Saúde Bucal de Pets: Seu pet tem mau hálito, dificuldade para comer ou gengiva inflamada? Saiba como prevenir e tratar problemas bucais em cães e gatos com dicas da Dra. Isabella Cito, especialista em odontologia veterinária. Aprenda a escovar os dentes do seu pet e garantir sua saúde bucal!
Por Pauline Machado
⠀⠀⠀Assim como em nós, humanos, os cuidados com a saúde bucal nos pets também são muito importantes. No entanto, ao contrário das pessoas, os pets dependem dos seus familiares para manterem a higiene oral em dia. Mas, como fazer isso corretamente? ⠀⠀⠀Para nos explicar tudo tim tim por tim tim, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Isabella Cito, residente do Colégio Europeu de Odontologia Veterinária e especializada em Odontologia e cirurgia BucoFacial Veterinária pela Universidad Complutense de Madrid, portadora do CRMV/RJ 10296. ⠀⠀⠀A entrevista está imperdível, acompanhe!
⠀Pet Med – O que podemos entender por saúde bucal? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Saúde bucal nos animais pode ser entendida como a capacidade de ingerir alimentos, vocalizar, se expressar, morder e lamber sem sinais clínicos e físicos de dor, incômodo ou odor.
⠀Pet Med – Neste sentido, quais são as doenças mais comuns nos cães e nos gatos? ⠀⠀⠀Isabella Cito – As doenças mais comuns nos cães são o cálculo dentário, fraturas dentárias, gengivite e periodontite. Já nos gatos temos observado com maior frequência além da gengivite e periodontite, doenças tais como a Lesão de Reabsorção Odontoclástica, Complexo Estomatite.
⠀Pet Med – O que leva os cães a terem problemas bucais? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Os problemas variam conforme as doenças. Por exemplo, o acúmulo de cálculo dentário se dá pela falta de higiene, hábitos alimentares, Ph da saliva e fatores genéticos. Já as fraturas dentárias são causadas por traumas como quedas, brigas e brinquedos.
⠀Pet Med – E os gatos? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Em gatos, ambas as doenças de Lesão de Reabsorção e Complexo Estomatite ainda possuem causas desconhecidas, porém, são tratadas como doenças autoimunes.
⠀Pet Med – No dia a dia quais são os sinais clínicos que os familiares devem ficar atentos que possam indicar problemas bucais nos cães e nos gatos? ⠀⠀⠀Isabella Cito – É essa uma pergunta muito importante, pois proprietários de pets julgam que se o animal está com algum problema orodentário ele irá para de comer, e esse é o maior erro que acaba levando a negligência da doença e tratamento, muitas das vezes sendo tarde demais como nos casos de tumores orais. ⠀⠀⠀Comer para os animais é instinto de sobrevivência, raramente eles irão parar de comer por alguma questão oral. Se o pet para de comer ou evitar a comida, é mais provável de ser um problema interno como rim, fígado ou pâncreas. ⠀⠀⠀Quando há um problema orodentário, o pet fica mais seletivo para comer, opta por alimentos mais macios e demora mais para comer, porém quase nunca para totalmente de comer. ⠀⠀⠀Outros sinais clínicos que podemos observar é um odor fétido, aumento da salivação, dor ao manipular a boca, sangramento gengival, e gatos param de se lamber.
⠀Pet Med – Quais são as complicações na saúde de cães e gatos, oriundas de problemas bucais? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Uma vez que as bactérias do cálculo dentário entram na corrente sanguínea eles podem chegar a todos os órgãos. ⠀⠀⠀Um dos principais é o coração, mais especificamente as válvulas cardíacas causando o encurtamento delas, conhecido como “sopro”. O animal com periodontite tem seis vezes mais chances de desenvolver problemas cardíacos do que um cão saudável. ⠀⠀⠀No fígado as bactérias podem causar micro abscessos levando a inflamação e fibrose na veia porta hepática. ⠀⠀⠀No rim, por ser um órgão filtrador, as bactérias se alojam no endotélio podendo levar à glomerulonefrite. ⠀⠀⠀No pâncreas, a bacteremia eleva a resistência da insulina, piorando o controle glicêmico.
⠀Pet Med – Neste cenário, qual é a importância das medidas de prevenção? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Quando tratamos anualmente a saúde oral dos nossos animais, não só prevenimos doenças em órgãos vitais de se instalarem, mas também conseguimos manter outras doenças já pré-existentes compensadas tais como doenças endócrinas e autoimunes. ⠀⠀⠀Por exemplo, animais que serão submetidos a quimioterapia ou radioterapia têm a indicação de realizar o tratamento periodontal previamente ao início do tratamento oncológico para diminuir a carga bacteriana existente e prevenir futuras infecções já que o organismo do animal e seu sistema imunológico estarão debilitados devido ao tratamento oncológico.
⠀Pet Med – E no dia a dia, como os tutores podem prevenir problemas bucais em seus pets? ⠀⠀⠀Isabella Cito – A melhor prevenção é sempre a higiene dentária diária com a escovação. Brinquedos, ossos e petiscos específicos podem ser utilizados para auxiliar na higiene e manutenção dentária.
⠀Pet Med – Sobre escovação: a partir de que idade pode ser feita? ⠀⠀⠀Isabella Cito – A escovação pode e deve ser iniciada a partir dos quatro meses de idade para dar início a fase de adaptação do pet ao ato de escovar. Realizando a adaptação desde filhote, tornará o processo mais sutil e agradável ao pet.
⠀Pet Med – De que forma deve ser feita a escovação nos dentes dos cães e dos gatos? ⠀⠀⠀Isabella Cito – Recomendamos a escovação e o processo de adaptação para ser feito em um período de quatro semanas. Sempre utilizando pasta veterinária e escova com cerdas macias, infantil e humana. ⠀⠀⠀Na primeira semana é a adaptação inicial à pasta dentária veterinária. Hoje no mercado já temos pastas dentárias com sabor, o que facilita o processo. O tutor deve oferecer um pouco da pasta para pet lamber, uma vez ao dia todos os dias, isso fará com que o pet associe a pasta com um petisco. ⠀⠀⠀Na segunda semana inicie com a pasta no seu dedo e faça o movimento de escovação para o pet compreender que não dói e nem incomoda. ⠀⠀⠀Na terceira semana enrole uma gaze no dedo, coloque a pasta, e continue o movimento de escovação circular. ⠀⠀⠀Na quarta semana introduza a escova dentária com a pasta, sem colocar força ou pressão. ⠀⠀⠀A escovação deve ter foco principalmente nos dentes de trás, onde o tártaro se inicia, e não há necessidade de enxágue.
⠀Pet Med – Por fim, em resumo: qual é a importância dos cuidados com a saúde bucal de cães e gatos? ⠀⠀⠀Isabella Cito – A famosa frase “A saúde começa pela boca” se adapta muito bem aos animais também. Ter uma boca e dentes saudáveis proporciona ao pet qualidade de vida e saúde dos órgãos. ⠀⠀⠀Vale ressaltar que a consulta odontológica e tratamentos dentários devem sempre ser realizados por médicos veterinários especializados em odontologia veterinária. ⠀⠀⠀Apenas os veterinários especializados possuem o conhecimento completo para diagnóstico e tratamento das doenças buco faciais, já que infelizmente a odontologia ainda não é incluída como matéria curricular nas universidades, formando veterinários clínicos sem conhecimento na área para poderem tratar corretamente essa parte.
⠀Para fechar o mês de outubro, mês da Campanha Outubro Rosa, que incentiva os cuidados e a prevenção do câncer de mama nas mulheres, conversamos com a Dra. Carmen Helena de Carvalho Vasconcellos, Médica Veterinária, portadora do CRMV RJ 3460. ⠀Doutoura em cirurgia e especialista em Oncologia Veterinária, diplomada pela Associação Brasileira de Oncologia Veterinária – ABROVET, Dra. Carmen nos explica como podemos prevenir o câncer de mama em gatas e cadelas. ⠀⠀⠀Acompanhe!
⠀Pet Med – O que podemos entender por câncer de mama? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – A denominação “câncer de mama” designa um conjunto de doenças que envolvem a transformação neoplásica de células do tecido mamário. São neoplasias extremamente frequentes entre os cães, sendo a segunda neoplasia mais frequente na espécie canina e a primeira mais frequente nas fêmeas. Nas gatas a frequência é um pouco menor, sendo o terceiro tipo mais frequente.
⠀Pet Med – Neste cenário, qual é a importância da Campanha Outubro Rosa também para os pets? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – O Outubro Rosa é um movimento popular criado nos Estados Unidos em 1990 que visa fomentar ações de conscientização e prevenção do câncer de mama. O nome remete ao laço rosa, símbolo mundial da luta contra a doença. Durante o mês de outubro, ações como caminhadas, corridas e iluminação cor de rosa de prédios e monumentos chamam a atenção para os exames de diagnóstico e meios de tratamento do câncer de mama. Nesse contexto, diversas universidades e entidades privadas, bem como a ABROVET, realizam o Outubro Rosa Pet para enfatizar a importância do diagnóstico precoce para o sucesso no tratamento do câncer de mama em cadelas e gatas.
⠀Pet Med – Como o câncer de mama se manifesta no organismo? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – Na maioria das vezes o câncer de mama se manifesta na forma de nódulos, que podem ser macios ou firmes, de tamanhos diversos, aderidos ou não, ulcerados ou não. Eventualmente, o câncer de mama pode produzir metástases linfáticas ou em órgãos como pulmões, fígado, ossos e outros
⠀Pet Med – O câncer é mais comum em cadelas e gatas não castradas? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – O tecido mamário sofre uma grande influência dos hormônios sexuais – estrogênio e progesterona. Desta forma, a maioria dos tumores mamários também sofre essa influência. Os hormônios podem produzir tumores ou fazer com que eles aumentem de tamanho. Por isso, as cadelas e gatas castradas apresentam um risco menor de desenvolverem tumores de mama.
⠀Pet Med – No dia a dia quais são os sinais clínicos que os familiares devem ficar atentos que possam indicar câncer de mama? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – Os sinais clínicos mais comuns são a presença de nódulos e caroços nas mamas. Também podem ser observadas feridas ou secreção láctea. Animais com metástase podem apresentar sinais sistêmicos como tosse e perda de peso.
⠀Pet Med – Como identificar o diagnóstico do câncer de mama nesses animais? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – O diagnóstico inicial é feito de forma clínica, pela presença de nódulos ou tumorações. Fazemos, então, uma punção e citologia dos nódulos. Em seguida, devem ser realizados exames de imagem como radiografia de tórax e ultrassonografia para procura de metástase.
⠀Pet Med – E quanto aos tratamentos, quais são os mais eficazes? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – A principal forma de tratamento é a cirurgia de mastectomia. A extensão da cirurgia depende do tamanho e da quantidade de nódulos. A quimioterapia é indicada como complementação do tratamento cirúrgico em alguns casos de tumores mais agressivos.
⠀Pet Med – Como podemos prevenir o câncer de mama em gatas e cadelas? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – A melhor forma de prevenção é a castração precoce de cadelas e gatas. Também é importante evitar o uso de injeções de hormônios para evitar o cio.
⠀Pet Med – Por fim, o que mais é importante ressaltar sobre a prevenção do câncer de mama nos pets? ⠀⠀⠀Carmen Vasconcellos – O diagnóstico precoce é a chave do sucesso do tratamento, daí a importância dos exames de rotina. O Outubro Rosa serve para lembrar os tutores da importância da palpação das mamas e da castração precoce e também para procurar um veterinário regularmente.
Fisioterapia Animal: Importância no tratamento veterinário
⠀Em 13 de outubro comemora-se o Dia do Fisioterapeuta, profissional da saúde tão importante para manter a qualidade de vida das pessoas. Mas, e os pets, será que também precisam de fisioterapeutas e fisiatras? Para entendermos a importância desses profissionais na vida dos cães e gatos, conversamos com exclusividade com a Médica Veterinária Marianne Zavaski, portadora do CRMV/PR: 14262. ⠀Marianne é graduada em Medicina Veterinária na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) no ano de 2016. Possui especialização em Fisioterapia Veterinária pela rede PetFisio em 2017 e título de especialista e pós graduação em Acupuntura Veterinária pela instituição IBRATE – Curitiba – PR, 2016. É, ainda, sócia proprietária do Instituto de Medicina Veterinária Integrativa (MEDINVET). Associada da Associação Nacional de Fisioterapia veterinária – ANFIVET. ⠀A Médica Veterinária realizou cursos na área de alimentação natural (2018), Ozonoterapia veterinária (2018) e células tronco mesenquimais (2019). Anualmente participa de cursos avançados de liberação miofacial, magnetoterapia e cinesioterapia e é professora no seu curso de mentoria de fisioterapia aplicada na reabilitação animal para alunos e profissionais formados que querem empreender na área. ⠀⠀⠀Boa leitura!
⠀⠀⠀Pet Med – O que podemos entender por Fisioterapia na Medicina Veterinária? ⠀A fisioterapia é definida como o estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento de disfunções do sistema locomotor. Podemos entendê-la como uma área que lida com as particularidades do sistema musculoesquelético, utilizando técnicas que auxiliam a reabilitação do movimento de cada espécie, visando recuperar lesões e preservar tecidos. Dessa forma, conseguimos diminuir a dor, melhorar a locomoção e amplitude de movimento e retornar à função motora dos pacientes, oferecendo assim, mais qualidade de vida a eles.
⠀⠀⠀Pet Med – De modo geral, em quais situações a fisioterapia é indicada para cães? ⠀São inúmeros os casos, mas as alterações mais comuns da rotina clínica são: hérnia de disco, displasia coxofemoral e/ou cotovelo, artrose, obesidade, traumas, luxação de patela e lesão/ruptura do ligamento cruzado.
⠀⠀⠀Pet Med – E para os gatos? ⠀Ainda que eles possuam uma baixa incidência na rotina da reabilitação animal, normalmente eles são acometidos por displasias coxofemorais, artroses, fraturas e luxações. ⠀Se pensarmos na estatística, 80% dos gatos acima de nove anos possuem algum grau de artrose e pelo menos 6,6% a 36% de toda a população de gatos de raças maiores, como Maine Coon e Persas possuem displasia coxofemoral. Já pensou quantos animais são subdiagnosticados e quantos deles poderíamos estar ajudando? O gato raramente claudica, o que exige uma análise muito mais minuciosa.
⠀⠀⠀Pet Med – Dentre as ferramentas de tratamento fisioterápico quais são as mais usadas em cães e gatos, e de que forma agem na lesão? ⠀De modo geral, costumo falar que a função geral dos aparelhos se repete, pois temos por objetivo diminuir a dor, inflamação, fazer relaxamento muscular, aumentar a oxigenação e reparação do tecido. Porém, nesses casos, o que muda é o mecanismo de ação de cada aparelho. Por exemplo:
Eletroterapia: envolve a aplicação de ondas elétricas específicas para o tratamento de nervos e músculos com a finalidade de diminuir a dor (TENS) ou fortalecer e estimular a musculatura em casos de fraqueza muscular (FES/NMES).
Fotobioestimulação – Laser: luz infravermelha que age na mitocôndria, diminuindo o processo inflamatório e promovendo a multiplicação e reestruturação celular;
Magnoterapia – Campos magnéticos que pulsam, favorecendo o realinhamento das membranas das células;
Ultrassom terapêutico: Onda sonora não audível que reorganiza e auxilia o reparo do tecido;
Massoterapia: A mais antiga dentre as técnicas, ponto de partida para todas as técnicas de massagem disponíveis atualmente, que consiste na manipulação dos tecidos usando as mãos do fisioterapeuta, possibilitando o relaxamento muscular, a drenagem linfática e o alívio da dor;
Hidroterapia: Atividade de baixo impacto realizada dentro de uma esteira aquática que auxilia o apoio ao membro, recuperação/ganho de massa muscular e perda de peso;
Cinesioterapia: Exercícios que favorecem o ganho de massa muscular através do uso de bolas, pistas de obstáculos, cones e pranchas. Para realizá-los, é preciso conhecer o limite do paciente. Muitos animais têm medo de realizar determinados movimentos porque sabem que lhe causarão dor ou desconforto. Nesse caso, o profissional auxilia o animal para que ele se sinta confiante para realizar os exercícios. A recuperação precisa ser lenta, respeitando o limite físico e psicológico de cada paciente.
⠀⠀⠀Pet Med – Aos tutores de cães e gatos, que cuidados deve ter ao escolher um Médico Veterinário especialista em fisioterapia? ⠀Digo que o fisiatra é o profissional que mais terá contato com o tutor, pois muitas vezes precisamos fazer sessões semanais. Por isso, além da capacidade técnica, é de extrema importância escolher profissionais que acolham e que deixem os tutores à vontade para poder conversar e desabafar sobre as dificuldades. Na maioria das vezes, ele quem será a ponte entre o cliente e o ortopedista. Além disso, é importante se informar se o profissional escolhido possui cursos de formação e/ou pós-graduação na área e observar se ele está sempre se atualizando em congressos e cursos. Isso faz toda a diferença, pois as técnicas mudam o tempo todo. Ah, e lembre-se: A Lei nº 5.517/1968, em seu artigo 5º, estabelece que a competência para a prática clínica de animais, em todas as modalidades, é privativa do Médico Veterinário. Por isso, nenhum outro profissional é apto para fazer as terapias. Isso é crime.
⠀⠀⠀Pet Med – E aos graduandos e Médicos Veterinários, quais caminhos devem buscar para atuarem como Fisioterapeutas? ⠀A fisiatria mudou muito nesses últimos cinco anos. Atualmente, a área está em crescente expansão. Por conta disso, os cursos de formação também aumentaram significativamente. ⠀No momento, a melhor opção seria dar início a uma pós-graduação, coisa que há 10 anos atrás não havia. Um curso de final de semana auxilia a ter uma visão geral do todo, mas jamais lhe tornará um profissional habilitado para dar início a tais tratamentos. E lembre-se: não se reabilita um animal sem ter noções básicas de ortopedia, neurologia, clínica geral e sem saber ler uma radiografia/tomografia. Portanto, o estudo é contínuo e progressivo.
⠀⠀⠀Pet Med – Que cuidados os médicos veterinários devem ter ao atender um paciente que precise de fisioterapia? ⠀A primeira coisa que devemos ter em mente é que lidamos com um paciente que na maioria das vezes é um filho e/ou um membro da família. Por isso, nunca trate aquele tutor/animal de forma indiferente. ⠀Por mais corriqueiro que seja o problema daquele paciente para você, para o tutor não é. Dessa forma, saber ouvir o cliente e saber respeitar aquele animal que na maioria das vezes chega com dor, é muito importante. Ter uma noção mínima de comportamento animal junto a um item básico: a paciência – fará toda a diferença. Isso porque, cada animal que chega, tem uma característica diferente. Às vezes ele é medroso, às vezes bravo, às vezes ansioso. E a forma de conectar, é completamente diferente. ⠀Além disso, o equilíbrio emocional é igualmente importante, pois nos deparamos com animais e pessoas que se encontram nas mais diversas situações: são pacientes que vão a óbito ou não voltam a andar. Clientes que vendem coisas para pagar o tratamento, ou que também estão com problemas pessoais e ainda sim, seguem lutando com seus companheiros, pois eles são tudo o que eles têm. ⠀E nós? Como ficamos no meio disso tudo? Creio que nosso dever, é ouvir e acolher sem deixarmos que isso nos deixe mal emocionalmente. Por isso, a terapia para nós, é igualmente importante. A sua saúde mental está em dia?!
⠀⠀⠀Pet Med – Oque podemos esperar do avanço da fisioterapia na medicina veterinária? Quais são as tendências nesta área? ⠀Hoje, muitas pessoas ainda se surpreendem ao saber que existe fisioterapia para animais. Porém, a fisiatria ainda está em crescimento. Acredito que muito em breve, ela estará presente na maioria dos hospitais e será uma especialidade muito importante inclusive dentro dos internamentos. ⠀Ainda sonho (e acredito) que haverá uma disciplina de dor e reabilitação nas faculdades, pois ela é tão importante, que não tem como falar de tratamento sem reabilitação. A medicina integrativa veio para ficar e o mais importante: SOMAR.
⠀⠀⠀Pet Med – Para finalizar, por favor, resuma qual é a importância do médico veterinário fisioterapeuta. ⠀O fisiatra lida todos os dias com a dor. Por isso, nada enche mais nosso coração de orgulho do que ver um paciente que às vezes havia recebido indicação até de eutanásia, recuperado. Por isso, falo que nossa função, às vezes, não é só dar maior qualidade de vida. Às vezes, nós lhes devolvemos a própria vida.
Pet Med atua no mercado nacional e internacional sempre trazendo inovação e tecnologia nos cuidados aos animais de estimação.
Para amantes de gatos , a Pet Med é fabricante de roupas protetoras e pós cirúrgicas para que no momento em que seu gato mais precisar de cuidado tenha conforto e qualidade de vida.
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Temos coleção exclusiva com cores e design desenvolvido para melhor adaptação da anatomia de gatos, além de termos uma gama variada de tamanhos para diversos portes de gatos.
⠀Desde 2015 a Campanha Setembro Amarelo chama atenção ao cuidado com o próximo com o objetivo de prevenir o suicídio. Neste cenário, temos visto muitas iniciativas que mostram o quanto a companhia dos animais pode ajudar não somente como medida preventiva, mas, também, no processo terapêutico. ⠀Como exemplo dessas iniciativas, conversamos com a Roberta Araújo, idealizadora e coordenadora geral do Projeto Pelo Próximo, uma associação sem fins lucrativos que, desde 2010, realiza Intervenções Assistidas por Animais (TAA/AAA/EAA) no Rio de Janeiro. Acompanhe o bate-papo. Está imperdível!
⠀⠀⠀Pet Med – De modo geral, como a convivência com os animais pode trazer benefícios e maior qualidade de vida para o dia a dia das pessoas? ⠀Roberta Araújo – São inúmeros os benefícios adquiridos com a convivência com os animais, tais como aumento da auto-estima, estimulação da memória, principalmente nos idosos, diminuição da pressão arterial sangüínea, do colesterol, da ansiedade, além da liberação de neurotransmissores como B-endorfinas, dopamina e dos hormônios ocitocinas, prolactina e redução do cortisol, ocasionando o controle do estresse, que indicam reações fisiológicas associadas à interação homem-animal. ⠀Posso citar também a diminuição dos riscos de problemas cardíacos, do alívio de dor, do uso de medicamentos e do tempo de internação e aumento das células de defesa, deixando o paciente mais resistente a bactérias e ácaros, o que diminui a probabilidade de desenvolver alergias, problemas respiratórios, depressão e solidão, melhorando a interação social e a superação das limitações por causa dos animais.
⠀⠀⠀Pet Med – Quais são os benefícios do convívio com os animais, principalmente com cães e gatos, para a vida das pessoas? ⠀Roberta Araújo – Em 2001 foi publicado um estudo desenvolvido por Johannes Odendaal e Susan Lehmann, mostrando que a interação entre cães e humanos deflagra, em ambos, alterações hormonais que afetam o nível de endorfinas beta, fenilatalamina, prolactina e oxitocina por períodos médios de 15 minutos. ⠀A liberação dessas substâncias diminui no organismo a ação do cortizol, o hormônio do stress, provocando sensações de bem-estar. Em outra investigação, os mesmos pesquisadores descobriram quais os efeitos que a interação com animais, associada à psicoterapia, tem sobre os aminoácidos presentes nos neurotransmissores de pessoas com depressão. “Há mudanças químicas no cérebro e no sistema imunológico. É um processo contrário ao que se dá em situações de stress, nas quais há supressão de determinadas substâncias”. Jerson Dotti. ⠀No Instituto Baker de Pesquisas Médicas, o Dr. Warwik Anderson realizou um estudo com seis mil pessoas onde constatou que proprietários de cães e gatos tinham taxas menores de colesterol e triglicérides que aqueles que não tinham bichos. ⠀No Brasil, a Dra. Nise da Silveira utilizou animais na terapia de pacientes internos. Ela percebeu a facilidade com que esquizofrênicos se vinculavam aos cães. Em seu trabalho pioneiro com essas pessoas, a médica desenvolveu o conceito de afeto catalisador. Ela parte da ideia de que é importante que o paciente conte com a presença não invasiva de um animal de intervenção que permaneça com o doente, funcionando como ponto de apoio seguro a partir do qual o doente possa se organizar psiquicamente.
⠀⠀⠀Pet Med – Como a companhia de cães e gatos pode ajudar no processo terapêutico e como medida de prevenção contra o suicídio? ⠀Roberta Araújo – Os animais costumam monopolizar nossa atenção pedindo carinho, exigindo alimentação, passeios, brincadeiras, etc… Essas atividades mantêm a mente longe de pensamentos repetitivos e depressivos pois, toda a atenção está voltada para a interação. ⠀O contato diário com um animal sociável reduz o sentimento de solidão, incentiva a prática de exercícios, aumenta o sentimento de responsabilidade, ajuda a superar “perdas” e promove o contato social contribuindo na interação de seu tutor com mais pessoas. No processo terapêutico vemos pessoas mais receptivas aos tratamentos ministrados. Quando treinados, os cães são capazes de identificar quaisquer alterações hormonais, físicas e emocionais de seus tutores.
⠀⠀⠀Pet Med – De que modo cães e gatos conseguem dar este apoio emocional para as pessoas, sobretudo para as que tendem a ter depressão ou outros tipos de doenças emocionais? ⠀Roberta Araújo – Para que o cão se torne um animal de suporte emocional, na minha opinião, há necessidade que passem por um treinamento básico de comportamento. Os animais de suporte emocional, em sua grande maioria cães e gatos), auxiliam pessoas estressadas, com depressão e ansiosas, fornecendo segurança, conforto e apoio. ⠀O papel primordial dessa “modalidade” de animal é de proporcionar a seu tutor afeto e companhia com a intenção de estabilizar emocionalmente seu dono auxiliando-o na realização de atividades nais quais tenha dificuldades. ⠀Para se obter um animal de suporte emocional é necessário que a pessoa passe por uma avaliação médica, feita por um profissional capacitado da área de saúde mental que, após o diagnóstico expedirá um laudo indicando a necessidade do animal. É necessário observar que para se adquirir um animal de suporte emocional é imprescindível que haja o laudo e a indicação médica.
⠀⠀⠀Pet Med – Neste sentido, quais são os diferenciais dos cães? ⠀Roberta Araújo – É necessário que fique bem claro que existem modalidades diferentes de auxílio realizados por animais. Sendo eles: ⠀⠀⠀Animais de Intervenções: cães com treinamento básico e/ou específico de comportamento. As Intervenções Assistidas por Animais se dividem em :
⠀⠀⠀1) Terapia Assistida por Animais [TAA]: Nesse caso, o animal é utilizado como parte integrante da terapia, pois participa diretamente do tratamento da doença, fazendo parte do processo de cura. É realizado com supervisão de um profissional da área de saúde, com especialização na área indicada. Destina-se a promover uma melhora no funcionamento físico, social, emocional e/ou cognitivo do paciente. Pode decorrer numa diversidade de contextos e ser aplicada em grupo ou individualmente. Esse processo deve ser documentado e avaliado de forma contínua.
⠀⠀⠀2) Educação Assistida por Animais [EAA]: É uma prática que apresenta aspectos promissores em termos pedagógicos utilizando o cão como mediador dos processos educativos, podendo ser objeto de muitos estudos que visam listar os efeitos de tal prática na vida escolar de alunos da educação.
⠀⠀⠀3) Atividades Assistidas por Animais [AAA]: Esse tipo de atividade tem o objetivo de motivar a interação entre os pacientes, os animais e a equipe de apoio da instituição, inserindo exercícios de uma forma lúdica e assim, aumentar a autoestima e a imunidade dos envolvidos.
⠀Sua duração varia entre 1 e 2 horas. Esse tipo de atividade pode ser conduzida tanto pelo tutor do animal como por um profissional da saúde, bastando apenas que sejam capacitados. Não há necessidade de documentação e nem avaliação de cada paciente. É uma atividade de caráter lúdico, da qual podem advir resultados terapêuticos, recreativos e motivacionais. ⠀⠀⠀Animais de Serviço: cães-guia, cães de busca e salvamento (bombeiros, policiais). ⠀⠀⠀Animais de Suporte Emocional: cães de companhia (dóceis sem treinamento específico obrigatório).
⠀⠀⠀Pet Med – E, quanto aos gatos, eles também podem ser boas companhias ou vale a lenda de que não ligam para as pessoas, somente para o ambiente em que vivem? Por quais motivos? ⠀Roberta Araújo – Os gatos são excelentes companhias e, ao contrário do que dizem, amam seus tutores dispensando total atenção a eles. O único diferencial é que o fazem somente quando “querem”. Por serem territorialistas, a inserção dos felinos no meio é menos frequente. Porém, com treinamento específico e socialização adequada, nada impede que os gatos participem do quadro de auxílio ao próximo.
⠀⠀⠀Pet Med – Para quais problemas emocionais é indicado terapia ou companhia dos animais? ⠀Roberta Araújo – A inserção dos animais pode ocorrer em quaisquer áreas da saúde e educação, porém, a indicação é que ocorram sob a supervisão de um profissional capacitado para que o resultado possa ser efetivo.
⠀⠀⠀Pet Med – No dia a dia, quais cuidados a família deve ter ao adotar um animal para fazer companhia para a pessoa que precisa de ajuda com a sua saúde mental? ⠀Roberta Araújo – Cuidar da saúde física e emocional do animal, tratando-o com dignidade e amor.
⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, quais são as características comportamentais do cão e do gato para que esse encontro seja bom para ambas as partes? ⠀Roberta Araújo – Os animais devem ser sociáveis, equilibrados e focados em seus tutores. Para tal, sugiro que o animal passe por um treinamento básico com um profissional capacitado (adestrador e/ ou comportamentalista) com experiência na área de intervenções.
Pet Med atua no mercado nacional e internacional sempre trazendo inovação e tecnologia nos cuidados aos animais de estimação.
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Se não houver cura, que ao menos haja conforto – esse é o lema que há nove anos originou a iniciativa da Campanha Fevereiro Roxo. Essa campanha ajuda na conscientização de que, mesmo nos casos de doenças incuráveis como o Alzheimer, é possível amenizar os sinais clínicos e proporcionar melhor qualidade de vida das pessoas e também de outros animais.
A Campanha Pet abrange cuidados com os animais idosos, mais suscetíveis a terem a Síndrome da Disfunção Cognitiva, popularmente conhecida como Alzheimer em cães e gatos. Sobre esse assunto, conversamos com Ana Elisa Arruda Rocha, Médica Veterinária da Puppies Personal Vet. Portadora do CRMV-PR nº:05102. Ana Elisa é, também, mestra em Clínica Médica e docente na Unidade Curricular de Clínica Médica de Cães e Gatos do Centro Universitário UniCuritiba. Acompanhe!
PET MED – Relacionado aos pets, qual é o significado e a importância da Campanha Fevereiro Roxo? Ana Elisa Arruda Rocha – Esta campanha visa conscientizar as pessoas sobre a importância dos cuidados especiais com animais idosos e auxiliar no reconhecimento precoce das doenças neurodegenerativas de cães e gatos que podem surgir nesta fase.
PET MED – O que podemos entender por Alzheimer em cães e gatos? A doença tem cura? Ana Elisa Arruda Rocha – As disfunções cognitivas canina e felina causam alterações fisiológicas e comportamentais em animais idosos semelhantes aos sinais clínicos da doença de Alzheimer em humanos. A disfunção cognitiva é uma doença incurável, mas pode ter seus efeitos minimizados com o uso de alguns medicamentos, suplementos e terapias.
PET MED – Quais são os sinais clínicos de um animal com Alzheimer? Ana Elisa Arruda Rocha – Desorientação, mudanças na interação com pessoas e animais, alterações no ciclo sono-vigília, falhas no aprendizado e memória, vocalização excessiva, micção e defecação em locais inapropriados são alguns dos sinais clínicos observados. Entre os médicos veterinários utilizamos a sigla DISHA (em inglês representando Disorientation, Interaction changes, Sleep/wake disturbances, House soiling and Activity changes) para sintetizar o conjunto de sinais clínicos mais comuns relacionados à doença.
PET MED – E quanto ao diagnóstico, como é identificado? Ana Elisa Arruda Rocha – Primeiramente fazemos perguntas relacionadas ao comportamento do animal, investigando mudanças na interação com a família e histórico de alterações no ciclo de sono e vigília. Esses pacientes normalmente trocam o dia pela noite, passam a andar em círculos, podem pressionar a cabeça na parede, apresentar déficit de memória, terem comportamentos de ansiedade e/ou agressividade, além de urinar e defecar em locais inadequados. Esse questionário inicial é fundamental. Em seguida realizamos o exame neurológico completo e solicitamos exames complementares de check up geriátrico para descartar outras doenças com sinais clínicos semelhantes. Em alguns casos pode ser solicitada ressonância magnética para investigações neurológicas mais específicas. O ideal é que o paciente seja acompanhado pelo clínico geral e um neurologista veterinário.
PET MED – Para cães e gatos já diagnosticados com Alzheimer, quais são os possíveis tratamentos? Ana Elisa Arruda Rocha – O tratamento deve ser multimodal tanto em cães como em gatos. Podemos prescrever medicamentos alopáticos, homeopáticos, suplementos que ajudam a retardar o envelhecimento cerebral e melhorar as funções cognitivas, além de alimentação rica em antioxidantes específica para animais idosos.
Terapias integrativas também podem auxiliar muito na qualidade de vida dos animais e de suas famílias. Para maiores informações sobre as terapias integrativas indicadas para estes casos, podem entrar em contato via direct no perfil @puppiespersonalvet no Instagram.
PET MED – E como medidas de prevenção, quais devem ser adotadas? Ana Elisa Arruda Rocha – As consultas preventivas com o médico veterinário devem ser realizadas a cada seis meses em pacientes geriátricos. Normalmente são prescritos suplementos específicos e nutrição devidamente ajustada para esta fase. Os tutores podem também promover diferentes atividades através de enriquecimento ambiental, para que os animais se mantenham ativos, com corpo e mente sempre estimulados de maneira saudável.
PET MED – Quais cuidados os tutores devem ter em casa para manter a qualidade de vida de um animal com Alzheimer? Ana Elisa Arruda Rocha – Os tutores podem fazer alterações na casa de acordo com a necessidade do animal, como utilizar material antiderrapante nos pisos para facilitar a mobilidade, manter uma rotina diária regular, retirar objetos que possam ser perigosos no ambiente, limitar a área de acesso do animal quando não estão sendo supervisionados, para que não fiquem presos em algum local e não consigam sair sozinhos. Para finalizar vale ressaltar que, quando os tratamentos citados não forem mais suficientes, devemos lembrar que o amor, a lealdade e o companheirismo continuarão sendo bem vindos e merecidos pelo animal até o seu último dia de vida!
Novembro está acabando, mas ainda há tempo para lembrar que neste mês as atenções estão voltadas para a prevenção do câncer de próstata, e, assim como os homens, tutores de cães e gatos também devem manter a atenção na saúde dos seus pets.
Para nos explicar como é possível identificar em casa, no dia a dia com o pet se ele pode estar desenvolvendo um câncer de próstata e explicar várias outras questões importantes sobre o tema, a Pet Med conversou com exclusividade com o Médico Veterinário, Rafael Cuconati, profissional com mais de 10 anos de experiência em oncologia e portador do CRMV21.211SP.
Acompanhe!
Pet Med – O que é câncer de próstata em cães e gatos?
Rafael Cuconati – Quando a gente fala em câncer de próstata ele é originário do próprio tecido glandular da próstata. Em sua grande maioria, é do tecido epitelial (estrutural), gerando os carcinomas prostáticos.
O Câncer se desenvolve quando aquela célula da glândula sofre uma mutação.
Ela se torna o que chamamos de célula mutada, ou seja, ela deixa de ser uma célula normal para ser uma célula alterada, uma célula cancerígena. Posteriormente essa célula se clona, induzindo uma proliferação e aparecendo o volume do tumor aos nossos olhos.
Pet Med – Qual é a incidência de câncer de próstata em cães e gatos, dentre os vários tumores que podem acometê-los?
Rafael Cuconati – A incidência de cães e gatos comparado a outros tumores é de menos de 1%. Então, de todos os tipos de neoplasias que cães e gatos podem ter, o câncer de próstata é menos de 1%.
A estatística de literatura (Oncologia em cães e gatos – 2016 – De Nardi e Daleck) dos cães castrados são de 42%. E entre os achos inteiros é 55,8%. Em gatos não temos estatísticas.
Pet Med – Como o câncer de próstata se manifesta no organismo?
Rafael Cuconati – Inicialmente ele se manifesta na glândula, então, pode ter um começo de um lado da glândula ou dos dois lados, o que a gente chama de unilateral ou bilateral. Ele pode infiltrar a uretra prostática, ou seja, o tubinho da uretra que passa no meio da próstata, ele pode infiltrar até mesmo causando obstrução. Esse aumento de volume da próstata, às vezes pode aumentar de tamanho e começar a crescer no sentido intrapélvico, ou seja, sentido à pelve e, até mesmo, comprimir o reto que é onde tem a passagem das fezes. Ele é um câncer com alto poder de metástase, ou seja com alto poder de se espalhar tanto pela via linfática, onde carreia a linfa, a célula de defesa, quanto pela via hematógena, ou seja, pelos vasos sanguíneos, e ele pode se manifestar em outros órgãos e também nos ossos, e, até mesmo nos ossos regionais, como por exemplo na pelve ou no femur.
Pet Med – É mito ou verdade que o câncer de próstata é mais comum em cães e gatos não castrados?
É mito que o câncer de próstata tem maior incidência em animais castrados, isso é mito. A maior incidência desse tipo de câncer é em pacientes inteiros (não castrados). Em média 55 a 56%.
Nos gatos não temos esses dados. Agora, o motivo disso pode ser de caráter genético e existem tumores que não são hormônio-dependentes. Tem tumores que através da genética não são hormônio-dependentes, eles nasceriam na próstata de qualquer forma. O que dá para gente afirmar é a questão genética mesmo.
Pet Med – No dia a dia, como os tutores podem identificar a possibilidade do seu cão ou gato estar com tumor, com câncer de próstata?
Rafael Cuconati – No dia a dia, a forma dos tutores observarem é se o animal apresenta dificuldade para urinar, o que a gente chama de disúria, ou se urina mais vezes, se tiver sangue na urina. Quanto às fezes, se tiverem com formato alterado, se começar a diminuir o volume do cocô, se ficar um cocô em um formato mais de cobrinha, um cocô amassado, se apresentar um desconforto para andar, inapetente para comer, também pode ser uma forma do tutor começar a identificar.
Pet Med – Quais são as causas mais comuns do câncer de próstata em cães e gatos?
Rafael Cuconati – As causas mais comuns são a genética e a questão da produção de hormônio. Então, se temos um paciente que produz um excesso de hormônio no testículo, por exemplo, isso pode interferir no aumento da chance de câncer prostático. Genético e hormonal são as causas mais comuns.
Pet Med – Qual é o diagnóstico do câncer de próstata nesses animais?
Rafael Cuconati – A gente começa uma triagem com exame físico, palpação do reto e da região abdominal, além de fazer a anamnese completa de ter o histórico desse paciente. Depois a gente investiga com exame de imagem com ultrassom, depois evoluímos para o exame de tomografia e o exame real que define o diagnóstico que é a biópsia. A imagem, lógico, ela vai dar uma sugestão, mas, quem define e “bate o martelo” é o histopatológico, que é a biópsia.
Pet Med – Dentre os exames, quais são os mais recomendados para diagnosticar a doença?
Rafael Cuconati – Como disse, os exames mais recomendados no intuito de check up, que vai nos dar uma ideia que o paciente tem câncer de próstata é o ultrassom abdominal. Então, pacientes acima de 5 a 7 anos de idade nós indicamos o ultrassom semestralmente.
Pet Med – E quanto aos tratamentos? Quais são os mais eficazes?
Rafael Cuconati – Depende muito da fase do diagnóstico, mas, o tratamento que a gente chama de eleição é o de cirurgia, quando a gente consegue tirar o tumor da próstata, ou até mesmo a próstata em si com o tumor. Depois existe radioterapia, quimioterapia e hoje, existe, ainda, a biologia molecular, a parte de mapeamento genético do tumor que a gente consegue findar a personalização de medicamentos para usar, o que não deixa de ser quimioterapia, mas, é mais direcionada através de um exame genético.
Pet Med – De que forma é possível prevenir o câncer de próstata em cães e gatos?
Rafael Cuconati – A forma de prevenção é a castração. Pela porcentagem estatística de uma menor porcentagem de um paciente desenvolver por serem castrados, então, a única prevenção realmente é a castração. Porém, existem os fatores de risco, que a gente fala: obesidade, alimentação, exposição à alteração do meio ambiente em si, uso de hormônio indevido como suplemento, essas coisas.
Pet Med – Para finalizar o que mais o senhor considera importante acrescentar?
Rafael Cuconati – De um modo geral, o objetivo é uma conscientização tanto do cliente final, como dos Médicos Veterinários. A ideia é a gente fazer uma medicina de diagnóstico precoce que a castração previne mesmo, e a importância da gente ter um tema, por exemplo, Novembro Azul, para se atentar na prevenção de tumores. Primeiro porque, uma vez que nasce um tumor, a gente trata a consequência e a ideia é a gente prevenir que ele venha. A genética não conseguimos mexer, mas, se o animal tiver um estilo de vida adequado, a gente consegue prevenir.