O diagnóstico de Diabetes Mellitus em cães e gatos ainda assusta muitos tutores, mas a boa notícia é que, com o acompanhamento adequado, é possível garantir uma vida longa, estável e feliz aos pets.
Essa condição, semelhante ao Diabetes humano, exige mudanças na rotina e uma atenção especial à alimentação, monitoramento da glicemia e aplicação de insulina — tudo isso feito com carinho, paciência e orientação profissional.
Para entender melhor como essa doença se manifesta e como lidar com ela no dia a dia, conversamos com a Médica Veterinária, Lucianne Brusco Moreira, clínica geral com especialização em Medicina Preventiva.
Nesta entrevista, ela explica as causas mais comuns do Diabetes em cães e gatos, os sinais de alerta que os tutores devem observar, e traz, ainda, dicas práticas para tornar o tratamento mais leve e eficaz, tanto para os pets quanto para suas famílias.
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Pet Med – O que é o diabetes mellitus em cães e gatos? Ele é igual ao diabetes dos humanos? Lucianne Brusco Moreira – Diabetes mellitus é uma doença em que o pâncreas do animal não consegue metabolizar o açúcar (glicose) do sangue, por falta ou falha da insulina — um hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células para virar energia. É bem parecido com o diabetes em humanos, e por isso os tratamentos também são parecidos, como o uso de insulina e cuidados com a alimentação.
Pet Med – Quais são as principais causas do diabetes em pets? Ele pode ser evitado? Lucianne Brusco Moreira – As causas mais comuns são: obesidade, idade avançada, predisposição genética (raça), problemas hormonais ou uso de medicamentos como corticoides. Em alguns casos, não dá para evitar, mas manter o pet com peso saudável, alimentação equilibrada e visitas regulares ao veterinário pode ajudar bastante na prevenção.
Pet Med – Como o tutor pode perceber que algo está errado? Quais os sinais clínicos mais comuns?
Lucianne Brusco Moreira – Os principais sinais são o pet começar a beber muita água, urinar mais que o normal, comer muito e, mesmo assim, perder peso e em alguns casos a perda da visão. Se o tutor perceber esses sinais, é importante procurar o veterinário o quanto antes. Costumo dizer que é a doença dos 4 P: Perda de peso, Poliúria, que é o excesso de água, Polidipsia, excesso de urina e Polifagia, excesso de alimentação.
Pet Med – A partir de que idade ou condição um cão ou gato se torna mais propenso ao diabetes?
Lucianne Brusco Moreira – Geralmente o diabetes aparece em pets de meia-idade a idosos, ou seja, a partir dos 6 ou 7 anos. Animais acima do peso, fêmeas não castradas e algumas raças específicas também têm mais risco.
Pet Med – Como é feito o diagnóstico? Exige exames específicos ou monitoramento prolongado?
Lucianne Brusco Moreira – O diagnóstico é feito com exames de sangue e urina e após o diagnóstico da doença é preciso realizar uma curva glicêmica para ajustar a dose das medicações e acompanhamentos regulares.
Pet Med – Uma vez diagnosticado, o diabetes tem cura ou é uma condição crônica para o resto da vida?
Lucianne Brusco Moreira – O diabetes em pets é uma condição crônica, ou seja, dura a vida toda. Mas, com o tratamento certo conseguimos após um tempo reduzir a dose das medicações e o pet pode viver bem e com qualidade por muitos anos.
Pet Med – A rotina do pet muda muito? O que o tutor precisa adaptar no dia a dia após o diagnóstico?
Lucianne Brusco Moreira – Sim, principalmente no início é um pouco mais difícil devido às várias mensurações de glicose durante o dia que iremos precisar para a curva glicêmica, a rotina muda um pouco. O tutor vai precisar aplicar insulina, normalmente duas vezes por dia, manter horários fixos para alimentação e normalmente realizar no máximo de 2 a 3 refeições diárias e monitorar o pet com mais atenção. Mas com o tempo, tudo se encaixa e vira parte do dia a dia.
Pet Med – Como planejar uma dieta segura para cães e gatos diabéticos?
Lucianne Brusco Moreira – A alimentação é essencial no controle do diabetes. O ideal é uma dieta com baixo teor de carboidratos. Hoje em dia já existem alimentações específicas para pets diabéticos. O veterinário ou nutricionista podem montar um plano alimentar específico para cada animal.
Pet Med – A insulina é sempre necessária? Como fazer a aplicação com segurança e sem sofrimento para o animal? Lucianne Brusco Moreira – Na maioria dos casos, sim, a insulina é necessária. A aplicação é feita com uma agulha bem fina ou caneta aplicadora, geralmente é realizada subcutânea na pele do dorso, e muitos pets nem sentem. Com paciência e prática, o tutor aprende e o pet se acostuma.
Pet Med – É possível monitorar a glicemia em casa? Como e com que frequência isso deve ser feito? Lucianne Brusco Moreira – Sim, é possível sim. Hoje em dia existem aparelhinhos chamados Glicosímetros que ajudam a aferir a glicemia em casa, com uma pequena gotinha de sangue ou o monitor contínuo de glicose/sensor de glicose que fica aderido à pele fazendo várias medições durante o dia por até 14 dias. A frequência depende de cada caso, mas normalmente o veterinário indica medir antes das aplicações de insulina e em horários específicos ao longo do dia. O ideal é seguir sempre a orientação do profissional que cuida do seu pet.
Pet Med – Quais complicações são mais comuns em pets diabéticos, como catarata ou cetoacidose, e como evitá-las?
Lucianne Brusco Moreira – As complicações mais comuns são a catarata, que pode afetar a visão, a hipoglicemia por aplicações erradas e a cetoacidose, que são emergências e precisam de atendimento rápido. Para evitar isso, é super importante manter a glicemia bem controlada, dar a insulina certinha, cuidar da alimentação e fazer check-ups regulares com o veterinário. Com cuidados diários, dá para manter seu pet saudável e feliz!
Pet Med – Para finalizar, como acolher e acalmar um tutor que acabou de receber o diagnóstico de Diabetes em seu pet e está assustado com o que vem pela frente? Lucianne Brusco Moreira – Primeiro de tudo: respira fundo, vai dar certo! Nos iremos triar esse caminho juntos. Receber o diagnóstico assusta mesmo, mas com carinho, atenção e acompanhamento veterinário, é totalmente possível dar uma ótima qualidade de vida ao seu pet. Você não está sozinho — conte com a ajuda dos profissionais e não tenha medo de perguntar sempre que precisar. Com o tempo, tudo vira rotina e o amor faz tudo valer a pena!
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Quem convive com gatos já deve ter se perguntado por que, justamente quando a casa silencia, eles parecem despertar com energia total. São saltos noturnos, miados insistentes e corridas pela casa! Todos comportamentos relatados por muitos tutores, mas, quando esse padrão passa do limite, é hora de atenção.
A hiperatividade noturna felina não é apenas uma característica da espécie, ela pode refletir causas comportamentais, emocionais e até clínicas, exigindo um olhar cuidadoso e individualizado por parte dos familiares.
Nesta entrevista, a médica veterinária Julyenne Escrivani, Mestre em Medicina Felina e especialista em Psiquiatria Animal, explica as origens desse comportamento, como ele pode ser influenciado desde a gestação até o ambiente doméstico, e quais as principais estratégias para promover uma rotina mais equilibrada entre descanso humano e bem-estar felino.
Acompanhe a entrevista e compartilhe com amigos e familiares apaixonados por felinos!
Pet Med – Para começarmos, nos diga: é verdade que os gatos têm um relógio biológico diferente do nosso? Se sim, como isso influencia no comportamento noturno deles?
Julyenne Escrivani – Sim, os gatos são essencialmente crepusculares, o que significa que o pico de energia e maior atividade coincide com suas principais presas: início da manhã e início da noite, podendo perdurar até a madrugada, dependendo do gato. Por exemplo, se ele foi gerado por uma gata que tem hábitos mais noturnos – lembrando que 50% da genética é do pai, ele pode ter preferência por hábitos crepusculares-noturnos. A fase de socialização, que vai até o quarto mês de vida no máximo, também influencia no comportamento do gato como um todo, podendo influenciar nesses horários.
Em suma, os gatos podem já vir com preferências por horários devido a sua gestação e sua primeira infância, mas esse comportamento pode ser moldado ao longo da vida com técnicas certas que não punem o gato.
Pet Med – E quanto a rotina dos tutores? Influencia diretamente na qualidade do sono dos gatos?
Julyenne Escrivani – Sim, os gatos estão inseridos no contexto doméstico, e a forma como os tutores levam a vida influencia diretamente nos hábitos dos felinos. Eles são atávicos ao seu ancestral, então, preferencialmente eles possuem picos de energia logo no início da manhã e ao entardecer, o que pode ser incômodo para muitos tutores. O ideal é tentar gastar a energia do gato nesses horários, e aos poucos ir modulando esses comportamentos com técnicas para que, de forma saudável, os horários deles vão se aproximando aos dos humanos sem ser sofrido. Um comportamentalista felino pode auxiliar nesse processo.
Pet Med – Como diferenciar um comportamento felino normal à noite de uma hiperatividade que merece atenção?
Julyenne Escrivani – Normalmente, quando lançamos mão de brincar com o gato, em forma de caça, como se ele estivesse perseguindo o brinquedo nesses horários, fim de tarde / início de noite, por exemplo, eles vão se acostumando a gastar essa energia nesses momentos.
Eu sempre oriento a dar uma quantidade de alimento úmido importante depois, o que permite o gato a se acostumar com essa rotina. Agora, se mesmo assim, mais tarde da noite, ou até mesmo ao entardecer, o gato continuar mostrando agitação, miando muito, andando de lá pra cá em casa, procurando interagir com outros – e os mesmos não apresentando a mesma disposição, buscando atenção do tutor de uma forma atípica, diferente do que o tutor está acostumado, vale a pena ligar o alerta e procurar ajuda de um comportamentalista para avaliar e se ele não for veterinário clínico também, busque um especialista para descartar problemas clínicos associados, que não são incomuns. Na minha rotina eles sempre estão associados.
Pet Med – Quais são os principais fatores ambientais ou emocionais que podem desencadear agitação noturna nos gatos?
Julyenne Escrivani – Disputa de recurso entre gatos: sabemos que os gatos possuem hábitos individuais, e que mesmo em convívio com mais gatos e até outros animais, ele depende de momentos solitários para executar comportamentos específicos a espécie, como por exemplo usar o banheiro, se esconder em um local seguro e até mesmo caçar/comer que para o gato é basicamente a mesma coisa.
Problemas clínicos: algumas doenças como o hipertireoidismo e o hiperaldesteronismo por exemplo, cursam com vocalização noturna. Outros fatores como dor, alterações de temperatura onde moram, mobilidade reduzida entre outros podem influenciar também. Na dúvida, sempre que o gato muda um padrão é interessante consultar um veterinário especialista para ajudar. Como disse anteriormente, não é incomum os problemas clínicos estarem associados a alterações comportamentais – eu atendo isso todos os dias.
Portas fechadas influenciam muito: os gatos são territorialistas, e toda vez que não conseguem acessar um ambiente do seu território, eles entram em alerta, estresse e ansiedade por não conseguir atingir o objetivo, e muitas vezes se sentem frustrados com isso, podendo desenvolver comportamentos associados, como a vocalização. Isso se intensifica porque normalmente quando fechamos alguma porta, atrás dela tem algo ou alguém que faz barulho, movimento e isso chama a atenção do gato porque não pode ter acesso aquele pedacinho do seu território naquele determinado momento.
Ansiedade, frustração e disfunção cognitiva: esses são os problemas emocionais que mais desencadeiam vocalização principalmente à noite, logo após aquele pico de energia que em muitas situações não foi gasto anteriormente. Percebe que cursa com os problemas clínicos? Por isso a clínica e o comportamento andam juntas e sempre é necessário avaliação de ambas para cuidar com sucesso do problema e ajudar o gatinho e sua família.
Pet Med – Filhotes e gatos adultos apresentam esse comportamento por motivos diferentes? Como a idade interfere?
Julyenne Escrivani – Sim, normalmente os filhotes podem fazer isso por sentir falta de companhia da mãe e dos irmãos ou quando chegam em uma casa nova, ou ainda por motivos de introdução estruturada e precisam ficar tempos sozinhos – a falta de interação de forma estruturada (momentos crepusculares) para gastar energia e permitir que eles descansem mais e desde cedo entrem na rotina dos adultos da casa.
Já os mais velhos, podem desenvolver doenças comuns na fase senil, que cursam com vocalização como o hipertireoidismo e hiperaldesteronismo por exemplo, doenças que causem dor e desconforto como a doença articular degenerativa ou doença renal crônica, fora a disfunção cognitiva que afeta a percepção do ambiente.
Pet Med – Então, problemas de saúde ou dor crônica podem se manifestar como inquietação à noite? Quais sinais merecem investigação?
Julyenne Escrivani – Sempre, não só a noite, mas piora à noite por conta da temperatura diminuir e em muitos casos, perceber que estão sozinhos também. Então eu costumo brincar com meus clientes e falo: gato não quebra protocolo, se ele mudou qualquer coisa, mesmo que sútil no comportamento, investigue, pois assim como para nós, todas as mudanças que envolvem o corpo e mente, causa estranheza, e, como gato é estoico, ou seja, tolera dor, desconforto ou sofrimento sem demonstrar sinais evidentes, as primeiras mudanças sutis são no comportamento, como uma boa espécie presa eles não podem demonstrar fraqueza (sinais), então qualquer alteração no padrão não espere para procurar ajuda especializada. Muitas vezes quando o gato demonstra sinais de dor ou qualquer outro problema, a doença em si já está instalada. Eu vivencio isso diariamente.
Pet Med – Quais ajustes de rotina e ambiente podem ajudar a reduzir a hiperatividade noturna de forma natural?
Julyenne Escrivani – Estruturação diária. Entender que os picos de atividades são ao amanhecer e ao anoitecer, tentar coincidir esses horários com a rotina dos humanos e outros animais de casa para brincar/gastar a energia do gato nesses horários em torno de 30-40 min, de preferência sozinhos. Não podemos esquecer que eles caçam e comem de forma solitária, e logo após isso oferecer uma quantidade de alimento úmido (ainda separados) como recompensa positiva. Dessa forma, eles vão se condicionando a gastar energia de forma assertiva nesses horários e são recompensados depois. Em contrapartida, em outros momentos eles poupam a energia para gastar nesses momentos.
Pet Med – Existe espaço para terapias integrativas, como fitoterápicos, homeopatia ou suplementação natural nesse contexto?
Julyenne Escrivani – Sim, inclusive trabalho com todas e o que NUNCA pode ser deixado de lado é que todas essas alternativas são associadas a terapias comportamentais. Ou seja, primeiro eu estruturo a rotina dos gatos, gasto energia deles, recompenso de forma positiva, me certifico de que não tenha conflitos entre os gatos na casa e disputa de recurso por exemplo, para aí sim, lançar mão de terapias que vão auxiliar nesse processo, pois somente utilizar as terapias e não compreender que o gato precisa de todo o resto, não vai resolver. Muito pelo contrário, pode até piorar em alguns sentidos.
Pet Med – Quando é o momento certo de intervir com suporte terapêutico? E quais os riscos de ignorar o problema?
Julyenne Escrivani – Assim que perceber qualquer mudança no comportamento do gato, mesmo que sutil, pois como afirmei anteriormente, os gatos não quebram protocolo, e se algo mudou, é preciso investigar o que fez com que aquele animal monótono lançasse mão de mudar de comportamento para se proteger, possivelmente. Ignorar isso, vai piorar o problema inicial, podendo desencadear problemas clínicos e comportamentais associados e tornar o problema original mais difícil de identificar e resolver.
Pet Med – Para quem busca um equilíbrio entre descanso humano e bem-estar felino, o que seria uma “rotina ideal” para gatos mais tranquilos à noite?
Julyenne Escrivani – Como disse, compreender que eles têm picos de atividade síncronos com suas principais presas. Logo, o melhor horário para gastar a energia deles em forma de caça/brincadeira condiz com esses horários. Depois, oferecer sempre um volume interessante de alimento úmido como recompensa positiva desde filhotes, para que isso já seja associado a rotina do gato desde pequeno.
Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.
Julyenne Escrivani – Seria legal comentar que o gato normalmente não vocaliza com outro gato como principal forma de comunicação, eles são silenciosos, então a principal forma de se comunicar entre eles é através do olfato, posturas corporais e visão.
Como eles estão no contexto doméstico, eles aprendem a miar para se comunicar com os humanos, pois para tudo praticamente que eles fazem, nós falamos com eles, respondemos em forma de voz e isso serve de estímulo. Então, se você sempre responder aos miados conversando com os gatos, ou se for à noite e acordar para ver o que o gato quer, falar com ele e até mesmo dar comida, por exemplo, são as principais formas de intensificar esses comportamentos.
Sim existem mais gatos vocais como os Siameses e Sialatas, mas todos aprendem que miando damos mais atenção e lançam mão disso. Tentar não responder sempre, e direcionar a atenção do gato quando ele estiver miando muito para um brinquedo por exemplo, ou um enriquecimento alimentar para que ele seja distraído e “esqueça” de miar naquele momento, isso durante o dia, pois quanto mais ele aprende a miar de dia, ele vai querer repetir isso a noite. Todo comportamento noturno que precisa ser modificado, o início do tratamento é de dia, e depois atuamos no momento da disforia noturna.
Quando falamos em meio ambiente, é comum pensarmos em rios, florestas, resíduos urbanos e emissões industriais. No entanto, um elemento muitas vezes negligenciado nessa equação é a presença descontrolada de cães e gatos abandonados. Esses animais, quando em superpopulação nas cidades e zonas rurais, geram impactos silenciosos, porém significativos, sobre o equilíbrio ambiental, a biodiversidade, a qualidade do solo e da água, além de contribuírem para a propagação de doenças.
Nesta entrevista especial para o mês do Meio Ambiente, a Médica Veterinária, Adriana Lúcia Souza Netto Serpa traz reflexões importantes sobre como o abandono de animais não é apenas uma questão social ou de saúde pública, mas também um desafio ecológico.
Adriana é pós-graduada em clínica médica avançada de pequenos animais e atua na área de Medicina Veterinária do Coletivo, na SUIPA – Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, no Rio de Janeiro, e, também, com atendimento domiciliar com foco na medicina preventiva.
É, ainda, membro da Comissão de Médicos Veterinários de ONGs do CRMV-RJ e Diretora secretária Anclivepa-RJ, assim como gestora administrativa de cursos de pós-graduação faculdade Anclivepa RJ.
Durante o bate-papo, a Médica Veterinária ressalta o quanto o aumento de zoonoses à degradação ambiental provocada por dejetos, passando pela predação da fauna silvestre e sobrecarga dos abrigos, o cenário exige um olhar multidisciplinar e ações conjuntas entre tutores, profissionais de saúde, poder público e sociedade civil.
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Pet Med – Quando pensamos em meio ambiente, costumamos lembrar de árvores, rios e lixo urbano, mas, e os animais de estimação, eles também fazem parte dessa conversa?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – Sim, os animais de estimação estão inseridos e impactam diretamente nesse contexto, seja desde a produção industrial de seus alimentos e produtos de cuidados, assim como seus dejetos, principalmente quando falamos de animais errantes.
Pet Med – De que forma a superpopulação de cães e gatos abandonados afeta diretamente o equilíbrio ambiental nas cidades e áreas rurais?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – A superpopulação de animais abandonados afeta diretamente a fauna, flora e a saúde pública. Os animais se tornam competitivos por espaço e comida, seus dejetos poluem o solo e a água, aumentando o risco de doenças na população local.
Pet Med – A presença descontrolada desses animais pode impactar a fauna silvestre local? Se, sim, que tipos de conflitos ecológicos isso pode gerar?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – Sim, um crescimento acelerado de animais abandonados pode impactar diretamente a fauna silvestre, por meio de predação, reduzindo a população de algumas espécies, disputando e diminuindo recursos como alimento, água e espaço com a fauna local, interferindo diretamente no bem estar dos mesmos, além de disseminação de doenças, causando um desequilíbrio ambiental.
Pet Med – Excesso de fezes, urina e carcaças em áreas públicas representam um problema ambiental, como o solo e a água, por exemplo?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – O aumento de matéria orgânica produzida por animais abandonados representam um sério problema ambiental, impactando de forma negativa no solo e na água, aumentando a contaminação por agentes patogênicos, reduzindo a fertilidade e aumentando a degradação de solos, reduzindo a qualidade da água, aumentando o risco de doenças para a população.
Pet Med – Animais abandonados podem transmitir zoonoses. Como esse risco se conecta à saúde ambiental e coletiva?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – A saúde ambiental e coletiva está diretamente interligada e a presença de animais abandonados representa um risco para ambas, seja por transmissão de zoonoses como a Raiva, Leptospirose e Leishmaniose, seja por desequilíbrio em todo ecossistema.
Pet Med – Abrigos lotados e precários tem algum impacto ecológico, como produção de resíduos ou uso excessivo de recursos?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – O principal impacto de abrigos superlotados e precários está relacionado à saúde pública e ambiental, afetando também a saúde e bem estar dos próprios animais abrigados. É importante uma gestão adequada para o descarte correto dos resíduos produzidos, minimizando os riscos, além de uma infra estrutura que evite o uso excessivo de recursos.
Pet Med – O descarte inadequado de ração, remédios veterinários e resíduos desses animais também pode prejudicar o meio ambiente?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – Sim, podem provocar sérios danos ambientais além de riscos à saúde humana e de outros animais, principalmente os contactantes. O descarte de alimentos, medicamentos e dejetos devem seguir rigorosamente a legislação vigente para esse fim.
Pet Med – Qual o papel da castração e do controle populacional responsável como ferramenta de preservação ambiental?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – A conscientização da população sobre a importância da castração evita o crescimento populacional desordenado, diminuindo o número de animais abandonados e contribuindo, dessa forma, para proteger e garantir o equilíbrio do meio ambiente e consequentemente a saúde pública.
Pet Med – Campanhas de adoção, guarda responsável e educação ambiental podem ajudar a reduzir esse impacto? Se sim,de que maneira?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – Sim, campanhas de adoção para guarda responsável e educação ambiental são ótimas ferramentas para reduzir esses impactos ambientais. Abrigos superlotados não são a solução, a intenção de um abrigo é somente um período de passagem, um lar temporário e não pode ser visto como um santuário, onde os animais entram e não saem mais.
Pet Med – Por fim, qual é a sua opinião sobre o olhar para o abandono de cães e gatos como um problema apenas social ou de saúde pública, e não ambiental?
Adriana Lúcia Souza Netto Serpa – O abandono de animais é um problema de grande complexidade , que envolve além da questão social e de saúde pública, também a questão ambiental. Um animal abandonado impacta diretamente o ambiente em que vive, seja por predação, contaminação de solo, água, transmissão de zoonoses e perda de biodiversidade causando grande desequilíbrio ecológico.
O Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, nos convida a refletir sobre os efeitos nocivos do tabagismo para a saúde — não apenas para quem fuma, mas também para quem convive no mesmo ambiente, entre eles, os animais de estimação.
Especialmente, os cães e os gatos são expostos à fumaça do cigarro de forma passiva, constante e silenciosa e por isso, para eles, que têm o olfato e os pulmões muito mais sensíveis do que os humanos, o cigarro representa um risco maior e perigoso à saúde.
Por isso, nesta entrevista, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Rosiane da Silva, especializada em Clínica Médica de cães e gatos.
Entre outras orientações, a Dra.Rosiane nos conta como a fumaça do cigarro impacta a saúde respiratória, imunológica e até comportamental dos pets, além de discutir doenças associadas ao tabagismo passivo, como bronquite crônica, alergias, infecções recorrentes e até câncer.
A Médica Veterinária também alertou sobre os sinais que merecem atenção, as formas de proteger os animais e o papel essencial da conscientização nesse cuidado. Afinal, escolher parar de fumar pode ser um gesto de amor e proteção — não só com você, mas com quem compartilha sua vida, seu sofá, e até a sua cama!
Boa leitura!
Pet Med –Quais são os principais riscos que o cigarro representa para a saúde de cães e gatos?
Rosiane da Silva – Os principais riscos estão relacionados à exposição a uma infinidade de substâncias tóxicas presentes na fumaça. Para cães e gatos, isso se traduz em irritação das vias aéreas, danos aos pulmões, risco aumentado de problemas respiratórios e, a longo prazo, o desenvolvimento de doenças crônicas e até câncer, ou seja, a exposição constante compromete a saúde geral e a qualidade de vida.
Pet Med –De que forma a fumaça do cigarro chega até os pets e por que ela é tão prejudicial, mesmo sem contato direto?
Rosiane da Silva – De forma passiva: É a fumaça que o fumante exala ou que sai diretamente da ponta do cigarro aceso. Ela se espalha pelo ambiente e é inalada pelos animais.
De forma residual: Essa é a mais insidiosa e muitas vezes subestimada. São as partículas tóxicas que se depositam em superfícies, como pelos, móveis, tapetes e cortinas, mesmo depois que o cigarro foi apagado. Os pets entram em contato com essas partículas ao deitar, brincar ou, principalmente, ao se lamberem durante a higiene. É prejudicial mesmo sem contato direto porque as toxinas são liberadas no ar e se depositam em todo o ambiente, tornando-se uma fonte constante de contaminação para o animal, que respira o mesmo ar e se expõe às superfícies contaminadas.
Pet Med –Quais doenças podem ser causadas ou agravadas pela exposição à fumaça do cigarro nos animais?
Rosiane da Silva – As doenças mais comuns incluem:
Doenças respiratórias crônicas: bronquite, asma – especialmente em gatos, e inflamação das vias aéreas.
Infecções respiratórias recorrentes: pneumonia, infecções bacterianas e virais devido ao enfraquecimento das defesas locais.
Problemas dermatológicos e oculares como irritação nos olhos e na pele.
Doenças cardiovasculares, pois, em alguns casos, há um risco maior de problemas cardíacos.
Câncer, principalmente de pulmão e nasal em cães, sobretudo nos cães de focinho longo, e linfoma em gatos.
Pet Med –Existe diferença no impacto do tabagismo passivo entre cães e gatos?
Rosiane da Silva – Sim, podemos dizer que os gatos geralmente são mais afetados, especialmente da forma residual. Gatos são muito mais meticulosos em sua higiene, e ao se lamberem para se limpar, eles ingerem as partículas tóxicas da fumaça que se depositaram em seus pelos. Isso os torna mais suscetíveis a desenvolver linfoma, que é um tipo de câncer de células brancas do sangue e câncer de boca, além de problemas respiratórios como a asma felina.
Os cães também sofrem com problemas respiratórios e oculares devido à inalação da fumaça. Curiosamente, cães dolicocefálicos, como Collies e Dachshunds, parecem ter maior risco de desenvolver câncer nasal, enquanto cães com focinho curto, os braquicefálicos, tendem a ter mais problemas pulmonares e brônquicos. A forma como o ar é filtrado e onde as partículas se depositam varia conforme a anatomia do focinho.
Pet Med –A exposição à fumaça pode afetar o sistema imunológico dos animais ou aumentar sua vulnerabilidade a infecções?
Rosiane da Silva – Sim, a exposição à fumaça pode, sim, afetar o sistema imunológico dos animais. As toxinas presentes na fumaça irritam e danificam as células que revestem as vias respiratórias, que são a primeira linha de defesa contra microrganismos. Isso compromete a capacidade do corpo de remover partículas e combater infecções. Além disso, a inflamação crônica gerada pela fumaça pode sobrecarregar o sistema imune, tornando o animal mais vulnerável a infecções bacterianas, virais e fúngicas, e dificultando a recuperação de doenças.
Pet Med –Quais são os sinais clínicos que podem indicar que um cão ou gato pode estar sofrendo com os efeitos da fumaça do cigarro?
Rosiane da Silva – Os sinais são variados e, inicialmente, podem ser confundidos com outras condições respiratórias. Alguns dos mais comuns incluem:
Tosse crônica ou frequente, especialmente uma tosse “seca” ou irritativa.
Espirros persistentes.
Dificuldade para respirar como ofegar, respiração acelerada ou com esforço.
Secreção nasal ou ocular, olhos irritados ou avermelhados.
Pelo sem brilho, com odor persistente de cigarro.
Letargia, diminuição da energia ou disposição para brincar.
Perda de apetite ou emagrecimento, em casos mais avançados e chiado no peito, especialmente em gatos com asma.
Pet Med – Raças braquicefálicas, filhotes e animais com doenças crônicas respiratórias correm mais risco?
Rosiane da Silva – Com certeza. Raças braquicefálicas, de focinho curto, como Pugs, Buldogues, Shih Tzus e Gatos Persas, etc., já têm uma anatomia respiratória naturalmente comprometida. Suas narinas são mais estreitas, o palato mole é alongado e as vias aéreas são mais apertadas. A fumaça do cigarro agrava ainda mais essa condição pré-existente, causando maior inflamação e dificuldade respiratória, podendo levar a crises mais severas.
Já os filhotes têm o sistema respiratório e imunológico ainda em desenvolvimento, logo, a exposição precoce a toxinas pode causar danos permanentes aos pulmões e ao sistema imunológico, tornando-os mais suscetíveis a infecções e problemas crônicos ao longo da vida.
Os animais com doenças crônicas respiratórias, ou seja, aqueles que já sofrem de asma, bronquite crônica ou outras condições respiratórias, têm seus sintomas intensificados pela fumaça. A irritação agrava a inflamação existente e pode desencadear crises severas, necessitando de intervenção veterinária.
Pet Med – Além da inalação, a nicotina ou os resíduos tóxicos do cigarro podem ser absorvidos pela pele, pelos ou lambedura?
Rosiane da Silva – Sim, e essa é uma via de exposição muito importante, especialmente a da lambedura. A forma residual deposita partículas tóxicas em todas as superfícies, incluindo os pelos dos animais. Quando os pets se lambem para se limpar, eles acabam ingerindo essas substâncias nocivas. A nicotina e outros resíduos são então absorvidos pelo trato gastrointestinal. Em menor grau, a absorção pela pele também pode ocorrer se houver contato prolongado ou em grandes quantidades, mas a via oral (lambedura) é a mais relevante.
Pet Med –E, quanto ao real risco de câncer em pets associado ao ambiente com fumaça de cigarro?
Rosiane da Silva – Sim, o risco de câncer em pets associado ao ambiente com fumaça de cigarro é real e comprovado. As substâncias químicas presentes na fumaça do tabaco são carcinogênicas, ou seja, capazes de causar mutações nas células que podem levar ao desenvolvimento de tumores.
Em cães há um risco aumentado de câncer nasal (especialmente em raças dolicocefálicos, onde as partículas se depositam e irritam a mucosa nasal) e câncer de pulmão.
Nos gatos, há uma forte associação entre a exposição à fumaça e o desenvolvimento de linfoma – um câncer do sistema linfático, e câncer de boca. Isso se deve à ingestão das toxinas ao se lamberem, que irritam as mucosas do aparelho digestório.
A exposição crônica a esses agentes carcinogênicos leva à formação de tumores ao longo do tempo.
Pet Med –Fumar em outro cômodo ou perto de uma janela elimina o risco para os animais?
Rosiane da Silva – Não, não elimina o risco. Embora possa reduzir a concentração imediata de fumaça inalada, não é uma solução eficaz. A fumaça não respeita paredes ou janelas abertas. As partículas tóxicas se espalham pelo ar e conseguem entrar em outros cômodos. Mesmo com a janela aberta, parte da fumaça é sugada de volta para dentro ou se deposita nas superfícies do ambiente.
O resíduo tóxico nas superfícies ainda será um problema, pois as toxinas se depositam em todos os lugares, independentemente de onde o cigarro foi aceso. O único ambiente realmente seguro é aquele onde não há fumaça de cigarro em nenhum momento.
Pet Med –Que medidas práticas os familiares fumantes podem adotar para proteger seu pet da fumaça do cigarro?
Rosiane da Silva – A medida mais eficaz é parar de fumar completamente. No entanto, se isso não for possível imediatamente, algumas ações podem ajudar a minimizar a exposição, mas nunca a eliminar a exposição do pet à fumaça do cigarro, como por exemplo:
Fumar exclusivamente ao ar livre, longe dos animais e da residência: Essa é a única forma de evitar a exposição direta à fumaça.
Trocar de roupa e lavar as mãos após fumar e antes de interagir com o pet. Isso reduz a transferência de resíduos.
Não fumar dentro do carro com o pet presente.
Limpar frequentemente e rigorosamente o ambiente, incluindo as cortinas, os tapetes, as mantas, e limpar superfícies com frequência para remover as partículas tóxicas depositadas.
Evitar cinzeiros expostos. Os cinzeiros devem sempre estar limpos e fora do alcance dos animais, pois a ingestão de bitucas e cinzas é altamente tóxica.
Pet Med –Para finalizar, nos de um resumo, de como, de modo geral, a fumaça do cigarro impacta a qualidade de vida e a saúde dos cães e gatos.
Rosiane da Silva – De modo geral, a fumaça do cigarro impacta a qualidade de vida e a saúde dos cães e gatos de forma extremamente negativa. Ela os submete a um estresse crônico no sistema respiratório e imunológico, tornando-os mais propensos a doenças, infecções e, em casos mais graves, ao desenvolvimento de cânceres. Os pets acabam tendo menos energia e disposição, ficam doentes ou com dificuldade respiratória, não brincam, não se exercitam e não interagem como deveriam. A inflamação e as doenças respiratórias podem causar tosse constante, falta de ar, desconforto e dor. Animais expostos cronicamente à fumaça tendem a viver menos e com menor qualidade de vida. Em resumo, a exposição à fumaça transforma o lar em um ambiente de risco contínuo para a saúde do pet, comprometendo seu bem-estar físico e emocional.
Neste aspecto, gostaria de reforçar, ainda, a ideia de que a responsabilidade pela saúde do pet recai inteiramente sobre seus tutores. Muitas vezes, a relação entre o tabagismo do tutor e a saúde do animal não é imediatamente óbvia para as pessoas, e os sintomas podem ser atribuídos a outras causas. É fundamental que os veterinários eduquem os familiares sobre os riscos do tabagismo passivo, pois a conscientização é a primeira e mais importante ferramenta de prevenção.
Outro ponto importante é que não há um nível “seguro” de exposição à fumaça de cigarro. Mesmo a exposição ocasional ou em pequenas quantidades pode ter efeitos cumulativos e prejudiciais. Os animais, por viverem no mesmo ambiente que seus tutores e terem sistemas respiratórios mais sensíveis, são verdadeiras “sentinelas” da qualidade do ar doméstico. O que é prejudicial para nós, muitas vezes é ainda mais prejudicial para eles.
Por fim, é crucial lembrar que o bem-estar animal vai além da alimentação e do acesso a cuidados veterinários básicos, ele engloba um ambiente seguro e saudável. Proteger os pets da fumaça do cigarro é um ato de amor e responsabilidade que impacta diretamente na sua qualidade de vida e longevidade. Incentivar a cessação do tabagismo entre tutores de animais não é apenas uma questão de saúde humana, mas de saúde pública animal.
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O glaucoma é uma das doenças oculares mais silenciosas e perigosas que acometem, também, a visão dos cães e gatos, podendo levá-los à cegueira irreversível se não forem identificados e tratados a tempo.
Embora seja mais comum em algumas raças e idades, o glaucoma pode surgir de forma súbita ou secundária a outras condições, como uveítes ou luxação de cristalino. Por isso, na entrevista de hoje, vamos entender como os familiares podem, no dia a dia, reconhecer os sinais clínicos precoces. A Médica Veterinária, Natércia Ribeiro Silva, especializada em Oftalmologia e fundadora da Majstra Formulações Veterinárias, nos explica, também quais exames são essenciais para o diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis — desde colírios até intervenções cirúrgicas, sempre com foco na preservação da visão e da qualidade de vida dos animais.
Acompanhe a entrevista e compartilhe com seus amigos e familiares!
Boa leitura.
Pet Med – O que exatamente é o glaucoma e por que ele representa um risco tão grande à visão dos cães e gatos?
Natércia Ribeiro Silva – O glaucoma é aumento da pressão intraocular devido a não drenagem do humor aquoso – líquido que preenche a parte anterior do olho. Esse aumento vai levando a perda da visão gradativa irreversivelmente, pois ocorre perda das células da retina e degeneração do nervo óptico devido a pressão sobre esses tecidos. É uma das principais causas de cegueira em cães.
Pet Med – Quais são os principais tipos de glaucoma que acometem cães e gatos, e como eles se desenvolvem?
Natércia Ribeiro Silva – Classificamos o glaucoma em três formas: .
1 – O glaucoma pode ser primário ou secundário, de acordo com a sua causa;
2 – Agudo ou crônico com base na sua evolução;
3 – Com ângulo aberto ou fechado de acordo com a aparência do ângulo de drenagem.
Então, podemos ter:
Glaucoma primário com aumento da PIO não associado a outras doenças. Tem caráter hereditário, geralmente bilateral.
Glaucoma primário de ângulo aberto, devido às alterações metabólicas das células trabeculares.
Glaucoma primário de ângulo fechado, com alterações mecânicas no ângulo de drenagem.
Glaucoma secundário, associado a uma doença ocular prévia que obstrui o cais de drenagem do humor aquoso, geralmente unilateral, podendo ser bilateral.
Pet Med – Quais sinais clínicos devem acender o alerta de que um animal pode estar desenvolvendo glaucoma?
Natércia Ribeiro Silva – Quando a parte branca do olho fica vermelha, o piscar intenso, olho com aspecto azulado, pupila dilatada, perda da visão, e, em casos crônicos, aumento do globo ocular.
Pet Med – Os sintomas do glaucoma são sempre visíveis ou pode haver evolução silenciosa da doença?
Natércia Ribeiro Silva – É uma doença silenciosa, mas conforme vai agravando os sinais vão se manifestando.
Pet Med – Existe alguma predisposição racial ou genética conhecida em cães e gatos?
Natércia Ribeiro Silva – Sim, as raças caninas predispostas ao glaucoma primário são:
As fêmeas têm maiores chances de desenvolver devido apresentarem o ângulo iridocorneano menor.
Pet Med – Como é feito o diagnóstico do glaucoma na prática veterinária e quais exames são indispensáveis?
Natércia Ribeiro Silva – O diagnóstico é feito com equipamento específico que mede a pressão intraocular do olho. Esse equipamento se chama Tonômetro, podendo ser de aplanação ou de rebote.
Pet Med – Qual é o papel da tonometria e com que frequência ela deve ser realizada em animais de risco?
Natércia Ribeiro Silva – A tonometria faz parte da rotina da avaliação oftálmica. Em animais predispostos ou em tratamento controlado, o ideal é ser avaliado a cada seis meses.
Pet Med – Uma vez diagnosticado, o glaucoma tem cura ou o objetivo do tratamento é apenas controle?
Natércia Ribeiro Silva – O glaucoma é uma doença crônica, que não tem cura. O objetivo é tentar retardar a progressão para a perda da visão e aliviar a dor e desconforto do aumento da pressão e possíveis complicações devido aumento do globo ocular como ceratites e úlceras de córnea.
Pet Med – Quais são as opções de tratamento clínico disponíveis atualmente e como elas atuam?
Natércia Ribeiro Silva – O tratamento do glaucoma vai variar de acordo com o estágio da doença, etiologia e presença ou ausência da visão. Começamos com tratamento clínico com colírios antiglaucomatoso para controlar a pressão intraocular, associado a medicação injetável em casos de glaucoma agudo. Podendo associar medicamentos orais neuroprotetores, os nutracêuticos.
O objetivo seria diminuir a produção do humor aquoso e aumentar a drenagem do mesmo para resultar na diminuição da pressão intraocular. Os principais ativos utilizados são: Dorzolamida, timolol, latanoprosta, manitol, bimatoprosta e brinzolamida.
Pet Med – Em que situações o tratamento cirúrgico é indicado e quais são as técnicas mais utilizadas?
Natércia Ribeiro Silva – Olhos não responsivos ao tratamento clínico podemos direcionar para o tratamento com implantes de drenagem, criocirurgia, cito fotocoagulação, gonioimplates, iridencleise, trabeculectomia, ablação química intravítrea ou enucleação.
Pet Med – Quais são os maiores desafios no manejo do glaucoma em gatos, considerando seu comportamento mais reservado?
Natércia Ribeiro Silva – A aplicação dos colírios e a quantidade de vezes necessárias ao longo do dia podem ser fatores de estresse para os felinos. Assim como utilizar colar protetor em alguns casos. Felinos com hábitos de vida fora da sua casa podem ter mais chances de machucar olhos buftálmicos, ou seja, que tenham olhos com tamanho maiores.
Pet Med – Qual é a importância do acompanhamento contínuo e os riscos da perda de visão em cães e gatos com glaucoma?
Natércia Ribeiro Silva – Animais com glaucoma precisam ter acompanhamento frequente até o controle da pressão, depois acompanhamento pelo menos a cada dois a três meses até a PIO manter estável. Após esse período o ideal é acompanhar a cada seis meses. Não conseguimos prever o tempo para a perda de visão, apenas ir acompanhado a evolução com os exames clínicos. Sabemos que haverá essa perda, mas não conseguimos precisar o período, vai depender de cada organismo e sua reação ao tratamento, mas, animais sem tratamento evoluem muito rápido para perda da visão.
Pet Med – Qual é a importância de suportes, como por exemplo o Calm Pet, da Pet Med, para proporcionar uma melhor qualidade de vida emocional aos pacientes que estão perdendo a visão, dando-lhes mais segurança e conforto?
Natércia Ribeiro Silva – Se o pet for muito agitado e que impeça a aplicação dos colírios, o que implique em aumentar a pressão do olho por ficar pulando muito por exemplo, pode ser válido. Segurança e conforto serão mais em relação ao manejo, como exemplo não mudar móveis de lugar, isolar áreas de risco como escadas e piscina, andar com a coleira mais curta junto ao corpo, ver um pet para ser o cão guia desse animal que futuramente perderá a visão. Para perdas agudas da visão, o Calm Pet pode ajudar também, assim como a dedicação do tutor, que é outro fator muito importante para o sucesso do tratamento. Não é um tratamento fácil, nem barato, então, é importante o tutor conversar com o seu veterinário sobre a melhor estratégia de tratamento que vá garantir o melhor para o pet e seus familiares.
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