e às vezes, com uma terapia que inclua fármacos, com remédios específicos para animais ansiosos, por exemplo, que já apresentem algum tipo de estereotipia ou um comportamento compulsivo devido ao estresse.
⠀Pet Med – Por fim, quais são as formas de prevenção do estresse para cães e gatos? ⠀⠀⠀Simone Bergamini – O mais importante é não deixar a situação chegar nesse ponto, é trabalhar na prevenção, e para trabalhar na prevenção, a pessoa responsável pelo animal deve buscar sempre informações prévias sobre o que aquele animal necessita, ou seja, quais são as necessidades básicas para aquela espécie, tanto para o cão, quanto para o gato e começar a trabalhar isso da melhor forma possível para não deixar chegar ao ponto em que a qualidade de vida não seja mais ideal para aquele animal e ele começar a apresentar uma série de sinais de estresse negativo.