Vai viajar e não sabe o que fazer com seu pet? Descubra dicas essenciais para garantir o bem-estar do seu cão ou gato durante as férias, com conselhos do veterinário Bruno Alvarenga.
Por Pauline Machado
Julho é o mês das férias e férias, muitas vezes é sinônimo de viagens. Mas, e nas famílias que têm um cão ou um gato em casa e não pode levá-los? Quais são os cuidados que deve-se ter ao deixar os pets sozinhos em casa?
O Médico Veterinário e professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília, Bruno Alvarenga dos Santos, nos deu excelentes orientações.
Acompanhe!
Pet Med – Primeiramente, nos explique, por favor, se os cães e os gatos gostam de ficar sozinhos em casa.
Bruno Alvarenga dos Santos – É importante compreender que o gostar e o aceitar são coisas diferentes. Naturalmente, um animal que cria vínculo afetivo com seus familiares prefere estar próximo do que longe de seu responsável. Quando observamos os gatos, vemos que estes são mais independentes que os cães e geralmente lidam muito bem ao passarem os dias sozinhos. Porém, tendem a sentir muito mais mudanças em sua rotina que os cães. Ou seja, se forem mudar de ambiente, deixar de conviver com uma pessoa ou passarem a ficar sozinhos por longos períodos, podem se “desestabilizar” e acabarem adoecendo, cabendo sempre que possível um período de adaptação à nova realidade.
Já os cães, em geral, são menos suscetíveis a mudanças ambientais; todavia, a forma como lidam com a ausência de seus responsáveis varia conforme sua linhagem. Caso sejam de raças de guarda, estas normalmente ficam bem sozinhas, enquanto os cães de companhia sentem mais o distanciamento de seus responsáveis, sendo frequente observarmos indivíduos que deixam de comer, tomar água, que imunossuprimem e apresentam transtornos comportamentais pela separação.
Pet Med – Em que casos podemos deixar os animais em casa sozinhos?
Bruno Alvarenga dos Santos – Se tratando de animais saudáveis e acostumados a passarem o dia sozinhos, não há problema. Naturalmente, suas necessidades no período em que estiverem desacompanhados devem ser atendidas e o ambiente deve ser seguro.
Pet Med – Por quanto tempo máximo podemos deixar os cães sozinhos em casa ou sob a supervisão esporádica de um vizinho ou familiar?
Bruno Alvarenga dos Santos – Sendo animais acostumados, não há um período máximo. Porém, o ambiente deve permitir que o animal realize alguma atividade, propicie segurança e conforto, além de haver diariamente a limpeza do ambiente e a oferta de água e comida. Lembrando que deixar um cão acorrentado, sem água e comida ou em um ambiente sujo pode ser avaliado como uma situação de maus-tratos animais, e seu responsável poderá responder por este crime.
Pet Med – E os gatos, por quanto tempo podem ficar sozinhos ou sob a supervisão esporádica de alguém?
Bruno Alvarenga dos Santos – O manejo de gatos saudáveis e acostumados a ficarem sozinhos é semelhante ao dos cães. Não havendo um período máximo em que podem ficar sozinhos. Entretanto, diariamente é necessário a oferta de água, comida, limpeza de suas caixas sanitárias e verificação se está tudo bem com eles.
Pet Med – Pensando nos cães, como definir se a melhor opção deve ser levá-los, deixá-los em casa ou em algum hotel ou creche para cães? Bruno Alvarenga dos Santos – Os cães, em geral, são mais ligados a seus tutores do que a sua casa. Logo, se possível, é melhor viajarem com seus familiares. Caso não seja possível, o ideal seria deixá-los em hotéis, onde terão pessoas interagindo com eles e, muitas vezes, poderão interagir positivamente com outros cães. O mais relevante é ponderar qual ambiente propiciará mais bem-estar ao animal.
Pet Med – E, no caso dos gatos? Quando deixá-los em casa sob os cuidados de uma pet sitter e quando levá-los para um hotel de gatos?
Bruno Alvarenga dos Santos – Em geral, o melhor é sempre deixá-los em casa. Os gatos são indivíduos de hábitos e geralmente não gostam de sair de casa, de outros cheiros e de serem manipulados por pessoas desconhecidas. Caso possam permanecer em seu ambiente, em um local mais amplo, que já realizou suas marcações territoriais, que possui os cheiros que conhece e sua rotina já está estabelecida, será menos provável que adoeçam pelo estresse da mudança. Uma vez que já há o fato de seu(s) responsável(is) não estar(em) em casa e ainda por cima haver uma pessoa fora do habitual frequentando diariamente a casa para alimentá-lo. Agora, se for um gato bem sociável, acostumado a sair de casa e a mudanças de ambiente, existe a possibilidade de ir para um hotel de gatos ou acompanhar seu dono na viagem. Mas deve-se ter atenção redobrada com alterações comportamentais que podem indicar o surgimento de alguma doença, como não estarem se alimentando, tomando água ou eliminando adequadamente.
Pet Med – Diante da ausência dos seus familiares, os cães e os gatos podem sofrer algum tipo de estresse que faça mal à saúde deles?
Bruno Alvarenga dos Santos – A síndrome de separação é um distúrbio comportamental que cães podem apresentar quando ficam distantes de seus “familiares”, sendo mais expressivo nas raças selecionadas para companhia, como Maltês, Shih-tzu, Lhasa Apso, Yorkshire, Spitz e Poodle. São indivíduos que por vezes são tomados por quadros depressivos, onde passam o dia mais quietos, reduzem sua ingestão de água e comida, podem ter seu sistema imunológico debilitado e ficarem suscetíveis a várias doenças. Os gatos também podem apresentar a síndrome, embora seja menos comum, especialmente se mantidos em seu ambiente habitual.
Pet Med – E quanto aos possíveis acidentes domésticos? A que os familiares devem ficar atentos antes de sair em férias e deixar os pets em casa ou em apartamento?
Bruno Alvarenga dos Santos – Os cuidados são os mesmos quando saem de casa para trabalharem ou para alguma atividade de rotina. O ambiente tem que ser sempre seguro para o animal e capaz de suprir suas necessidades. O que muda é que, quando a família for viajar e o animal ficar em casa, uma pessoa deve estar responsável por ir diariamente até a casa para cuidar do animal, tantas vezes quanto necessário para atender aos cuidados requeridos. Por exemplo: um cão que não urina ou evacua dentro de casa e precisa de passeios 3 vezes ao dia para eliminar deve ter alguém que o leve para passear 3 vezes ao dia. Ou um animal que tome alguma medicação contínua deve ter alguém que administre os medicamentos nos horários corretos. Se não for possível que alguém forneça esses cuidados no domicílio da família, nem que o animal acompanhe seus responsáveis, o melhor é que fique hospedado em um local que possa realizar esse manejo.
Pet Med – Para finalizar, por favor, deixe um checklist para os tutores terem em mãos e conferirem antes de sair em férias.
Bruno Alvarenga dos Santos – Antes de fazer o cheklist é importante ressaltar que optando por deixar o pet em casa sob a supervisão diária de um conhecido, uma opção interessante é instalar uma câmera que permita o monitoramento a distância do animal nos momentos em que estiver sozinho.
Recomendo também informar ao veterinário responsável pelos cuidados do animal sobre a ausência e dar autonomia a outra pessoa para acionar e autorizar qualquer procedimento veterinário necessário para a manutenção da saúde do pet. Não é recomendado deixar animais doentes ou que necessitem de cuidados especiais sozinhos; para estes, é indicado hospedagem para garantir toda a assistência ou monitoramento necessários.
Sendo assim, aqui estão algumas informações cruciais ao sair em férias sem o pet.
• Para viajarem tranquilos, recomendo que façam um check-up em seus animais para saberem se estão saudáveis antes de os deixarem sob os cuidados de terceiros ou os levarem para viajar;
• Confirmem se há ração e, no caso dos gatos, substrato para as caixinhas, suficientes para o período de ausência;
• Quando optarem por deixá-los em casa, procurem pessoas de confiança que já conheçam o pet;
• Se optarem por viajar com o animal, atentem-se às documentações necessárias, como a carteira de vacinação com as vacinas válidas e o atestado de saúde;
• Procurem saber se há uma unidade de atendimento veterinário na cidade onde ficarão e se o hotel aceita animais;
• Se o animal enjoa facilmente, consultem um veterinário sobre a administração de medicação para prevenir vômitos;
• Se a viagem for de carro, sempre que pararem para abastecer, ofereçam um pouco de água e passeiem com o cão para que ele possa eliminar;
• Comuniquem ao veterinário que irão viajar e deixem o nome da pessoa que ficará responsável durante o período de ausência;
• Por fim, verifiquem se o destino possui cobertura de celular para garantir que terão notícias caso algo aconteça com o animal durante a ausência.
Em nosso dia a dia é importante fazer Check-up para verificarmos se está tudo bem com a nossa saúde. Para tanto, os médicos pendem, inicialmente, um exame de sangue, o Hemograma.
Na rotina clínica de cães e gatos não deve ser diferente, pois, este exame dá ao Médico Veterinário os primeiros sinais de como está a saúde dos pets. Por isso, hoje, conversamos com a Médica Veterinária, Gabrielle Moles da Cruz, portadora do CRMV/PR: 14.245.
Gabrielle é pós-graduada em Clínica Médica e Cirúrgica pelo Qualittas, participante do Programa de Aprimoramento em Patologia Clínica em 2020 pela Universidade Tuiuti do Paraná, pós graduanda em Hematologia e hemoterapia pela Universidade Federal do Agreste de Pernambuco e Head do Banco de Sangue do Laboratório Vetex, e vai nos orientar sobre a importância da realização do Hemograma para a saúde dos cães e dos gatos.
Acompanhe!
Pet Med – Para começar, por favor, nos explique o que vem a ser um Hemograma?
Gabrielle Moles da Cruz – Hemograma é um exame que avalia as células que compõe o sangue, podendo confirmar ou indagar diagnósticos como anemia, infecções, entre outras, auxiliando no monitoramento de diversas condições de saúde
Pet Med – Neste aspecto, o correto é falar somente hemograma ou se torna redundante falar hemograma completo?
Gabrielle Moles da Cruz – Falar hemograma e hemograma completo é a mesma coisa. Ambos são o mesmo exame.
Pet Med – O que é avaliado neste exame laboratorial?
Gabrielle Moles da Cruz – No hemograma são avaliadas células sanguíneas como glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas
Pet Med –Quanto à coleta, qual é a via correta para fazê-la?
Gabrielle Moles da Cruz – A via de coleta de sangue é indiferente desde que bem coletada, não tendo seu tempo de garrote prolongado, acesso para coleta íntegro e viável.
Pet Med – Qual é a importância do hemograma para o Médico Veterinário na busca pelo diagnóstico do paciente?
Gabrielle Moles da Cruz – O hemograma é indicado em casos de suspeita que o paciente tenha anemia, infecções, sangramentos, entre ou outros, além de nos dar um panorama geral da saúde do animal.
Pet Med – Que tipos de tecnologias e inovações temos atualmente na Medicina Veterinária, relacionadas ao melhor e mais precisa avaliação do hemograma?
Gabrielle Moles da Cruz – A medicina veterinária tem evoluído muito e tem trazido cada vez mais benefícios e melhores diagnósticos aos pacientes. Mas quando se trata de hemograma, embora tenhamos máquinas para auxílio no hemograma, a avaliação do exame ainda é mais fidedigna quando feita por um patologista clínico.
Pet Med – Por fim, o que podemos esperar de novas tecnologias e inovações neste exame que é tão importante para a rotina clínica de cães e gatos?
Gabrielle Moles da Cruz – Acredito que com o passar dos anos tenhamos ainda mais facilidades quanto a diagnóstico de doenças e tratamento aos pacientes. Assim como tivemos muito evolução em poucos anos, o acesso a tecnologia e maiores informações da medicina humana para a veterinária, conseguiremos oferecer melhor confortos aos pets.
Por Pauline Machado Junho é o mês em que lembramos e comemoramos o Dia do Meio ambiente. A data foi estabelecida em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemorado todo dia 5 de junho. Fato é que, quando falamos ou pensamos na fauna ligada ao meio ambiente prontamente os animais selvagens e exóticos vêm à nossa mente, mas, e os cães e os gatos? Eles também fazem parte do meio ambiente? Qual é ou seria o papel dos cães e dos gatos no Meio Ambiente? Para nos explicar essas e outras questões relacionadas ao tema, convidamos o Biólogo e Médico Veterinário, Luiz Ricardo da Silva, especialista em Educação Ambiental e Clinica de Animais Selvagens. Acompanhe!
Pet Med –Para começar, por favor, nos explique qual é a origem dos cães e dos gatos.
Luiz Ricardo da Silva – Os cães têm a sua origem nos lobos, pensava-se que somente dos lobos cinzentos, mas hoje sabemos que tiveram outras populações de lobos envolvidas na origem dos cães. Quanto aos gatos domésticos eles têm uma origem possível em gatos do continente africano em especifico o Felis silvestris lybicaou gato da Líbia.
Pet Med –Como se deu o avanço de ambas as espécies até chegarem ao convívio com o homem nas cidades brasileiras?
Luiz Ricardo da Silva – Estes animais começaram a se aproximar do homem primitivo há milhares de anos, incialmente para se alimentar com as sobras, e aos poucos foram sendo domesticados principalmente o cão, pois ambos homem e cão, tinham muito a ganhar com essa proximidade. Agora pensando nestes animais em nossas cidades isso tem muita ligação com a colonização do Brasil, com a vinda dos europeus para as Américas. Eles trouxeram estes animais nas embarcações.
Pet Med –Em que momento identificou-se o descontrole quanto ao número de cães e gatos sem famílias que moram nas ruas? Por quais motivos isso aconteceu e perdura até hoje?
Luiz Ricardo da Silva – Há algumas décadas já havia a preocupação nos grandes centros da crescente população destes animais. Não havia controle por parte dos governos nem dos cidadãos. Poucas pessoas faziam a castração e esses animais de rua ou somente com acesso, se reproduziam muito. Hoje isso não é mais um problema somente dos grandes centros, mas até das pequenas cidades.
Pet Med – Neste cenário, qual é o papel dos cães e dos gatos para o meio ambiente? Por quê?
Luiz Ricardo da Silva – Cães e gatos de vida livre ou mesmo somente com acesso a rua são preocupantes quando pensamos na questão das doenças. Por causa do seu comportamento, estes animais acabam transmitindo ou adquirindo diversas doenças inclusive algumas zoonoses.
Pet Med – Diante disso, qual é o impacto da presença das duas espécies para o meio ambiente?
Luiz Ricardo da Silva – A presença destes animais no meio ambiente pode trazer muitos impactos. Eles podem por extinto matar animais silvestres, chegando inclusive a levar a extinção espécies nativas como já aconteceu em alguns momentos históricos. Cães e gatos podem se tornar ferais, formar colônias, por exemplo, e atacar além dos animais locais e humanos. Inclusive, tenho feito um trabalho na contenção de cães em uma reserva em São Paulo para evitarmos esse problema. Faço a contenção, transportamos e tentamos doar para que eles tenham uma vida melhor.
Pet Med –Neste cenário, o que pode ser feito para preservar tanto o meio ambiente quanto as espécies felina e canina?
Luiz Ricardo da Silva – A melhor solução são as campanhas de castração em massa, doação e a punição para quem abandona estes animais. A culpa não é deles e sim nossa. Devemos fazer de tudo para dar qualidade de vida para estes animais.
Pet Med – E quanto ao futuro? Quais são as perspectivas para que tenhamos um equilíbrio na relação entre os cães e gatos e o meio ambiente?
Luiz Ricardo da Silva – Acredito que em longo prazo iremos conseguir chegar próximo a um equilíbrio. Mas, é importante conscientizar as pessoas sobre a castração, e que estes animais não devem sair para passeios sem o acompanhamento do responsável, principalmente gatos. Isso evita que eles procriem , entrem em atrito com outros animais, entre outros problemas.
Por isso, reforçoser muito importante a divulgação de informações sobre o impacto dos animais domésticos no meio ambiente e o quanto isso pode ser danoso, além dos riscos que isso pode trazer para a saúde do animal domestico, dos silvestres, e, inclusive, a nossa através das zoonoses. Cães e gatos devem ficar em casa sendo bem cuidados, e sempre que possível, levem seus animais para consultas mesmo quando estiverem aparentemente saudáveis.
O dia a dia com cães e gatos é muito mais feliz, no entanto, requer muita atenção, pois, podem acontecer alguns acidentes e os seus familiares precisam saber o que fazer, caso os pets precisem de primeiros socorros.
Para saber como agir em casos de emergências, conversamos com a Médica Veterinária Liana Barreto Dantas, portadora do CRMV/CE 1191.
Acompanhe, pois, as orientações são preciosas!
Pet Med – O que podemos entender por primeiros socorros?
Liana Barreto Dantas – Podemos entender como primeiros socorros aqueles pré-atendimentos que conseguimos fazer em casa, mesmo pelos familiares, sem ter profundo conhecimento técnico da medicina.
No entanto, vale ressaltar que os primeiros socorros são apenas para tirar o enfermo do risco, que em seguida, deve ser levado imediatamente até o hospital veterinário mais perto possível. O intervalo entre o primeiro atendimento em casa até o atendimento especializado deve ser menor possível.
Ressalto ainda, que deve ser levado a um hospital 24h por ter mais recursos do que uma clínica. Após estabilizado, aí sim, o animal deve ou poderá, de acordo com parecer do veterinário responsável pelo atendimento, ser transferido para dar continuidade ao tratamento pelo médico veterinário da família, que já atende o pet, que seja confiança da família, mas, na hora da emergência, a recomendação é ir até o hospital mais próximo para ter os primeiros atendimentos.
Pet Med – Como identificar uma situação de urgência e emergência em casa com os pets?
Liana Barreto Dantas – Não há receita para isso, o mais importante é que os familiares que moram com os pets estejam sempre observando e interagindo com eles, para que assim, consigam identificar o mais rapidamente possível qualquer sinal de anormalidade.
Pet Med – Quais são as situações emergenciais mais comuns, no dia a dia com cães e gatos?
Liana Barreto Dantas – No dia a dia as situações mais comuns que permitem agir com práticas de primeiros socorros são intoxicações, atropelamentos, feridas, ingestão de corpo estranho que resultem em engasgos, quedas, vômitos, diarreias, dificuldades para respirar, convulsões, entre outras.
Pet Med – Qual deve ser a primeira conduta diante de um animal passando mal?
Liana Barreto Dantas – Primeiramente é importante que os familiares se mantenham calmos para que possam agir rapidamente e racionalmente para ajudar o pet.
Quanto à conduta a ser adotada dependerá da enfermidade. Por exemplo, no caso de intoxicação ou envenenamento seria importante tentar descobrir o que o pet pode ter ingerido, a quantidadee há quanto tempo houve a ingestão.
Se houver vômitos, tire foto ou recolha um pouco da amostra para levar para avaliação do Médico Veterinário. Na maioria dos casos de intoxicação, é administrado carvão ativado, pois, ajuda a reduzir a absorção da toxidade pelo organismo. Então, com o produto que seja próprio para cães e gatos em mãos, siga as orientaçõesprescritas na bula. Em hipótese alguma tente provocar o vômito do pet, pois, pode causar engasgo e/ou piorar o quadro do animal.
Em casos de ferimentos, lave a região afetada com água corrente para diminuir o risco de infecções e em seguida com soro fisiológico. Depois, com um pano limpo e de preferência que não seja áspero como as toalhas, pressione a região lesionada a fim de manter o local seco e de controlar a hemorragia até chegar ao hospital 24 horas mais próximo.
Em casos de queimadura, não faça nada diferente de apenas cobrir a região com pano leve, limpo e úmido, de modo que não cole, não grude na ferida. Uma vez coberta a região, corra para o hospital veterinário 24horas mais perto.
Se o pet tiver sofrido quedas ou fraturas, tente imobilizar a região até mesmo com papelão e atadura, até chegar ao médico veterinário. Se for fratura exposta, apenas cubra delicadamente com pano limpo não abrasivo e leve-o imediatamente ao hospital veterinário 24h. Em hipótese alguma tente colocar o osso no lugar.
Se o pet estiver engasgado, a recomendação é abrir a boca e tentar retirar com o dedo o objeto que estiver causando o engasgo. Caso ele tente morder, tente dar alguns tapinhas de leve, mas, precisamente, nas costas, ali pela altura das patas dianteiras a fim de ajudar a expulsão do objeto. Se for um gato ou um cão de pequeno porte, tente segurá-los pelas patas da frente direcionando a cabeça para baixo e sacudindo com delicadeza até que o objeto possa sair pela boca.
Se for linha, não puxe em hipótese alguma, pois, alguns órgãos podem estar enrolados pelo fio e ao puxar, você poderá piorar o quadro e até levar o animal ao óbito. Neste caso, leve imediatamente o pet ao hospital veterinário 24 horas mais próximo.
Pet Med – E o que não deve ser feito em hipótese alguma? Por quais motivos?
Liana Barreto Dantas – A principal coisa que não se deve fazer, em hipótese alguma é medicar o animal sem prescrição médica, pois, alguns medicamentos, sobretudo de uso humano, podem ser tóxicos aos pets, sem falar na questão da falta de conhecimento pelo tutor sobre a dose ideal a ser administrada.
É importante saber também que em feridas não se usa álcool, desinfetantes ou qualquer outro produto que não seja soro fisiológico, assim como os olhos, que devem ser limpos somente com gaze embebecida de soro fisiológico e nunca por água boricada ou outro tipo de produto. Nem com algodão, pois, os fios podem causar inflamação ocular.
Os tutores devem evitar remover corpos estranhos perfurantes, como pregos, vidros ou algo do tipo. Nesses casos, o animal deve ser levado imediatamente até o hospital veterinário 24horas mais próximo.
Evitar manusear e fazer movimentos bruscos em casos de queda, situações de atropelamentos ou fraturas, também é uma das coisas que os tutores nunca devem fazer em casa sem a presença de um médico veterinário.
Pet Med – Por fim, quais devem ser os cuidados em casa para que tais situações não aconteçam?
Liana Barreto Dantas – Quem tem pet em casa é como se tivesse crianças em casa, então, é importante ter um kit de primeiros socorros sempre a postos. Por isso, recomendo sempre ter em casa:
Termômetro digital, de preferência com ponta flexível, atadura, gaze, algodão, esparadrapo, microporo, ampolas de soro fisiológico, tesoura sem ponta, cortador de unhas próprio para pets, seringa de 3ml, sabonetes ou solução antisséptica próprio para pets, cotonetes, luva de látex, se possível pinça de cabo longo, sabonete neutro sem perfume, lenço umedecido sem fragrância e carvão ativado próprio para cães e gatos, desde que siga as recomendações do fabricante. Esses são alguns itens fundamentais para ter em casa para os casos que seja preciso fazer um primeiro socorro no pet em casa.
Comportamento Pet: Os Animais tem sentimentos? Conversamos com aMédica Veterinária Comportamental Daniele Graziani sobre o assunto confira na integra.
Por Pauline Machado
Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre se os animais têm sentimentos como nós, humanos.
Então, convidamos a Médica Veterinária Comportamentalista, Daniele Graziani, portadora do CRMV/PR 13.752, para nos tirar essa e muitas outras dúvidas relacionadas aos sentimentos dos cães e dos gatos.
Acompanhe!
Pet Med – Para começar, por favor, nos explique o que podemos entender por sentimentos.
Daniele Graziani – Sentimentos são emoções que todos os animais podem experienciar.
Pet Med – Neste aspecto, podemos dizer que os animais também têm sentimentos?
Daniele Graziani – Certamente, pois são dotados de um sistema límbico, tal como nós. A área do cérebro responsável pelos sentimentos e emoções é o sistema límbico.
Pet Med – Que tipos de sentimentos os animais, especificamente os cães e os gatos, sentem?
Daniele Graziani – Até onde sabemos, os animais possuem os sentimentos menos complexos, semelhante a uma criança, como: raiva, medo, alegria, tristeza, repulsa e surpresa.
Pet Med – A partir dessa compreensão, qual é a relação dos sentimentos dos cães e dos gatos com as cinco liberdades dos animais?
Daniele Graziani – Quando pensamos que eles devem estar livres de estresse e medo, assim com livre de dor, lhe garanto que, com frequência, não somos bem sucedidos. É comum que suas emoções sejam subestimadas, por pura ignorância de nossa espécie. Até mesmo na veterinária, a dor é subestimada. Em minha rotina como Médica Veterinária Comportamental, atendo com frequência animais que apresentam alteração comportamental por sentirem dor, mas que, no dia a dia, parecem dispostos, com apetite e sem expressar claudicação ou vocalização, e assim a alteração comportamental não é considerada como sinal clínico, e o animal chega para tratamento do comportamento, quando na verdade o problema é clínico. Muitos desses casos há dor significativa, que passa despercebida. Imagine, então, suas emoções. Um animal que apresenta agressividade está expressando algo que ele não consegue explicar verbalmente, mas muitas vezes são vistos como “animais maus”.
Pet Med – No dia a dia com os animais, como os humanos podem compreender o que os cães e os gatos estão sentindo?
Daniele Graziani – Como os pais conseguem compreender um bebê? É estudando e observando. Animais se comunicam com vocalizações, comportamentos e linguagem corporal. Observar livre de julgamentos é importante, pois muita coisa errada é dita por ai, como por exemplo, dizer que um animal esta tentando se vingar. Essa frase não tem qualquer base cientifica.
Pet Med – Qual é a importância de nós humanos desenvolvermos essa habilidade de compreender os sentimentos dos animais, para um convívio mais saudável e em equilíbrio com eles?
Daniele Graziani – Quando escolhemos conviver com outra espécie, desejamos formar um vínculo com a mesma, certo? A base de qualquer relacionamento é uma boa comunicação. Se não formos capazes de entender o que a outra parte comunica como podemos criar vínculo? É preciso entender como eles se sentem, para sabermos se estamos agradando ou estressando.
Pet Med – Por fim, por favor nos oriente sobre como desenvolver a habilidade de compreender os sentimentos dos animais.
Daniele Graziani – Existem hoje muitos materiais teóricos mostrando linguagem corporal de cães e gatos. É preciso estudar.
Gato com rabo alto esta feliz em lhe ver, já o cão expressa essa emoção com rabo relaxado e balançante. Vale saber, que nem todo balançar de rabo em cães indica felicidade, tal como, nem todo sorriso é felicidade em humanos. É preciso compreender linguagem corporal e contexto.
Eles se comunicam com postura de cauda, orelhas, postura do corpo, expressão facial, vocalizações diversas. Um cão rosnando, por exemplo, está lhe informando que não esta confortável com algo, mas frequentemente as pessoas consideram errado um cão rosnar, interrompendo esse comportamento.
Um cão que não pode expressar desconforto faz o que quando sentir? Guarda pra si? É preciso compreender que um cão quando se sente ouvido, dificilmente morderá, pois, se ele é respeitado quando expressa desconforto, não verá necessidade em ser mais incisivo.
Maio é o mês das mães e para fechar com chave de ouro as entrevistas deste mês tão especial, conversamos com exclusividade com o coordenador Clínico do Hospital veterinário – DOK Guarulhos – clínica de pequenos animais e de animais silvestres e exóticos, o Médico Veterinário Fábio da Silva Chavier, portador do CRMV/SP: 35.341.
Acompanhe!
Pet Med – Qual é a importância dos cuidados com as mamães, visando a saúde das cadelas e gatas gestantes?
Fábio da Silva Chavier – É garantir assistência a essas fêmeas em todas as fases da gestação, desde o momento em que descobre a gravidez até os 42 dias após o parto, o puerpério. O acompanhamento engloba exames regulares e acompanhamento veterinário.
Pet Med – No dia a dia, como os familiares dos animais podem identificar se as cadelas e gatas estão prenhas?
Fábio da Silva Chavier – Os familiares dos animais podem identificar se as cadelas e gatas estão prenhas observando mudanças comportamentais, aumento de tamanho abdominal e possíveis sintomas como vômitos, letargia e aumento da ingestão de água.
Pet Med – Qual é o período de gestação das cadelas e das gatas?
Fábio da Silva Chavier – O período de gestação das cadelas é de aproximadamente 63 dias, enquanto o das gatas é de cerca de 65 dias.
Pet Med – De modo geral quantos filhotes nascem de uma gata e de uma cadela de porte médio, por exemplo?
Fábio da Silva Chavier – Em média, uma gata pode ter de 1 a 8 filhotes, enquanto uma cadela de porte médio pode ter de 4 a 6 filhotes. No entanto, isso pode variar bastante de acordo com a raça e outros fatores individuais.
Pet Med – Sobre mitos e verdades, nos explique se cada cor da pelagem diferente dos filhotes quer dizer que cada um foi de um pai diferente e se o número de filhotes se refere ao número de cruzas que as fêmeas caninas e felinas tiveram.
Fábio da Silva Chavier – A cor da pelagem dos filhotes não necessariamente indica que cada um teve um pai diferente. Na verdade, a cor da pelagem é determinada pelos genes herdados dos pais, tanto do pai quanto da mãe. Assim, mesmo que os filhotes tenham cores diferentes, eles podem ter o mesmo pai. A variação de cores pode ser resultado da combinação genética dos pais.
Quanto ao número de filhotes, ele se refere ao número de gestações que as fêmeas caninas e felinas tiveram, não ao número de cruzas. Cada gestação pode resultar em uma quantidade variável de filhotes, e isso pode depender de vários fatores, incluindo a idade da mãe, sua saúde, genética e outros aspectos. Portanto, não há uma relação direta entre o número de cruzas e o número de filhotes em uma gestação.
Pet Med – Durante a gestação, quais cuidados os familiares devem ter com as mamães?
Fábio da Silva Chavier – Durante a gestação, os familiares devem proporcionar uma alimentação adequada, realizar visitas regulares ao veterinário, garantir um ambiente tranquilo e confortável e oferecer os cuidados necessários conforme orientação do profissional do médico veterinário.
Pet Med – Como identificar se a gata ou a cadela entrou em trabalho de parto?
Fábio da Silva Chavier – Os sinais de que a gata ou a cadela entrou em trabalho de parto incluem inquietação, lambedura excessiva da região genital, contrações visíveis e a ruptura da bolsa amniótica.
Pet Med – O que fazer ao ver sua cadela ou gata em trabalho de parto?
Fábio da Silva Chavier – Ao ver a cadela ou gata em trabalho de parto, os familiares devem garantir um ambiente calmo e tranquilo, oferecer suporte à mãe e estar preparados para ajudar caso necessário, mantendo contato próximo com o veterinário.
Pet Med – Em que casos é preciso levar para fazer cesariana? Quais sinais clínicos devem ser identificados?
Fábio da Silva Chavier – A cesariana pode ser necessária em casos de distocia (dificuldade no parto), que podem ser identificados por sinais como a não progressão do trabalho de parto, presença de filhotes presos no canal de parto por mais de 30-60 minutos, ou sinais de sofrimento fetal.
Pet Med – E durante o período de amamentação?
Fábio da Silva Chavier – Durante o período de amamentação, os familiares devem garantir que a mãe tenha uma alimentação adequada, oferecer um ambiente tranquilo e limpo para amamentação, e estar atentos a possíveis problemas de saúde tanto na mãe quanto nos filhotes.
Pet Med – A partir de qual idade os filhotes de cães e de gatos podem ser desmamados e doados?
Fábio da Silva Chavier – Os filhotes de cães e gatos podem ser desmamados e doados a partir das 6 a 8 semanas de idade, quando já estão mais independentes e conseguem se alimentar sozinhos.
Pet Med – E quais são os cuidados com as mãeszinhas neste período de desmame? Durante o período de desmame, os familiares devem oferecer uma dieta adequada para os filhotes, garantir que a mãe tenha descanso e continue recebendo cuidados veterinários, e estar atentos a possíveis problemas de saúde nos filhotes.
Fábio da Silva Chavier –Pet Med – Para finalizar, quais são suas recomendações para que cadelas e gatas tenham uma gestação, um parto e pós parto saudáveis?
Fábio da Silva Chavier – As recomendações para uma gestação, parto e pós-parto saudáveis incluem alimentação adequada, acompanhamento veterinário regular, pré-natal, ambiente tranquilo e limpo, preparação para o parto e cuidados pós-parto tanto para a mãe quanto para os filhotes.
É importante lembrar também da importância da castração como forma de controle populacional e prevenção de doenças em cães e gatos, além de contribuir para o bem-estar desses animais.