⠀Desde 2015 a Campanha Setembro Amarelo chama atenção ao cuidado com o próximo com o objetivo de prevenir o suicídio. Neste cenário, temos visto muitas iniciativas que mostram o quanto a companhia dos animais pode ajudar não somente como medida preventiva, mas, também, no processo terapêutico. ⠀Como exemplo dessas iniciativas, conversamos com a Roberta Araújo, idealizadora e coordenadora geral do Projeto Pelo Próximo, uma associação sem fins lucrativos que, desde 2010, realiza Intervenções Assistidas por Animais (TAA/AAA/EAA) no Rio de Janeiro. Acompanhe o bate-papo. Está imperdível!
⠀⠀⠀Pet Med – De modo geral, como a convivência com os animais pode trazer benefícios e maior qualidade de vida para o dia a dia das pessoas? ⠀Roberta Araújo – São inúmeros os benefícios adquiridos com a convivência com os animais, tais como aumento da auto-estima, estimulação da memória, principalmente nos idosos, diminuição da pressão arterial sangüínea, do colesterol, da ansiedade, além da liberação de neurotransmissores como B-endorfinas, dopamina e dos hormônios ocitocinas, prolactina e redução do cortisol, ocasionando o controle do estresse, que indicam reações fisiológicas associadas à interação homem-animal. ⠀Posso citar também a diminuição dos riscos de problemas cardíacos, do alívio de dor, do uso de medicamentos e do tempo de internação e aumento das células de defesa, deixando o paciente mais resistente a bactérias e ácaros, o que diminui a probabilidade de desenvolver alergias, problemas respiratórios, depressão e solidão, melhorando a interação social e a superação das limitações por causa dos animais.
⠀⠀⠀Pet Med – Quais são os benefícios do convívio com os animais, principalmente com cães e gatos, para a vida das pessoas? ⠀Roberta Araújo – Em 2001 foi publicado um estudo desenvolvido por Johannes Odendaal e Susan Lehmann, mostrando que a interação entre cães e humanos deflagra, em ambos, alterações hormonais que afetam o nível de endorfinas beta, fenilatalamina, prolactina e oxitocina por períodos médios de 15 minutos. ⠀A liberação dessas substâncias diminui no organismo a ação do cortizol, o hormônio do stress, provocando sensações de bem-estar. Em outra investigação, os mesmos pesquisadores descobriram quais os efeitos que a interação com animais, associada à psicoterapia, tem sobre os aminoácidos presentes nos neurotransmissores de pessoas com depressão. “Há mudanças químicas no cérebro e no sistema imunológico. É um processo contrário ao que se dá em situações de stress, nas quais há supressão de determinadas substâncias”. Jerson Dotti. ⠀No Instituto Baker de Pesquisas Médicas, o Dr. Warwik Anderson realizou um estudo com seis mil pessoas onde constatou que proprietários de cães e gatos tinham taxas menores de colesterol e triglicérides que aqueles que não tinham bichos. ⠀No Brasil, a Dra. Nise da Silveira utilizou animais na terapia de pacientes internos. Ela percebeu a facilidade com que esquizofrênicos se vinculavam aos cães. Em seu trabalho pioneiro com essas pessoas, a médica desenvolveu o conceito de afeto catalisador. Ela parte da ideia de que é importante que o paciente conte com a presença não invasiva de um animal de intervenção que permaneça com o doente, funcionando como ponto de apoio seguro a partir do qual o doente possa se organizar psiquicamente.
⠀⠀⠀Pet Med – Como a companhia de cães e gatos pode ajudar no processo terapêutico e como medida de prevenção contra o suicídio? ⠀Roberta Araújo – Os animais costumam monopolizar nossa atenção pedindo carinho, exigindo alimentação, passeios, brincadeiras, etc… Essas atividades mantêm a mente longe de pensamentos repetitivos e depressivos pois, toda a atenção está voltada para a interação. ⠀O contato diário com um animal sociável reduz o sentimento de solidão, incentiva a prática de exercícios, aumenta o sentimento de responsabilidade, ajuda a superar “perdas” e promove o contato social contribuindo na interação de seu tutor com mais pessoas. No processo terapêutico vemos pessoas mais receptivas aos tratamentos ministrados. Quando treinados, os cães são capazes de identificar quaisquer alterações hormonais, físicas e emocionais de seus tutores.
⠀⠀⠀Pet Med – De que modo cães e gatos conseguem dar este apoio emocional para as pessoas, sobretudo para as que tendem a ter depressão ou outros tipos de doenças emocionais? ⠀Roberta Araújo – Para que o cão se torne um animal de suporte emocional, na minha opinião, há necessidade que passem por um treinamento básico de comportamento. Os animais de suporte emocional, em sua grande maioria cães e gatos), auxiliam pessoas estressadas, com depressão e ansiosas, fornecendo segurança, conforto e apoio. ⠀O papel primordial dessa “modalidade” de animal é de proporcionar a seu tutor afeto e companhia com a intenção de estabilizar emocionalmente seu dono auxiliando-o na realização de atividades nais quais tenha dificuldades. ⠀Para se obter um animal de suporte emocional é necessário que a pessoa passe por uma avaliação médica, feita por um profissional capacitado da área de saúde mental que, após o diagnóstico expedirá um laudo indicando a necessidade do animal. É necessário observar que para se adquirir um animal de suporte emocional é imprescindível que haja o laudo e a indicação médica.
⠀⠀⠀Pet Med – Neste sentido, quais são os diferenciais dos cães? ⠀Roberta Araújo – É necessário que fique bem claro que existem modalidades diferentes de auxílio realizados por animais. Sendo eles: ⠀⠀⠀Animais de Intervenções: cães com treinamento básico e/ou específico de comportamento. As Intervenções Assistidas por Animais se dividem em :
⠀⠀⠀1) Terapia Assistida por Animais [TAA]: Nesse caso, o animal é utilizado como parte integrante da terapia, pois participa diretamente do tratamento da doença, fazendo parte do processo de cura. É realizado com supervisão de um profissional da área de saúde, com especialização na área indicada. Destina-se a promover uma melhora no funcionamento físico, social, emocional e/ou cognitivo do paciente. Pode decorrer numa diversidade de contextos e ser aplicada em grupo ou individualmente. Esse processo deve ser documentado e avaliado de forma contínua.
⠀⠀⠀2) Educação Assistida por Animais [EAA]: É uma prática que apresenta aspectos promissores em termos pedagógicos utilizando o cão como mediador dos processos educativos, podendo ser objeto de muitos estudos que visam listar os efeitos de tal prática na vida escolar de alunos da educação.
⠀⠀⠀3) Atividades Assistidas por Animais [AAA]: Esse tipo de atividade tem o objetivo de motivar a interação entre os pacientes, os animais e a equipe de apoio da instituição, inserindo exercícios de uma forma lúdica e assim, aumentar a autoestima e a imunidade dos envolvidos.
⠀Sua duração varia entre 1 e 2 horas. Esse tipo de atividade pode ser conduzida tanto pelo tutor do animal como por um profissional da saúde, bastando apenas que sejam capacitados. Não há necessidade de documentação e nem avaliação de cada paciente. É uma atividade de caráter lúdico, da qual podem advir resultados terapêuticos, recreativos e motivacionais. ⠀⠀⠀Animais de Serviço: cães-guia, cães de busca e salvamento (bombeiros, policiais). ⠀⠀⠀Animais de Suporte Emocional: cães de companhia (dóceis sem treinamento específico obrigatório).
⠀⠀⠀Pet Med – E, quanto aos gatos, eles também podem ser boas companhias ou vale a lenda de que não ligam para as pessoas, somente para o ambiente em que vivem? Por quais motivos? ⠀Roberta Araújo – Os gatos são excelentes companhias e, ao contrário do que dizem, amam seus tutores dispensando total atenção a eles. O único diferencial é que o fazem somente quando “querem”. Por serem territorialistas, a inserção dos felinos no meio é menos frequente. Porém, com treinamento específico e socialização adequada, nada impede que os gatos participem do quadro de auxílio ao próximo.
⠀⠀⠀Pet Med – Para quais problemas emocionais é indicado terapia ou companhia dos animais? ⠀Roberta Araújo – A inserção dos animais pode ocorrer em quaisquer áreas da saúde e educação, porém, a indicação é que ocorram sob a supervisão de um profissional capacitado para que o resultado possa ser efetivo.
⠀⠀⠀Pet Med – No dia a dia, quais cuidados a família deve ter ao adotar um animal para fazer companhia para a pessoa que precisa de ajuda com a sua saúde mental? ⠀Roberta Araújo – Cuidar da saúde física e emocional do animal, tratando-o com dignidade e amor.
⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, quais são as características comportamentais do cão e do gato para que esse encontro seja bom para ambas as partes? ⠀Roberta Araújo – Os animais devem ser sociáveis, equilibrados e focados em seus tutores. Para tal, sugiro que o animal passe por um treinamento básico com um profissional capacitado (adestrador e/ ou comportamentalista) com experiência na área de intervenções.
Pet Med atua no mercado nacional e internacional sempre trazendo inovação e tecnologia nos cuidados aos animais de estimação.
Para amantes de gatos , a Pet Med é fabricante de roupas protetoras e pós cirúrgicas para que no momento em que seu gato mais precisar de cuidado tenha conforto e qualidade de vida.
Nossas roupas protetoras são aprovados por médicos veterinários, cães, gatos e seus donos que usam e recomendam.
Temos coleção exclusiva com cores e design desenvolvido para melhor adaptação da anatomia de gatos, além de termos uma gama variada de tamanhos para diversos portes de gatos.
⠀⠀⠀É no mês de agosto (5) que comemoramos o Dia Nacional da Saúde. Apesar desses cuidados serem muito importantes para a qualidade de vida e longevidade das pessoas e, também para os pets, nem sempre a ida ao veterinário acontece com a frequência que deveria. ⠀⠀⠀Por isso, conversamos com a Médica Veterinária, Cintia Ghorayeb, portadora do CRMV/SP:15.282, especialista em clínica-geral do Veros Hospital Veterinário sobre como proporcionar uma boa saúde para cães e gatos. ⠀⠀⠀Acompanhe a entrevista e mantenha a saúde do seu pet sempre em dia!
⠀⠀⠀Pet Med – O que podemos entender sobre saúde dos animais? ⠀Cintia Ghorayeb – Os animais são indivíduos que, assim como nós, precisam de qualidade de saúde para viver bem. Podemos pensar que a qualidade de vida está baseada em saúde física, emocional e espiritual, e deve ser garantida pelo tutor do pet.
⠀⠀⠀Pet Med – Em particular à saúde dos cães, o que podemos entender como características de um cão saudável enquanto filhote, na vida adulta e na fase geriatra? ⠀Cintia Ghorayeb – Para todas as etapas da vida, o cão deve estar sempre com apetite adequado, atividades esportivas na rotina, qualidade de fezes e urina, e dormir bem. Em resumo, o cão deve estar sempre feliz!
⠀⠀⠀Pet Med – E quanto aos gatos? Quais são as características de um gato saudável nas respectivas: filhote, vida adulta e geriatra? ⠀Cintia Ghorayeb – Para felinos, os parâmetros são similares. Os tutores devem sempre estar atentos ao apetite, ingestão de água e peso adequado. É importante observar, também, qualidade de fezes, urina e sono. Sugerimos atividades mesmo que indoor com brincadeiras.
⠀⠀⠀Pet Med –No dia a dia com cães, quais cuidados as famílias devem ter para que tenham qualidade de vida saudável? ⠀Cintia Ghorayeb – Ofereça sempre alimentação de qualidade, mantenha atividade física duas vezes ao dia. É muito importante investir em prevenção de doenças, com vacinas anuais e protetores de pulgas, carrapatos e pernilongos.
⠀⠀⠀Pet Med –E no convívio com gatos, quais devem ser os cuidados básicos para que tenham vida saudável? ⠀Cintia Ghorayeb – Indicamos manter dietas com bastante água na rotina, como os sachês, além das rações secas de boa qualidade. As caixas sanitárias sempre limpas e o enriquecimento ambiental para o gatinho fazer atividades durante o dia, também é muito importante, assim como manter o peso ideal e prevenção de pulgas e carrapatos.
⠀⠀⠀Pet Med –Quanto ao protocolo de vacinação, quais são os pertinentes aos cães e quais são os referentes aos gatos? ⠀Cintia Ghorayeb – Para cães e gatos, é obrigatório no nosso País, a vacinação contra a raiva anualmente. ⠀Para cães: indicamos a vacina V8, que previne doenças virais graves, e a vacina contra tosse dos canis, ambas anualmente também. ⠀Para gatos, indicamos a vacina V5, que previne doenças virais graves incluindo a prevenção para Leucemia felina, que é um vírus epidêmico no Brasil e é uma doença com grande potencial de morte nos gatos. Também é necessário que seja feita a vacinação anualmente.
⠀⠀⠀Pet Med –E ao cuidado com os endo e ectoparasitas? A partir de quando devem ser feitos e de quanto em quanto tempo? ⠀Cintia Ghorayeb – O filhotinho de 15 dias de vida já precisa receber vermífugos, inclusive junto com a mãe. E a partir daí, controlamos doenças com exames de fezes regulares e indicamos vermifugação anualmente de forma preventiva para todos os animais.
⠀⠀⠀Pet Med –Quanto à saúde emocional e comportamental dos cães e gatos? O que devemos considerar como fundamental para o dia a dia de cada espécie? ⠀Cintia Ghorayeb – De forma geral, passeios com os cães de apartamento duas vezes ao dia. Para cães grandes podem ser importantes atividades que fortaleçam a musculatura, como corridas e natação. Quintais espaçosos ajudam muito! Para gatos, sabemos que eles vivem mais quando não saem dos apartamentos (gatos domiciliados), portanto indicamos enriquecer o ambiente com brinquedos e prateleiras para eles fazerem circuitos, pois, os gatos gostam muito de altura.
⠀⠀⠀Pet Med –Por fim, por favor explique a importância de levar os animais periodicamente ao Médico Veterinário. ⠀Cintia Ghorayeb – É importante avaliação pelo médico veterinário para garantir a saúde do pet, e a do tutor, porque muitas doenças passam de animais para humanos e vice-versa. ⠀O médico veterinário trabalha com medicina única, que é a prática que garante a saúde de inter-espécies, trabalhando com prevenção e com entendimento do papel do animal naquela família. Além do controle de saúde pública, pois os animais podem ser grandes vetores de doenças. ⠀Além disso, para o pet, a visita ao veterinário permite trabalhar com medicina preventiva, diagnosticando doenças iniciais e assim podemos aumentar o tempo de vida do pet com qualidade de envelhecimento. ⠀Vale ressaltar ainda que a relação dos pets com o ser humano traz inúmeros benefícios na saúde psíquica e física também. Os animais são nossos grandes aliados, e nessa relação o amor só cresce. ⠀Para que seu animal viva bem e por muito tempo, tenha o médico veterinário como seu aliado. Mantenha sempre seu pet com a saúde em dia, pense em prevenção e atividade física e assim vocês terão longos anos de parceria! ⠀Leve regularmente seu animal para avaliação médica e aproveitem a vida juntos!
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Agosto Verde: Conscientização sobre o Linfoma em animais. Reconheça sinais, busque ajuda. Dra. Ligia Mendes compartilha insights.
Por Pauline Machado
⠀⠀⠀A campanha Agosto Verde vem para conscientizar os tutores sobre um tipo de câncer muitas vezes silencioso e desconhecido, o Linfoma. ⠀⠀⠀Muito falado na medicina humana, hoje o linfoma tem se tornado um diagnóstico bastante frequente na rotina do Médico Veterinário Oncologista e o simples fato de sabermos sobre a sua existência, quando suspeitar e quando buscar ajuda é fundamental para avançarmos no tratamento desta doença, enfatiza a nossa entrevistada de hoje, a Médica Veterinária, Ligia Mendes, graduada pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. ⠀⠀⠀Portadora do CRMV/SC: 08546, Dra. Ligia foi residente em cirurgia de cães e gatos pela mesma instituição da graduação, além de ter pós-graduação em Oncologia pelo instituto Bioethicus e em Cirurgia de Tecidos Moles pela PUC – PR Boa leitura!
⠀⠀⠀Pet Med – O que podemos entender por linfomas? ⠀Ligia Mendes – Linfoma é um termo genérico utilizado para agrupar o câncer que tem como origem as células linfóides do organismo, as células de defesa.
⠀⠀⠀Pet Med – Neste cenário, quais são os problemas mais comuns em cães e gatos? ⠀Ligia Mendes – O linfoma é na verdade um grupo de doenças com comportamentos, sinais clínicos, diagnósticos e tratamentos completamente distintos um do outro. De modo geral, hoje a maior casuística na minha rotina é a apresentação multicêntrica em cães e alimentar nos gatos.
⠀⠀⠀Pet Med – De que forma este tipo de câncer pode surgir e quais são suas implicações para a saúde dos pets? ⠀Ligia Mendes – Tudo irá depender da classificação da doença. Os linfomas podem ser classificados quanto a morfologia celular em linfomas de pequenas células, células intermediárias ou grandes células (baixo grau x alto grau); quanto à localização anatômica, como linfoma multicêntrico, linfoma alimentar, linfoma esplênico, linfoma cutâneo, linfoma medular, entre outros; e ainda possuem uma classificação molecular, tipo B ou tipo T. ⠀Ele pode cursar como uma doença mais branda, onde inclusive não temos indicação de tratar com quimioterapia, tendo estes pacientes um melhor prognóstico; mas pode também ser uma doença de algo grau, com o aparecimento de sinais de forma repentina, comportamento mais agressivo e baixo prognóstico de vida.
⠀⠀⠀Pet Med – Quais são os sintomas de um animal com linfoma? ⠀Ligia Mendes – De modo geral os animais podem apresentar apatia, perda de apetite, febre, vômito, diarreia como sinais mais inespecíficos. Além, podem ter sinais específicos relacionados à apresentação clínica anatômica, como por exemplo aumento dos linfonodos palpáveis para a forma multicêntrica, dificuldade respiratória para a forma mediastínica nos felinos, nódulos/lesões cutâneas na apresentação cutânea, paralisia de membros pélvicos na apresentação medular em felinos, entre outros.
⠀⠀⠀Pet Med – E quanto ao diagnóstico, como é identificado? ⠀Ligia Mendes – Pararealizarmos o diagnóstico do linfoma, além do histórico relatado pelo tutor e do exame físico do paciente no consultório, que em alguns casos pode já orientar o médico veterinário a suspeitar de um quadro de linfoma, como por exemplo, quando identificado aumento dos linfonodos na apresentação multicêntrica, também precisamos realizar exames hematológicos, ultrassonografia abdominal e radiografia torácica. ⠀Uma vez identificada uma alteração no paciente que seja passível de coleta de amostra para análise citológica, costumamos iniciar por ela como exame de triagem diante de uma suspeita. Após confirmada a suspeita, hoje o “padrão ouro” para o diagnóstico do linfoma é a análise histopatológica, a biópsia, em conjunto com a imuno-histoquímica. Em algumas situações específicas, quando não é possível por exemplo coleta de material para histopatologia e/ou diferenciar um processo reativo não tumoral, podemos lançar mão de um PCR específico para diagnóstico de linfoma (PARR).
⠀⠀⠀Pet Med – Para cão ou gato diagnosticado com linfoma, quais são os possíveis tratamentos? ⠀Ligia Mendes – De modo geral, a quimioterapia é o tratamento mais utilizado para a grande maioria dos linfomas, mas isso não significa que ela sempre será indicada para todo e qualquer tipo de linfoma. Em outros casos, a cirurgia pode ser necessária, como por exemplo nos casos de linfoma intestinal/alimentar com formação de massas, que podem causar obstruções. Hoje, também trabalhamos de forma multidisciplinar, associando terapias complementares como suporte nutricional especializado, nutracêuticos, terapias integrativas, entre outros.
⠀⠀⠀Pet Med – E quanto às medidas de prevenção. É possível prevenir o aparecimento de linfomas? ⠀Ligia Mendes – Não é possível falarmos de prevenção específica para o linfoma. O câncer é uma doença multifatorial, com causas genéticas e epigenéticas envolvidas no seu desenvolvimento. Nós podemos trabalhar sobre os fatores epigenéticos relacionados ao desenvolvimento dos cânceres de modo geral, como evitar exposição a radiação, evitar administração excessiva de medicamentos, fazer uso de uma alimentação de boa qualidade, realizar atividade física de forma rotineira, fazer o controle do peso do paciente, evitar fatores de estresse, evitar inflamação crônica dos pacientes, tratar comorbidades, entre outros.
⠀⠀⠀Pet Med – No dia a dia com a família, que hábitos devem ser adotados ou evitados ao pet com linfoma? ⠀Ligia Mendes – Após um diagnóstico de câncer e início do tratamento, a família passa a ser nossos olhos no dia a dia do paciente. Formamos uma equipe, cujo objetivo principal é promover saúde e qualidade de vida ao cão ou gato. O contato/laço criado entre o Oncologista e a família multiespécie é muito especial e necessário ao longo de todo o tratamento, pois eles irão fornecer informações relevantes ao durante toda a terapia quanto ao apetite, comportamento/disposição, melhora clínica geral, o que guiará e auxiliará na tomada de decisão sobre a melhor conduta clínica para aquele paciente. ⠀Além disso, há uma preocupação em particular quanto ao autocuidado, uma vez que sabemos que os agentes quimioterápicos são citotóxicos e por isso indutores de câncer, há uma preocupação com os membros da família quanto a proteção ao administrar as medicações orais aos animais, armazenagem desta medicação em casa, cuidados com secreções após as primeiras horas após a quimioterapia (urina, fezes e vômitos) e descarte destes dejetos.
⠀⠀⠀Pet Med – Por fim, o que mais é importante frisar sobre a possibilidade de cães e gatos desenvolverem linfoma? ⠀Ligia Mendes – Infelizmente os casos de câncer vem aumentando a cada ano. Impedir que o animal desenvolva câncer, na grande maioria das vezes, não está sob o nosso alcance, mas é sim da responsabilidade do tutor ao perceber qualquer anormalidade no pet buscar por ajuda especializada. Isso é posse responsável. O diagnóstico precoce salva vidas, evita desgaste emocional da família, dor e sofrimento ao paciente. ⠀Campanhas de conscientização como esta, que trazem informação às pessoas que não sabem como suspeitar de um quadro inicial de linfoma são importantes para que estejamos sempre falando sobre o assunto e atingindo cada vez mais aqueles tutores que desconhecem a doença. Só com o conhecimento poderemos diagnosticar cada vez mais, cada vez mais cedo, aumentando as possibilidades de cura clínica. ⠀Visitas regulares ao veterinário e exames de check-ups anuais ainda são nossas melhores armas no combate ao câncer.
Sabemos que nem só de conhecimentos técnicos vivem os Médicos Veterinários. Ter acesso a novas experiências, novos saberes, novas culturas e formas de atuar é fundamental para formar os diferenciais competitivos que fazem os Médicos Veterinários se destacarem no mercado.
Neste cenário, a participação em feiras e congressos são extremamente importantes e quem já tem esse hábito na sua programação anual, sem dúvidas amplia seus horizontes.
Pensando nisso, a Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários (ABHV) sai na frente e procura trazer aos seus associados aqui no Brasil tais diferenciais que adquire em sua passagem por congressos no Brasil e no mundo, como agora, em que o seu diretor fundador, o Médico Veterinário Roberto Luiz Lange, portador do CRMV-PR nº: 2806, esteve visitando o VMX – Veterinary Meeting & Expo, nos Estados Unidos.
Lange também é Diretor fundador fundador da ANMV – Associação Nacional dos Médicos Veterinários; Conselheiro do CRMV-PR e Diretor do Hospital Veterinário Santa Mônica Ltda em Curitiba, no Paraná.
Acompanhe a entrevista!
Pet Med – O que é o VMX – Veterinary Meeting & Expo?
Roberto Luiz Lange – O VMX, anteriormente denominado NAVC é a maior Convenção de Médicos Veterinários do mundo, associada a uma exposição de produtos e serviços ligados à área veterinária. Em 2023, quando completou 40 anos de Congresso, reuniu 27 mil profissionais incluindo assistentes veterinários, lá denominados de Technicians.
Pet Med – De modo geral, qual é a importância deste evento para a Medicina Veterinária?
Roberto Luiz Lange – Por se tratar do maior evento global do mundo em assuntos da área veterinária, há elevada troca de informações, palestras com avanços conseguidos na profissão, área de expositores de equipamentos e suprimentos médicos de altíssima tecnologia.
Pet Med – Há quantos anos a ABHV participa deste evento?
Roberto Luiz Lange – A Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários, participa do evento desde nossa fundação em 2017.
Pet Med – De que forma a ABHV participa do VMX, como público, como parceria ou como patrocinador?
Roberto Luiz Lange – Participamos como profissionais inscritos no evento técnico e por sermos parceiros da Nuremberg Messe do Brasil, a organizadora do congresso Pet South América, aqui no País, também participamos como co-parceria entre o VMX e a Pet South.
Pet Med – Qual é o objetivo da ABHV ao estar presente no VMX?
Roberto Luiz Lange – Estarmos em sintonia com o que acontece fora do Brasil, observando as inovações tanto na área Médica Veterinária em si, como de novas tecnologias que possam a ser utilizadas para os padrões do Brasil, além dos processos de gestão. Também reiteramos acordos de cooperação firmados com a associação de hospitais americano – AAHA – American Animal Hospital Association.
Pet Med – E a importância em estar neste evento, para as iniciativas da ABHV aqui no Brasil?
Roberto Luiz Lange – É de suma importância conhecer novos meios e mecanismos de aperfeiçoamento para nossos estabelecimentos e até da carreira profissional. Precisamos estar antenados para o futuro e promover essas mudanças, tanto estruturais, como de comportamento para podermos influenciar a melhora contínua da prestação de nossos serviços.
Pet Med – De que forma os aprendizados e conhecimentos adquiridos no evento chegam aos associados da ABHV a fim de contribuir para o aprimoramento deles em seus empreendimentos?
Roberto Luiz Lange – Uma das grandes missões que temos como entidade associativa é promover o benchmarking, aliás foi o motivo que deu origem à ABHV, pois a troca de informações entres os associados, faz com que o todo melhore, e exatamente o benchmarking com nossas visitas ao VMX é que levamos a todos os afiliados.
Pet Med – Quais são os maiores ganhos para os Médicos Veterinários que investem em participar do VMX?
Roberto Luiz Lange – Há inúmeras oportunidades de se obter melhorias frequentando um congresso desse porte. Como exemplos, podemos citar as possibilidades de negócios internacionais entre veterinários e a indústria Americana e mundial, além de conhecimentos técnicos científicos na diferentes áreas de conhecimento que sejam integradas à Medicina Veterinária, às tendências mercadológicas, modelos de contratação e de valorização profissional, melhoria direta na prestação de serviços, e, sobretudo, é muito importante, a percepção dos novos modelos de interação com clientes, utilizando-se de tecnologia da informação.
Pet Med – O que esperar da Edição 2024 do VMX?
Roberto Luiz Lange – Espera-se um aumento ainda maior do número de participantes, haja vista a qualidade do evento que vem se superando ano a ano. No ano de 2023 nós da ABHV, em reuniões com o AAHA, tivemos conversas preliminares para se estabelecer no Brasil, padrões de atendimento, muito fortalecidos por lá, os denominados guidelines para diversas condutas médicas.
Pet Med – Para finalizar, o senhor entende como importante reforçar sobre o tema para os nossos leitores?
Roberto Luiz Lange – Que é sempre uma surpresa participar do VMX. No mundo atual, em que as mudanças são extremamente rápidas, buscar novos horizontes se faz necessário, pois entendemos que ainda temos um caminho muito longo para avançar em relação aos países mais desenvolvidos.
Com o objetivo de conscientizar a população sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea, o Instituto Nacional do Câncer – INCA lançou a campanha Fevereiro Laranja. Assim como na saúde das pessoas, o câncer também pode ser bem perigoso para a saúde dos pets, sobretudo para os gatos, que podem ser contaminados pelo vírus da FeLV, também conhecida como leucemia felina – que não tem cura.
Para nos dar mais informações sobre essa doença, conversamos com exclusividade com o Médico Veterinário, Luís Felipe Kühl, portador do CRMV-SC nº: 11.234, médico veterinário da Clínica Veterinária Escola do Centro Universitário UniCuritiba, com aprimoramento em clínica médica de pequenos animais e mestrando em Ciência Animal pela Universidade Federal do Paraná. Boa leitura!
PET MED – Qual é o significado e a importância da Campanha Fevereiro Laranja? Luís Felipe Kühl – O Fevereiro Laranja representa a conscientização da população frente à prevenção, diagnóstico e tratamento da Leucemia, uma doença maligna que desencadeia um mau funcionamento da medula óssea e repercute em alterações celulares em todo organismo. Isto evidencia a importância do entendimento de que, se diagnosticada precocemente, existem terapias que podem auxiliar na luta contra a enfermidade e fornecer mais conforto para os pacientes.
PET MED – Neste cenário, os animais também são passíveis de terem leucemia? Luís Felipe Kühl – Sim, os animais também podem sofrer com a Leucemia. Porém, existem diferentes tipos da doença, em especial nos animais, em que algumas apresentações possuem causas pré-estabelecidas desencadeadas por agentes infecciosos.
PET MED – No caso dos gatos, a leucemia seria a FeLV? Por quê? Luís Felipe Kühl – Pode ser. Haja vista que as Leucemias diagnosticadas em felinos comumente estão relacionadas com a infecção pelo Vírus da Leucemia Viral Felina, popularmente conhecido como FeLV. Ele, após adentrar no organismo e atingir a fase progressiva, apresenta persistência virêmica e, consequentemente, desencadeia distúrbios na medula óssea que podem originar os quadros de Leucemia.
PET MED – Mas, o que é a FeLV?
Luís Felipe Kühl – A doença ocasionada pelo Vírus da Leucemia Viral Felina é específica dos gatos e pode apresentar alto percentual de letalidade nos animais acometidos. Além disso, quando nas fases mais críticas da infecção, se torna persistente no organismo do paciente e não apresenta possibilidade de cura.
PET MED – De que modo a FeLV é transmitida? Luís Felipe Kühl – A transmissão do vírus pode ocorrer principalmente de forma horizontal e vertical, em que, na primeira, o contato próximo entre animais sadios e animais contaminados pode predispor o contágio por meio de secreções presentes em vasilhas de água, de alimentos, nas lambeduras e nas brigas. Enquanto que, a transmissão vertical está associada aos casos nos quais o vírus pode ser transmitido pela mãe durante o período de gestação. Também é importante ressaltar que existe a possibilidade de ocorrer transmissão iatrogênica, ou seja, causada por nós mesmos, por meio de materiais contaminados e transfusões sanguíneas.
PET MED – Quais são os sinais clínicos de um gato com FeLV? Luís Felipe Kühl – Os sinais clínicos evidenciados em pacientes positivos para FeLV são inúmeros e variáveis, podendo encontrar animais com apatia, diminuição do apetite com consequente perda de peso, dispneia e letargia. Enquanto que em exame físico e laboratorial podemos identificar mucosas pálidas, aumento de linfonodos e presença de anemia, respectivamente.
PET MED – Para um gato já contaminado, quais são os possíveis tratamentos? Luís Felipe Kühl – Após a contaminação persistente do vírus o indicado é sempre manter o animal com o sistema imunológico fortalecido e livre de qualquer situação de estresse. E, caso apresente algum sinal clínico associado ou secundário à doença, deve ser instituída terapia de suporte para fornecer forças ao organismo. Também é muito importante destacar a realização de exames periódicos com acompanhamento veterinário e a implementação de uma alimentação de qualidade, para trazer benefícios e fortalecimento à saúde e bem-estar dos pacientes.
PET MED – E como medidas de prevenção, quais devem ser adotadas? Luís Felipe Kühl – Embora não exista nenhum método 100% eficaz, a vacinação é uma das formas de prevenção mais utilizadas no dia a dia, proporcionando imunidade aos animais por meio da estimulação do sistema imunológico. Também é indicado identificar os portadores do vírus para controle e não permitir o acesso dos animais à rua ou o contato com outros felinos que não se conheça o histórico, pois, em alguns casos, estes animais podem ser positivos para FeLV e a transmissão pode acontecer.
PET MED – Em que consiste o Teste para FeLV e quais são as diferenças entre o teste rápido e o PCR?
Luís Felipe Kühl – Os testes para detecção da FeLV consistem em tecnologias capazes de identificar a presença da infecção viral no organismo, sendo os mais utilizados o Teste Rápido (TR) e a Cadeia de Polimerase (PCR), em que o TR é um exame sorológico que frequentemente é direcionado para a triagem dos pacientes, haja vista que é um teste prático e confiável para detectar a viremia, ou seja, a presença de proteínas virais na circulação sanguínea. Enquanto que o PCR possui a capacidade de detectar o próprio material genético do vírus e é o exame indicado para confirmação da infecção, fato o qual se justifica devido o TR não ser capaz de detectar todas as fases virais e poder apresentar resultados falsos-negativos.
PET MED – Em que casos cada tipo de teste deve ser adotado pelo tutor? Luís Felipe Kühl – A decisão pela utilização dos testes é escolhida pelo médico veterinário de acordo com a necessidade e histórico do animal. Podendo ser escolhido o Teste Rápido para dar início ao acompanhamento do paciente e, se preciso for, a indicação da Cadeia de Polimerase (PCR) para confirmação de infecção. Porém, em alguns casos, como em felinos doadores de sangue, a utilização do PCR é exclusiva, haja vista a capacidade comprobatória desta tecnologia na detecção viral.
PET MED – E, quanto ao protocolo vacinal, existe para a prevenção da FeLV? Luís Felipe Kühl – Sim. Atualmente contamos com vacinas que fornecem uma boa proteção contra o vírus e que devem ser realizadas em pacientes saudáveis, que já foram testados negativos para a doença. É importante salientar que nenhuma vacina é capaz de proteger 100% o animal, por isso, além da imunização, é importante manter todos os cuidados de manejo e evitar o contato com outros felinos não vacinados.
PET MED – Para finalizar, quais cuidados os tutores devem ter em casa para manter a qualidade de vida de um gatinho com FeLV? Luís Felipe Kühl – É de suma importância sempre manter um bom estado nutricional para fortalecimento do organismo, um ambiente enriquecido para diminuir os níveis de estresse e o acompanhamento periódico com o (a) médico (a) veterinário (a).