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⠀⠀⠀Por Pauline Machado

⠀⠀⠀No último dia 7 de abril, comemoramos o Dia Mundial da Saúde e, neste mês de abril, temos também a Campanha Abril Marrom, que fala sobre a importância da realização de exames oftalmológicos regulares, não somente pelas pessoas, mas, nos cães e gatos também.
⠀⠀⠀Para conversar sobre o assunto, convidamos a Médica Veterinária, Thayane Cristine Santos Vieira, , professora, doutora em Oftalmologia Veterinária e mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná e portadora do CRMV: 11093/PR
⠀⠀⠀Acompanhe!

Pet Med – Qual é o significado e a importância da Campanha Abril Marrom?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Abril é o mês da conscientização e prevenção da cegueira tanto em humanos quanto em animais. O mês foi escolhido em função do dia 8 de abril ser comemorado o Dia Nacional do Sistema Braille e a cor marrom, por ser a cor da íris mais comum nos olhos dos brasileiros.

Pet Med – Neste cenário, quais são os problemas oculares mais comuns em cães?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Alterações oculares em cães são diversas, mas no grupo que pode levar a cegueira inclui doenças como catarata, glaucoma e alterações na retina.

Pet Med – E nos gatos?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Em gatos vemos com mais frequência o glaucoma, embora catarata e alterações de retina também possam acontecer. E diferente do cão, o gato apresenta mais glaucoma por inflamações nos olhos por diversas causas, mas principalmente lesões virais e infecciosas.

Pet Med – Pensando na predisposição de algumas raças de cães e de gatos, quais são as mais suscetíveis a terem problemas oculares?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Normalmente são os pets que apresentam maior exposição dos olhos, os que chamamos de Exoftálmicos, aqueles  que têm “olhos para fora”, como por exemplo os braquicefálicos. Eles apresentam alterações nas estruturas ao redor e no próprio olho. Alterações essas que podem os predispor a mais acidentes e alterações envolvendo os olhos que os demais. Então podemos citar os Persas, Pug, Bulldog Francês, Boston Terrier e Shih Tzu.

Pet Med – Por favor, detalhe como os animais podem ser acometidos por doenças oculares e quais são as possíveis formas de tratamentos mais indicadas?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Existe uma gama muito grande de alterações envolvendo as raças citadas acima, mas pela maior exposição, podemos pensar em traumas e acidentes que podem levar a lesões na córnea, que é a parte transparente do olho, as ceratites ulcerativas ou popularmente chamadas de “úlceras de córnea” e até proptose do olho, que é quando realmente  o olho realmente sai e fica fora da órbita.
⠀⠀⠀Para cada nível de alteração temos um nível de tratamento, desde tratamento clínico à base de colírios até correções cirúrgicas como auto enxertos e medicações sistêmicas. Tudo depende da gravidade. No caso de uma proptose do olho, por exemplo, precisamos avaliar se a estrutura está viável para reposicionar, pois, às vezes o olho está tão lesionado e infeccionado que somente sua remoção vai levar ao bem-estar novamente.

Pet Med – Quais são os sinais clínicos de um cão ou um gato com doenças oculares?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Os sinais dependem da alteração mas entre eles o tutor irá notar aumento ou redução do tamanho do olho, olho vermelho, pupila de tamanho diferente (dilatada ou contraída), mancha branca ou avermelhada no olho, dificuldade para localizar objetos, como os brinquedos, lacrimejamento, secreção diferente do habitual, o animal pode fugir da luz, demonstrando incômodo com ela, piscar com mais frequência ou pressionar as pálpebras com força, pressionar a face em objetos ou patinhas e até mudanças de comportamento, se escondendo, tornando-se mais agressivo ou apresentando redução do apetite, por exemplo.

Pet Med – Pensando na prevenção, quais são suas recomendações para que cães e gatos evitem desencadear tais problemas oculares?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Pacientes que apresentam maior exposição dos olhos têm recomendação de acompanhar desde cedo com o oftalmologista de forma anual. Existem algumas raças predispostas a cegueira desde muito jovens  pelo glaucoma (Samoyeda, Chow-Chow, Husky), também recomendamos acompanhamento desde cedo. Já os outros pets recomendamos após os seis anos de idade quando se começa o envelhecimento visitas anuais também.

Pet Med – A limpeza ocular dos cães e gatos em casa pelos seus familiares é recomendada ou não?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – É recomendada para remoção de restos de lágrima que ficam ao redor dos olhos principalmente na presença de dobras na face, para evitar o acúmulo de lágrima ali predispondo a dermatite úmida local.

Pet Med – Se for recomendada, como deve ser feita essa limpeza, com colírio específico, com água, com soro fisiológico?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – Depende da demanda. Existem pacientes com obstrução das vias lacrimais, portanto apresentam acúmulo de lágrima na face. Existe tratamento para isso, então, é importante conversar com o oftalmologista que acompanha seu pet.
⠀⠀⠀Por outro lado, há pacientes que apresentam “síndrome do olho seco” que tendem a acumular uma lágrima mais concentrada nas pálpebras, nessas situações recomenda-se a limpeza diária com solução fisiológica e auxílio de gaze ou algodão. Não há necessidade de colocar a solução fisiológica dentro do olho. Caso o paciente apresente alguma alteração que o oftalmologista recomende o uso de colírios diários, ele irá recomendar qual é o mais adequado e sua frequência. Não recomendo aplicar colírios, mesmo que lubrificantes sem recomendação médica. Os lubrificantes são diferentes e com objetivos diferentes, não são todos iguais.

Pet Med – Por fim, em casa, quais cuidados os tutores devem ter, no dia a dia, para manter a qualidade de vida de um cão ou gato com algum problema de visão?
⠀⠀⠀Thayane Vieira – O mais importante é acompanhar com o oftalmologista de forma anual, pois mesmo que o paciente apresente perda de visão e tiver a estrutura do olho presente, ele pode sentir dor e desconforto.
⠀⠀⠀É importante entender qual alteração o paciente apresenta para conseguir se adaptar à nova vida dele. Existem doenças que levam a cegueira que são graduais e progressivas, assim pode ser adaptada a casa de acordo com a evolução do paciente. Criar rotinas, adaptação com sons e odores diferentes também é muito importante.

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