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Por Pauline Machado

A chegada de um bebê algumas vezes é muito esperada, outras repentina, mas, em ambas as situações, a família tem de se preparar para a nova rotina.

E no caso das famílias multiespécies que, além dos humanos, têm cães e gatos como integrantes?

Assim como nós, os animais também terão alterações no seu dia a dia, e, por isso, é importante fazer com que essa mudança aconteça de modo positivo para todos os envolvidos.

Mas, na prática, como os familiares devem preparar a casa e o pet para a chegada do bebê?

Para conversar conosco sobre esse tema, convidamos o Médico Veterinário, Felipe dos Santos Muniz, professor do Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

A entrevista está imperdível, acompanhe!

Pet Med – Para começar, nos explique: os animais têm sentimentos?

Felipe Muniz – Sim, eles têm e demonstram sentimentos. A expressão é que acaba sendo diferente. A gente verbaliza e os animais vão ter essa demonstração de sentimentos através de comportamento. Então, um comportamento arredio, um comportamento mais próximo, uma carência.

Pet Med – Neste sentido, os cães e os gatos podem sentir ciúmes dos seus familiares? 

Felipe Muniz – Sim, os animais também sentem ciúmes dos familiares. Isso pode acontecer, principalmente quando se tem uma rotina. 

Quando a gente tem uma família, se o cão ou o gato passeia diversas vezes ao dia, ele tem toda rotina dele pronta, e se isso acaba se modificando de uma maneira muito brusca, esse animal vai sentir essa mudança de rotina e a gente vai ter essa interpretação de que poderia ser um ciúmes. A mudança do comportamento dos familiares, da rotina, eles vão perceber e podem expressar comportamentos de ciúmes.

Então, o principal que a gente tem que levar em consideração é essa mudança da rotina que acontece. Quando a agente tem essa mudança mais brusca, o animal vai sentir. 

Essa mudança pode variar muito de animal para animal e a gente pode ter dois extremos. Ele pode se isolar, ele fica mais quieto no canto, isolado, sem interação com a família, mas, também, pode acontecer o inverso. Um animal que comece a apresentar comportamentos para chamar atenção, como roer  ou destruir alguns objetos. Tudo isso são mecanismos para chamar atenção e de demonstrar que ele está insatisfeito com alguma mudança. Então, esse é o ponto que deve ser observado.

Pet Med – No caso da chegada do bebê na casa que tem um cão e/ou um gato como integrante da família, como adaptar o ambiente da sua casa para garantir a segurança de todos antes da chegada do bebê?

Felipe Muniz – Tudo que envolve a chegada de um bebê numa casa que já tem animais deve ser aos poucos introduzido. Eu coloco até uma experiência pessoal.

Eu tenho uma filha recém-nascida, ela está com quatro meses e essa também era uma preocupação nossa com a nossa cachorrinha. Então, uma das primeiras coisas que a gente fez, foi ir introduzindo o cheiro do bebê. Ainda na maternidade, a gente pegou  alguns panos, algumas roupinhas que a bebê tinha usado e levou para casa para a cachorrinha já ir sentindo o cheiro e ir se acostumando. 

Pet Med – E quando for a hora de apresentar o bebê para o cão ou para o gato, quais cuidados devem ser tomados? Como os familiares devem agir?

Felipe Muniz – Os familiares devem ter a consciência de que é uma adaptação, e por isso, deve ser um processo progressivo e devem permitir que o animal da casa participe dessa chegada do bebê. 

Quando o bebê chegar, é importante deixar o gatinho ou o cachorrinho chegar perto, sentir o cheiro, ir se aproximando, demonstrar que está tudo bem, que faz parte da família, que vai ser uma aceitação natural.

É natural a gente ficar com receio também, e, por isso, às vezes a gente fica querendo evitar um contato muito grande, e ai acabamos afastando o animal desse bebê – e, é exatamente o ponto que a gente cria de separação. É o que a gente não pode fazer, então, o que deve ser feito é aos pouquinhos ir introduzindo, é deixando cheirar, é envolver também, o animal na rotina com o bebê. Então, passeios que forem feitos, brincadeiras em conjunto, deixa o animal participar, deixa o animal estar junto.

Quanto mais a gente separar, quanto mais a gente mudar a rotina da casa daquele animal que já morava ali, mais ele vai sentir, mais ele vai ficar isolado ou vai criar esse comportamento arredio, e é exatamente o que a gente não quer. A gente quer que ele mantenha a rotina e que ele seja incluído nessa chegada do bebê.

Pet Med – E no caso dos lares com mais de um cão ou mais de um gato, as medidas devem ser as mesmas já sugeridas? 

Felipe Muniz – Quando a gente fala em um lar que tem mais de um animal, a mudança pode acabar sendo até um pouco mais sutil, porque o animal tem a companhia dos outros animais e a chegada do bebê acaba não tendo uma influencia tão grande no dia a dia dele, mas, o processo deve ser o mesmo. É introduzindo o bebê dentro da rotina familiar. É deixando os animais que se sentirem à vontade, irem se aproximando, cheirando, participando, e tornando isso uma rotina natural e não uma coisa diferente. 

Tudo muito gradual, tudo dentro do limite de cada animal. Esses são os processos que a gente tem que ir realizando com um ou mais animais em casa.

Pet Med – Nesses casos, é importante procurar ajuda de um veterinário especialista em comportamento animal? 

Felipe Muniz – Hoje os especialistas em comportamento animal auxiliam em diversas situações, então, sim, podem e devem ser consultados, porque eles vão ter orientações específicas sobre aquele animal, sobre aquela determinada situação, daquela casa, daquela rotina, sobre como ele pode ajudar a ir facilitando essa introdução, o que pode ser um ponto fundamental a nosso favor.

Pet Med – Para finalizar, e quanto aos animais, para não se sentirem excluídos, quais são os cuidados a serem tomados? 

Felipe Muniz – Eu acho que o ponto principal dessa introdução, para a gente não ter uma quebra, é exatamente manter a rotina, tentar fazer a inclusão desses animais junto com os cuidados com o bebê. Isso é o mais importante.

Acaba que quando chega um bebê as atenções mudam muito. São muitas preocupações, são muitas demandas, é uma rotina que já muda por si só, não tem jeito de não mudar e se a gente não se preocupar em preservar os animais, eles sentem muito e acabam se sentindo excluídos. Então, reforço, a necessidade de tentar incorporar eles dentro da rotina com o bebê. 

Em sua grande maioria, os animais são curiosos, eles querem ver, cheirar, entender o que está ali, quem esta chorando, o que quer dizer aqueles novos sons que ele está ouvindo, então permita que isso aconteça. Faça com que esses sejam momentos agradáveis e não de tirar o animal, inibir ele de vivenciar a sua curiosidade, não o afaste, não brigue. Ao contrário, faça reforços positivos para que ele mantenha essa vontade de estar ali, porque serão melhores amigos em alguns momentos, principalmente o cão – o gato também, mas, durante a fase da alimentação alimentar, nessa hora eles viram sombra das crianças. Então, essa hora da chegada é muito importante para que a gente já comece a criar um laço entre eles, sempre respeitando o tempo de cada um, mas, também, sempre incluindo todos, dentro dessa chegada e dessa mudança de rotina que vai acontecer para todos, mas que a gente tenta fazer de uma maneira muito suave.

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