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Setembro verde: a importância da inclusão de animais com deficiência

Setembro verde: a importância da inclusão de animais com deficiência

Por Pauline Machado

⠀⠀⠀O mês de setembro é dedicado às pessoas com deficiência (PcD), com o objetivo de incentivar a conscientização da população sobre a importância da inclusão.
A campanha, que teve início em 2015, também vale para os animais portadores de alguma deficiência, seja ela física, visual ou auditiva.
⠀⠀⠀Para falar sobre este assunto convidamos a dra. Mhayara Reusing, Médica Veterinária formada pela Universidade Federal do Paraná, com residência em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da UFPR, especializada em Fisioterapia Veterinária pela Fisio Care Pet, Mestrado em Ciência Animal na PUCPR, com ênfase em Fisioterapia para cães com displasia coxofemoral e Doutorado em Ciência Animal pela PUCPR.
⠀⠀⠀Portadora do CRMV/PR: 10.530, Mhayara é, ainda, coordenadora da Pós-Graduação em Fisiatria, Fisioterapia e Reabilitação Veterinária na Universidade Positivo, coordenadora do Programa de Treinamento Técnico Interno de Fisioterapia e Reabilitação no Instituto de Reabilitação Animal, responsável técnica e diretora geral do Instituto de Reabilitação Animal, empresa parceira do Hospital Veterinário Animal Clinic e proprietária do Quali Vita Pet Care – Pet Shop e Veterinária – Shopping Jardim das Américas.
⠀⠀⠀Em paralelo, conversamos com a Larissa Tanaka Onuki, fundadora do projeto Cão de Rodinhas, e, também, professora universitária PUCPR e UniSENAIpr e Mestre em Administração.
⠀⠀⠀Ambas trazem informações importantes e que nos mostram o quanto os animais se adaptam melhor do que nós às novas condições físicas e conseguem, sim, viver felizes, desde que estejam em um ambiente seguro e com os cuidados médicos adequados conforme recomendação da equipe de médicos veterinários e lógico, com muito amor da família.
⠀⠀⠀Acompanhe as entrevistas!

⠀⠀⠀Pet Med – Quais são as causas mais comuns de deficiência em cães e gatos?
Mhayara Reusing – Uma vez que as deficiências físicas englobam lesões que afetam não somente a locomoção, mas também os sentidos dos animais, como a cegueira e a surdez, há uma ampla gama de etiologias relacionadas.
Podemos citar as principais como sendo de origem neurológica e endócrinas responsáveis por consequências motoras e sensoriais, e as causas ortopédicas restritas às deficiências motoras.
⠀Dentre as doenças mais comuns dentro dessa classificação podemos citar as hérnias de disco, síndrome wobbler, síndrome da cauda equina e encefalites (neurológicas), a diabetes (polineuropatia periférica, catarata) e hiperadrenocorticismo (endócrinas), displasias de quadril e cotovelo, luxação de patela, ruptura de ligamento cruzado, miopatias e tendinopatias (ortopédicas).
⠀Infelizmente também é muito comum causas infecciosas, traumáticas ou oncológicas afetando a locomoção ou o sentido dos animais, causando lesões irreversíveis ou com prognóstico desfavorável, sendo indicado enucleação, ablação total do conduto auditivo ou amputação de membro.

⠀⠀⠀Pet Med – Como identificar os primeiros sinais de uma possível paralisia nos pets?
Mhayara Reusing – Considerando as hérnias de disco como causa mais comum de paralisia nos pets, podemos analisar os sinais clínicos de acordo com sua evolução.
⠀Em casos hiperagudos, é muito difícil identificar algum sinal clínico antes do acontecimento da lesão. É muito comum, por exemplo, o tutor relatar que estava tudo bem, o animal estava andando normal, brincando no parque e “paralisou” de forma aguda.
⠀Alguns casos agudos não necessariamente estão vinculados à hiper movimentação, como saltos e corridas, mas movimentos simples do dia a dia podem ser suficientes para o disco intervertebral degenerado comprimir o tecido medular e causar sérias dificuldades locomotoras. Entretanto, existem casos crônicos, em que podemos perceber e antecipar cuidados para evitar agravos da lesão.
⠀São esses sinais clínicos que devemos ficar atentos: perda de equilíbrio, arrastar os membros, claudicar (mancar), dificuldade para se levantar ou deitar, dificuldade de urinar ou defecar, posição cifótica (coluna curvada pode indicar dor), prostração, redução do apetite.
⠀São esses sinais clínicos que devemos ficar atentos: perda de equilíbrio, arrastar os membros, claudicar (mancar), dificuldade para se levantar ou deitar, dificuldade de urinar ou defecar, posição cifótica (coluna curvada pode indicar dor), prostração, redução do apetite.

⠀⠀⠀Pet Med – Qual é a importância de incentivar a inclusão dos animais com deficiência?
Mhayara Reusing – A medicina veterinária evoluiu muito para proporcionar qualidade de vida aos animais com alguma deficiência, e a principal forma de promover isso é através do alívio da dor.
⠀Um animal livre de dor, mesmo com limitações físicas, esboçará comportamentos afetivos, conseguirá se alimentar, realizar suas necessidades fisiológicas, mesmo que precise de ajuda para isso.
⠀Muitas pessoas por desconhecimento de causa, se penalizam ou esboçam preocupação, “pena” de animais que estão sob ótimos cuidados após alguma lamentável situação que o tenha causado alguma lesão motora ou sensorial.
Isso acaba não sendo favorável a quem está do outro lado, que muitas vezes até salvou a vida daquele animal, e está lutando para que ele tenha, além do direito à vida, mas também com qualidade e bem-estar.
⠀A conscientização da população quanto à inclusão de animais com deficiência é fundamental para redução do preconceito, mostrando que com responsabilidade e dedicação é possível proporcionar bem estar e qualidade de vida aos animais com deficiência.

⠀⠀⠀Pet Med – De que modo essa inclusão pode ser feita por meio dos familiares?
Mhayara Reusing – O primeiro passo é a compreensão e aceitação do quadro do animal e da relevância do manejo adequado. É muito importante a ciência e colaboração de todos da casa para maior sucesso no tratamento.
⠀A orientação dos médicos veterinários, preferencialmente da área de fisioterapia quanto às atividades diárias, ambiente de permanência do animal, uso de órteses para facilitar o dia a dia e cuidados da rotina é fundamental e deve ser individualizada.

⠀⠀⠀Pet Med – E no dia a dia da família, o que muda na rotina, quando por exemplo, todos têm que sair para trabalhar e o pet fica sozinho?
Mhayara Reusing – O principal alerta é que o animal não pode ficar na cadeira de rodas sozinho.
⠀O uso de cadeira de rodas deve respeitar o tempo máximo de 2 horas por dia, sendo recomendado 30-40 min por período (manhã, tarde e noite), mas sempre supervisionado. Isso porque ele pode se enroscar em algo, pode tombar, e não conseguir deitar com o equipamento, sendo muito prejudicial às suas articulações.
⠀Considerando, então, que estará sem a cadeirinha, o animal não pode ficar vulnerável ao quadro que ele apresenta enquanto estiver sozinho.
⠀⠀⠀Vou exemplificar:
⠀-se ele desenvolveu automutilação, deve utilizar o colar elizabetano;
⠀-se não consegue urinar sozinho, precisa que sua vesícula seja esvaziada antes e após o período de ausência dos responsáveis, preferencialmente não ultrapassando 8 horas de intervalo (quanto mais frequente e completo o esvaziamento, melhor para evitar cistite de repetição);
⠀-se ele se arrasta, precisa utilizar protetores como sacos de arrasto, meias, sapatinhos;
⠀- fraldas e pomadas para assadura são opções que ajudam também os animais que conseguem urinar sozinhos.
⠀-sempre manter a higiene do animal para evitar lesões ou infecções bacterianas.
⠀-em caso de tetraplegia ou incapacidade de troca de decúbito, o indicado é que esse animal fique com alguém que possa ao menos trocar ele de lado a cada 2 horas para evitar escaras de compressão que são de difícil cicatrização;
⠀-caso o animal tenha deficiência visual, é importante manter a disposição dos móveis conforme ele está habituado.
– ambientes planos e aderentes são os mais indicados para todos os animais com alguma dificuldade física.
⠀Em resumo, os cuidados de manejo vão variar de acordo com a deficiência apresentada, por isso, a orientação especializada deve sempre ser a primeira escolha para melhor cuidar dos animais com essas necessidades especiais.

⠀⠀⠀Pet Med – E quando o pet não tinha nenhuma deficiência e passa a ter, como deve ser o ajuste no ambiente para proporcionar qualidade de vida ao animal nesta nova condição?
Mhayara Reusing – A adaptação ambiental é muito importante para facilitar a adaptação emocional que a família está passando também.
⠀Facilitar o ambiente para o animal trará mais conforto a ele e aos seus responsáveis por perceberem uma melhor adequação do mesmo aos novos hábitos. Como mencionado anteriormente, sem dúvidas para todos os casos, pisos emborrachados e espaço plano, com fácil acesso à água e ao pote de alimento, constantemente higienizado, é o mais indicado para qualquer deficiência física.
⠀Pisos lisos têm menos atrito com os coxins, trazendo mais instabilidade articular. Pisos ásperos, por sua vez, como cimento, apesar de aderentes são contraindicados nos casos que os animais se arrastam pois predispõe a lesões por abrasão.
⠀Degraus representam risco para agravo ou novas lesões devido ao impacto pois a movimentação já está comprometida.
⠀Caminhas confortáveis ajudam a manter pontos de pressão mais aliviados, evitando escaras.
⠀Comedouros e bebedouros devem ser adaptados ao alcance daquele animal, sem que ele tenha que forçar suas articulações  para conseguir ter acesso à água e comida. A altura ideal varia de acordo com o porte do animal e quais são suas limitações físicas.

⠀⠀⠀Pet Med – Quais cuidados as famílias devem ter ao escolher a cadeira de rodas, como pegar no colo corretamente, lidar com as feridas pelo arrasto, fazer o esvaziamento da bexiga, colocar, trocar fralda, fazer a higiene corretamente, entre outros?
Mhayara Reusing – A cadeira de rodas pode atender mais comumente animais para ou tetraplégicos, existindo cadeirinhas de duas ou quatro rodas, respectivamente.
As dimensões devem respeitar o porte do animal, de forma que sua coluna e membros fiquem mais próximos da posição anatômica de estação possível. O material deve ser leve, e proporcionar a distribuição do peso do animal de forma a trazer estabilidade.
A forma ideal de pegar o animal no colo é pelo tronco, deixando a coluna na horizontal, com as mãos apoiando tórax e pelve. Jamais segurar e puxar pelos membros ou gerando curvaturas na coluna.
Em caso de feridas por arrasto, devemos atuar tanto no tratamento promovendo cicatrização, como evitando novas abrasões.

⠀⠀⠀Pet Med –  É possível prevenir a paralisia nos cães e nos gatos?
Mhayara Reusing – O acrônimo “VITAMIND” traz as etiologias das doenças neurológicas que potencialmente causa paresias ou paralisias, sendo elas: Vascular, Inflamatória/Infecciosas, Traumática, Anomalias, Metabólicas, Idiopáticas, Neoplásicas e Degenerativas.
Dessas, conseguimos reduzir os fatores de risco de algumas delas, como por exemplo exames de rotina, hábitos saudáveis, peso corporal ideal, evitar impactos saltando de móveis, diagnóstico e tratamento precoces das doenças independentemente da origem.
Neste contexto, as mais possíveis de serem evitadas são as traumáticas, com atos simples como andar com animal na guia, em segurança e evitar ter acesso a locais altos sob risco de queda.
As que menos suscetíveis à prevenção são as causas idiopáticas e neoplásicas. As demais com tratamento e manejo adequados podem ser evitadas ou atenuadas. 

⠀⠀⠀Pet Med – E a cadeira de rodas? Ela é a única solução para animais com deficiência física?
Mhayara Reusing – A cadeira de rodas é o último recurso a ser indicado, pois muitos casos as lesões são reversíveis.
O uso precoce ou inadequado da cadeirinha pode mascarar a recuperação neurológica por colocar os membros em desuso e favorecer a atrofia, se o estímulo adequado não for promovido.
Ela ajuda muito em alguns casos, até mesmo para facilitar alguns exercícios e pode servir como adjuvante no tratamento. Ainda assim, não é a única solução.
Existem órteses para suporte a apoio durante a locomoção assistida.

⠀⠀⠀Pet Med – Quanto aos recursos da Medicina Veterinária, o que temos atualmente à disposição para atender esses animais?
Mhayara Reusing – A medicina veterinária dispõe de tratamentos cirúrgicos ou conservadores, sendo suas indicações vinculadas às causas da lesão e diversos fatores vinculados a cada caso.
As cirurgias são capazes de estabilizar segmentos vertebrais instáveis, descomprimir tecido medular comprimido por material do disco intervertebral. Vale ressaltar que todos os casos cirúrgicos se beneficiam quando associados à fisioterapia, acupuntura, ozonioterapia. Terapias integrativas são complementares aos tratamentos cirúrgicos ou conservadores tradicionais.
A fisioterapia dispões de diversos métodos físicos no tratamento da dor, na regeneração tecidual, coordenação motora e no fortalecimento muscular, como a magnetoterapia, eletroterapia, laserterapia, eletroterapia, ultrassom terapêutico e cinesioterapia.
A ozonioterapia e a acupuntura também agem na regeneração tecidual, equilíbrio e autocura, por mecanismos diferentes. Mas temos muitos recursos disponíveis para atender esses animais hoje em dia.

⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, qual é o papel do Médico Veterinário neste contexto de inclusão do animal com deficiência?
Mhayara Reusing – Atualizar-se sobre as opções de tratamento, sabendo que mesmo em casos irreversíveis de paralisia, terapias como ozonioterapia, acupuntura e fisioterapia são indicadas para manutenção da qualidade de vida do paciente. Orientar adequadamente sobre os cuidados, possibilidade para facilitar a rotina dos tutores, atuar como um formador de opinião e conscientização das pessoas quanto às possibilidades de inclusão dos animais com deficiência.
Com a evolução da medicina veterinária existem muitas terapias e cuidados que possibilitam a qualidade de vida a animais com deficiência física. Sim à vida, e com qualidade e bem-estar!

⠀⠀⠀Projeto Cão de Rodinhas

⠀⠀⠀Pet Med – Como se deu a criação da Campanha Setembro Verde e qual é o seu propósito?
Larissa Onuki – A campanha “Setembro Verde” é usada para promover a conscientização sobre as questões das pessoas com deficiência, incluindo o combate ao capacitismo, o incentivo à inclusão, acessibilidade, direitos das pessoas com deficiência e a importância de criar uma sociedade mais igualitária e inclusiva para todos. Durante este mês, podem ocorrer eventos, campanhas de conscientização, palestras e atividades que visam educar o público sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência e promover a inclusão e a igualdade de oportunidades em várias esferas da vida, como educação, emprego, transporte e acessibilidade em geral.

⠀⠀Pet Med – De que forma ela abrange também os animais?
Larissa Onuki – Os pets com deficiência sofrem algumas consequências do capacitismo que existe na sociedade. Entre pessoas, o capacitismo significa o preconceito e a menos valia das pessoas com deficiência, como se elas fossem coitadas ou menos capazes, resultando na falta de inclusão, acessibilidade, oportunidades e visibilidade dessas pessoas.
⠀Para os animais, a consequência desse capacitismo vem em forma de abandono, baixo número de adoção, e infelizmente até a eutanásia, em que veterinários e tutores mal informados acreditam que o animal está em sofrimento por ter uma paralisia, por exemplo, e levam ao “sacrifício por invalidez” desses animais
⠀No entanto, a paralisia em si, ou deficiência visual, auditiva, falta de algum membro, não é razão para eutanásia. Estes animais vivem muito bem e felizes, desde que os tutores estejam conscientes dos cuidados diferenciados que cada caso pede.

⠀⠀⠀Pet Med – Qual é a importância de incentivar a inclusão dos animais com deficiência?
Larissa Onuki – A importância é trazer a visibilidade a estes animais, para que os tutores não sintam-se sozinhos ou perdidos quando se depararem com um animal que se tornou um pet com deficiência devido a idade, a um acidente ou mesmo a uma doença.
⠀É importantíssimo os próprios profissionais veterinários saberem orientar corretamente sobre os cuidados em casa, indicarem tratamentos que aumentem a qualidade de vida como fisioterapia, ou mesmo não indicarem a eutanásia pelo simples fato do animal ter uma deficiência, que na maioria dos casos é desnecessária.
⠀Com essa inclusão e visibilidade, mais serviços pet estarão preparados para receber esses animais, como transporte, banho e tosa, hotéis e creches que tenham a estrutura e profissionais capacitados.
⠀Esta visibilidade também auxilia na redução de abandono e aumento de adoções de pets com deficiência, que normalmente são os últimos da fila nos abrigos, juntamente dos pets idosos.

⠀⠀⠀Pet Med – Neste aspecto, qual é o propósito do Projeto Cão de Rodinhas?
Larissa Onuki – O Projeto Cão de Rodinhas é um projeto nacional de conscientização sobre pets com deficiência, que há 5 anos, acolhe tutores nesse momento cheio de dúvidas, e dissemina informações sobre cuidados do dia a dia, dicas de marcas e profissionais que atendam esse público.
⠀Nosso projeto leva visibilidade da causa dos pets com deficiência realizando encontros bimestrais em locais públicos, onde tutores encontram um grupo de apoio fantástico cheio de trocas de informações e acolhimento.
⠀Realizamos palestras gratuitas em eventos, cursos de medicina veterinária, clínicas e cursos técnicos de auxiliar veterinário sobre os cuidados dos pets com deficiência.
⠀Realizamos contações de histórias e visitas em escolas conscientizando as crianças desde novas a respeitarem as diferenças e que os animais com deficiência são SIM felizes.
⠀E nossa principal ferramenta é a distribuição nacional de uma cartilha gratuita, impressa ou e-book (publicação oficial Editora InVerso, escrita em parceria com médicos veterinários especialistas de área do Hospital Animal Clinic de Curitiba), chamada “Cuidados do pet com Deficiência” que já conta com mais de 10.500 impressões distribuídas graças ao apoio de patrocinadores e doações.
⠀Atuamos fortemente via redes sociais pelo @caoderodinhas onde se tornou nosso maior canal de atendimento aos tutores.

⠀⠀⠀Pet Med – O que é e como nasceu o Projeto Cão de Rodinhas?
Larissa Onuki – O projeto Cão de Rodinhas foi inspirado pela história do Argos, meu cãozinho. Ele é meu border Collie de 6 anos que foi atropelado quando tinha apenas 1,5 anos.
⠀Foi desesperador quando aconteceu o acidente, e fiquei extremamente perdida com dificuldades sérias de encontrar informações claras que orientassem como dar qualidade de vida e como seria o dia a dia a partir do momento que ele se tornou cadeirante.
Entendendo essa lacuna de informações disponíveis decidimos criar um projeto de conscientização nacional, que pudesse ser um acolhimento e um guia para quem estivesse passando por situação parecida.

⠀⠀Pet Med – Atualmente o projeto conta com quantos profissionais e de quais áreas?
Larissa Onuki – O projeto conta com mais de 20 voluntários, nas mais diversas áreas. Temos médicos veterinários, médicos, psicólogos, estudantes universitários, designers, administradores entre outros que desempenham as mais diversas tarefas aqui dentro do projeto. Eles são os responsáveis pelo crescimento da atuação do projeto a cada ano.

⠀⠀⠀Pet Med – E quanto aos animais? Quantos atualmente são assistidos pelo Projeto?
Larissa Onuki – Como o projeto é de conscientização, não temos animais próprios do projeto.
Acolhemos e orientamos mais de 10 tutores por dia há 5 anos, sem contar com os médicos veterinários que nos atendem nas ações de conscientização e palestras. Ou seja, a informação é repassada a centenas de pets pacientes.
Como ação social, fazemos doações mensais de insumos a 47 afilhados fixos, que são pets com deficiência que ficam em protetoras independentes nos estados de São Paulo, Rio grande do Sul e Paraná. 

⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, como as pessoas podem participar do projeto?
Larissa Onuki – Qualquer pessoa que queira pedir a cartilha gratuitamente e disseminar essas informações, mesmo que seja passando ao seu médico veterinário, creche, banho e tosa ou petshop, pode acessar pelo site www.caoderodinhas.com.br
A todos que quiserem, nos sigam e compartilhem o conteúdo do www.instagram.com/caoderodinhas
E a quem quiser se tornar apoiador do projeto, aceitamos doações via www.apoia.se/caoderodinhas
Agradecemos a oportunidade e o espaço!

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Conheça as Roupas Protetoras para Gatos da Pet Med

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Saiba como proporcionar uma boa saúde para os pets

Saiba como proporcionar uma boa saúde para os pets

Por Pauline Machado

⠀⠀⠀É no mês de agosto (5) que comemoramos o Dia Nacional da Saúde. Apesar desses cuidados serem muito importantes para a qualidade de vida e longevidade das pessoas e, também para os pets, nem sempre a ida ao veterinário acontece com a frequência que deveria.
⠀⠀⠀Por isso, conversamos com a Médica Veterinária, Cintia Ghorayeb, portadora do CRMV/SP:15.282, especialista em clínica-geral do Veros Hospital Veterinário sobre como proporcionar uma boa saúde para cães e gatos.
⠀⠀⠀Acompanhe a entrevista e mantenha a saúde do seu pet sempre em dia!

⠀⠀⠀Pet Med – O que podemos entender sobre saúde dos animais?
Cintia Ghorayeb – Os animais são indivíduos que, assim como nós, precisam de qualidade de saúde para viver bem. Podemos pensar que a qualidade de vida está baseada em saúde física, emocional e espiritual, e deve ser garantida pelo tutor do pet.

⠀⠀⠀Pet Med – Em particular à saúde dos cães, o que podemos entender como características de um cão saudável enquanto filhote, na vida adulta e na fase geriatra?
Cintia Ghorayeb – Para todas as etapas da vida, o cão deve estar sempre com apetite adequado, atividades esportivas na rotina, qualidade de fezes e urina, e dormir bem. Em resumo, o cão deve estar sempre feliz!

⠀⠀⠀Pet Med – E quanto aos gatos? Quais são as características de um gato saudável nas respectivas: filhote, vida adulta e geriatra?
Cintia Ghorayeb – Para felinos, os parâmetros são similares. Os tutores devem sempre estar atentos ao apetite, ingestão de água e peso adequado. É importante observar, também, qualidade de fezes, urina e sono. Sugerimos atividades mesmo que indoor com brincadeiras.

⠀⠀⠀Pet Med – No dia a dia com cães, quais cuidados as famílias devem ter para que tenham qualidade de vida saudável?
Cintia Ghorayeb – Ofereça sempre alimentação de qualidade, mantenha atividade física duas vezes ao dia. É muito importante investir em prevenção de doenças, com vacinas anuais e protetores de pulgas, carrapatos e pernilongos.

⠀⠀⠀Pet Med – E no convívio com gatos, quais devem ser os cuidados básicos para que tenham vida saudável?
Cintia Ghorayeb – Indicamos manter dietas com bastante água na rotina, como os sachês, além das rações secas de boa qualidade. As caixas sanitárias sempre limpas e o enriquecimento ambiental para o gatinho fazer atividades durante o dia, também é muito importante, assim como manter o peso ideal e prevenção de pulgas e carrapatos.

⠀⠀⠀Pet Med – Quanto ao protocolo de vacinação, quais são os pertinentes aos cães e quais são os referentes aos gatos?
Cintia Ghorayeb – Para cães e gatos, é obrigatório no nosso País,  a vacinação contra a raiva anualmente.
⠀Para cães: indicamos a vacina V8, que previne doenças virais graves, e a vacina contra tosse dos canis, ambas anualmente também.
⠀Para gatos, indicamos a vacina V5, que previne doenças virais graves incluindo a prevenção para Leucemia felina, que é um vírus epidêmico no Brasil e é uma doença com grande potencial de morte nos gatos. Também é necessário que seja feita a vacinação anualmente.

⠀⠀⠀Pet Med –  E ao cuidado com os endo e ectoparasitas? A partir de quando devem ser feitos e de quanto em quanto tempo?
Cintia Ghorayeb – O filhotinho de 15 dias de vida já precisa receber vermífugos, inclusive junto com a mãe. E a partir daí, controlamos doenças com exames de fezes regulares e indicamos vermifugação anualmente de forma preventiva para todos os animais.

⠀⠀⠀Pet Med – Quanto à saúde emocional e comportamental dos cães e gatos? O que devemos considerar como fundamental para o dia a dia de cada espécie?
⠀Cintia Ghorayeb – De forma geral, passeios com os cães de apartamento duas vezes ao dia. Para cães grandes podem ser importantes atividades que fortaleçam a musculatura, como corridas e natação. Quintais espaçosos ajudam muito!
Para gatos, sabemos que eles vivem mais quando não saem dos apartamentos (gatos domiciliados), portanto indicamos enriquecer o ambiente com brinquedos e prateleiras para eles fazerem circuitos, pois, os gatos gostam muito de altura.

⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, por favor explique a importância de levar os animais periodicamente ao Médico Veterinário.
Cintia Ghorayeb – É importante avaliação pelo médico veterinário para garantir a saúde do pet, e a do tutor, porque muitas doenças passam de animais para humanos e vice-versa.
⠀O médico veterinário trabalha com medicina única, que é a prática que garante a saúde de inter-espécies, trabalhando com prevenção e com entendimento do papel do animal naquela família. Além do controle de saúde pública, pois os animais podem ser grandes vetores de doenças.
⠀Além disso, para o pet, a visita ao veterinário permite trabalhar com medicina preventiva, diagnosticando doenças iniciais e assim podemos aumentar o tempo de vida do pet com qualidade de envelhecimento.
⠀Vale ressaltar ainda que a relação dos pets com o ser humano traz inúmeros benefícios na saúde psíquica e física também. Os animais são nossos grandes aliados, e nessa relação o amor só cresce.
⠀Para que seu animal viva bem e por muito tempo, tenha o médico veterinário como seu aliado. Mantenha sempre seu pet com a saúde em dia, pense em prevenção e atividade física e assim vocês terão longos anos de parceria!
⠀Leve regularmente seu animal para avaliação médica e aproveitem a vida juntos!

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Conheça as Roupas Protetoras para Gatos da Pet Med

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Agosto verde: como prevenir e tratar os casos de linfoma em cães e gatos?

Agosto verde: como prevenir e tratar os casos de linfoma em cães e gatos?

Agosto Verde: Conscientização sobre o Linfoma em animais. Reconheça sinais, busque ajuda. Dra. Ligia Mendes compartilha insights.

Por Pauline Machado

⠀⠀⠀A campanha Agosto Verde vem para conscientizar os tutores sobre um tipo de câncer muitas vezes silencioso e desconhecido, o Linfoma.
⠀⠀⠀Muito falado na medicina humana, hoje o linfoma tem se tornado um diagnóstico bastante frequente na rotina do Médico Veterinário Oncologista e o simples fato de sabermos sobre a sua existência, quando suspeitar e quando buscar ajuda é fundamental para avançarmos no tratamento desta doença, enfatiza a nossa entrevistada de hoje, a Médica Veterinária, Ligia Mendes, graduada pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.
⠀⠀⠀Portadora do CRMV/SC: 08546, Dra. Ligia foi residente em cirurgia de cães e gatos pela mesma instituição da graduação, além de ter pós-graduação em Oncologia pelo instituto Bioethicus e em Cirurgia de Tecidos Moles pela PUC – PR
Boa leitura!

⠀⠀⠀Pet Med – O que podemos entender por linfomas?
⠀Ligia Mendes – Linfoma é um termo genérico utilizado para agrupar o câncer que tem como origem as células linfóides do organismo, as células de defesa.

⠀⠀⠀Pet Med – Neste cenário, quais são os problemas mais comuns em cães e gatos?
⠀Ligia Mendes – O linfoma é na verdade um grupo de doenças com comportamentos, sinais clínicos, diagnósticos e tratamentos completamente distintos um do outro. De modo geral, hoje a maior casuística na minha rotina é a apresentação multicêntrica em cães e alimentar nos gatos.

⠀⠀⠀Pet Med – De que forma este tipo de câncer pode surgir e quais são suas implicações para a saúde dos pets?
⠀Ligia Mendes – Tudo irá depender da classificação da doença. Os linfomas podem ser classificados quanto a morfologia celular em linfomas de pequenas células, células intermediárias ou grandes células (baixo grau x alto grau); quanto à localização anatômica, como linfoma multicêntrico, linfoma alimentar, linfoma esplênico, linfoma cutâneo, linfoma medular, entre outros; e ainda possuem uma classificação molecular, tipo B ou tipo T.
⠀Ele pode cursar como uma doença mais branda, onde inclusive não temos indicação de tratar com quimioterapia, tendo estes pacientes um melhor prognóstico; mas pode também ser uma doença de algo grau, com o aparecimento de sinais de forma repentina, comportamento mais agressivo e baixo prognóstico de vida.

⠀⠀⠀Pet Med – Quais são os sintomas de um animal com linfoma?
⠀Ligia Mendes – De modo geral os animais podem apresentar apatia, perda de apetite, febre, vômito, diarreia como sinais mais inespecíficos. Além, podem ter sinais específicos relacionados à apresentação clínica anatômica, como por exemplo aumento dos linfonodos palpáveis para a forma multicêntrica, dificuldade respiratória para a forma mediastínica nos felinos, nódulos/lesões cutâneas na apresentação cutânea, paralisia de membros pélvicos na apresentação medular em felinos, entre outros.

⠀⠀⠀Pet Med – E quanto ao diagnóstico, como é identificado?
⠀Ligia Mendes – Pararealizarmos o diagnóstico do linfoma, além do histórico relatado pelo tutor e do exame físico do paciente no consultório, que em alguns casos pode já orientar o médico veterinário a suspeitar de um quadro de linfoma, como por exemplo, quando identificado aumento dos linfonodos na apresentação multicêntrica, também precisamos realizar exames hematológicos, ultrassonografia abdominal e radiografia torácica.
⠀Uma vez identificada uma alteração no paciente que seja passível de coleta de amostra para análise citológica, costumamos iniciar por ela como exame de triagem diante de uma suspeita. Após confirmada a suspeita, hoje o “padrão ouro” para o diagnóstico do linfoma é a análise histopatológica, a biópsia, em conjunto com a imuno-histoquímica. Em algumas situações específicas, quando não é possível por exemplo coleta de material para histopatologia e/ou diferenciar um processo reativo não tumoral, podemos lançar mão de um PCR específico para diagnóstico de linfoma (PARR).

⠀⠀⠀Pet Med – Para cão ou gato diagnosticado com linfoma, quais são os possíveis tratamentos?
⠀Ligia Mendes – De modo geral, a quimioterapia é o tratamento mais utilizado para a grande maioria dos linfomas, mas isso não significa que ela sempre será indicada para todo e qualquer tipo de linfoma. Em outros casos, a cirurgia pode ser necessária, como por exemplo nos casos de linfoma intestinal/alimentar com formação de massas, que podem causar obstruções.
Hoje, também trabalhamos de forma multidisciplinar, associando terapias complementares como suporte nutricional especializado, nutracêuticos, terapias integrativas, entre outros.

⠀⠀⠀Pet Med – E quanto às medidas de prevenção. É possível prevenir o aparecimento de linfomas?
⠀Ligia Mendes – Não é possível falarmos de prevenção específica para o linfoma. O câncer é uma doença multifatorial, com causas genéticas e epigenéticas envolvidas no seu desenvolvimento. Nós podemos trabalhar sobre os fatores epigenéticos relacionados ao desenvolvimento dos cânceres de modo geral, como evitar exposição a radiação, evitar administração excessiva de medicamentos, fazer uso de uma alimentação de boa qualidade, realizar atividade física de forma rotineira, fazer o controle do peso do paciente, evitar fatores de estresse, evitar inflamação crônica dos pacientes, tratar comorbidades, entre outros.

⠀⠀⠀Pet Med – No dia a dia com a família, que hábitos devem ser adotados ou evitados ao pet com linfoma?
⠀Ligia Mendes – Após um diagnóstico de câncer e início do tratamento, a família passa a ser nossos olhos no dia a dia do paciente. Formamos uma equipe, cujo objetivo principal é promover saúde e qualidade de vida ao cão ou gato. O contato/laço criado entre o Oncologista e a família multiespécie é muito especial e necessário ao longo de todo o tratamento, pois eles irão fornecer informações relevantes ao durante toda a terapia quanto ao apetite, comportamento/disposição, melhora clínica geral, o que guiará e auxiliará na tomada de decisão sobre a melhor conduta clínica para aquele paciente.
⠀Além disso, há uma preocupação em particular quanto ao autocuidado, uma vez que sabemos que os agentes quimioterápicos são citotóxicos e por isso indutores de câncer, há uma preocupação com os membros da família quanto a proteção ao administrar as medicações orais aos animais, armazenagem desta medicação em casa, cuidados com secreções após as primeiras horas após a quimioterapia (urina, fezes e vômitos) e descarte destes dejetos.

⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, o que mais é importante frisar sobre a possibilidade de cães e gatos desenvolverem linfoma?
⠀Ligia Mendes – Infelizmente os casos de câncer vem aumentando a cada ano. Impedir que o animal desenvolva câncer, na grande maioria das vezes, não está sob o nosso alcance, mas é sim da responsabilidade do tutor ao perceber qualquer anormalidade no pet buscar por ajuda especializada. Isso é posse responsável. O diagnóstico precoce salva vidas, evita desgaste emocional da família, dor e sofrimento ao paciente.
⠀Campanhas de conscientização como esta, que trazem informação às pessoas que não sabem como suspeitar de um quadro inicial de linfoma são importantes para que estejamos sempre falando sobre o assunto e atingindo cada vez mais aqueles tutores que desconhecem a doença. Só com o conhecimento poderemos diagnosticar cada vez mais, cada vez mais cedo, aumentando as possibilidades de cura clínica.
Visitas regulares ao veterinário e exames de check-ups anuais ainda são nossas melhores armas no combate ao câncer.

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Agosto dourado: importância da amamentação para cães e gatos e cuidados com a gestante⠀

Agosto dourado: importância da amamentação para cães e gatos e cuidados com a gestante⠀

Por Pauline Machado

⠀⠀⠀O mês de agosto é conhecido como Agosto Dourado por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação, sendo escolhida a cor dourada por estar relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
⠀⠀⠀Para conversar conosco sobre o tema entre os animais, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária, Liédge Camila Simioni, portadora do CRMV-PR 9882.
⠀⠀⠀Além de professora universitária, Liédge é cirurgiã de grandes e pequenos animais, Mestre em ciência animal e Doutoranda em ciência animal
⠀⠀⠀Acompanhe!

⠀⠀⠀Pet Med – De modo geral, qual é a importância da presença da mãe nos primeiros meses de vida dos animais?
⠀É a mãe que dá condições e ensina o filhote a sobreviver na natureza. É através da amamentação que o filhote recebe energia para se desenvolver e a mãe o conduz em todo o processo de desenvolvimento e de inserção e hierarquia na natureza

⠀⠀⠀Pet Med – No caso dos animais domésticos, o que essa relação entre a mãe e seus filhotes desencadeia de benefícios ao longo da vida desses animais?
⠀Eles aprendem a se posicionar frente a diversas situações. Aprendem como se comportar, como conviver em grupo, como ir em busca do alimento. Todo esse treinamento que a mãe faz com o filhote, ela ensina ele a ser um indivíduo destacável na sua comunidade de convivência.

⠀⠀⠀Pet Med – Por outro lado, quais são os malefícios para mãe e filhotes, quando separados precocemente?
⠀O filhote não tem ninguém como referência para seguir. Ele é como uma criança que não sabe lidar com as suas emoções e comportamentos sem ter uma mãe para ensinar a fazer o que deve ser feito. Assim, ele se torna ansioso, desconfiado, medroso e outros sentimentos ligados à insegurança. Animais que são separados muito cedo de suas famílias não têm a oportunidade de socializar adequadamente, nem de aprender a serem cães ou gatos equilibrados.

⠀⠀⠀Pet Med – Para ninhadas de cães e gatos, qual é o período ideal para desmame e separação do filhote da mãe e irmãos?
⠀Aproximadamente 60 dias, para ambas as espécies.

⠀⠀⠀Pet Med – Nos humanos, além de alimentar o bebê, o leite materno possui anticorpos que o protegem contra diversas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias. E nos animais?
⠀A mesma coisa! Logo nas primeiras horas de vida os filhotes devem receber o colostro que é o primeiro leite materno rico em imunoglobulinas que vão ativar o sistema imune do neonato, preparando ele para as adversidades da natureza.

⠀⠀⠀Pet Med – Ainda pensando na saúde dos animais, quais são os malefícios da falta de amamentação?
⠀Além da deficiência nutricional, o sistema imune do filhote fica comprometido, não tendo condições de manter o filhote com uma imunidade alta e assim ele fica suscetível a adversidades que podem, inclusive, levá-lo ao óbito.

⠀⠀⠀Pet Med – E quanto à mãezinha? Quais cuidados devemos ter para que ela tenha boa saúde durante a gestação e possa amamentar de forma saudável seus filhotes?
⠀Uma alimentação adequada com níveis nutricionais adequados e ambientes sem estresse com certeza serão favoráveis para o desenvolvimento do filhote. Sem contar que muitas doses de amor, beijos e abraços também são válidos!

⠀⠀⠀Pet Med – O que as famílias devem fazer caso a gata ou a cadela não consiga amamentar os filhotes?
⠀Procurar o serviço veterinário o mais rápido possível para avaliação da situação nutricional dos filhotes e prescrição do melhor método de amamentação artificial.

⠀⠀⠀Pet Med – E contrário: o que fazer quando um ou mais filhotes não conseguirem mamar naturalmente?
⠀A Alimentação involuntária deve ser administrada mas sempre com a devida orientação do Médico Veterinário.

⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, se achar necessário, use o espaço abaixo para complementar a sua participação acrescentando outras informações que entenda como importantes e não tenham sido abordadas durante a entrevista.
⠀Acredito que a entrevista foi muito interessante para ensinar o público como lidar Com os babys e as mamães gestantes!

⠀⠀⠀Animais silvestres
⠀Na fauna silvestre a ausência da mãe nos primeiros meses de vida também pode ser determinante para o desenvolvimento dos filhotes.
⠀No + Zoo – mantenedouro da fauna silvestre e educação ambiental, temos vários exemplos disso.
⠀Marcus Vinícius Batista, responsável pela instituição dá exemplos desses malefícios a várias espécies, como ao Dom, um Gato Maracajá ou também conhecido como Gato da Mata, que perdeu sua mãe enquanto filhote e não aprendeu a caçar e a se defender, e por isso, vive aos cuidados do + Zoo em São José dos Pinhais no Paraná. “Aos primatas os prejuízos são visivelmente notáveis, tamanha carência e apego aos humanos que cuidam deles no dia a dia. Quatro Macacos Prego perderam suas mães para o tráfico de animais, e portanto, assim como o Dom e tantos outros, precisarão de cuidados para o resto de suas vidas”, enfatiza e finaliza.

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Julho Verde: conscientização mundial sobre os tumores de cabeça e pescoço

Julho Verde: conscientização mundial sobre os tumores de cabeça e pescoço

Por Pauline Machado

⠀⠀⠀Em 2014 o mês de julho foi instituído pela Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço como o mês de conscientização e prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
⠀⠀⠀Para as pessoas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que a adoção de hábitos saudáveis e consultas preventivas podem ajudar a reduzir a incidência do câncer em até 25% até 2025.
⠀⠀⠀E para cães e gatos, o que é recomendado nesses casos?
⠀⠀⠀Para responder essa e outras dúvidas conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária, Daniella Matos da Silva, portadora do CRMV/PR: 9760.
⠀⠀⠀Formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Daniela possui Residência em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais e Residência em Oncologia Veterinária, ambos no Hospital Veterinário da UFPR e é Mestre em Ciências Veterinárias, também pela UFPR.
⠀⠀⠀Atualmente, trabalha no serviço de cirurgia de tecidos moles e oncologia de pequenos animais.
Acompanhe!


⠀⠀Pet Med – Qual é o significado e a importância da Campanha Julho Verde?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – A campanha “Julho Verde” objetiva a conscientização da população quanto à existência e diagnóstico precoce das neoplasias malignas, ou seja, câncer, que afetam a região de cabeça e pescoço. Com um diagnóstico precoce, a possibilidade de uma boa resposta ao tratamento é melhor.


⠀⠀Pet Med – Qual é a incidência de casos de tumores de cabeça e pescoço nos pets?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Existem diversos tipos de tumores, entre benignos e malignos, que podem acometer a região de cabeça e pescoço. Neste grupo de tumores, estão incluídos os que atingem a cavidade oral, plano nasal, cavidade nasal, glândulas salivares, tireoide e região de orelha/conduto auditivo.  Logo, é difícil estimar um percentual de incidência para todos estes tumores de uma maneira geral.
⠀⠀⠀Na maioria dos estudos que temos em cães e gatos, a incidência e prevalência é determinada para um tipo específico de tumor que afeta essa região. Por exemplo, sabemos que os tumores de tireoide constituem cerca de 1 a 4% de todas as neoplasias dos cães e que 90% destes são carcinomas, ou seja, malignos. Em gatos, especialmente os de pelagem clara, é muito comum o carcinoma espinocelular ou de células escamosas, um tipo de câncer no plano nasal e região de pontas de orelhas, podendo chegar a representar cerca de 15% de todos os tumores de pele que afetam os felinos.


⠀⠀Pet Med – Nesse cenário, quais são os tipos mais comuns em cães e gatos?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Tanto em cães quanto em gatos, as neoplasias de cavidade oral são frequentes sendo que no grupo dos malignos, temos o melanoma mais representado em cães e o carcinoma nos gatos.  Na região de plano nasal e orelhas, como já citei, é comum o carcinoma nos gatos, especialmente naquelas de pele e pelagem clara e expostos ao Sol.
⠀⠀⠀Dentro da cavidade nasal, é comum o aparecimento de carcinomas e sarcomas em cães e carcinomas e linfomas em gatos. ⠀⠀⠀Na região das glândulas salivares, os carcinomas podem acometer tanto cães quanto gatos. Na tireóide, o carcinoma é o tumor mais comum nos cães, enquanto gatos apresentam com certa frequência tumores benignos como adenomas ou hiperplasias. Vale ressaltar também que o linfoma é frequentemente diagnosticado em cães pelo aumento dos linfonodos da região do pescoço, embora não seja um câncer exclusivo da região de cabeça e pescoço.

⠀⠀Pet Med – Qual é a diferença entre carcinoma, sarcoma e linfoma?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – São tipos de neoplasias de acordo com a célula de origem. Existem três grandes grupos de neoplasias: as de origem em células epiteliais, as de origem em células mesenquimais e as de origem em células redondas.
Os carcinomas são neoplasias malignas de origem epitelial, enquanto que os sarcomas são neoplasias malignas de origem mesenquimal e os linfomas são um tipo de neoplasia de origem nos linfócitos, que por sua vez é um tipo de célula redonda.


⠀⠀Pet Med – De que forma estes tipos de câncer podem surgir e quais são suas implicações para a saúde dos pets?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – O câncer surge a partir de um processo complexo que chamamos de “carcinogênese”, em decorrência de uma mutação genética que vai se perpetuando e dando às células características de malignidade. A mutação inicial pode acontecer de forma espontânea ou induzida por algum agente químico, físico, viral, etc… potencialmente carcinogênico.
⠀⠀⠀A principal consequência para a saúde do animal acometido pelo câncer é que estes tumores têm comportamento maligno, ou seja, provocam destruição da função do tecido primário acometido e podem migrar para outros órgãos do corpo, o que chamamos de metástase.
⠀⠀⠀Na região da cabeça e pescoço, o crescimento local de um câncer pode, por exemplo, afetar a função respiratória, a deglutição, visão, condição neurológica, etc. E, em casos de avanço da doença, migrar para os pulmões, por exemplo.


⠀⠀Pet Med – Quais são os sinais clínicos de um animal com possíveis tumor na cabeça ou no pescoço?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Os sinais clínicos irão variar bastante de acordo com o local do aparecimento do tumor e seu padrão de crescimento. De uma maneira geral, o que vai chamar atenção do tutor do animal é a presença de um aumento de volume, como um nódulo, um “caroço”, que pode ser percebido na palpação da região. Às vezes durante um carinho no pet ou durante uma escovação, podemos perceber um nódulo na região do pescoço por exemplo.
⠀⠀⠀Outro sinal bem importante que pode estar presente é o sangramento pelas narinas ou dentro da boca, que pode indicar um câncer na cavidade oral e/ou nasal.
⠀⠀⠀Ainda, dependendo do tamanho do tumor e localização, o animal pode apresentar tosse e “rouquidão”, no caso de tumores que comprimem a região do pescoço.
⠀⠀⠀Se o tumor estiver dentro da boca, o animal pode apresentar dificuldade para deglutir, dor e salivação excessiva, além de halitose.
⠀⠀⠀Se o tumor estiver na pele da região de nariz ou orelhas, pode apresentar lesões que se assemelham a feridas que não cicatrizam (com crostas e sangramento intermitente).


⠀⠀Pet Med – E quanto ao diagnóstico, como é identificado?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – O diagnóstico se inicia pelo exame físico e histórico do animal e, obrigatoriamente, uma vez que se tenha a identificação de um nódulo, é realizada então a coleta de um fragmento ou pelo menos de algumas células para que seja feito algum tipo de biópsia, como o citopatológico e o histopatológico.
⠀⠀⠀Muitas vezes, precisamos anestesiar o animal para identificar melhor a lesão e coletar o material para análise, como nos casos de tumores no fundo da boca ou dentro da cavidade nasal, e ainda, alguns métodos de biópsia tem que ser realizados guiados por exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia ou endoscopias.


⠀⠀Pet Med – Quais são os possíveis tratamentos para cão ou gato diagnosticado com tumor de cabeça e pescoço?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Tudo vai depender de qual o diagnóstico definitivo, ou seja, o resultado da biópsia, de onde a doença está – apenas em um local ou se já é disseminada, e do estado geral de saúde do animal e suas comorbidades.
De uma maneira geral, animais com tumores sólidos bem localizados e que não se espalharam, sem metástases, podem ser tratados com cirurgia.
⠀⠀⠀Outro tratamento muito utilizado para tumores de pele na face é a eletroquimioterapia; para carcinomas de cavidade nasal temos a opção da radioterapia como um bom método de tratamento.
⠀⠀⠀Nos casos de linfoma, geralmente a quimioterapia antineoplásica é o tratamento de eleição. E, não raramente, associamos métodos de tratamento como a cirurgia e posteriormente a quimioterapia.
⠀⠀⠀Vale lembrar também que o uso de analgésicos é sempre muito bem-vindo, pois frequentemente estes tumores provocam dor no animal. A escolha e realização do tratamento deve ser amparada por um médico veterinário especializado na área de oncologia.


⠀⠀Pet Med – E o prognóstico?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – O prognóstico também está diretamente ligado ao diagnóstico e ao quanto esta doença já está avançada. Casos de tumores benignos diagnosticados precocemente, geralmente têm excelente prognóstico.
⠀⠀⠀Mesmo em casos de tumores malignos, se o diagnóstico foi precoce e a doença estava bem localizada, muitas vezes com o tratamento adequado e bem realizado, há um bom prognóstico.
⠀⠀⠀Alguns casos podem ser mais desafiadores e o prognóstico pior, principalmente quando já há sinais de metástases ou já não é a primeira vez que este tumor está sendo tratado, em casos de recidiva. Ainda assim, sempre é possível tentar tratar, mesmo que de forma paliativa, objetivando melhora da qualidade de vida do animal, mesmo que não se possa proporcionar a cura.


⠀⠀Pet Med – E como medidas de prevenção, quais devem ser adotadas pelos tutores?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Nem sempre podemos prevenir o aparecimento de tumores pois na grande maioria das vezes não há como evitar o dano genético que irá gerar o câncer. Uma exceção são alguns tumores de pele que têm seu desenvolvimento associado à exposição crônica à radiação ultravioleta. Como já comentei aqui, estes são os carcinomas de células escamosas que são comuns na região da face (nariz, pálpebras e orelhas principalmente) de animais de pele clara que são muito expostos ao Sol. ⠀⠀⠀Nestes casos, o uso de filtro solar ou mesmo a não exposição ao Sol são formas de prevenção.
⠀⠀⠀Saliento também que, embora nem sempre seja possível prevenir o câncer, o diagnóstico precoce impacta diretamente na resposta ao tratamento. Logo, é muito importante que o tutor do animal inspecione periodicamente o seu cão ou gato e fique bem atento a qualquer mudança física apresentada. Por exemplo, um espirro com sangue, uma mudança no hálito, uma alteração no tom do latido, etc. Estes sinais podem ser indicativos de um câncer que ainda não está muito visível.
⠀⠀⠀Vale ressaltar também a importância de avaliar sempre a cavidade oral para diagnóstico precoce de tumores em boca e, sempre, levar o animal para uma avaliação de rotina com um médico veterinário para que um exame físico criterioso seja realizado e, na suspeita de um câncer, outros exames sejam requisitados precocemente, bem como uma avaliação precoce com um médico veterinário oncologista.


⠀⠀Pet Med – Por fim e ainda sobre o papel da família, que hábitos devem ser evitados no dia a dia com o pet, como prevenção de câncer de cabeça e pescoço nos cães e nos gatos?
⠀⠀⠀Daniella Matos da Silva – Acho que o mais importante é a atenção diária ao pet para identificar sinais precoces da doença e, no caso específico dos tumores de pele que afetam a face, evitar a exposição ao Sol, principalmente em horários de maior incidência de radiação ultravioleta e sem uso de filtro solar.

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Julho Amarelo: conscientização contra as hepatites virais

Julho Amarelo: conscientização contra as hepatites virais

Por Pauline Machado

Hepatites Virais em Cães e Gatos : Julho Amarelo

⠀⠀⠀Instituída pela Lei federal nº 13.802, de 10 de janeiro de 2019, e idealizada pelo Movimento Brasileiro de Luta contra as hepatites virais em humano e pela sociedade brasileira de hepatologia em 2015 a Campanha Julho Amarelo vem chamar a atenção para as doenças hepáticas.

⠀⠀⠀A adoção da cor amarela está ligada a um dos sintomas característicos da doença cujos olhos e peles ficam amarelados. Além disso, julho foi escolhido porque no dia 28 celebra-se o Dia Mundial da Luta Contra Hepatites Virais, data criada pela Organização Mundial da Saúde – OMS a pedido do Brasil.
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀Para a Medicina Veterinária, a campanha torna-se relevante em cães e gatos que não são vacinados e portanto estão suscetíveis às infecções virais.

⠀⠀⠀Para nos explicar como a doença se manifesta nestes animais, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Caroline Klug, portadora do CRMV/PR Nº:20595, pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa – Acupuntura e atua com clínica médica e medicina veterinária integrativa.
⠀⠀⠀Acompanhe!


Pet Med – Qual é a incidência de casos de hepatites em cães e gatos?
⠀⠀⠀Caroline Klug – De acordo com a JSAP – Journal of Small Animal Pratice, um relatório do grupo de diretrizes da  WASAVA – Associação mundial de veterinários de pequenos animais de 2020, os índices da incidência do CAV (Adenovírus canino) causador de hepatite viral em cães, em toda a américa latina, variam de 16 a 39 % em vários países, porém no Brasil foi a taxa de incidência mais baixa sendo ela 16,8 %.


Pet Med – Nesse cenário, quais são os tipos mais comuns em cada uma dessas espécies?
⠀⠀⠀Caroline Klug – Nos cães o tipo mais comum é a hepatite viral, conhecida como Doença de Rubarth, causada pelo vírus Adenovírus canino tipo 1 ( CAV – 1) e também pelo Adenovírus canino tipo 2 (CAV – 2).
Nos felinos, a hepatite viral é diferente. Ela ocorre secundariamente a outras doenças, como por exemplo o vírus da Leucemia felina FeLV – Feline Leukemia Vírus e o Coronavírus Felino (Fcov) que é o vírus da Peritonite Infecciosa Felina.


Pet Med – De que forma os cães podem apresentar quadro de hepatite infecciosa? Como podem adquirir a doença?
⠀⠀⠀Caroline Klug – A transmissão da doença se dá por saliva ou urina de cães infectados ou outras secreções corporais onde o vírus seja eliminado, mas também através de fômites, que são cobertas, camas, brinquedos de animais infectados, no caso cães que não são vacinados, podem ser portadores do vírus. Geralmente cães filhotes até 1 anos de idade, não vacinados, podem ser acometidos pelo CAV-1, mas também pode acometer cães de mais idade com baixa imunidade.
⠀⠀⠀Os quadros da doença em cães, podem ser difíceis de diagnosticar, pois são confundidos com outras doenças pelos sinais clínicos e podem levar o animal à morte muito rapidamente.
A doença pode se manifestar de 3 formas: subclínica, hiperaguda e aguda.
⠀⠀⠀SUBCLÍNICA: Os sinais clínicos podem nem chegar a surgir se o animal tiver uma boa imunidade e consegue livrar-se sozinho da doença.
⠀⠀⠀HIPERAGUDA: Na forma hiperaguda, os cães acometidos pelo CAV-1 podem apresentar colapso circulatório, ou seja, o sangue para de circular e leva ao coma e morte e podem ocorrer em pouco tempo, geralmente entre 24 e 48 horas após o início dos sinais clínicos. Essa forma de apresentação pode ser confundida com envenenamento pelos tutores.
⠀⠀⠀AGUDA: A forma aguda, pode ser mais branda, no entanto, pode apresentar sinais clínicos graves como linfadenomegalia cervical, inapetência, febre, letargia, vômitos com ou sem sangue, letargia, diarreia, tosse, taquipneia e icterícia.
⠀⠀⠀Alguns sinais neurológicos também podem ser observados em qualquer momento da infecção, como andar em círculos, cegueira, ataxia, convulsões, vocalização e head pressing, quando o animal pressiona a cabeça contra a parede, mas também podem apresentar outro sinal conhecido como blue eye ou olho azul, que indica edema de córnea.
⠀⠀⠀Já a infecção pelo CAV- 2, pode causar sinais de infecção de vias aéreas superiores, sintomas respiratórios em geral como tosse e espirros.


Pet Med – E os gatos?
Caroline Klug – Nos gatos, a hepatite pode ser aguda ou crônica e assim gerar diferentes sinais clínicos.
No caso agudo, o animal irá acumular toxinas no corpo, pois o fígado já não funciona normalmente e assim pode iniciar uma encefalopatia hepática com sinais de sistema nervoso central e apresentar até mesmo sinais neurológicos. Muitas vezes o tutor relata que o animal está triste e não quer brincar.
A icterícia pode aparecer também e indica que a bilirrubina (pigmento de cor amarela produzida pelo fígado) está extravasando para os tecidos. No aspecto da doença crônica, o animal pode ter perda de peso e ascite que consiste em acumulação de líquidos a nível abdominal.


Pet Med – Quais são os sinais clínicos de um animal com possível quadro de hepatite?
Caroline Klug –
⠀⠀⠀Nos casos dos cães:
⠀Comumente são sinais muito confundidos com outras doenças hepáticas, pois não há um sinal clínico específico que denote a doença viral. Porém, reforço que o tutor deve ficar alerta aos sinais de:
⠀⠀⠀ Perda de apetite
⠀⠀⠀- Vômitos com ou sem sangue
⠀⠀⠀- Diarreia
⠀⠀⠀- Problemas neurológicos como convulsões
⠀⠀⠀- Ataxia (caminhar desequilibrado)
⠀⠀⠀- Andar em círculos
⠀⠀⠀- Head pressing (pressionar a cabeça contra a parede)


⠀⠀⠀No caso dos gatos:
⠀Na forma aguda, subitamente o animal pode apresentar os seguintes sinais:
⠀⠀⠀- Perda de apetite
⠀⠀⠀- Letargia
⠀⠀⠀- Icterícia (esclera dos olhos, mucosa e pele amarelada)
⠀⠀⠀- Mudança de comportamento
⠀⠀⠀- Ataxia (caminhar desequilibrado)
⠀⠀⠀- Convulsões
⠀⠀⠀- Além dos outros sinais clínicos causados pela doença primária (Felv ou Pif)


Pet Med –  E quanto ao diagnóstico, como é identificado?
⠀⠀⠀Caroline Klug – Para diagnosticar casos de hepatite em cães e nos gatos, o médico veterinário deve basear-se na história clínica e exames complementares como ultrassom abdominal, hemograma e bioquímicos.
Além disso, é fundamental perguntar ao tutor se o animal é vacinado, clarificando bastante por exclusão o diagnóstico.
E, ainda, como forma de identificar o fator patogênico ou sua etiologia pode-se realizar exames como:
⠀⠀⠀1- Biópsia do fígado (in vivo) ou post mortem (na necrópsia)
⠀⠀⠀2- PCR (exame de reação de cadeia da polimerase) através da coleta do sangue do animal, ou swab retal, conjuntival ou nasal e também pela urina.
⠀⠀⠀3- Isolamento viral (através de secreções do animal).


Pet Med – Quais são os possíveis tratamentos para cães e para os gatos diagnosticados com hepatite?
⠀⠀⠀Caroline Klug – O tratamento da hepatite infecciosa canina baseia-se em combater os sinais clínicos da doença e fazer o tratamento sintomático. O animal deve ser internado e ficar em observação por pelo menos 48 horas, através da fluidoterapia para correção de desidratação e desequilíbrios hidroeletrolíticos, reposição de glicose, transfusão de sangue total ou plasma e por fatores de coagulação, antimicrobianos e antieméticos. Vale ressaltar que o animal deve ficar em isolamento total, pois trata-se de uma doença infecciosa.
⠀⠀⠀O tratamento em gatos é bem parecido com o tratamento em cães, porém deve-se tratar a doença primária além da hepatite, mas de forma geral o animal deve ser internado e receber os aportes nutricionais necessários, bem como fluidoterapia, antimicrobianos, reposição dos desequilíbrios hidroeletrolíticos e suplementos hepáticos.


Pet Med – E o prognóstico?
⠀⠀⠀Caroline Klug – Estamos falando sobre uma doença grave, que deve ser tratada inicialmente de forma correta e numa clínica, haja vista que, em casa, pode gerar deficiências e levar o animal à morte com maior facilidade. 
⠀⠀⠀O prognóstico muda em função do momento em que iniciar um tratamento e da forma de apresentação da doença. A forma hiperaguda geralmente é fatal, enquanto a  forma aguda pode ser tratada e pode responder ao tratamento positivamente, em grande parte dos casos.


Pet Med – Quais são as possibilidades de prevenção para que o cão e o gato não tenham hepatite?
⠀⠀⠀Caroline Klug – A prevenção mais indicada é primeiramente a vacinação, tanto para cães quanto para gatos. A vacinação através da vacina V8 ou V10 para cães e para gatos a vacina V5.


Pet Med – Sobre o papel da família, que hábitos devem ser evitados no dia a dia com o pet, como prevenção de hepatite em cães e nos gatos?
⠀⠀⠀Caroline Klug – Caso haja algum caso de cãozinho que veio de canil ou de ONG, e, porventura teve morte súbita não diagnosticada, a família deve ter atenção e não adquirir outro cãozinho enquanto não fizer uma desinfecção apropriada no local.
⠀⠀⠀Outra dica importante, antes do protocolo vacinal concluído, é imprescindível não deixar seu cãozinho ou gatinho ter contato com outros animais, nem em canis, nem em banho e tosa, nem colocá-los no chão na rua ou dentro de um ambiente frequentado por outros animais.


Pet Med – Por fim, o que mais é importante acrescentar?
⠀⠀⠀Caroline Klug – É importante procurar um médico veterinário sempre que adquirir um cãozinho ou um gatinho, seja ele filhote ou adulto, pois as prevenções sempre são mais indicadas e apresentam maiores chances de resposta aos tratamentos, caso algo seja identificado pelo seu veterinário.
⠀⠀⠀Quando você espera a doença tomar conta, para levar seu pet ao veterinário, muitas vezes pode ser tarde e os tratamentos, não serem eficazes. A prevenção é a melhor forma de demonstrar seu amor pelo seu pet.

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