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Por Pauline Machado

O novo ano começa trazendo um monte de oportunidades para reescrevermos nossas histórias, e começa também trazendo a Campanha Janeiro Branco, que marca, no Brasil, uma série de ações voltadas às questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas.
Neste aspecto devemos alertar para os números voltados aos Médicos Veterinários, uma vez que dados do Sistema Único de Saúde – SUS, apontam os profissionais desta área como os de maior risco de suicídio no Brasil, devido à Síndrome de Burnout e a fadiga por compaixão.


De acordo com registros do Datasus – portal de dados do SUS, entre os anos de 1980 e 2007, frente à população geral, a taxa de suicídio de médicos-veterinários é de 10,6 para um. Para evitar que esse comportamento avance e comprometa a vida dos colegas de profissão e suas famílias, conversamos com exclusividade com a psicóloga Camilla Christiane Eckert, especialista em Terapia Coginitivo-Comportamental em Saúde, portadora do registro profissional CRP PR: 08/28392 e membro da EKOAVET – Associação Brasileira em prol da Saúde Mental na Medicina Veterinária.
Acompanhe!

Camilla Christiane Eckert, especialista em Terapia Coginitivo-Comportamental em Saúde

PET MED – O que é o Movimento Janeiro Branco?
Camila Eckert – Janeiro Branco é um movimento social desenvolvido com o objetivo de chamar atenção da sociedade para as pautas que envolvem a saúde mental. Com campanhas, ações e projetos o tema vem sendo cada vez mais debatido e a população cada vez mais vem sendo conscientizada sobre o assunto.


PET MED – Por qual motivo janeiro foi escolhido para tratar o tema?
Camila Eckert – Por ser um mês cercado de muita reflexão. Normalmente é no mês de janeiro que as pessoas fazem reflexões a respeito das suas vidas, seus projetos, sonhos, relacionamentos, do que já viveram nos anos anteriores, do que querem para o ano que está começando, metas e objetivos.


PET MED – Qual é a importância de cuidarmos da saúde mental?
Camila Eckert – É fundamental nós cuidarmos da saúde mental pois ela está diretamente relacionada com a qualidade de vida. Ela influencia a saúde física, a vida social e gera impacto na capacidade cognitiva dos indivíduos. Ou seja, ela engloba grandes áreas da nossa vida que auxilia a lidar com questões estressantes da melhor forma possível. Quando ela é afetada por alguma questão, alguns transtornos psicológicos podem ser desenvolvidos e, nesses casos, o acompanhamento com psicólogo e psiquiatra é indispensável, e esse cuidado a mais na saúde mental se faz necessário.


PET MED – O que podemos entender como Síndrome de Burnout?
Camila Eckert – A Síndrome de Burnout é uma síndrome psicológica, um estado de sofrimento psíquico que está associado ao estresse no ambiente de trabalho, podendo assim prejudicar o bem-estar profissional e pessoal do indivíduo. Exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização são alguns dos fatores multidimensionais dessa síndrome, que podem envolver sintomas como: raiva, fadiga intensa, distúrbios do sono, depressão, sentimentos de fracasso e insuficiência, distanciamento emocional, frustração. E os profissionais que mais apresentam probabilidade de desenvolverem Burnout são aqueles que têm muito contato com clientes e que apresentam certa dificuldade em lidar com fatores de estresse no trabalho.


PET MED – Muitas pessoas dizem que a fadiga, que o cansaço mental é muito pior, que causa muito mais desconforto do que o cansaço ou a fadiga física. Podemos entender esse tipo de relato como um indício de Síndrome de Burnout?
Camila Eckert – O cansaço mental realmente é algo que esgota muito o indivíduo que está passando por momentos de estresse ou que está desenvolvendo a Síndrome de Burnout. Mas não podemos afirmar a partir somente deste relato que ele está desenvolvendo a síndrome. Temos que prestar atenção no que mais tem nesse relato, no que mais a pessoa está
sentindo, o que mais está passando pela cabeça dela. Isso porque a exaustão mental, a fadiga, também é sintoma de outros transtornos psicológicos, além também da frequência com que a pessoa se sente dessa forma. Então um
diagnóstico diferencial é necessário.


PET MED – De que forma o ambiente de trabalho pode contribuir positivamente ou negativamente para a saúde mental e,
consequentemente, para a produtividade dos profissionais?

Camila Eckert – O ambiente de trabalho pode influenciar bastante na saúde mental do trabalhador, e deixar o ambiente mais propício para que a pessoa consiga se sentir à vontade, confortável, ser criativa e exercer sua função com
tranquilidade. Mas também é um ambiente que pode ser fator de grande estresse para muitas pessoas. O ambiente de trabalho quando não valoriza o profissional, quando dentro desse espaço não há limites profissionais, quando há conflitos entre a equipe, entre os colaboradores, dificuldade de relacionamento com os clientes, situações de estresse vão se acumulando e vai se tornando cada vez mais difícil ser produtivo nesse local. Então, para que os profissionais consigam trabalhar de forma saudável é necessário que os limites sejam respeitados, que a equipe seja valorizada e que os profissionais consigam lidar com as situações conflitantes que irão continuar aparecendo eventualmente.

PET MED – O que as empresas, os líderes de equipes podem fazer ou propor, a fim de favorecer um ambiente de trabalho saudável para seus colaboradores?
Camila Eckert – É importante que as empresas ofereçam projetos de saúde mental para os colaboradores, como palestras, cursos e workshops para além de conscientizar e levar o debate para mais pessoas, mostrar a relevância de cuidar da saúde mental e divulgar formas de tratamento, divulgar a existência de terapias individuais e em grupo, a existência de CAPS e CAPS AD. Isso
indica que aquele local se importa de alguma forma com a saúde mental dos colaboradores. Outro ponto de extrema importância são os líderes participarem desses projetos, porque eles também fazem parte da equipe e também podem adoecer. E como exemplo de forma prática que os líderes das equipes podem fazer, estipular pequenas pausas durante o expediente, não permitir acúmulo de funções e ser flexível com os colaboradores quando possível.


PET MED – Especificamente no contexto dos Médicos Veterinários, o que esses profissionais podem fazer em sua rotina diária para preservar sua saúde mental saudável?
Camila Eckert – Tentar manter atividades de autocuidado. Às vezes, dependendo do local que trabalha, o dia pode ser mais corrido, mas é muito importante tentar se priorizar. Fazer o que é possível dentro da sua realidade, respeitando seus limites. Se alimentar bem, com refeições completas, fazer pausas, tentar dormir em alguns momentos nos plantões. E o mais importante, quando você estiver fora do trabalho, tentar não trabalhar mais. Isso ajuda muito a saúde mental.

PET MED – E, no ambiente familiar? Como pessoas, de modo geral, podem manter a saúde emocional em equilíbrio?
Camila Eckert – Cada sistema familiar funciona de uma forma. A pessoa vai observar e ver como funciona o sistema familiar dela e identificar se para ela o melhor é tentar se aproximar de algumas pessoas da família, se afastar de outras, ir atrás e construir sua própria família. Com algumas pessoas, a conversa é algo que ajuda a manter um equilíbrio familiar, ou seja, expor como você se sente e conseguir ouvir a outra pessoa é algo que pode ser positivo.
Mas cada um pode tentar identificar o que é melhor para si mesmo e respeitar as próprias escolhas e se acolher.


PET MED – Neste sentido, qual é a importância da presença dos animais no dia a dia das pessoas para uma saúde emocional saudável?
Camila Eckert – A relação entre as pessoas e o animal de companhia é bem forte e resulta em benefícios no bem-estar emocional, social, psicológico e físico dos sujeitos. Na parte psicológica tem uma diminuição das reações típicas do estresse, ajuda a aliviar a solidão pois é uma companhia, aumento da sociabilidade porque às vezes vai precisar levar para passear ou vai precisar levar ao veterinário, auxilia também na melhora das habilidades sociais e consequentemente na autoestima e autoconfiança.


PET MED – Por fim, por favor deixe algumas dicas para cuidarmos da nossa saúde emocional em meio à correria e aos desafios do dia a dia.

Camila Eckert – Realizar atividades de autocuidado simples, que são tão importantes quanto atividades mais complexas como viajar, mas que não conseguimos fazer sempre. Essas atividades mais simples conseguimos fazer na nossa rotina, como: fazer refeições completas, ter noites boas de sono, praticar atividade física que gosta, ler, assistir um episódio de uma série, jogar
um jogo quando tiver tempo, sair com os amigos, se reunir com a família, fazer pausas de cinco minutos no trabalho e respirar pela janela, tomar banho com um sabonete perfumado, ir tomar sorvete depois do expediente. Tudo isso são atividades de autocuidado que você pode ter com você mesmo. Umas mais elaboradas e outras super simples, só respirar na janela, já vai fazer bem no
seu dia. Vale ressaltar, ainda, que muito se fala sobre saúde mental nesses meses iniciais do ano, mas sempre devemos cuidar da gente e de quem está ao nosso lado. Por isso cuide de você e não hesite em pedir ajuda.

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